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8.11.12

LES DÉMONIAQUES (1974)


Outro dia apareceu no blog de um famoso crítico de cinema, de um famoso jornal, algumas linhas sobre Jean Rollin. Só que o nome do francês vinha acompanhado com um deselegante “Jean quem?”. E o sujeito finalizou com um eloquente veredito sobre o filme que acabara de ver: “Eu achei o ó”. Não estou aqui pra julgar o gosto de ninguém, mas o fato me fez lembrar que pouco antes de sair do Brasil, um dos últimos filmes que assisti foi o suntuoso LES DÉMONIAQUES, de ninguém menos que o dito cujo, Jean Rollin, também conhecido como o poeta do horror.



A trama é sobre um grupo de perversos piratas que, ao saquear um navio naufragado, descobre duas jovem moças sobreviventes no local. Como são os vilões da história, e estamos falando de um filme de horror, os piratas não vão levá-las a um hospital ou algo parecido. A única coisa que lhes vem à mente é estuprá-las, para então, abandoná-las à beira da morte. De volta ao vilarejo onde vivem, na comemoração regada à bebedeiras pelos saques noturnos, o líder da gangue começa a ter alucinações com as duas vestais. Encucado com isso, convence o grupo de voltar ao local para dar cabo das pobres senhoritas. As duas realmente estavam vivas, e dessa vez, conseguem fugir para um mosteiro em ruínas, quase abandonado. Eu disse "quase", porque lá encontram o Diabo, que lhes propõe poderes sobrenaturais para se vingarem em troca de favores sexuais. Já que o Diabo não tem chifres nem rabo por aqui, as duas encaram na boa.



Confesso que vi poucos filmes do diretor até hoje (pelo menos eu conheço Jean Rollin), mas LES DÉMONIAQUES é, sem dúvida, um dos meus favoritos. E uma das principais razões para isso tem um nome: Joëlle Coeur, uma atriz francesa lindíssima, colaboradora de Rollin, que vive aqui o "membro feminino" da gangue pirata, mas na verdade, é ela quem manipula os corações dos facínoras, especialmente do suposto líder. Se calhar, até o do espectador! A mulher é um arraso e é daquele tipo de atriz que só fica de roupa quando o roteiro exige... como o roteiro de LES DÉMONIAQUES é pouco exigente, a sua nudez encanta durante quase todos os momentos em que aparece em cena. No elenco ainda temos alguns nomes interessantes do chamado “eurotrash”, que os fãs do diretor devem reconhecer, como Paul Bisciglia e Louise Dhour.

Aqui o roteiro exigia.
Aqui nem tanto.
Aqui já não exigia mais nada.
O que sobra é simplesmente o visual magnífico, as paisagens naturais belíssimas, os castelos, vilarejos, ruínas, que Rollin encontra pela Europa afora para serem filmados e transformados nos autênticos pesadelos que diferenciam o cinema fantástico europeu do americano. LES DÉMONIAQUES foi realizado na Bélgica. As cenas no mosteiro são de prender a respiração pela força pictórica, com ou sem mulheres peladas desfilando. Da mesma maneira as sequências noturnas na praia, com os piratas procurando as duas garotas entre as grandes carcaças de barcos naufragados, uma mistura de tensão atmosférica com as fascinantes imagens captadas pelas câmeras do diretor. O final trágico é antológico e comprova toda a noção precisa da poética de Rollin.



Entretanto, LES DÉMONIAQUES não seria a minha recomendação para se aproximar do cinema de Jean Rollin. Acho AS UVAS DA MORTE um belo ponto de partida. Mas, contanto que não seja ZOMBIE LAKE, qualquer um está valendo... 

24.7.10

JEAN ROLLIN - POETA DO HORROR

Confesso que preciso dar muita atenção ainda ao francês Jean Rollin. Meu primeiro contato com ele havia sido com o terrível ZOMBIE LAKE (1981), que na minha ingênua ignorância, coloquei a culpa pelo fracasso e cretinice do filme no diretor. Ainda continuo ingênuo e ignorante, mas melhorei um pouco de lá pra cá. Já considero o filme divertido, só que pelos motivos errados. Tem algumas das piores cenas de zumbis em ação que eu já vi, as maquiagens parecem ter sido feitas por uma criança, a trama é ridícula e chega a dar pena dos atores. Mas o negócio é não levar a sério, entrar no clima e dar boas risadas.

Só para dar mais informação, ZOMBIE LAKE era um projeto de outro diretor maluco, o Jess Franco, com todos os elementos característicos que só ele sabia trabalhar. O filme seria uma bomba de qualquer jeito, mas talvez não fosse tão ruim, já que Franco é mestre nesse tipo de coisa. Mas o sujeito desapareceu na véspera das filmagens e Jean Rollin foi chamado pelos produtores 6 horas antes de começar a rodar o filme!!! Acabou assinando como A. J. Lazer e ficou por isso mesmo.

Enfim, venho acumulando alguns filmes do Rollin por aqui, mas nada de parar para assistir. Ontem resolvi ver THE GRAPES OF DEATH (1978) e agora sim, pude contemplar o que o diretor é capaz. Trata-se de um poético zombie movie, filmado, creio eu, no interior da França, onde os contaminados surgem por causa de um novo pesticida utilizado em uma vinícola.

Quase não há diálogos e a trama pouco importa. Parece mais um sonho, que vai ficando cada vez mais denso. Uma jovem foge do trem por causa de um zumbi e vaga até seu destino enfrentando situações de puro terror com essas criaturas, percorrendo o belíssimo cenário. Em uma cena surreal, ela encontra a grande Brigitte Lahaie, e o que se segue a partir daí é simplesmente do cacete! O plano do zumbi beijando a cabeça decepada de uma mulher é apenas um dos pontos altos deste espetáculo grotesco. Muito bom mesmo!

Portanto, se alguém tiver interesse em iniciar a obra de Rollin, acho que THE GRAPES OF DEATH seria bem mais recondável que ZOMBIE LAKE...