Mostrando postagens com marcador bill duke. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador bill duke. Mostrar todas as postagens

16.7.11

COMANDO PARA MATAR (1985)

aka COMMANDO
diretor: Mark L. Lester
roteiro: Steven E. de Souza

Detesto escrever sobre meus filmes favoritos, porque sempre acho que não vou conseguir encontrar palavras que estejam à altura da obra. Mas hoje eu revi COMANDO PARA MATAR, um dos filmes mais essenciais do cinema de ação classudo oitentista e um dos meus prediletos do gênero, tenho certeza que palavras vão me faltar para elogiar este colosso cinematográfico, mas resolvi arriscar, até porque depois de tantos anos, continua sendo refêrencia quando se trata de cinema de ação truculento, além de ser um dos trabalhos mais sólidos e divertidos do Arnold Schwarzenegger.

Obviamente todo mundo conhece a trama, a história do coronel John Matrix (Arnoldão) e sua violenta jornada para resgatar sua filha das mãos de mercenário que querem chantageá-lo e etc… É tudo bem simples, na verdade. O filme utiliza o carisma de Schwarzenegger de maneira eficiente e não faz muitos rodeios para mostrar ao público do que o sujeito é capaz em várias cenas de ação, pancadarias, perseguições de carro, fugas espetaculares, ingredientes necessários para dar um espetáculo e resgatar a filha!

A expressão “exército de um homem só” nunca se encaixou tão bem num personagem como em John Matrix. O sujeito simplesmente derruba, sozinho, um possível ditador e seu exército inteiro, utilizando somente suas habilidades, um arsenal colado no corpo e muito sangue frio pra matar sem o mínimo remorso, diferente dos “heróis” comportados e politicamente corretos desta geração, os quais John Matrix comeria no café da manhã. Também conta muito com a sorte, já que não é todo mundo que passa correndo em frente de centenas de metralhadoras sem levar um tiro sequer ou levar em consideração que atacar o covil do inimigo explodindo e metralhando tudo não faria os bandidos matarem sua filha… Mas tudo faz parte do charme...

A direção é de Mark L. Lester, substituindo John McTiernan, que rejeitou o projeto, mas acabou dirigindo o Arnoldão em PREDADOR e O ÚLTIMO GRANDE HERÓI. E temos uma história curiosa aqui. O roteirista Steven E. de Souza escreveu uma continuação de COMMANDO PARA MATAR, revisado pelo Frank Darabont, e com o McTiernan já acertado para dirigir. O Schwarzenegger é que rejeitou o projeto desta vez. O roteiro é baseado num livro de Roderick Thorp sobre um prédio tomado por terroristas... bom, então não vamos reclamar que John Matrix não tenha retornado, celebremos a criação de John McClaine em DURO DE MATAR, pois foi o que o roteiro desta continuação acabou se transformando! Já o Lester teve uma fase extremamente talentosa em determinado período no cinema de ação, mas nunca teve reconhecimento por isso. E nem vai ter. COMANDO PARA MATAR possui um trabalho de direção seguro e cenas de ação belissimamente bem orquestradas à moda antiga, sem qualquer firula e cacoetes do cinema atual. E não poupa o espectador de violência e muito sangue on-screen, como toda a sequência final, com Arnoldão enfrentando o exército sozinho numa batalha de proporções épicas!

E o que é a atuação do Schwarzenegger?! Já ouvi muita reclamação de pessoas dizendo que é um sujeito sem talento e canastrão. Concordo em partes, mas o que não falta a ele é inteligência e carisma! Tendo protagonizado CONAN e O EXTERMINADOR DO FUTURO, é com COMANDO PARA MATAR que Arnoldão afirma seu lugar entre os grandes do cinema de ação! Os seus diálogos são resumidos ao essencial, soltando apenas o necessário e algumas tiradas de efeitos geniais que complementam ainda mais o grau de insanidade que temos aqui! E claro, o que acaba importando mesmo, no fim das contas, é a sua capacidade física e o desempenho nas cenas de ação, como um tanque de guerra imparável, realmente de encher os olhos dos aficcionados pelo gênero.

O filme possui também um elenco memorável. Rae Dawn Chong é a aeromoça que acaba se enroscando na situação de Matrix e serve um pouco de alívio cômico; Alyssa Milano, ainda bem novinha, fazendo a filha raptada; o ótimo Bill Duke, Dan Hedaya e David Patrick Kelly como vilões (este último com uma das mortes mais legais do filme), assim como Vernon Wells, que é uma espécie de "chefão final" e que Matrix deve enfrentar no mano a mano. Mas uma das coisas mais geniais do filme é que Wells também possui um sentimento estranho por Matrix, algo que não se percebe quando você tem 7 anos de idade. O cara é afetadíssimo e não tenho a menor dúvida de que seja homossexual. Nada contra, quero deixar bem claro, até acho que enriquece ainda mais a obra, mas tenho a absoluta certeza de que o sonho dele era, na verdade, “lutar” pelado com o protagonista… e o mais interessante é que Matrix sabe disso! “Você gostaria de enfiar essa faca em mim!”, diz o herói para convencer o seu oponente a baixar a arma. E funciona! E reparem as expressões de prazer e desejo sexual que o Wells faz nesta cena. Sei muito bem que “faca” ele estava pensando em enfiar no Schwarza. Engraçado que outro filme do mesmo Mark L. Lester possui a mesma conotação gay. E é outro belo exemplar de ação casca grossa! Estou falando de MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS. É preciso ser um tanto ingênuo pra não perceber que o personagem do Brandon Lee é apaixonado pelo Dolph Lundgren… Genial!

Foi muito bom rever esta obra prima depois de tanto tempo. Mas ao final, dá uma sensação um pouco melancólica… COMANDO PARA MATAR é uma espécie cinematográfica que já se encontra extinta. Simplesmente não se faz mais filmes desta forma nos nossos dias, é fato. Exemplares assim existiam aos montes na era dourada do gênero nos anos 70, 80 e um pouco dos 90. Para sentir esse cinema, hoje, é preciso retornar aos filmes de outras épocas, mas tudo bem! O mais bacana disso tudo é que realmente não faltam motivos para ver e rever este e outros clássicos do cinema de ação.

22.7.10

ACTION JACKSON (1988), de Craig R. Baxley

Esta semana tive o prazer de rever este CLÁSSICO do cinema de ação policial, truculento até o talo, realizado em pleno calor dos anos 80!!! E um filme que possui a palavra “action” no título tem mais que a obrigação de alegrar o coração dos pobres infelizes que curtem esse tipo de produção, como é o meu caso... e ACTION JACKSON está longe de decepcionar!

E pra quem aprecia frases badass de efeito então, será agraciado com um bônus. O roteirista Robert Reneau desenvolveu uma trama simples, que não possui nada que já não tenhamos visto antes, mas em compensação, estava inspiradíssimo quando criou situações recheadas de taglines de rachar o bico! Logo no início, por exemplo, dois policiais prendem um trombadinha e, enquanto o levam para delegacia, descrevem Jericho “Action” Jackson, o sujeito mais casca grossa da polícia de Detroit, para amedrontar o pobre rapaz:

- Hey man, what's gon' happen to me?
- Oh, nothing. Uh, wel-nothing much, uh... you might have to endure a little session with, uh, Action Jackson.
- Wh-who's Axon...?
- “Action”, “Action” Jackson.
- Yeah, some say he didn't even have a mother. That some researchers at NASA created him to be the first man to walk on the moon without a space suit.
- Others say his mother was molested by Bigfoot and, uh, Jackson is their mutant offspring.
- They bring in Jackson when they want to re-educate some young ne'er-do-well such as yourself, Albert.
- Yeah, I remember one kid got re-educated so bad, his testicles climbed back up into his belly. Wouldn't come out.
- They called it a medical miracle.
- Yeah. Another kid, handcuffed to a chair; gnawed his own hand off like a trapped skunk, or wolverine, or somethin'.

GENIAL!!! ACTION JACKSON bate recordes em frases como essas! Algumas são tão ridículas que chegam a desconcertar o espectador.

Mas quem é o tal "Action" Jackson? A honra de encarnar o protagonista foi concedida ao ator Carl Weathers, o Apollo de ROCKY. Em seus primeiros momentos, percebe-se que o sujeito tem um histórico tremendo como policial. Uma fama desgraçada de tira durão e que faz a bandidagem tremer nas calças. Ficamos sabendo logo de cara que Jackson foi rebaixado recentemente de Tenente à sargento. Por que? Porque ele cortou fora a mão de um pedófilo!!! E ainda deu a desculpa de que “o sujeito tinha outra mão de reserva”. Estamos diante da truculência em pessoa.

É como se ACTION JACKSON fosse continuação de um primeiro filme que não existe. O tal bandido que perdeu a mão, na verdade, nem aparece, mas seu pai, vivido por Craig T. Nelson, assume o posto de vilão da estória. E nós já sabemos subitamente que ele é o bandidão, pois ele possui ninguém menos que Al Leong como motorista de sua limosine.

A trama, como já disse, é a básica dos filmes de ação oitentista. “Action” Jackson suspeita que quem está eliminando os chefes dos sindicatos é o poderoso Nelson. Então começa a investigar, acaba se metendo onde não deve, envolve-se com a esposa do bandido, depois com sua amante, cai numa tramóia e vira suspeito de assassinato, precisa agora pegar o bandido e ainda por cima provar que não cometeu crime algum, etc, etc... uma coisa linda!

Mas o que conta mesmo são as situações criadas pelo roteiro. A primeira cena de ação que acontece pra valer envolvendo Jackson, creio eu que seja a primeira perseguição de carro em alta velocidade com o herói correndo a pé!!! Vejam bem, não é como OPERAÇÃO FRANÇA II, onde Gene Hackman corre atrás do vilão, bufando, persistindo e, por sorte, consegue atingir uma bala na testa de Fernando Rey que já estava se sentindo seguro dentro de um barco. Aqui, Jackson corre alguns quarteirões perseguindo um táxi, mas lado a lado com ele, em alta velocidade!!! E mais, ainda na mesma velocidade, ele consegue pegar impulso e pular no teto do veículo em movimento. Eu já virei fã!

Em uma cena mais adiante, após ser acorrentado e quase cremado vivo, Jackson consegue se libertar, troca tiro com os bandidos, mas antes de fazer um deles de churrasco, questiona: “Como prefere suas costelas?!?!” Sensacional! No climax do filme, numa festa na mansão do vilão, "Action" precisa agir logo para chegar no quarto de Nelson, onde ele pretende matar sua amante. O nosso herói não pensa duas vezes quando vê um dos carros fabricado pelas empresas de Nelson. O sujeito entra no carro, invade a casa (!), sobe as ESCADAS (!!), percorre o estreito corredor do segundo andar (!!!) e adentra o quarto de carro e tudo!!! Acho que nunca teremos na vida, outra cena como essa num filme.

Logo em seguida, Jackson parte no mano a mano com o vilão. E o páreo é duro! Mas tudo bem. Uma cena antes mostra que Nelson é praticante de artes marciais, e dos bons! Mas ninguém consegue é tirar os olhos do carro estacionado ao lado da cama...

Craig T. Nelson faz um ótimo vilão. Desprezível e arrogante e muito convincente. Todo o elenco é excelente, na verdade. Carl Weathers nasceu para o papel de "Action" Jackson! Ainda temos uma boa Sharon Stone; Robert Davi arrebentando em sua pequena participação; Bill Duke fazendo o chefe de polícia; e temos a cantora Vanity, belíssima e muito sexy, mas bem chata também. Ela contribui bastante soltando com demasiada frequência várias frases de efeitos escritos especialmente pra ela.

Ainda não falei de Craig R. Baxley, que fazia aqui sua estréia como diretor de cinema. Havia realizado apenas alguns episódios de ESQUADRÃO CLASSE A. Baxley era dublê, deve ter conhecido Weathers nos sets de PREDADOR, onde trabalhou. Mas parece que sua carreira atrás das câmeras não foi muito pra frente no cinema, embora tenha realizado STONE COLD, que em breve receberá alguns comentários por aqui. Desconheço sua carreira dirigindo séries, que é o que faz atualmente. Mas bem que ele podia estar fazendo mais uns filmes B de ação no estilo de ACTION JACKSON!