Primeiro, uma confissão: da série HALLOWEEN original (e não essa bobagem do Rob Zombie, cujo segundo não me dei nem o trabalho de assistir ainda) os únicos filmes que realmente vi foram os dois primeiros. O do John Carpenter é uma belezura, puta aula de suspense, trabalho atmosférico sensacional, além da utilização magistral de vários elementos que serviram de base para toda uma cadeia de filmes de terror que brotou nos anos 80. Estou sempre revendo. Aliás, toda a obra do velho Carpinteiro deveria ser vista e revista incontáveis vezes...
A continuação de HALLOWEEN, até onde me lembro, foi um dos primeiros filmes de terror que assisti, antes até do que o original. Mas para um pirralho medroso isso não fez diferença alguma, borrei de medo de qualquer forma. Hoje, revendo depois de tanto tempo, continuo achando um bom filme, inferior ao primeiro, mas não deixa de possuir sua força dentro do gênero.
Escrito pelo próprio John Carpenter em parceria com a sua colaboradora, Debra Hill, HALLOWEEN II continua no mesmo ponto onde o primeiro filme termina. Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), depois de quase comer capim pela raiz nas mãos do louco varrido Michael Myers, vai parar num hospital praticamente deserto sobre o qual o filme transcorre como seu cenário principal. Enquanto isso, o Dr. Loomis (Donald Pleasence), que descarregou seu 38 em Myers, procura o corpo do sujeito, o qual simplesmente levantou, fugiu e desapareceu. O roteiro ainda aproveita para criar um laço familiar entre Myers e Laurie para botar mais lenha na fogueira.
Logo no início, seguimos os passos de Myers espreitando entre aquelas casinhas americanas sem muros. Essas sequências já apresentam o tom do filme, cheio de câmeras subjetivas e uma lentidão quase poética que faz todo sentido em relação ao seu assassino. Michael Myers é daqueles que nunca correm atrás de suas vítimas, deixando o espectador com os nervos à flor da pele com suas perseguições perturbadoras. Enquanto a criatura desesperada sai quebrando tudo pela frente numa correria desenfreada, Myers segue dando seus passinhos calmamente e, exceto os "mocinhos", sempre alcança o alvo onde menos se espera.
Uma das melhores cenas de HALLOWEEN II se caracteriza justamente pela situação acima (tirando o desfecho, claro), quando Laurie corre freneticamente pra não ter a carcaça perfurada e tem de esperar o elevador abrir a porta enquanto Myers vem tranquilo em sua direção. Se ele tivesse apertado os passos um pouquinho, teria cortado mais uma garganta para a sua coleção, mas não seria também uma cena magnífica de puro suspense que simboliza a essência de um dos grandes elementos do slasher movie.
Acho que elogiar a direção de Rick Rosenthal é um tanto equivocada. Não sou o mais indicado a falar sobre o assunto, mas li em alguns lugares que após várias discussões e muitas diferenças de opiniões, Carpenter meteu um pé na bunda de seu diretor e assumiu o posto. Não seria surpresa se ele tivesse dirigido a cena do elevador, mas realmente HALLOWEEN II tem muito de John Carpenter. Se foi mesmo o Rosenthal que dirigiu a maioria das cenas, meus sinceros elogios a ele. Fez um ótimo trabalho!
Só sei que em 2002, Rosenthal dirigiu HALLOWEEN: RESURRECTION, cuja cara não é nada promissora...
Jamie Lee Curtis retorna ao papel que praticamente a lançou no cinema, mas fica meio apagada, até porque sua personagem é uma moribunda na cama do hospital em grande parte do filme. Quem se destaca mesmo é o sempre genial Donald Pleasence em performance inspirada e muito participativo.
Em tempos de HALLOWEEN’s de Rob Zombie, SEXTA FEIRA 13, de Marcus Nispel, e outras tralhas pretenciosas que aparecem nos cinemas atualmente, fico com qualquer slasher menor dos anos 80. Agora que revi esta segunda parte da série iniciada pelo Carpenter, vou procurar assistir logo as partes seguintes que ainda não tive o prazer (ou desprazer) de conferir.
Nem queira ver o tal Ressurection, e tão sem vergonha que dá nojo...Na verdade a Jamie Lee Curtis não passa na cama o filme inteiro...É pior ainda: ela aparece na cama somente no primeiro ato do filme, depois não aparece mais...
ResponderExcluirDe Haloween sou pouco entendido, só tenho o primeiro na minha coleção. E do restante só vi o Ressurection (que foi podre).
Quero felicitar o amigo Ronald Perrone pelo excelente blog. Gosto bastante deste tipo de filmes de orçamentos baixos (terror, kung-fu, acção, etc.) e sei que o amigo Perrone segue sempre o blog "por um punhado de euros", do qual faço parte! Parabéns e um abraço!
ResponderExcluirJOÃO DO CAMINHÃO: Como suspeitei, esse Resurrection deve ser mesmo uma coisa horrorosa... Mas assista aos antigos, pelo menos o segundo é bem legal. Ah, e dei uma fuçada no blog de vocês, muito bom!
ResponderExcluirEMANUEL: Valeu pelas palavras. Estou sempre acompanhando o "por um punhado de euros", meu blog de spaghetti western favorito! :)
Não vi esse Ressurrection, e a exceção do primeiro e da segunda e terceira partes, não vi os demais. Comenta-se que a parte 6, se não me equivoco, é a melhor, depois do primeiro. A terceira parte não tem relação alguma com Michael Myers (fala de druidas e sacrifícios infantis, em comum com Myers somente a máscara, elemento presente no terceiro). Mas é um bom filme, bastante climático e, se voce não relacioná-lo com a mitologia Haloween, terá uma boa diversão.
ResponderExcluirSim, eu estou por dentro que o terceiro é um peixe fora d'água, mas me parece ser bem divertido mesmo, enfim, é próximo da lista... vou tentar assistir o mais breve possível pra comentar aqui. Valeu pelo comentário!
ResponderExcluirHALLOWEEN 2 fica ainda melhor quando comparado com essa bobagem medíocre que o Rob Zombie fez sob o mesmo título. É uma verdadeira aula de como fazer um slasher: simples, violento e MUITO climático, sem invencionices e bizarrias.
ResponderExcluirTambém vi esse filme ainda moleque, antes mesmo de ver o primeiro, e não tenho vergonha de dizer que fiquei completamente apavorado por dias a fio. Me assustava muito (até hoje, na verdade) o fato de Michael Myers ser representado como uma entidade maléfica que não morre e, pior, não pára nunca de perseguir suas vítimas - a cena em que ele atravessa a porta de vidro e persegue Jamie Lee Curtis até o elevador é um clássico da tensão cinematográfica, até hoje me dá arrepios.
Sempre gostei mais da série Halloween do que de Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo, e posso recomendar sem medo o Halloween 4, que é a melhor continuação depois do segundo. O resto é tudo mais do mesmo, até o celebrado H20. A parte 6 foi mutilada pelos produtores, mas já se enterrava originalmente por tentar explicar a imortalidade de Michael com uma absurda maldição druida.
Concordo contigo, Felipe, a série Halloween vem me agradando mais também. Mesmo assim estou com vários filmes Sexta Feira 13 e A Hora do Pesadelo para relembrar...
ResponderExcluirÉ um dos meus desfavoritos da série. Penso em fazer uma revisão de todos os "Halloween" e pular este.
ResponderExcluirSempre adorei esse (igualmente ao terceiro q é ainda melhor).
ResponderExcluirA cena do carro atingindo o moleque usando uma máscara parecida com do Michael me deixa chocado até hoje.
Ironicamente, o moleque atropelado e morto era o Ben Tramer, o garoto com quem a personagem da Jamie Lee Curtis queria sair no primeiro Halloween!!!
ResponderExcluirDificilmente superarão o mestre Carpenter nessa franquia. E quanto às versões novas do Rob Zombie? Um punhado de porcarias mal feitas que nem dá pra chamar de trash.
ResponderExcluirViva o Michael Meyers clássico!
Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Uma pergunta bem offtopic, só por curiosidade mesmo. Como é o nome do filme do seu banner com o cowboy com o rosto aberto?
ResponderExcluirAquele ali é o Yul Brynner no poster de WESTWORLD (1973), de Michael Crichton.
ResponderExcluirCarpenter criou o Myers baseado no pistoleiro robô do Westworld.
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