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27.7.09

INIMIGOS PÚBLICOS (Public Enemies, 2009), de Michael Mann

Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas pela falta de atualização. Prestes a completar um ano de blogue, é a primeira vez que fico mais de uma semana sem postar um texto, imagem ou até mesmo uma mísera notícia, por mais cretina que seja. A última semana foi bem corrida e por isso não deu para atualizar, mas agora chega e vamos ao que interessa, vamos falar de cinema. Porque aqui em Vitória temos somente quatro cinemas. Dentre estes, apenas um não é de Shopping, para vocês terem uma noção de como a vida é algo deprimente por estas bandas. Arrisco a dizer que temos um dos piores circuitos do Brasil, considerando que o Espírito Santo pertence ao Sudeste, com suas capitais (excluindo Vitória) culturais e cheias de amor para dar. Se atualmente eu vejo um blogueiro de São Paulo ou Rio reclamando do circuito, queria saber como ele iria se virar por aqui...

Embromei vocês apenas para dizer que INIMIGOS PÚBLICOS estreou por estes lados junto com a moçada no restante do Brasil, na data certa, na última sexta feira. E lá estava eu, levei a patroa, claro, pois também é fã de Michael Mann (embora confunda Mann com Scorsese, ou De Palma, ou Coppola, mas o importante é que assiste aos filmes), demorei uns 5 segundos na difícil escolha de qual cinema ir, já que são tantas opções de salas, optei por um cinema de Shopping e záz!

Ficar diante de um monumento como este aqui numa sala escura de cinema é uma experiência impar, sem dúvida alguma, assim como também aconteceu com COLATERAL e MIAMI VICE (claro que os outros trabalhos do diretor também dão o mesmo impacto, mas infelizmente eu não os vi na tela grande). INIMIGOS PUBLICOS é absolutamente extraordinário. Mais uma vez Michael Mann chega para mostrar como é que se faz cinema de verdade, puro, mesmo utilizando-se de tecnologia digital, que não faz mal a ninguém, principalmente nas mãos de um mestre como este cabra aqui. É perfeito o domínio que o sujeito tem de espaços, de movimentação de câmera, da criação atmosférica dos ambientes, controle sobre os atores. É impressionante a que nível o cinema de Mann atingiu (e que já havia atingido desde a época de FOGO CONTRA FOGO e O INFORMANTE, mas permanece amadurecendo e nos surpreendendo).

E depois temos Johnny Depp de corpo presente vivendo um Dillinger de carne e osso, apenas atuando, sem precisar de suas transfigurações exóticas que alguns críticos acham necessárias para que tenha um bom desempenho. Da mesma forma, comedida e sem exageros, está a performance de Christian Bale, que convence como o policial sangue frio que mantém um certo código moral injetado na veia. Ainda temos Marion Cotillard, que é um pitel (e boa atriz também) e é peça chave na trama como par romântico do protagonista. O resto do elenco é recheado de bons atores que merecem destaque nas mínimas participações, como James Russo, um dos grandes atores subestimados da história do cinema, que não tem nem 5 minutos em cena. Além dele, Stephen Dorff, Billy Crudup, Giovanni Ribisi, Stephen Lang e vários outros, possuem presenças marcantes.

Creio que a trama todo mundo já deve saber, aborda a figura de John Dillinger e transcorre no último ano de vida deste lendário assaltante de bancos que causou o terror nos Estados Unidos no período da grande depressão e ficou conhecido como o inimigo público número 1 da América. Mas como se trata de Michael Mann, não vamos esperar apenas um filme policial/assalto comum, mas um épico definitivo sobre o próprio cinema de Mann e suas obsessões. Portanto, a preocupação profunda pelos personagens, seus conflitos morais e psicológicos, suas relações, vidas que vão muito além do que é simplesmente visto na tela, tudo se torna evidente dentro do fio condutor da trama, que está longe da estrutura habitual dos filmes policiais. É, na verdade, um autêntico exemplar de gangster movie de construção clássica. Além disso, não são poucas as situações deste aqui que podem ser observadas em outros filmes de sua carreira; pequenas releituras e reinvenções de seus próprios trabalhos.

Trilha bacana com a Billie Hollyday, edição de som sensacional (Tommy Guns cuspindo fogo à vontade), fotografia caprichada, várias cenas antológicas, enfim, um primor. INIMIGOS PÚBLICOS é filme para ser revisitado várias e várias vezes, captando a cada revisão uma riquezas de novos detalhes. E é exatamente isso que farei. Mas já tenho certeza absoluta que se trata de um dos grandes filmes de 2009.

8.6.09

O EXTERMINADOR DO FUTURO: A SALVAÇÃO (Terminator Salvation, 2009), de McG

Uaaaaah! Que vontade de escrever sobre este filme. Queria mesmo é falar sobre MILANO CALIBRO 9, do Fernando Di Leo, um Poliziottesco excelente que eu vi neste fim de semana e devo escrever alguma coisa sobre ele durante os próximos dias. Mas enfim, a preguiça de escrever sobre O EXTERMINADOR DO FUTURO: A SALVAÇÃO não é nem pela qualidade, porque como filme de ação até compensa. Eu é que não tenho muito a acrescentar sobre tudo que já foi dito por aí.

Mas, vamos lá. Comparando com os outros filmes da série, este novo capítulo não chega nem no dedinho do pé dos dois primeiros filmes do James Cameron. Mas é superior ao terceiro, de 2003, dirigido pelo Jonathan Mostow. Contextualizando ainda mais no painel dos caça níqueis dos últimos anos, O EXTERMINADOR DO FUTURO: A SALVAÇÃO não decepciona. E entre os blockbusters que eu vi este ano, fica atrás apenas do novo STAR TREK.

É óbvio que tudo isso é muito relativo. Vai ter gente achando um lixo total, mas o fato é que não é muito difícil considerar um filme como este entre os melhores filmes de ação do ano, levando em conta que 90 % das produções com fins lucrativos são extremamente medíocres. Vai da paciência, tolerância e expectativa de cada um. Eu, por exemplo, estava com a minha bem baixa porque detesto este McG. Mas deixe-me parar de divagar por aqui e começar a falar do filme, antes que o texto fique maior que o necessário.

O EXTERMINADOR DO FUTURO: A SALVAÇÃO se passa no futuro apocalíptico previstos nos filmes anteriores, onde John Connor (Christian Bale) é um dos principais nomes da resistência dos humanos contra as máquinas que dominam o mundo. O filme explora o drama de Connor que, ouvindo as fitas deixadas por sua mãe, Sarah Connor (na voz de Linda Hamilton), tenta encontrar Kyle Reese (Anton Yelchin) para enviá-lo ao passado para proteger sua mãe, o que se estabelece um conflito psicológico extremamente complexo, já que Connor tem consciência de que aquele rapaizinho é seu pai.

Brincadeira! O filme não explora drama e conflitos psicológicos coisa nenhuma! O roteiro trata destes pontos de uma maneira tão superficial quanto um quadro de Mondrian. Tudo apenas para justificar cenas movimentadas de ação.

Outro personagem chave na trama é Marcus Wright (Sam Worthington), sujeito que em 2003 foi executado por assassinato, mas doou seu corpo para um projeto experimental. Acaba acordando em 2018 cheio de surpresas pra moçada que assiste ao filme, e que eu não vou contar. Mas vale ressaltar que seu personagem é bem bacana e rouba o filme do Bale, e talvez por isso este último tenha ficado tão nervozinho nos sets de filmagens...

A verdade é que o filme se divide entre duas linhas narrativas. Uma do personagem Marcus, que acorda em pleno mundo devastado de 2018, e isso é bem legal. E outra com o Connor, que é onde o entrecho se perde um bocado, mostrando o sujeito testando uma arma para destruir as máquinas ou com aquela preocupação na cabeça de onde andará seu pai ainda tão mocinho e indefeso nesse mundo violento, o filme só consegue se achar nas cenas de ação mesmo, e aí não estou nem um pouco preocupado com a falta de foco, quero ver explosões e tiro!

E nisto, acho que não tenho do que reclamar. Além de ser uma constante, McG surpreende com a segurança em que filma este tipo de sequencia, contando com a ajuda, é claro, do bom uso dos efeitos especiais e um excepcional trabalho de som! A cena do helicóptero caindo no início é sensacional, seguido de uma luta ferrenha entre Connor e um exterminador partido ao meio, mas que ainda assim dá um trabalho danado para o herói. Outra sequencia magnífica é aquela em que Marcus, Kyle e a menininha muda tentam escapar das “motos exterminadoras”, numa referencia ótima a MAD MAX II.

O final não consegue manter o mesmo nível do restante, mas ainda assim guarda boas sacadas, como por exemplo o boneco perfeito em CGI do Arnold Schwarzenegger de 1984. Uma coisa impressionante que me colocou para refletir sobre essa possibilidade e o futuro do cinema de alto orçamento. Hoje em dia pode-se fazer um filme com o Bruce Lee. Imaginem um DESEJO DE MATAR 6 com o Charles Bronson! Já é possível, pelo menos visualmente...

Finalizando, todo o elenco está muito bem para um filme como este, não dá pra ficar analisando interpretações a fundo, mas temos participação de um ator que eu gosto muito, Michael Ironside. Gostei de vê-lo na telona. O roteiro utiliza alguns elementos e frases dos filmes anteriores e até a música do Guns N’ Roses, que faz parte da trilha do segundo capítulo, aliás, o melhor da série e um dos grandes filmes de ação que o cinema concebeu. O EXTERMINADOR DO FUTURO: A SALVAÇÃO pode não ser do mesmo nível, mas não afeta a integridade da saga.