Demorou um bocado para a Academia reconhecer o quão Roger Corman é importante e representativo para o cinema. Finalmente em 2010 o homem vai receber um Oscar honroso pela contribuição a esta arte que tanto adoramos. E ele merece isso por vários motivos, um desses é por possuir o nome definitivo no que confere às adaptações das obras do escritor de mistério Edgar Allan Poe.
Segundo Corman, a princípio ele realizaria para a American International Pictures apenas A QUEDA DA CASA DE USHER, em 1960. Como o filme foi muito bem recebido, acabaram solicitando outras adaptações do escritor americano. O próprio diretor disse em entrevistas que ficara na dúvida entre The Pit and the Pendulum e The Masque of the Red Death, mas acabou escolhendo o primeiro, pois havia acabado de assistir ao SÉTIMO SELO, e achou que o filme de Bergman possuía muitas semelhanças com o segundo. Depois disso, Corman acabou fazendo a série de filmes inspirados em Poe que todos nós conhecemos e sempre ficava na dúvida entre escolher alguma outra obra e The Masque of the Red Death. Após adaptar todas as estórias que gostava, durante quatro anos, ele já não se importava com as semelhanças do filme sueco e acabou realizando por fim este aqui, que ele considera, ao lado de A Queda da Casa de Usher, um dos melhores escritos de Poe (e acabou recebendo o título de A ORGIA DA MORTE aqui no Brasil).
O filme em si é sensacional. Corman dirige aquele que provavelmente foi o seu maior colaborador nas adaptações de Poe, o ator Vincent Price, encarnando um dos papéis mais marcantes de sua carreira, o do príncipe Prospero. Maquiavélico, sádico, cínico, iconoclasta e adorador do tinhoso, o sujeito é a perfeita representação do mal e Price faz jus à sua reputação de mestre do horror em frente às câmeras numa grande performance. E isso é extremamente crucial para a grandeza do filme. Só sua presença já valeria a conferida.
Mas é claro que o filme vai além. Muitos se lembram de Corman apenas como o pai do dos filmes B americanos, o homem que driblava todas as armadilhas do baixo orçamento e realizava quatro ou cinco filmes por ano. Ou então como descobridor de talentos, tendo lançado no mundo no cinema nomes como Jack Nicholson, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Monte Hellman e muitos outros. Claro que isso são feitos importantíssimos, sem dúvida, mas muita gente acaba esquecendo que ele também era um puta diretor! Em A ORGIA DA MORTE ele estava no auge da criatividade e trabalhando com o seu diretor de fotografia – o futuro diretor Nicholas Roeg – fez miséria com o visual do filme, com o clima atmosférico denso e principalmente com o uso das cores como elemento de horror, algo que só mesmo o italiano Mario Bava conseguia superar. Algumas sequências são verdadeiras pinturas em movimento.
Quanto ao Corman econômico, pai dos B movies, A ORGIA DA MORTE foi seu primeiro filme rodado na Inglaterra, por causa das taxas de impostos muito mais em conta (além de conseguir subsídios do próprio governo britânico), reaproveitando o cenário do filme BECKET, de Peter Glenville, também de 64. Uma prova de que até mesmo nas suas realizações mais rebuscadas visualmente, o espírito B sempre prevalecia. Um fato curioso é que dizem por aí que a atriz principal do filme, Jane Asher, perguntou a Corman se um amigo poderia visitar o set e se juntar a eles para um almoço. Ela explicou que ele era um músico que estava a ponto de fazer seu primeiro show em Londres naquela noite. No final do almoço, Corman deu ao rapaz boa sorte e seguiu em frente. Era ninguém menos que Paul McCartney, e no outro dia Corman leu no jornal sobre o sucesso que havia sido aquele show.
Enfim, fofocas da sétima arte à parte, fica a recomendação para uma noite escura e sombria este belíssimo filme de terror. Fica também a minha homenagem a este grande profissional que finalmente terá seu nome em voga no período da premiação do Oscar no ano que vem (embora seja uma pena, mas parece que a cerimônia não vai ser igual as anteriores mostrando cenas dos filmes e tal com o Oscar honorário).
Segundo Corman, a princípio ele realizaria para a American International Pictures apenas A QUEDA DA CASA DE USHER, em 1960. Como o filme foi muito bem recebido, acabaram solicitando outras adaptações do escritor americano. O próprio diretor disse em entrevistas que ficara na dúvida entre The Pit and the Pendulum e The Masque of the Red Death, mas acabou escolhendo o primeiro, pois havia acabado de assistir ao SÉTIMO SELO, e achou que o filme de Bergman possuía muitas semelhanças com o segundo. Depois disso, Corman acabou fazendo a série de filmes inspirados em Poe que todos nós conhecemos e sempre ficava na dúvida entre escolher alguma outra obra e The Masque of the Red Death. Após adaptar todas as estórias que gostava, durante quatro anos, ele já não se importava com as semelhanças do filme sueco e acabou realizando por fim este aqui, que ele considera, ao lado de A Queda da Casa de Usher, um dos melhores escritos de Poe (e acabou recebendo o título de A ORGIA DA MORTE aqui no Brasil).
O filme em si é sensacional. Corman dirige aquele que provavelmente foi o seu maior colaborador nas adaptações de Poe, o ator Vincent Price, encarnando um dos papéis mais marcantes de sua carreira, o do príncipe Prospero. Maquiavélico, sádico, cínico, iconoclasta e adorador do tinhoso, o sujeito é a perfeita representação do mal e Price faz jus à sua reputação de mestre do horror em frente às câmeras numa grande performance. E isso é extremamente crucial para a grandeza do filme. Só sua presença já valeria a conferida.
Mas é claro que o filme vai além. Muitos se lembram de Corman apenas como o pai do dos filmes B americanos, o homem que driblava todas as armadilhas do baixo orçamento e realizava quatro ou cinco filmes por ano. Ou então como descobridor de talentos, tendo lançado no mundo no cinema nomes como Jack Nicholson, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Monte Hellman e muitos outros. Claro que isso são feitos importantíssimos, sem dúvida, mas muita gente acaba esquecendo que ele também era um puta diretor! Em A ORGIA DA MORTE ele estava no auge da criatividade e trabalhando com o seu diretor de fotografia – o futuro diretor Nicholas Roeg – fez miséria com o visual do filme, com o clima atmosférico denso e principalmente com o uso das cores como elemento de horror, algo que só mesmo o italiano Mario Bava conseguia superar. Algumas sequências são verdadeiras pinturas em movimento.
Quanto ao Corman econômico, pai dos B movies, A ORGIA DA MORTE foi seu primeiro filme rodado na Inglaterra, por causa das taxas de impostos muito mais em conta (além de conseguir subsídios do próprio governo britânico), reaproveitando o cenário do filme BECKET, de Peter Glenville, também de 64. Uma prova de que até mesmo nas suas realizações mais rebuscadas visualmente, o espírito B sempre prevalecia. Um fato curioso é que dizem por aí que a atriz principal do filme, Jane Asher, perguntou a Corman se um amigo poderia visitar o set e se juntar a eles para um almoço. Ela explicou que ele era um músico que estava a ponto de fazer seu primeiro show em Londres naquela noite. No final do almoço, Corman deu ao rapaz boa sorte e seguiu em frente. Era ninguém menos que Paul McCartney, e no outro dia Corman leu no jornal sobre o sucesso que havia sido aquele show.
Enfim, fofocas da sétima arte à parte, fica a recomendação para uma noite escura e sombria este belíssimo filme de terror. Fica também a minha homenagem a este grande profissional que finalmente terá seu nome em voga no período da premiação do Oscar no ano que vem (embora seja uma pena, mas parece que a cerimônia não vai ser igual as anteriores mostrando cenas dos filmes e tal com o Oscar honorário).
Ae, finalmente viu.
ResponderExcluirAcho esse filme uma obraprima, e não tenho medo de dizer que pra mim é top10 dos anos 60
Ainda tenho que ver esse. Das adaptações de Poe da AIP eu só não ví o Premature Burial e o Red Death.
ResponderExcluirViva Corman! Viva Price! Dois mestres absolutos!
Premature Burial eu escrevi outro dia sobre ele, é muito legal, mas este aqui é um dos melhores, Cesar!
ResponderExcluirnum tem como baixar nao?
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