4.5.09

POSSESSÃO (Possession, 1981), de Andrzej Zulawski


Já vou avisando que o texto contém spoilers, mas acho que sou um dos únicos que ainda não havia assistido a esta belezura...

É um pouco complicado falar de POSSESSÃO, filmezinho difícil de ser digerido, mas é inegável o seu poder e mesmo tendo visto há mais de uma semana atrás, ainda me pego pensando e visualizando suas imagens. Mas como pode ser difícil e tão bom? Nesses casos, me lembro de alguma coisa que o David Lynch disse sobre alguns de seus próprios trabalhos: que os filmes não precisavam ser compreendidos, mas sentidos... ou algo assim. Pode ser uma estupidez, mas funciona.

Então, seguindo a filosofia “Lynchiniana” sobre filmes complexos, me deixei levar por POSSESSÃO. Mas das duas uma: ou o filme é realmente complexo em demasia, ou eu que sou burro pra caramba. Mas tudo bem, o que vale é o hedonismo. E não há nada mais satisfatório que acompanhar a câmera intensa de Andrzej Zulawski, com um roteiro surtado e deslumbrar com performances impressionantes de Sam Neil e Isabelle Adjani (que está linda, exagerada e sublime).

Fora isso, não tenho intenção alguma de fazer uma análise aprofundada sobre a obra. Seria algo que se tornaria pedante demais da minha parte...

Eu falo em complexidade, mas POSSESSÃO possui uma trama que dá pra acompanhar tranquilamente, e trata, basicamente, do drama, por mais insólito que seja, do casal formado por Neil e Adjani. O fato é que ele volta pra casa depois de um tempo trabalhando no exterior e descobre que ela tem um amante, um sujeito que se acha muito mais experiente em tudo na vida que o corno do Sam Neil.

Até aí tudo bem (pra mim, não pro Sam Neil), mas a coisa não é bem assim, porque ela logo sai de casa e abandona tanto o marido quanto o amante para viver num apartamento com uma criatura horrenda que a satisfaz sexualmente. Acho que não estraguei tanto a surpresa. Não é muito segredo a presença de uma criatura, já que os créditos iniciais informam isso quando aparece o nome do grande Carlo Rambaldi, responsável pelos efeitos especiais.

E é necessário apontar para essa criatura, pois é o elemento máximo das metáforas existentes em POSSESSÃO e rende uma discussão danada em torno disso. Mas em uma leitura mais superficial, o filme pode ser visto sobre as conseqüências do fim de um relacionamento. Zulawski, que também escreveu o roteiro, disse que seu próprio casamento serviu de inspiração...

Ou se preferir, POSSESSÃO pode prestar também como um excêntrico filme de horror. Claro que não serve para qualquer público, principalmente pela narrativa lenta, o desfecho hermético e o comportamento estranho dos personagens que agem como loucos-histéricos-psicóticos-suicidas, e não só o casal central, todos parecem afetados pela trama. Mas não falta aqui uma atmosfera densa e carregada, litros de sangue e até mesmo um monstro pra completar a sessão de terror!

9 comentários:

  1. genial esse filme,Zulawski tem culhões.
    a cena do aborto é destruidora, e a adjani nunca esteve tão bem num filme como nesse, digo nos filmes que eu vi.

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  2. Hm, sou um dos outros que não viram esse filme ainda, mas tenho ele em casa. Agora depois do seu texto, vou tentar vê-lo o mais rápido possível. Além disso, tem a lindíssima Adjani no elenco.
    Não li seu texto pois vc colocou que tem spoilers.

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  3. Ronald,
    também vi esse filme tardiamente e gostei muito. Direção e atuações primorosas e um roteiro que permite várias leituras. Escrevi sobre "Possessão" lá no Cine Dema(i)s.
    Abração

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  4. Quero muito ver esse desde que vi a hilária cena da Adjani tendo um ataque epilético no metrô. hehehe.

    Brincadeira, eu sei q ela está sendo possuída, mas não deixa de parecer as duas coisas já q o diretor quer ser tão ambigüo!

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  5. A propósito, muito bom seu texto Ronald. A comparação da simbologia do filme com o rompimento do casal é brilhante! Típica sugestão que eu gosto de ler em textos sobre filmes e que fazem eles ficarem melhores as vezes, assim como vc fez com Bonnie & Clyde.

    Eu não sou chegado na Adjani. Pelo o que vi dela sempre me pareceu inexpressiva, canastrona e com aquele rosto pálido sempre com jeito de frígida e inocente. Mas preciso ver muita coisa dela mesmo como o Chamy já comentou. Mas à primeira vista posso até dizer que tenho antipátia com ela. E não considero nem um pouco a musa que muitos pintam.

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  6. Valeu, Daniel... esse eu tipo de filme que eu tenho que suar a camisa pra sair alguma coisa escrita por aqui... hehehe

    Quanto a Adjani, ela não chega a ser uma das minhas favoritas, muito menos musa, mas é boa atriz e o trablaho dela aqui é impressionante e muito expressivo.

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  7. Tbm não acho ela musa, acho ela meio sem sal na verdade.

    Pode dizer Daniel, A ASIA COMANDA.

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  8. Comanda sim. Essa sim. Tanto na beleza exótica quanto na interpretação. E muito!

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  9. Na verdade e um filme com um final muito confuso ñ entendie o final desse filme e ñ pretendo assistilo de novo e muito extenso e meio parado,resumindo ñ gostei e pelo que lie vcs gostaram mas da atuaçao da atriz que propriamente do filme.

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