Falando em linguagem moderninha pós anos 90 (ver o post logo abaixo), estava conversando outro dia com o Daniel Dalpizzolo justamente como o Clint Eastwood e o John Carpenter parecem ser os últimos herdeiros de uma geração clássica da velha Hollywood. E pensando aqui comigo, se esses dois gigantes do cinema passassem dessa pra melhor, quais diretores assumiriam o seu lugar? Talvez nenhum, mas é engraçado como quanto mais maduro um cineasta se torna, mais perto de uma linguagem clássica ele chega. Nos últimos anos tivemos David Fincher com ZODIACO e Paul Thomas Anderson com SANGUE NEGRO, só pra ficar nos mais novos e reconhecíveis do grande público. Ainda não vi THE WRESTLER, mas já está me cheirando o filme mais maduro do Aronofsky. Mas deixo essa discussão para os comentários.
Vamos ao que interessa. Enquanto hoje, sexta feira, por um milagre divino, vai estrear A TROCA (o outro filme do diretor) aqui em Vitória, resolvi falar de GRAN TORINO. Não que tenha gostado mais de um ou do outro, mas é que ainda não assisti o primeiro, devo fazer isso na telona este fim de semana, acompanhado da patroa, que gosta de me impressionar falando dos filmes que vê comigo e desde QUANTUM OF SOLACE não a levo ao cinema. Mas nem por isso deixa de ver filmes. GRAN TORINO é um exemplo, e ela adorou, ou seja, o filme não é tão “pra macho” quanto aparenta ser no trailer e no cartaz. A coisa aqui carrega uma grande carga de sentimento e a forma como o humor é inserido no contexto é sensacional.
Mas o melhor é o Clint Eastwood em cena. Há alguns meses ele declarou que iria se aposentar das aparições em frente às câmeras, o que é uma pena, pois seu trabalho como ator parece estar cada vez melhor. Se em MENINA DE OURO aquele personagem melancólico e solitário já enchia os olhos, imagine então agora um melancólico, solitário, racista, arrogante, rabugento e mais uma infinidade de adjetivos. Se for mesmo seu ultimo filme, fechou com chave de ouro. A trama se concentra neste sujeito, interpretado pelo Clintão, um veterano de guerra que acabou de perder a esposa e agora vive solitário em sua casa observando a chegada de imigrantes orientais em seu bairro. Até que em uma noite, seu vizinho tenta roubar seu Gran Torino desencadeando uma série de acontecimentos que vão dar algum sentido na vida do sujeito.
Não vou ficar aqui fazendo análises profundas sobre as metáforas da obra, pois GRAN TORINO é rico em significados. Pode muito bem ser visto como um drama com toques de humor, mas é legal também assistir com um olhar mais reflexivo, reparando todas as camadas de sentidos, como racismo, religião, fraternidade, cultura, redenção, e vários ouros temas abordados. O roteiro de Nick Schenk flui com perfeição sob a direção do Clint que é excelente, clássica, poderia ter sido filmado nos anos 50 que não faria diferença alguma, sem afetações bestas, fotografia magnífica e com a distancia ideal. Nunca se desdobra pro cinema fetiche, o carro do protagonista que dá nome ao filme, por exemplo, é sempre filmado de longe sem a importância que vários diretores metidos dariam. O Danny Boyle filmaria cada centímetro daquele carro com câmeras acrobáticas, o Clint jogou uma lona por cima e foi fazer cinema.
Vamos ao que interessa. Enquanto hoje, sexta feira, por um milagre divino, vai estrear A TROCA (o outro filme do diretor) aqui em Vitória, resolvi falar de GRAN TORINO. Não que tenha gostado mais de um ou do outro, mas é que ainda não assisti o primeiro, devo fazer isso na telona este fim de semana, acompanhado da patroa, que gosta de me impressionar falando dos filmes que vê comigo e desde QUANTUM OF SOLACE não a levo ao cinema. Mas nem por isso deixa de ver filmes. GRAN TORINO é um exemplo, e ela adorou, ou seja, o filme não é tão “pra macho” quanto aparenta ser no trailer e no cartaz. A coisa aqui carrega uma grande carga de sentimento e a forma como o humor é inserido no contexto é sensacional.
Mas o melhor é o Clint Eastwood em cena. Há alguns meses ele declarou que iria se aposentar das aparições em frente às câmeras, o que é uma pena, pois seu trabalho como ator parece estar cada vez melhor. Se em MENINA DE OURO aquele personagem melancólico e solitário já enchia os olhos, imagine então agora um melancólico, solitário, racista, arrogante, rabugento e mais uma infinidade de adjetivos. Se for mesmo seu ultimo filme, fechou com chave de ouro. A trama se concentra neste sujeito, interpretado pelo Clintão, um veterano de guerra que acabou de perder a esposa e agora vive solitário em sua casa observando a chegada de imigrantes orientais em seu bairro. Até que em uma noite, seu vizinho tenta roubar seu Gran Torino desencadeando uma série de acontecimentos que vão dar algum sentido na vida do sujeito.
Não vou ficar aqui fazendo análises profundas sobre as metáforas da obra, pois GRAN TORINO é rico em significados. Pode muito bem ser visto como um drama com toques de humor, mas é legal também assistir com um olhar mais reflexivo, reparando todas as camadas de sentidos, como racismo, religião, fraternidade, cultura, redenção, e vários ouros temas abordados. O roteiro de Nick Schenk flui com perfeição sob a direção do Clint que é excelente, clássica, poderia ter sido filmado nos anos 50 que não faria diferença alguma, sem afetações bestas, fotografia magnífica e com a distancia ideal. Nunca se desdobra pro cinema fetiche, o carro do protagonista que dá nome ao filme, por exemplo, é sempre filmado de longe sem a importância que vários diretores metidos dariam. O Danny Boyle filmaria cada centímetro daquele carro com câmeras acrobáticas, o Clint jogou uma lona por cima e foi fazer cinema.
Existem mais sobreviventes, como Walter Hill e John Milius. Só que estes vivem no ostracismo, uma semi-aposentadoria precoce forçada igual a do Carpenter. Me perdoem por dizer isso, mas não ponho muita fé numa eventual volta do carpinteiro a direção não. Outros que continuam por aí são Scorsese, Coppola, Lumet, Schrader e Malick. E há o Michael 'the Mann', lógico, embora ele seja mais complicado de definir. Tem sintomas de cinema clássico como também é parte da mesma escola publicitária dos irmãos Scott, entre outros. Por isso acho melhor deixá-lo de fora da discussão.
ResponderExcluirDa nova geração, o Anderson já mostrou a que veio desde o início. Assim como o David Gordon Green. O primeiro era praticamente um afilhado do Altman, assim como o segundo é protegido do Malick. Tarantino também entra no bolo, porque afinal de contas, patenteou uma escola de cinema - uma pena que a maioria dos alunos sejam todos analfabetos com diploma. David Fincher de fato amadureceu. A respeito do Aronofski, acho que REQUIEM PARA UM SONHO pedia aquele estilo de filmar. Acho que vai do diretor a escolha da melhor maneira de contar uma história. E hoje, tenho muito mais consideração pelo Soderbergh do que tinha há dez anos atrás. James Grey é genial e parece que finalmente vai "acontecer". Entre os recém-chegados gosto do Craig Brewer de O RITMO DE UM SONHO e ENTRE O CÉU E O INFERNO. E por não dizer, do George Clooney também ?
O Ronald não perde tempo. Já está vendo tudo antes de todo mundo hehehe!
ResponderExcluirO Leandro citou vários diretores que seguem está linha clássica e devem ser respeitados, agora o Clint já é um mito, além dos grandes filmes como ator ele se mostrou um diretor melhor ainda. Suas obras falam por si.
ResponderExcluirFicamos à espera desta nova obra, que deve ser boa conforme seu texto.
Abraço
LEANDRO e HUGO: Sempre vão ter mais sobreviventes, com certeza! Se garimpar, é possivel achar muitos nomes americanos que hoje trabalham com um cinema clássico. Mas no caso de alguns como Scorsese e o Coppola, eles vieram daquela escola do final dos anos 60, inicio dos 70, inaugurando um novo cinema americano mais moderno que a velha Hollywood, que é exatamente esta que o Clint e o Carpenter pregam... Claro que hoje o cinema de um Scorsese e do Clint tem a mesma força narrativa. Quanto ao retorno do Carpenter, estou curiosíssimo. Se for no mesmo nível de seus ultimos longas já está bom demais!
ResponderExcluirJá da nova geração, concordo com todos os nomes, principalmente o James Gray! Como pude esquecer? Talvez seja o mais competente a assumir essa cadeira de diretor clássico.
Até mesmo o Tarantino, que inaugurou uma espécie de escola de cinema anos 90, é capaz de hoje assumir esse posto... KILL BILL já entra um pouco nesse lado, sem exagerar naquelas estruturas narrativas que bagunçam cronologicamente o filme (deixando claro que eu adoro os filmes do Tarantino). INGLOURIOUS BASTERDS provavelmente vai ser um marco na carreira dele!
E o Aronofsky fez cinema moderninho porque seus filmes pediam mesmo, porque eram filmes voltados praquele publico que adora essa linguagem moderninha (esses filmes jovens de drogas pós TRAINSPOTTING) que um Clint nunca se interessaria em fazer, creio eu... E olha que eu gosto muito do REQUIEM e PI (só não gostei do FONTE DA VIDA, que eu sei que você adora, Leandro, um dia vou dar outra chance a ele). Mas como eu disse, os diretores vão amadurecendo e até nos temas acabam escolhendo materiais que exigem uma linguagem mais clássica, como deve ser o caso de THE WRESTLER, que se fosse filmado como um videoclipe, com certeza ficaria aquela bosta que foi o SLUMDOG MILLIONAIRE do Boyle... ou não, sei lá...
SERGIO: hehe, a gente tenta, né?
Rápido no gatilho, hein? Estou louco pra ver, mas acho que vou esperar passar no cinema. Enquanto isso, a espera é amenizada por A Troca.
ResponderExcluirBelo texto, viva o Clintão!
Abraço!
O filme é muito bom, mas fiquei com a sensação que não fosse o Clintão atuando no filme, ele seria bem comum. A alma do filme é Eastwood.
ResponderExcluirEntre os coroas sobreviventes daquela época ainda há De Palma e Friedkin, que eu esqueci de citar. E Bogdanovich ? Não tenho condições de dizer se ele está ou não decadente. Outro nome que sempre merece respeito é o de Jonathan Demme. Para mim ele é um dos poucos e verdadeiros 'discípulos de Hitchcock', entre outros títulos que acumulou em sua eclética carreira.
ResponderExcluirAcho que a tendência é o Tarantino se soltar agora com o novo filme. Comercial na medida certa e sendo o filme épico que "Kill Bill" acabou não sendo. Depois quero vê-lo voltar a fazer filmes de 10,12 milhões, despretenciosos e sem compromisso como "Cães de Aluguel" e "À Prova de Morte".
"Réquiem Para um Sonho" é um dos poucos filmes 'muderninhos' que eu suporto. Imagino como seria se Ferrara ou Schrader tivessem dirigido lá no começo dos anos 80. E por falar nela, repararam como são poucos os cineastas oitentistas americanos que vingaram ou estão aí até hoje ?
Yeah, isso aí! É só pensar que sai mais... o Friedkin é um exemplo perfeito! O Demme, vi pouquíssima coisa e Bogdanovich também não tenho condição alguma de dizer como ele está hoje. E já que falou no Ferrara, é outro bom nome pra essa lista...
ResponderExcluirE Tarantino não pode parar nunca de fazer filmes como do início de carreira!
Tou me coçando pra esperar estreiar no cvinema, mas ta foda...devo ir ver A Troca nessa semana, me disseram que a Jolie tomou jeito no filme.
ResponderExcluirEssa coisa definir o cinema morderno é complicada, tem tanta coisa moderninha que é fetida, e tem coisa que é moderna e é genial. E é muito legal ver os grandes diretores dos anos 60 a 80, mostrando que eles caminharam com o tempo, e foram se adaptando sem se tornar outra pessoa, um alguém moderninho, e a qualidade de seus filmes continuam grandes.
Além de alguns citados, faltaram citar Argento e Ferrara.
hehehehehehe
Acho que GRAN TORINO chega ao Brasil em Fevereiro...
ResponderExcluirOpa Ronald, tudo certo cara? Finalmente voltei ao mundo cinéfilo, peguei umas "férias". Ainda não vi Gran torino, mas vi The Wrestler (fantástico, o melhor filme de Darren com certeza e um dos melhores que vi) e vi Slumdog Millionaire (um filme bem divertido, bem "redondinho", que provavelmente vencerá diversos premios. Gostei da honestidade de Boyle atrás das cameras e da edição magnífica, mas ainda acho que não seria um filme ideal para vencer um Oscar ou qualquer grande prêmio de cinema, visto que The Wrestler é muito mais cinema). Depois de ler sua critica, fiquei muito interessado pelo Gran torino, provavelmente eu baixe.
ResponderExcluirAbraços!
Rodrigo.
Beleza, Rodrigo? Esse lance do SLUMDOG tá gerando uma discussão das boas. Muita gente defendendo a lingagem moderninha do Boyle, muita gente detestando (como eu)... mas é questão de gosto.
ResponderExcluirTambém assisti THE WRESTLER (devo publicar alguma coisa amanhã), e é infnitamente superior!
Triste é ver todo esse oba-oba dos prêmios em torno de Boyle, Nolan e Howard. Com isso Aronofsky, Fincher e o Clintão acabam sendo esquecidos.
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