CUT AND RUN fecha uma espécie de trilogia da selva do diretor Ruggero Deodato, se considerarmos ULTIMO MONDO CANNIBALE e CANNIBAL HOLOCAUST como trabalhos da mesma natureza. Embora este último seja o mais notório da carreira do diretor, CUT AND RUN consegue ser ainda bem mais bizarro pela miscigenação de gêneros e estilos colocados num único filme. Deodato consegue equilibrar terror, ação e aventura com a mesma atmosfera de seus cannibal movies, e ainda encontra inspiração em APOCALYPSE NOW, com direito a um coronel maluco comandando os nativos no meio da selva.
Se funciona essa mistureba? Depende muito de cada um, mas ajuda bastante se você for fã do diretor. O negócio é que é impossível ficar indiferente tendo um sujeito como Ruggero Deodato atrás das câmeras. Nunca vai ser uma simples aventura na selva e o diretor possui criatividade suficiente para realizar um filme singular, e não mais um rip off de CANNIBAL HOLOCAUST como surgiam aos montes na época. Embora tenhamos aqui um menu bem recheado para satisfazer os apreciadores de um bom cinema extremo: violência explícita, decapitações, corpos abertos ao meio, torturas, crocodilos devorando cadáveres, nudez gratuita e claro, a mídia sem muito escrúpulos... da mesma forma que em CANNIBAL HOLOCAUST.
Após uma abertura chocante, a estória inicia com uma repórter e seu cameraman em meio a uma investigação jornalística sobre tráfico de drogas em Miami. Em um dos locais investigados, todos os traficantes foram mortos misteriosamente e quando a dupla chega, encontra os corpos, o quarto revirado, e uma foto onde aparece Tommy, o filho do editor do programa para quem os dois repórteres trabalham e que estava desaparecido! Que puta coincidência! Na foto ele se está no meio da selva amazônica junto com o coronel Horne, sujeito dado como morto há anos.
Um pouco de enrolação e záz, a dupla parte para o coração das trevas da floresta Amazônica em busca de Tommy e de uma boa matéria sobre o lance das drogas. Chegando lá, dão de cara com o terror que só mesmo o mestre Ruggero Deodato sabe proporcionar. Além da grande variedade de elementos que o diretor dispõem para manter o público ligado do início ao fim, outro grande destaque é o elenco formado com alguns nomes americanos como Karen Black, Richard Lynch (interpretando o coronel) e o grande Michael Barryman, protagonizando algumas sequências com muita dose de violência. Também vale mencionar a excelente trilha sonora do brasileiro Cláudio Simonetti, que auxilia na ambientação com seus sintetizadores, além da fotografia caprichada da selva venezuelana (local onde o filme foi rodado).
Mas a grande sacada dos roteiristas é a referencia a APOCALYPSE NOW, ou melhor, a O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, representado no papel do coronel Horne e magnificamente interpretado por Richard Lynch. A cena em que o ator discursa deitado na rede tem a mesma força que as sequências de Marlon Brando no filme de Coppola, guardando as devidas proporções, obviamente, pelo amor de Deus!!!
Deodato estava atualmente com um novo projeto envolvendo canibais, selva, etc, que eu não sei exatamente que fim levou, mas parece que não vai ser levado adiante... e não sei também se isso é bom ou ruim. Por enquanto, fico com as dezenas de filmes que o sujeito realizou ao longo da carreira e que eu ainda não vi, mas já adianto que uma das experiências mais divertidas concebidas por ele é, sem dúvida alguma, CUT AND RUN!
Disparado, um dos melhores filmes do Deodato. Eu inclusive acho que ficaria pau a pau com o Cannibal Holocaust, o foda é que tem muita cena meio desleixada que lembra mais um seriado ruim de TV do que cinemão mesmo. Mas a mistureba de gêneros e referências é boa demais, a morte do John Steiner é clássica (dá para jurar que ele foi morto de verdade!), e Richard Lynch provavelmente está num dos seus grandes momentos interpretando Marlon Brando. hehehe.
ResponderExcluirUuuhh, parece fodão o filme. Pegou no surreal, Ronald?
ResponderExcluirPeguei no TehParadox!
ResponderExcluirpo, qual site que voce pega essa pérolas?
ResponderExcluirum deles é esse TehParadox. tem o Cinemageddon, Surreal Moviez, Karagarga, Asian DVD Club... vários.
ResponderExcluirO filme ia ser dirigido pelo Wes Craven. Isso explica a presença do Michael Berryman. Deodato é um bom diretor e fez poucos filmes ruins. Tudo bem que ele dirigiu bem menos do que seus contemporâneos, mas não dá pra deixar de se divertir com pérolas como "Caçadores de Atlântida" e "Cut and Run".
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