Mostrando postagens com marcador lars von trier. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador lars von trier. Mostrar todas as postagens

2.8.11

NYMPHOMANIAC


"Como um radical cultural, eu não posso fazer um filme sobre a evolução sexual de uma mulher sem mostrar penetração. É uma coisa meio europeia... Mas isso não significa que será um pornô. É principalmente um filme com muito sexo e muita filosofia"

Lars Von Trier, sobre seu próximo trabalho, THE NIMPHOMANIAC.

5.10.09

ANTICRISTO (Antichrist, 2009), de Lars Von Trier


Taí o novo filme do Lars Von Trier, esse dinamarquês maluco que sempre divide as opiniões do público diante de suas obras. Infelizmente não estreou nos cinemas daqui, então tive de apelar mesmo para os meus recursos do submundo, mas tudo bem. E se minhas expectativas estavam lá em cima com todo o bafafá que quase sempre rola com seus filmes, tudo se superou! Las Von Trier só confirma que ainda é o grande diretor que eu enxergava em seus filmes anteriores e ainda possui a mesma facilidade de me surpreender com poder de suas imagens.

Segundo o diretor, o roteiro de ANTICRISTO foi desenvolvido apenas como um exercício de escrita, depois de ter passado por uma forte crise de depressão. A influencia de seu estado de espírito no processo criativo é muito forte: ele explora o gênero do terror psicológico para narrar a estória de um casal que fica arrasado com a morte do filho pequeno e acaba se refugiando em sua cabana isolada no meio da floresta, a qual é chamada de Éden, como tentativa de curar as dores da perda, principalmente a mulher, extremamente traumatizada e com sentimento de culpa pelo ocorrido.

É meio complicado, pra mim, falar sobre ANTICRISTO e com certeza eu não vou ter nada a acrescentar sobre tudo que já foi dito. É um desses filmes extremamente rico em metáforas, aberto a interpretações, onde cada elemento em cena serve de alegoria para algo mais profundo e reflexivo. O tom de pesadelo é constante na floresta onde grande parte da trama se passa – filmada com a impressão de que a qualquer momento os personagens serão destroçados pela força da natureza. É um cenário de vida própria que participa como um personagem, com uma atmosfera carregada de simbolismos que me deixou arrepiado do inicio ao fim.

É até curioso que Trier dedique o filme ao diretor russo Andrei Tarkovsky. Em O ELEMENTO DO CRIME, primeiro longa do dinamarquês, eu já havia suspeitado que a principal influência dele seria mesmo o diretor de STALKER. Este último filme, aliás, parece ser a maior referência do diretor em ANTICRISTO com a psicologia e metafísica do embate entre o homem e a força da natureza.

Esqueçam totalmente a câmera que treme mais que vara de bambu de seus filmes anteriores. A direção do homem aqui é ótima, com pleno cuidado dos planos, sóbrios movimentos de câmera e um rigor estético impressionante. A câmera só treme em certos momentos, quando há a necessidade. Engraçado que este seja o primeiro filme que ele realizou sem tocar na câmera, pois, segundo ele afirma, ainda não se sentia preparado. Então tomara que continue despreparado sempre, porque é o trabalho de direção mais criativo de sua carreira.

Também chama a atenção a maneira como os atores se entregam ao projeto. A narrativa acompanha apenas Willen Dafoe e Charlotte Gainsbourg em seus personagens sem nomes, fazendo alusão a Adão e Eva no jardim do Éden, e eles mandam muito bem. Como é bom ver o Dafoe sendo bem aproveitado! Já Gainsbourg está perfeita! É incrível como o diretor consegue extrair atuações poderosas de suas atrizes, basta lembrar de Emily Watson em ONDAS DO DESTINO, Bjork em DANÇANDO NO ESCURO, ou até mesmo a Nicole Kidman no seu melhor momento em DOGVILLE. E Gainsbourg não fica atrás de nenhuma delas. A carga dramática que o Lars Von Trier coloca sobre o casal é muito pesada e não é qualquer ator que deve aguentar...

E muito se falou das cenas de violência gráfica, sexo explícito, detalhes que os críticos desaprovam acusando o filme de polêmico. Tais cenas são muito bem inseridas no contexto visceral das últimas conseqüências do enredo e não possuem nada de gratuito. Mas servem pra causar o choque também, oras! O que há de mal em um choque visual de vez em quando? Lars Von Trier é subversivo, um provocador. No epílogo de ANTICRISTO, por exemplo, todo mostrado em câmera lenta, lindamente fotografado num preto e branco, ele quer mesmo que os puritanos abandonem as salas e que permaneçam apenas seus admiradores e aqueles com a mente mais aberta para este tipo de experiência visual. Pode até ser que ache o filme uma merda, mas indiferente não dá pra ficar. Eu adorei.

17.5.09

Top 10 Cannes

Copiando a idéia de outros blogs, segue uma lista dos meus dez vecedores de Cannes favoritos (em ordem cronológica) e rapidamente comentados:

A DOCE VIDA (La Dolce Vita, 1960), de Federico Fellini: A nova Babilônia sob a visão de Fellini. 

O LEOPARDO (Il Gattopardo, 1963), de Luchino Visconti: Um diretor da linhagem de Visconti não encontraria um universo mais adequado para filmar do que neste seu épico da decadência humana. 

BLOW UP (1966), de Michelangelo Antonioni: Os italianos comandam. Aqui temos uma das maiores aulas de gramática cinematográfica da sétima arte.

A CONVERSAÇÃO (The Conversation, 1974), de Francis Ford Coppola: Exercício de direção dos mais expressivos embalado num thriller de espionagem sensacional.

TAXI DRIVER (1976), de Martin Scorsese: A obra prima suprema de Scorsese.

APOCALYPSE NOW (1979), de Francis Ford Coppola: Robert Duvall e o cheiro de napalm pela manhã já se tornou clássico absoluto. E ainda temos Martin Sheen, Dennis Hopper... Marlon Brando!!!

PARIS, TEXAS (1984), de Win Wenders: Um dos trabalhos mais inspirados de quando Wenders ainda era um bom diretor.

BARTON FINK (1991), de Joel & Ethan Coen: O que há de melhor nos Coens em toda sua essência.

PULP FICTION (1994), de Quentin Tarantino: Estabeleceu a nova era do cinema nos anos 90.

DANÇANDO NO ESCURO (Dancer in the Dark, 2000), de Lars Von Trier: Digam o que quiser, este filme carrega um poder que me desconserta a cada revisão. 

24.4.09

CANNES 2009

A lista do Festival de Cannes está um primor este ano, principalmente para os fãs do cinema físico e fantástico! Dá só uma olhada nessa seleção:

DAS WEISSE BAND, aka THE WHITE RIBBON, de Michael Haneke: Boto fé no diretor de FUNNY GAMES, A PROFESSORA DE PIANO e CACHÈ (mas recomendo também o 71 FRAGMENTS OF A CHRONOLOGY OF CHANCE, que já não é tão conhecido, mas é um de seus melhores trabalhos). Este seu novo filme vai se passar no início do século passado, ambientado numa escola rural no norte da Alemanha onde estranhos eventos acontecem envolvendo rituais de castigo. Segundo o imdb, Haneke questiona sobre como isso tudo afeta o sistema escolar e como a escola teve influencia sobre o fascismo.

ANTICHRIST, de Lars Von Trier: Aquela imagem que postei aqui no blog outro dia e o trailer que saiu recentemente deixa tudo bem claro: filme de horror puro com visual pictórico e tudo indica que a coisa vai ser de arrepiar! Temos Willen Dafoe e Charlotte Gainsbourg vivendo um casal com problemas que se refugiam numa cabana no meio da floresta. Não quero nem ficar imaginando o que o dinamarquês maluco vai aprontar com esses dois...

VENGEANCE, de Johnny To: Esse é mais que óbvio. Qualquer filme do To, independente de estar em festivais ou não, é motivo para comemoração. Ainda mais com um roteiro que, tudo indica, vai conter um assassino francês (Johnny Hallyday) em busca de vingança, universo da máfia mais uma vez servindo de cenário e bastante ação naquela genialidade de trabalho de câmera e composições que só o To sabe fazer atualmente!

THIRST, de Park Chan-wook: Não sei muito o que esperar deste aqui, na verdade. Park narrando uma estória de vampiros, provavelmente vai sair algo bom. Minha expectativa está bem alta pelo menos. O negócio é que fiquei um pouco decepcionado com o LADY VINGANÇA e nem tive coragem ainda de assistir I’M A CYBORG, BUT THAT'S OK. O trailer me deixou bastante animado, vamos aguardar...

INGLORIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino: Acho que nem precisa de apresentações. Um dos filmes mais aguardados do ano!

TAKING WOODSTOCK, Ang Lee: Não consegui nem ver ainda o LUST, CAUTION, algo que vou tentar corrigir nos próximos dias, mas Lee já retorna com uma comédia no mínimo interessante, uma espécie de origem histórica do Woodstock, festival que definiu uma geração nos anos 60, contada sob o ponto de vista de um rapaz que trabalha no motel de seus pais. Muito Rock, hippies, e aquele visual lisérgico dos anos 60.

SOUDAIN LE VIDE, aka ENTER THE VOID, de Gaspar Noé: O diretor de IRREVERSÍVEL retorna com um projeto que eu não faço a menor idéia do que se trata, e também prefiro deixar assim e descobrir na hora em que estiver assistindo. Mas só pelas imagens que saíram dá pra perceber que, pelo menos no visual, o sujeito continua apurado (sim, eu adoro seus filmes anteriores)! Desde 2002, que Noé não lança um longa metragem. Vocês podem encontar várias fotos do filme aqui.

E ainda teremos os novos de Pedro Almodóvar, Marco Bellocchio, Ken Loach, Tsai Ming-liang, Alain Resnais e outros...

Fora de competição, eu gostaria de estar lá (vai sonhando) pra conferir THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS, do Terry Gilliam, definitivamente o ultimo filme com participação do Heath Ledger. Além de DRAG ME TO HELL, novo trabalho do Sam Raimi e MOTHER, do Bong Joon Ho, o mesmo de THE HOST.