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19.11.12

ATAQUE DE FILMES RECENTES


COSMÓPOLIS (2012): O livro de Don DeLillo no qual o filme se baseia é simplesmente fantástico. Nas mãos de um diretor do porte de um Cronenberg, não poderia dar errado. A trama é sobre um jovem milionário (Robert “alergia de vagina” Pattinson) que resolve cruzar a cidade de Nova York em busca de um corte de cabelo. Mas o que vemos, realmente, é uma análise ácida sobre o capitalismo. COSMÓPOLIS transcorre quase totalmente dentro da limousine do personagem, onde Cronenberg pratica sua impecável mise en scène, contando também com o ótimo desempenho do elenco (exceto Pattinson, que não decepciona, mas eu escolheria outro no lugar). Gostei muitíssimo. Apenas acho exagero quando dizem que "o velho Cronenberg está de volta". Tá certo que a narrativa causa aquela estranheza de sua fase áurea, mas ainda está longe de ser o Cronenberg de CRASH ou VIDEODROME, mas isso não quer dizer muita coisa. O diretor continua fazendo cinema de alto nível mesmo quando não faz uma obra prima. Ao menos é bem melhor que seu trabalho anterior, UM MÉTODO PERIGOSO.


007 - OPERAÇÃO SKYFALL (2012): Muito se tem dito sobre as qualidades do novo 007. E estou em pleno acordo. É o melhor 007 desde PERMISSÃO PARA MATAR e um dos grandes filmes de ação de 2012. Mas estava com o pé atrás, tinha receio de que fosse acontecer a mesma situação da aventura anterior. Dirigido pelo Marc Foster, QUANTUM OF SOLACE foi um dos piores exemplares da série, em grande parte por terem colocado um “diretor de dramas” para fazer ação. Em SKYFALL, botaram o Sam Mendes (oh-oh). Mas não é que o sujeito se saiu bem? O filme é todo dirigido com uma elegância ímpar, que remete muito aos clássicos filmes do espião. Aliás, o mote ressalta exatamente o paradoxo entre o antigo e o novo, além de intercalar momentos eletrizantes com drama pesado. Talvez até possa considerá-lo naquela categoria "ação arthouse". Três pontos para finalizar: Daniel Craig é o Bond mais bad-ass que existe; o vilão de Javier Barden é genial; tudo que rola a partir do momento no qual o filme se transporta para a Escócia é de uma sensibilidade impressionante, para entrar na história do personagem como um de seus momentos antológicos. 


HARAKIRI (2011): Outro remake que Takashi Miike realizou recentemente. E em 3D. Comentei há alguns mesese sobre 13 ASSASSINOS, refilmagem de THE THIRTEEN ASSASSINS (63), de Eiichi Kudo. A bola da vez é o maravilhoso HARAKIRI (62), de Masaki Kobayashi. A história é sobre um ronin que vinga a morte de seu genro, forçado a cometer o ritualístico suicídio com uma espada de madeira. O filme de Miike é impecavelmente bem cuidado na parte estética e algumas sequências melodramáticas são de apertar o coração. Mas duas escolhas que Miike fez para a sua versão o torna, numa eventual comparação, bem inferior ao filme de 62. Primeiro, um belíssimo duelo e toda preparação visual que Kobayashi faz no original, Miike resolveu evitar. A outra é que no clássico o protagonista utiliza uma espada de verdade contra seus adversários durante a sequência de ação final, e o sangue rola de uma maneira linda de se ver na fotografia em preto e branco. Enquanto neste aqui, o personagem utiliza uma espada de madeira para demonstrar suas habilidades. Mas isso o enfraquece apenas na comparação. HARAKIRI, na verdade, é um baita filme de samurai. Apesar disso, sinto falta do Miike doidão de ICHI - THE KILLER...


TOTAL RECALL (2012): Er... perda de tempo do cacete! Tem algumas boas ideias, uma sequência de ação interessante com elevadores e até mesmo a mulher de três peitos. Mas de uma maneira geral, TOTAL RECALL é deveras descatável. Mas queriam o que com essa refilmagem de um dos melhores filmes dos anos noventa? Só serve pra encher o bolso dos executivos. O visual até que é bacana, mas os realizadores levam tudo muito à sério. O próprio Paul Verhoeven, diretor do original, reclamou disso numa entrevista recente (e ainda temeu pelas refilmagens de ROBOCOP e TROPAS ESTELARES). E o Quaid/Hauser do Collin Farrel não convence nem a mãe dele. Não são poucos os momentos que precisa da ajuda de terceiros no último segundo para se salvar quando está em perigo. O Schwarzenegger usava a força bruta e pronto! Saudades dessa época que o herói não era um bundão.


STOLEN (2012): Eu não fazia ideia que o Simon West estava com filme novo na praça, até descobrir este aqui num site de compartilhamento de filmes. Não faço ideia também se foi realizado antes ou depois de OS MERCENÁRIOS 2, mas uma coisa é certa, se foi depois, com certeza a experiência de ter trabalhado com o Stallone lhe rendeu alguma melhora na construção de cenas mais movimentadas. Há uma sequência de carros em alta velocidade que é um primor. Dito isso, STOLEN é tão ruim, mas tão ruim nas mais diferentes formas possíveis, que não vale a pena nem gastar tempo explicando. Os problemas vão desde o roteiro até à atuação do Nicolas Cage, cuja canastra geralmente me diverte, mas aqui chega a dar vergonha alheia. Enfim, é terrível. Mas, como um bom otimista que sou, tenho a impressão de que se o West souber escolher melhor seus roteiros, poderá futuramente preparar alguns exemplares de ação com um nível bem melhor que este aqui.

12.8.12

13 ASSASSINOS (Jûsan-nin no shikaku, 2010)

Um belo exemplar que saiu nos cinemas brasileiros recentemente e que eu assisti lá no ano passado, foi 13 ASSASSINOS, do japonês maluco Takashi Miike, dono de uma das filmografia mais interessantes e bizarras da década passada, com títulos como VISITOR Q, AGITATOR, GOZU, ZEBRAMAN, IZO, a obra prima ICHI – THE KILLER… bah, vocês sabem quem é o Miike, não preciso ficar apresentando.

O sujeito entrou numa de refilmar clássicos do cinema japonês. Um de seus mais recentes é uma versão de HARAKIRI (62), do Masaki Kobayashi, o qual, vale ressaltar, é um puta filmaço (o original, não vi ainda o remake). Neste aqui, andou rolando por aí que seria uma versão de OS SETE SAMURAIS (54). Até acredito na possibilidade de haver uma influência do filme do Kurosawa, que aliás, é uma baita influência pra muita coisa, mas 13 ASSASSINOS, oficialmente, é uma refilmagem de THE THIRTEEN ASSASSINS, de 1963, dirigido por Eiichi Kudo.

Como assisti no ano passado, não me recordo da trama detalhadamente, mas lembro que trata-se de um grupo de treze samurais, como o título indica, que une forças para enfrentar um perverso Lord feudal, que fez alguma merda grande, e todo seu exército, preparando uma tremenda armadilha em um pequeno vilarejo por onde deverão passar. No clímax final, tudo explode numa batalha épica eletrizante! Ah, isso eu me lembro muito bem! Mas até chegar a esse ponto, Miike trabalha a narrativa com a lentidão característica desses filmes clássicos de samurais.

Para quem sempre foi taxado de diretor excêntrico especialista em produtos esquisitos, 13 ASSASSINOS é um dos trabalhos mais acessíveis e bem acabados do diretor, sem desmerecer, é claro, suas maluquices de sempre. Sou um grande admirador da obra de Miike, cineasta dos mais inventivos, prolíficos e porra-loucas desta geração. Mas aqui o estilo é mais sossegado, o sujeito quis simplesmente fazer um filme de samurai bad-ass clássico, e mandou bem à beça.

(Mas que os fãs não fiquem tão preocupados. De vez em quando surge um detalhe incomum ao longo da narrativa, toque do diretor, só pra lembrar que estamos assistindo a um filme do Miike.)

Na batalha final temos tudo que se espera para este tipo de situação em um filme de samurais, especialmente, é óbvio, lutas de espada com ótimas coreografias e sangue em abundância. Miike demonstra desenvoltura para filmar as encenações de batalha, consegue transpor para a tela com clareza a ideia da dificuldade de ter apenas treze samurais contra um exército de centenas de homens e dirige com mão firme e criatividade uma gigantesca sequência de ação de uns trinta ou quarenta minutos de duração. A contagem de corpos é tão alta que chega a enjoar…

Brincadeira, não enjoa nada. Não dá pra enjoar de um troço desses… se o cinema não foi criado pra fazer coisas desse tipo, então não sei pra que foi. Gostaria de ver na tela grande, mas tenho a impressão de que não passou aqui onde moro. Mas não tem problema, fica a recomendação para ver um filme de samurai de primeira qualidade no cinema. E vou é tratar de ver logo a versão que o Miike preparou de HARAKIRI. See you soon, folks!