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24.9.10

CHARLIE VALENTINE (2009), de Jesse V. Johnson


Não sendo dirigido por um desses sujeitos sem personalidade que tem assolado o cinema hollywoodiano atual, fica difícil para um fã de bons elencos resistir a um filme de gangster como CHARLIE VALENTINE, que conta com Raymond J. Barry, James Russo, Tom Berenger, Steven Bauer, Keith David, Dominiquie Vandenberg, Vernon Wells, Jerry Trimble e até Matthias Hues!!! Ainda que alguns deles façam apenas aparições do tipo “entra mudo e sai calado”, um enquadramento contendo várias dessas velhas figuras da velha guarda do cinema de ação já vale o filme inteiro.

E para nossa sorte, o diretor não é um desses pau-mandados qualquer. Trata-se do talentoso Jesse V. Johnson, que é simplesmente o responsável pelo melhor filme de 2010 lançado diretamente no mercado de vídeo até o momento: THE BUTCHER, com Eric Roberts. Jesse vem desenvolvendo uma espécie rara de cinema dentro do cerco independente americano, buscando sempre um processo de imersão no submundo do crime, protagonizado por gangsters maduros de meia idade.


J. Barry é o personagem-título, um mafioso sessentão que se mete numa enrascada dos diabos com um chefão do crime local, vivido por um assustador James Russo, após tentar um último golpe. Com o fiasco, seguido de tragédia, Charlie V. foge da cidade e busca refúgio no último lugar que ainda lhe resta: na casa do seu filho que há muito tempo não o vê. É aí que Charlie toma consciência de quão insignificante sua vida tem sido e tenta se reencontrar nessa jornada moral representada pela reaproximação com o filho. CHARLIE VALENTINE é mais um drama cerebral e emotivo, com alguns tiroteios, do que um filme de ação físico de fato - algo um tanto diferente daquilo visto em THE BUTCHER.

Mas quando precisa ser brutal, o filme não poupa o espectador de uma boa dose de violência, sangue e rombos causado por balas em tiroteios muito bem filmados à moda antiga. O público jovem deverá estranhar o ritmo dessas sequências, montadas de maneira cadenciada, feias, sem grandes movimentações de câmera, do jeito que deve ser. Na verdade, acho que o público jovem, de um modo geral, deveria manter uma certa distância de CHARLIE VALENTINE. As cenas de ação acabam servindo de bônus. A narrativa é tão bacana de acompanhar que mesmo se os tiroteios fossem cortados, o filme ainda funcionaria.


O que realmente seria um problema em CHARLIE VALENTINE era se o conjunto de atuações dos principais atores do elenco não funcionasse. Mas não vem ao caso. Raymond J. Barry está em estado de graça e carrega o filme tranquilamente. Faz pose de velho sábio, mas sabemos que se trata de um badass de primeira linha. Michael Weatherly, que vive o seu filho, também tem um desempenho sólido, James Russo rouba todas as cenas nas quais aparece e Steven Bauer é outro destaque. O restante do elenco, já citado, vale pelas aparições, deixando o filme com um charme a mais.

CHARLIE VALENTINE não está isento de problemas, possui algumas soluções mal resolvidos em determinados pontos, claramente causados pela falta de verba da produção, mas cumpre muito bem a sua proposta de ser um B movie sério de gangster e um belo estudo de personagem. Lembra aqueles filmes menores, mas mais ousados e simpáticos, feito nos anos 40 e 50, com o dinheiro que sobrava das produções classe A. Tomara que tenha lançamento por aqui.

13.7.10

MARCADO PARA A MORTE (Marked for Death, 1990), de Dwight H. Little

Mais conhecido pelos admiradores do Steven Seagal como “o filme em que ele enfrenta traficantes jamaicanos macumbeiros”, MARCADO PARA A MORTE é o terceiro dos quatro primeiros filmes do ator e que correspondem à fase de ouro de sua filmografia, ou seja, produções com um nível de qualidade interessante que independente de ser o Seagal o protagonista, renderiam ótimos exemplares de ação casca grossa. O único que faltava para eu comentar aqui no blog era este aqui. Os outros três são NICO, DIFÍCIL DE MATAR e FÚRIA MORTAL.

MARCADO PARA MORTE não podia começar de forma melhor. Seagal perseguindo a pé (correndo com sua típica movimentação de braços que lembra uma mocinha correndo do namorado) ninguém menos que Danny Trejo, numa pequena participação, quando nem sonhava que estrelaria um filme chamado MACHETE, o qual esperamos ansiosamente. Aliás, teremos a honra de ver um reencontro entre ele e o Seagal, já que este marcará presença como um vilão, aparentemente.

Voltando a MARCADO PARA A MORTE, não demora muito para descobrirmos que o ator de rabinho de cavalo é o policial John Hatcher e que está trabalhando disfarçado em uma missão perigosa para desmascarar uns traficantes mexicanos. A operação dá toda errada e o nosso herói tem que se virar para sair do local, um puteiro mexicano, com a carcaça intacta, atirando, cortando pescoços com um facão e abrindo caminho a golpes de Aikido.

Uma pena que seu parceiro não tenha a mesma sorte. Em uma cena genial, o sujeito dá bobeira em frente a uma prostituta nua e esta o crava de balas. Seagal não pensa duas vezes, mesmo sem ver seu alvo atrás da porta, e atira também, mandando a pobre moça pro outro mundo. Tudo isso deixa Hatcher muito transtornado. E para resumir a descrição da trama, digamos apenas que o personagem se aposenta da polícia e tenta arranjar um lugar de paz para viver junto de sua irmã e sobrinha em uma cidade mais tranquila. Isso tudo com dez minutos de filme.

Como sabemos que não vamos ter nenhum filminho familiar estrelado por Steven Seagal, podem ter certeza que ele encontra de tudo no local, menos a paz e tranqüilidade que tanto almeja. A encrenca surge quando Hatcher começa a reparar na ação de uns traficantes jamaicanos e depois de algumas situações, resolve agir por conta própria para limpar a cidade, contando com a ajuda de um velho amigo que ele reencontra depois de muitos anos, interpretado pelo sempre ótimo Keith David (aquele mesmo que luta durante 50 minutos contra o Roddy Piper em ELES VIVEM, de Jonh Carpenter).

A direção desses primeiros filmes do Seagal é sempre de gente, no mínimo, competente. Dwight H. Little, que realizou HALLOWEEN 4, o último bom filme da série, e o excelente veículo de ação de Brandon Lee, RAJADA DE FOGO, é o homem que comanda por trás das câmeras em MARCADO PARA A MORTE. Talvez ele tenha sido responsável por alguns detalhes que tornam o filme ainda mais interessante. Porque de Steven Seagal temos o mais do mesmo. Claro que eu adoro vê-lo fazendo esse personagem badass que não dá mole para a bandidagem e basicamente repete o mesmo papel de sempre, com algumas variações. Mas o que diferencia este aqui dos demais é maneira como o diretor utiliza da violência. É provável que seja o filme mais sanguinolento e visceral de Steven Seagal. Vê-lo quebrando braços de meliante é algo bacana, agora, assistir em detalhes o osso partindo, é melhor tirar as crianças da sala...

E Seagal está extremamente sádico neste aqui. Os bandidos, a certa altura, mexem com a família do cara errado e Hatcher parte com tudo pra cima deles. Execuções à sangue frio, braços decepados, cabeças cortadas, olhos perfurados com os dedos, espinhas partidas ao meio com joelho, são alguns exemplos do que o homem é capaz em toda sua fúria. Os vilões jamaicanos também são um destaque a parte, acrescentando um tom mais sinistro ao filme com algumas sequências de vodu, sacrifícios humanos e elementos de magia negra. Basil Wallace, que encarna o líder jamaicano é de dar medo. O sujeito é muito expressivo e sua aparição no final, após uma reviravolta das boas, é uma grande sacada do roteiro e garante ainda mais algumas cenas de pura diversão!

Na minha modesta opinião, MARCADO PARA A MORTE fica atrás daqueles que citei da fase de ouro do Seagal. Mas é algo pessoal. Para o meu amigo Herax, por exemplo, DIFÍCIL DE MATAR fica em último entre os quatro. As posições variam de acordo com cada um, é lógico. Mas é inegável o fato de que os quatro filmes possuem quase o mesmo nível de qualidade e qualquer fã de cinema de ação old school tem mais que a obrigação de assisti-los!




22.4.10

THE BUTCHER (2009)


Estava de olho nesse THE BUTCHER (2009) há algum tempo, lendo algumas críticas gringas de pessoas que compartilham o mesmo gosto que o meu. Foi lançado diretamente em DVD lá fora, não tenho idéia se estará um dia disponível nas nossas prateleiras, espero que sim. Mas foi o meu velho amigo Osvaldo Neto que deu o sinal verde dizendo que era realmente um filmaço. Como eu adoro produções modestas, especialmente de ação, que aproveitam (ou ressuscitam) alguns talentos esquecidos e marginalizados pelos grandes estúdios, como é o caso de Eric Roberts e outras figuras simpáticas que surgem por aqui, fui correndo conferir.

Visto e aprovado, posso dizer que realmente trata-se de um puta filme de ação old school casca grossa, sem firulas de diretores moderninhos que fazem gracinha ao invés de cinema de verdade! E Eric Roberts é um monstro! O sujeito está em plena forma encarnando um ex-boxeador que agora trabalha fazendo o serviço sujo para a máfia. Jogador obsessivo, apreciador de um inebriante, anacrônico e totalmente cool, seu personagem acaba tendo que resolver à base de chumbo grosso uns probleminhas que arranjou com seu próprio chefe, Murdoch (o também subestimado Robert Davi). O roteiro é bom, embora não traga muitas novidades e demora um pouco para engrenar. Mas trabalha bem os clichês do gênero e possui personagens interessantes. O elenco é ótimo: Além de Roberts e Davi, temos Keith David, Geoffrey Lewis, Michael Ironside, Vernon Wells, Paul Dillon, Jerry Trimble, alguns com pequenas participações, mas muito bem aproveitados.


É provável que o britânico Jesse V. Johnson torne-se um diretor a ser acompanhado. Já familiarizado com cinema de baixo orçamento, tem em seu currículo algumas pérolas estreladas por Don “The Dragon” Wilson e Mark Dacascos, dois nomes que podem espantar a freguesia, mas basta uma sequência de THE BUTCHER para provar que o sujeito é herdeiro do bom e velho “cinema físico” de Peckinpah. O brutal tiroteio no bar não chega a altura de Bloody Sam, obviamente, mas há muito tempo que não vejo a utilização da violência em filmes de ação de maneira tão segura e exemplar. E não só isso, o sujeito tem noção dos espaços, da arquitetura da ação, dos enquadramentos, montagem, enfim, V. Johnson foi uma belíssima descoberta para o cinema de ação! O diretor de MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA com certeza se sentiria orgulhoso.

Johnson, na verdade, é dublê e trabalhou em vários filmes dos anos 90 de diretores do nível de Paul Verhoeven e Tim Burton. Seu próximo trabalho na direção a ser lançado é o drama de gangster CHARLIE VALENTINE, que conta em seu elenco umas figuras do calibre de Raymond J. Barry, James Russo, Tom Berenger, Steven Bauer, Keith David! Já está entre os meus filmes mais aguardados.