Mostrando postagens com marcador yves montand. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador yves montand. Mostrar todas as postagens

17.9.10

LE CHOIX DES ARMES (1981), de Alain Corneau



Outro dia morreu também Alain Corneau e os fãs do cinema policial francês ficaram mais tristes. Não estou ainda nessa categoria. Quem me conhece sabe que eu sou fanático por filme policial, mas assisti a poucos exemplares do chamado cinema “polar” pra me considerar um fã, sou no máximo um admirador do gênero, mas um dia eu chego lá. Vi LES CHOIX DES ARMES em homenagem a Corneau, pra ver o que acontecia, e descobri um mestre, autêntico herdeiro de Jean Pierre Melville! Isso fica evidente logo nas primeiras imagens, quando o filme estabelece um ritmo cadenciado, com longos planos e ação anti-climática, e no decorrer da narrativa preocupa-se em expor o lado sentimental de personagens que compõem o submundo do crime francês.

A trama gira em torno de Mickey (Gerard Depardieu), que foge da prisão deixando um rastro de corpos e começa a importunar a vida de Noel (Yves Montand), um ex-gangster que agora vive tranquilamente em sua fazenda, cuidando de suas éguas, inclusive Nicole (Catherine Deneuve), sua esposa. Além disso, temos a incapacitada polícia no desenrolar das investigações para colocar o fugitivo de volta atrás das grades.

Gerard Depardieu está deliciosamente insano e inconsequente. É um sujeito que perdeu completamente seu lugar na sociedade e tudo que resta de seus atos é a mais pura violência. Mesmo a tentativa de aproximação da filha pequena resulta em um inconveniente sequestro, embora seja um dos momentos mais tocantes do filme, na cena da praia. Quem leva a pior é o personagem de Yves Montand - também em uma atuação brilhante com uma cara gelada, um Buster Keaton trágico sem o cômico - que precisa descer ao mundo do crime novamente para resolver a sua situação com Mickey. Deneuve está linda como sempre…

Corneau faz cinema de qualidade com uma direção seca que trabalha somente o essencial de planos, cortes e movimentos de câmera sutis, sem nenhuma firula, do jeito que tem de ser. Tem sequências ótimas como a fuga do início e uma perseguição de carro no meio do filme, toda coreografada e muito bem arquitetada. Até os acordes da trilha sonora são bem simples e entram apenas nos momentos inusitados. A fotografia acinzentada serve perfeitamente à atmosfera, que tem aquele climão de cinema noir… Grande filme! Diria até que obrigatório para quem deseja conhecer o cinema policial feito na França.

Alain Corneau

R.I.P
1943 - 2010

12.5.09

LE CERCLE ROUGE (1970), de Jean-Pierre Melville

Duas horas da madrugada, ainda não consegui parar de trabalhar – algo que eu deveria estar fazendo agora e não escrevendo isto aqui – mas como a criatividade deu um tempo, nada melhor que uma pequena pausa. Mesmo assim, vou tentar ser breve (e estou morrendo de sono, por isso não me levem a mal se o texto ficar pior que o habitual). Estávamos falando de Jean-Pierre Melville em alguns posts abaixo. E estamos de volta com ele, mas sem qualquer tipo de reclamação desta vez! E não é pra menos, já que não temos, em LE CERCLE ROUGE, Melville brincando de trenzinho e maquetes como em UM FLIC (deixando bem claro que gostei deste, algo que não ficou bem explícito nos meus comentários sobre o filme). Mas este aqui é muito mais danado de bom e é, guardando as devidas proporções, um verdadeiro épico do cinema policial francês.

Indo direto ao ponto: Vogel – vivido pelo grande ator italiano Gian Maria Volonté – é um prisioneiro que escapa debaixo do nariz do comissário de policia que o levava de trem (mas nada de maquetes!) sob custódia para a penitenciaria. No mesmo dia, Corey – mais uma vez Alain Delon, agora com um bigodinho pra dar um ar de bandido – sai da prisão após cumprir pena por roubo e os dois cruzam um o destino do outro. Com a ajuda de um ex-policial – Yves Montand, outro monstro – planejam roubar uma joalheria, mas têm atrás de si, o mesmo comissário que vacilou na fuga de Vogel pra atrapalhar os planos do furto. Vão me dizer que não é um p@#$% enredo pra um filme policial nas mãos do cara que dirigiu LE SAMOURAI?

Bom, daí surge algumas seqüências brilhantes, como a cena do roubo, por exemplo, que Melville havia pensado vinte anos antes, mas desistiu de realizar porque John Huston lançou primeiro o seu clássico THE ASPHALT JUNGLE, que é um filmaço, só pra constar. Passado o tempo, cá estamos, Delon, Volonté e Montand roubando jóias e Melville concebendo mais uma de suas obras primas. O próximo filme do diretor que eu pretendo assistir é o L’ARMÉE DES OMBRES que parece ser muito bom... é, ou não é?