Outro dia apareceu no blog de um famoso crítico de cinema, de um famoso jornal, algumas linhas sobre Jean Rollin. Só que o nome do francês vinha acompanhado com um deselegante “Jean quem?”. E o sujeito finalizou com um eloquente veredito sobre o filme que acabara de ver: “Eu achei o ó”. Não estou aqui pra julgar o gosto de ninguém, mas o fato me fez lembrar que pouco antes de sair do Brasil, um dos últimos filmes que assisti foi o suntuoso LES DÉMONIAQUES, de ninguém menos que o dito cujo, Jean Rollin, também conhecido como o poeta do horror.
A trama é sobre um grupo de perversos piratas que, ao saquear um navio naufragado, descobre duas jovem moças sobreviventes no local. Como são os vilões da história, e estamos falando de um filme de horror, os piratas não vão levá-las a um hospital ou algo parecido. A única coisa que lhes vem à mente é estuprá-las, para então, abandoná-las à beira da morte. De volta ao vilarejo onde vivem, na comemoração regada à bebedeiras pelos saques noturnos, o líder da gangue começa a ter alucinações com as duas vestais. Encucado com isso, convence o grupo de voltar ao local para dar cabo das pobres senhoritas. As duas realmente estavam vivas, e dessa vez, conseguem fugir para um mosteiro em ruínas, quase abandonado. Eu disse "quase", porque lá encontram o Diabo, que lhes propõe poderes sobrenaturais para se vingarem em troca de favores sexuais. Já que o Diabo não tem chifres nem rabo por aqui, as duas encaram na boa.
Confesso que vi poucos filmes do diretor até hoje (pelo menos eu conheço Jean Rollin), mas LES DÉMONIAQUES é, sem dúvida, um dos meus favoritos. E uma das principais razões para isso tem um nome: Joëlle Coeur, uma atriz francesa lindíssima, colaboradora de Rollin, que vive aqui o "membro feminino" da gangue pirata, mas na verdade, é ela quem manipula os corações dos facínoras, especialmente do suposto líder. Se calhar, até o do espectador! A mulher é um arraso e é daquele tipo de atriz que só fica de roupa quando o roteiro exige... como o roteiro de LES DÉMONIAQUES é pouco exigente, a sua nudez encanta durante quase todos os momentos em que aparece em cena. No elenco ainda temos alguns nomes interessantes do chamado “eurotrash”, que os fãs do diretor devem reconhecer, como Paul Bisciglia e Louise Dhour.
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Aqui o roteiro exigia. |
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Aqui nem tanto. |
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Aqui já não exigia mais nada. |
Entretanto, LES DÉMONIAQUES não seria a minha recomendação para se aproximar do cinema de Jean Rollin. Acho AS UVAS DA MORTE um belo ponto de partida. Mas, contanto que não seja ZOMBIE LAKE, qualquer um está valendo...