Com o novo padrão estético e narrativo dos filmes de zumbis (e por que não, do terror de um modo geral?) definido por George Romero em A NOITE DOS MORTOS VIVOS, o diretor espanhol Amando de Ossorio resolveu deixar sua autêntica contribuição ao subgênero com este A NOITE DO TERROR CEGO, colocando cavaleiros templários como zumbis que saem das tumbas para fazerem suas vítimas...
A mitologia desses zumbis, na qual rendeu uma saga que ainda possui mais três filmes além deste aqui, narra que os tais cavaleiros templários, ainda na idade média, foram condenados por heresia e tiveram seus olhos arrancados, mas por possuírem um conhecimento secreto de magia negra, conseguiram perpetuar seus corpos ao longo do tempo, escondidos nas ruínas onde no passado foram condenados.
Betty (Lone Fleming) e Virginia (Helen Harp) são duas amigas dos tempos de colégio que se reencontram, após muitos anos, na piscina de um hotel. Virgínia está há dias tentando conquistar Roger (César Burner), mas quando este põe os olhos em Betty já percebemos que a coisa vai esquentar neste triangulo de emoções. Mas claro que isso não chega a ser tão explorado pelo diretor, que precisa se concentrar no lance dos zumbis sem olhos.
Então, em uma excursão de trem, quando rapidamente fica claro que as intenções carnais de Roger estão pendendo pro lado de Betty, Virginia tem um ataque de nervos do nível de uma adolescente de 14 anos e salta do trem emburrada. Um pouco antes disso, porém, um flashback mostra o tipo de relação que as duas amigas haviam tido no colégio: aquela em que se colocam as aranhas para brigar, se é que me entendem. Esse simples flashback é uma das cenas mais sofisticadas do filme, com uma atmosfera de sonho, e o som do trem que permanece constante de background... o resultado é bem interessante.
Bom, Virgínia fora do trem, no meio do nada, completamente sozinha, acaba indo parar justamente num lugar onde ninguém conseguiria imaginar! As ruínas dos cavaleiros templários zumbis sem olhos!!! Ainda durante o dia, ela fica apenas andando pra lá e pra cá pelo local sem muito que fazer (e neste momento agradeço por terem inventado o controle remoto), mas a noite, temos a clássica sequência dos mortos vivos saindo de suas tumbas com sede de sangue, cavalgando em câmera lenta (só não me pergunte de onde saíram os cavalos). Ossorio deve ter achado a cena dos zumbis saindo do jazigo tão boa, mas tão boa, que acabou repetindo a mesma cena nos filmes seguintes. Enfim, Virgínia acaba sendo a primeira vítima dos zumbis...
É nesta sequência que podemos contemplar os cavaleiros pela primeira vez, com suas roupas medievais de soldados templários já bem envelhecidas pelo tempo e o crânio sinistro protuberante no lugar da face. A produção de A NOITE DO TERROR CEGO é bem independente, com baixíssimo orçamento, e um dos grandes trunfos do filme é fazer acontecer sabendo evitar os problemas de recursos com bastante criatividade. Outros momentos bacanas que demonstram isso é a cena do necrotério e, em especial, o ataque à casa de moda, com um uso de cores, luzes e espaço, cercado de manequins, que remete a atmosfera de SEI DONNE PER L’ASSASSINO, do mestre Mario Bava.
Com o sucesso deste primeiro filme, Amando de Ossorio se sentiu obrigado a continuar contando a saga dos zumbis sem olhos, dos quais não tive ainda a oportunidade de assistir, mas espero que sejam, no mínimo, uma boa diversão como este aqui.
a cena do cemitério é classica!Eu pelo menos achei bem assustadora,só achei que faltou mais gore.
ResponderExcluirPois é, mas na ausência do Gore, o Ossorio mandou bem em outros elementos... nem cheguei a santir falta da sangreira.
ResponderExcluirEstranhamente pelo indaguei por aí, esta é uma produção luso-espanhola. Nada habitual por estes lados, muito menos se nos remetermos para os anos 70.
ResponderExcluirNa minha opnião, o pouco cuidado com a trilha sonora fez mais falta que o gore. Ele poderia ter explorado mais esse ponto, já que essa região é rica musicalmente e daria um clima ainda mais tenso ao filme.
ResponderExcluirAqueles cavaleiros cavalgando em slowmotion tem uma força do caralho.
ResponderExcluir"Aqueles cavaleiros cavalgando em slowmotion tem uma força do caralho." (2)
ResponderExcluirO segundo filme é um filme de zumbi mais convencional, o que não deixa de ser bom. Gosto muito de como os dois são diferentes um do outro. Preciso ver o restante da série.
Ronald, da uma olhada depois, http://noescuroevendo.wordpress.com/2009/11/20/ranking-os-melhores-filmes-de-terror-da-decada-de-2000/, melhores filmes de terror da decada
ResponderExcluirEstou louco pra ver isso aí e não é de hoje, mas não consigo encontrar...
ResponderExcluirAs totalmente desaparecidas nos anos 90 - Ponte de betão com arco e a Estação de Contumil no Porto - a ficarem assim registadas para a posterioridade :)
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