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23.12.12

OS BÁRBAROS (The Barbarians, 1987)


Daquela listinha de filmes de fantasia, Sword and Sorcerer, que eu postei outro dia, um dos exemplares que causou mais alvoroço foi OS BARBAROS. Alguns amigos acharam engraçado por eu ter lembrado desse filme que passou milhares de vezes no Cinema em Casa do SBT. E como estamos falando de um trabalho do italiano Ruggero Deodato, nada melhor que ressaltar como era bom ter doze anos e poder conferir às tardes da TV brasileira nos anos 90 um filme com bastante sangue, membros decepados e peitos de fora. Algo impossível para um moleque atualmente, que tem de se contentar com os filmes de animais falantes que empesteiam diariamente a programação… Neste fim de ano, meus votos de um grande pau no c@#$% do politicamente correto.

De todo modo, OS BÁRBAROS é uma porcaria. Fui rever essa semana para escrever para o blog e, putz, acreditem, é a coisa mais ridícula do mundo. Ainda bem que já sou vacinado contra tralhas desse tipo e encontro tantos elementos engraçados que fica impossível não sair satisfeito quando o filme termina. Tem que “saber ver”… ou ter um puta mal gosto, que deve ser o meu caso. Ainda bem que nem mesmo os próprios realizadores levaram o filme a sério. Devem ter percebido a estupidez que estavam fazendo... 


Se não estou enganado, é o longa mais caro da carreira do Sr. Deodato, uma produção da nostálgica Cannon group. Custou cerca de quatro milhões de dólares (a obra prima do homem, CANNIBAL HOLOCAUSTO, pra ter uma noção, custou estimados cem mil mangos). Além disso, pelo que consta nos autos, Ruggero entrou na bagaça um mês depois que a pré-produção havia começado, substituindo o iuguslavo Slobodan Sijan. Mas não acredito que o orçamento caro e a maneira como entrou no projeto poderiam causar interferências no resultado do trabalho de um galo velho como o Ruggero Deodato.


Na minha opinião, quem realmente atrapalha são esses dois fortinhos aí em cima, os protagonistas, conhecidos como “barbarians brothers”, Peter Paul e David Paul, gêmeos idênticos e que não passam de montanhas de músculos que mal conseguem decorar o texto do roteiro. As atuações são inteiramente resumidas naquilo que, visualmente, suas capacidades físicas podem demonstrar. Como conseguem levantar uma pesadíssima pedra que impede uma passagem; como conseguem arrebentar uma corda, durante o próprio enforcamento, utilizando apenas os músculos do pescoço; como abrem passagem por uma parede para escapar de algum perigo, etc, etc... Vez ou outra, tentam compensar a limitação dramática com constrangedoras encenações humorísticas. E é simplesmente ridículo quando começam a fazer sons de animais, como lobo ou jegue… sem qualquer motivo!!! Fico pensando como deve ter surgido a ideia...

Peter ou David, ou ambos: "E se ao invés de falar essa frase profunda e filosófica que está no roteiro, eu fizesse o som de um jumento?!?!"

Ruggero Deodato: "Cáspita! Desisto!  Por que não conseguiram me trazer o austríaco?"

Menahen Golan: "Sr. Deodato, ninguém faz um som de jegue tão bom quanto esses gêmeos. Não são uma graça?"

Whoops! Filme errado!
E aí são caretas, beijinhos e piscadelas pra tela... É tão imbecil que eu não conseguia parar de rir.

A trama trascorre em tempos antigos, "a time of Demons, Darkness and Sorcery", como diz o narrador. Uma caravana de artistas circences nômades é atacada pelo exército do terrível Kadar, vivido pelo genial Richard Lynch, que deseja tomar posse de um rubi mágico que pertence ao grupo, além de querer papar a líder, Canary, que é um loira bonitona. Kadar não é bobo… Logo, Canary e todo seu grupo é levado cativo, inclusive dois garotos irmãos gêmeos, que crescem, ficam fortes, fogem, recuperam o tal rubi, libertam Cannay e conseguem vingança destruindo Kadar. É isso.

Existem várias sacadas legais em OS BÁRBAROS que tornam o filme mais divertido, como por exemplo o fato dos irmãos serem criados longe um do outro, fazendo trabalhos forçados e apanhando covardemente. Um leva chicotada de um grandalhão que usa um capacete dourado. O outro, a mesma coisa, só muda o grandalhão e a cor do capacete para prata. Já adultos, Kadar - que se fosse nosso contemporâneo seria publicitário - ordena uma luta de espadas entre os dois. O plano maquiavélico do sujeito é fazer com que os irmãos se enfrentem com ódio extremo no coração relacionando o significado visual dos capacetes representado para os dois protagonistas.


Depois, o filme fica mais bobo ainda, mas nunca chato! Mantém sempre o grau de entretenimento na mesma proporção do nível de ridículo do desempenho dos “barbarian brothers”. Ao menos é possível notar como a produção gastou muito bem o orçamento nos figurinos dos personagens, nos cenários fantasiosos, nas maquiagens, no monstro gigante mecânico e, claro, no elenco, que além do Richard Lynch temos o galã Michael Barryman marcando presença. Ambos haviam trabalhado com Deodato no filmaço CUT AND RUN. George Eastman, aka Luigi Montefiori, faz uma rápida participação disputando uma queda de braço com um dos barbarian brothers antes de iniciar uma briga frenética numa taverna. Até isso não faltou em OS BÁRBAROS

Abaixo, um aperitivo que demonstra o grande talento dos "barbarian brothers". Um dos grandes mistérios do cinema é tentar descobrir os motivos pelos quais não foram indicados ao Oscar por essa impressionante atuação. Confiram:


E pra não perder o costume, seguem mais alguns cartazes de alguns exemplares esquecidos do gênero Sword and Sorcerer dos anos 80:


IL TRONO DE FUOCO* (1983), Franco Prosperi


GUNAN, IL GUERRIERO* (1982), Franco Prosperi
O GUERREIRO DE AÇO (1987), de Alfonso Brescia


A ESPADA DE FOGO (1982), de Michele Massimo Tarantini


QUEST FOR THE MIGHTY SWORD* (1990), de Joe D'Amato

A RAINHA GUERREIRA (1987), de Chuck Vincente


THOR , O CONQUISTADOR (1983), Tonino Ricci


* Título nacional não encontrado.

21.11.09

CUT AND RUN (Inferno in Diretta, 1985), de Ruggero Deodato

CUT AND RUN fecha uma espécie de trilogia da selva do diretor Ruggero Deodato, se considerarmos ULTIMO MONDO CANNIBALE e CANNIBAL HOLOCAUST como trabalhos da mesma natureza. Embora este último seja o mais notório da carreira do diretor, CUT AND RUN consegue ser ainda bem mais bizarro pela miscigenação de gêneros e estilos colocados num único filme. Deodato consegue equilibrar terror, ação e aventura com a mesma atmosfera de seus cannibal movies, e ainda encontra inspiração em APOCALYPSE NOW, com direito a um coronel maluco comandando os nativos no meio da selva.

Se funciona essa mistureba? Depende muito de cada um, mas ajuda bastante se você for fã do diretor. O negócio é que é impossível ficar indiferente tendo um sujeito como Ruggero Deodato atrás das câmeras. Nunca vai ser uma simples aventura na selva e o diretor possui criatividade suficiente para realizar um filme singular, e não mais um rip off de CANNIBAL HOLOCAUST como surgiam aos montes na época. Embora tenhamos aqui um menu bem recheado para satisfazer os apreciadores de um bom cinema extremo: violência explícita, decapitações, corpos abertos ao meio, torturas, crocodilos devorando cadáveres, nudez gratuita e claro, a mídia sem muito escrúpulos... da mesma forma que em CANNIBAL HOLOCAUST.

Após uma abertura chocante, a estória inicia com uma repórter e seu cameraman em meio a uma investigação jornalística sobre tráfico de drogas em Miami. Em um dos locais investigados, todos os traficantes foram mortos misteriosamente e quando a dupla chega, encontra os corpos, o quarto revirado, e uma foto onde aparece Tommy, o filho do editor do programa para quem os dois repórteres trabalham e que estava desaparecido! Que puta coincidência! Na foto ele se está no meio da selva amazônica junto com o coronel Horne, sujeito dado como morto há anos.

Um pouco de enrolação e záz, a dupla parte para o coração das trevas da floresta Amazônica em busca de Tommy e de uma boa matéria sobre o lance das drogas. Chegando lá, dão de cara com o terror que só mesmo o mestre Ruggero Deodato sabe proporcionar. Além da grande variedade de elementos que o diretor dispõem para manter o público ligado do início ao fim, outro grande destaque é o elenco formado com alguns nomes americanos como Karen Black, Richard Lynch (interpretando o coronel) e o grande Michael Barryman, protagonizando algumas sequências com muita dose de violência. Também vale mencionar a excelente trilha sonora do brasileiro Cláudio Simonetti, que auxilia na ambientação com seus sintetizadores, além da fotografia caprichada da selva venezuelana (local onde o filme foi rodado).

Mas a grande sacada dos roteiristas é a referencia a APOCALYPSE NOW, ou melhor, a O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, representado no papel do coronel Horne e magnificamente interpretado por Richard Lynch. A cena em que o ator discursa deitado na rede tem a mesma força que as sequências de Marlon Brando no filme de Coppola, guardando as devidas proporções, obviamente, pelo amor de Deus!!!

Deodato estava atualmente com um novo projeto envolvendo canibais, selva, etc, que eu não sei exatamente que fim levou, mas parece que não vai ser levado adiante... e não sei também se isso é bom ou ruim. Por enquanto, fico com as dezenas de filmes que o sujeito realizou ao longo da carreira e que eu ainda não vi, mas já adianto que uma das experiências mais divertidas concebidas por ele é, sem dúvida alguma, CUT AND RUN!

31.8.09

RESPOSTA ARMADA (Armed Response, 1986), de Fred Olen Ray

Último post do mês será sobre esta pérola meio obscura dos anos 80, que é o típico filme que me conquista só de ver o pôster com os nomezinhos de David Carradine e do grande Lee Van Cleef juntos, fazendo expressões de poucos amigos. De cara já dá pra perceber que a diversão é garantida com RESPOSTA ARMADA, um filme de ação sem frescuras e sem compromisso, que não está nem um pouco a fim de se tornar um clássico do gênero ou coisa parecida, em compensação, é uma experiência totalmente agradável para os autênticos fãs de cinema classe B.

A trama é bem simples, centrada na família Roth, cujo pai, Burt (Cleef), e seus filhos Jim (Carradine), Clay (David Goss) e Tommy (Brent Huff), tornam-se alvos de um mafioso oriental, Akira Tenaka, vivido pelo ator japonês Mako, depois de tomarem posse de uma estátua que possui certo valor para o gangster. Como não estamos lidando com nada muito original ou complexo por aqui, o enredo acaba sendo movido mesmo pelas cenas de ação que acontecem ao longo da trama e, claro, pelas figuras ilustres que vão surgindo, interpretados por algumas estrelas dos filmes de baixo orçamento que já estamos acostumados a encontrar neste tipo de produção.

Além de Carradine, Cleef e Mako, o elenco se completa com participações de Dick Miller, o bizarro Michael Barryman e Ross Hagen. Impossível não se divertir com um elenco deste porte. Mas é o gafanhoto David Carradine quem deixa sua marca com uma ótima atuação. Seu personagem, o único com espessura, é um veterano do Vietnã que encara o problema como um verdadeiro soldado traumatizado pela guerra. Ah, mas meu personagem favorito é sem dúvida o calejado Lee Van Cleef, que está muito bem no papel do velho rabugento que não leva desaforo para casa e mesmo com a idade já avançada, participa da ação tranquilamente distribuindo chumbo e sopapos para cima dos bandidos.

A direção é do Fred Olen Ray, eu costumo a dizer que ele é uma espécie de herdeiro de Joe D’Amato e Jess Franco em termos de quantidade produtiva. O sujeito realiza mais filmes em um ano do que o Manoel de Oliveira em 100. Exageros a parte, a maioria são tralhas, mas são das boas, daquelas que divertem facilmente os entusiastas do bom e velho cinema de baixo orçamento, como este belo exemplar aqui.

RESPOSTA ARMADA foi lançado no mercado de VHS aqui no Brasil.