14.3.10

A ILHA DO MEDO (Shutter Island, 2010), de Martin Scorsese

Esperei quase dois dias para escrever alguma coisa para ter certeza de que a minha euforia não havia sido precipitada. Acho que já digeri bem o novo filme do Scorsese e a minha percepção pessoal é de que se trata de um trabalho notável, o melhor filme do diretor desde GANGUES DE NOVA YORK. Como suspeitei desde o princípio, o cinema estava lotado de adolescentes irritantes que saíram revoltados quando a sessão terminou. Ou seja, eles caíram direitinho na jogada de marketing que vendia o filme como uma coisa que ele não é. Não saberia nem como começar qualquer tipo de análise, nem pretendo mudar a opinião de ninguém. Já notei que pouca gente se empolgou com o filme como eu, mas tudo bem. O filme tem problemas, é torto, com vários motivos para que os potenciais detratores possam escolher sobre o que falar mal. Mesmo assim, achei o filme ótimo! O que eu posso fazer? Para mim foram duas horas e meia de puro cinema num thriller estilístico de atmosfera noir e estilizada, complexo e instigante, conduzido brilhantemente por um dos diretores americanos mais lúcidos da atualidade o qual há muito tempo não precisa colocar em prova sua capacidade de contar uma boa estória. Eu nunca li nada de Dennis Lahane (o mesmo de SOBRE MENINOS E LOBOS), cujo livro inspirou o roteiro de A ILHA DO MEDO, mas acredito que quanto menos souber a respeito da trama, melhor será a experiência. Digamos apenas que é o melhor horror psicológico feito em Hollywood em muito tempo!

Sobre o elenco, eu acho que é bom um parágrafo à parte. Muita gente reclama da parceria entre Di Caprio e Scorsese e até eu mesmo, se tivesse esse poder, escolheria um Daniel Day Lewis para viver o protagonista. Mas é inegável o fato de que o rapaizinho vem melhorado a cada filme e sua atuação em A ILHA DO MEDO é digna de nota. Finalmente ele está com cara homem grande, contracenando de igual para igual com gente do calibre de Ben Kingsley e o imortal Max Von Sydow. Mark Ruffalo também está ótimo e seu personagem é um ponto chave muito bem explorado para desvendar o enigma da trama (como apontou o Sergio Alpendre). O time de atores ainda possui nomes de peso como Jackie Earle Haley, Elias Koteas e Ted Levine, todos os três em pequenas, mas muito expressivas, participações. Michelle Williams, Emily Mortimer e Patricia Clarkson completam com a parte feminina do elenco.

Já o tal “enigma” que eu citei ali em cima, que é revelado ao final, é bem previsivel e óbvio (ou fraco, para alguns), mas acho que o Scorsese está pouco ligando para "surpresinhas espertinhas." A grande força do filme se concentra justamente em como ele desenvolve a idéia central, independente se o publico vai matar a charada facilmente. A forma como ele desconstrói esse enigma é que é interessante, brincando com a noção de realidade, delírio, sonho, lembranças, em sequências antológicas lindamente iluminadas e com uma trilha sonora das mais eficazes… enfim, sei que não se trata aqui de uma obra prima inquestionável, mas é o tipo de filme torto que me encanta. E se existe algum ponto que lembra os últimos filmes do De Palma (como acha meu amigo Daniel, e respeito sua opinião, apesar de discordar) é exatamente isso, ambos são filmes questionáveis que dividiram as opiniões e nos dois caso, eu escolhi gostar.

68 comentários:

  1. Também peguei uma sessão cheia de adolescentes imbecis e eles não apenas saíram revoltados do cinema, como não entenderam ABSOLUTAMENTE NADA do filme - era cômico ouvir as teorias dos sujeitos da "Era Crepúsculo" no caminho da saída da sala à saída do cinema, isso me faz ter a certeza de que o filme "Idiocracy" não tem nada de ficção.

    Como escrevi no blog do Caraça, o que me seduziu no filme foi justamente a narrativa e a parte técnica, o uso da trilha sonora e da fotografia, já que a historinha e bem batida (com meia hora eu já desconfiava da "surpresa").

    E é bom ver um filme de mistério feito por "gente grande": nas cenas de pesadelo/alucinação, por exemplo, se fosse um Marcus Nispel ou Frank Lawrence da vida, teríamos os famigerados "sustos TCHAM!" para marcar o momento em que o sujeito acorda!

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  2. Saí muito empolgado também,Ronald!
    E como odeio Gangues de NY,achei o melhor da parceria Scorsa/Dicaprio(que acho um puta ator desde Aviador).
    Discordo de tu na questão"jogada de marketing",porque aquilo na verdade estragou um pouquinho.No trailer eu já tinha suspeitas,que se confirmaram com menos da metade do filme.Mas como não sou fã de Sexto sentido & cia,isso também não estragou muito pra mim.Fiquei preso na cedeira cada minuto.

    Abraço

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  3. Esqueci de falar,na minha ninguém irritou na sessão,mas saiu gente falando

    SPOILER

    Nossa,a instituiçao quase fez a cabeça dele mesmo,né?

    FIM DE SPOILER

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  4. Mas sobre a jogada de marketing, eu também acho que estragou, Daniell, não o contrário... porque acabou levando aos cinemas um público que esperava algo totalmente diferente. E o resultado foram os adolescentes chatos.

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  5. Pelo que tenho pescado, o filme parece ser bom, mas o roteiro deixa margens a criticas negativas, é isso? Estou curioso para assistir, não faço ideia se irei gostar ou não. Mr. Scorsese tem dividido opiniões ultimamente.

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  6. "(que acho um puta ator desde Aviador)."

    E eu acho ele puta ator desde Despertar de um Homem de 93. E se tem algo que eu possa elogiar com gosto em Ilha sem nenhuma resalva, é a performace do DiCaprio. Como o próprio Scorsese já disse: "O diferencial de Leo é seu rosto extraordinariamente cinematográfico. Ele poderia ter sido um grande ator do cinema mudo porque tanta coisa acontece nos seus olhos, pode-se ler tanta coisa em seu rosto.” E isso o Scorsese explora bem desde Gangues, apesar de Aviador ser minha performace favorita dele. E acho um engano quem acha q ele é o novo De Niro Scorsisiano. Ele está mais para um James Cagney moderno que Scorsese cresceu vendo no cinema.

    Quanto ao filme, tirando o que ela disse sobre Gangues e Aviador, tudo que a Boscov disse sobre o filme, eu assino embaixo. E olha que geralmente eu não concordo com ela. Tá um video dela falando sobre o filme aqui: http://veja.abril.com.br/blog/isabela-boscov/cinema/ilha-do-medo/

    Nada me deixa mais decepcionado do que ter q falar mal de um filme do Scorsese, mas aqui parece não haver saída.

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  7. Só gostei mesmo do elenco. Como você disse, previsível e óbvio. Não acho que o Scorsese tivesse alguma pretensão, esse é o filme mais comercial da carreira dele.

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  8. Não achei um filme ruim, mas é o primeiro da carreira do Scorsese que tem uma cena mal filmada. O Leonardo está excelente fora nessa cena, por sinal. O elenco fora o Harley, que dessa vez conseguiu ser apenas competente ao invés de a mesma merda de sempre, está muito bom. Eu não gostei

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  9. "Ele está mais para um James Cagney moderno que Scorsese cresceu vendo no cinema."

    Menos, Daniel. Menos... :)

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  10. Cesar,
    Mais comercial que o Os Infiltrados?
    Já estou com o pé atrás...

    E o pior vai ser ele levar vários Oscar no ano que vem.

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  11. Gosto mais de A Ilha do Medo que Os Infiltrados. E não acho que seja comercial, o filme é complexo e não propões soluções fáceis para o grande público.

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  12. > Gosto mais de A Ilha do Medo que Os Infiltrados.

    Isso é fácil.

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  13. "Menos, Daniel. Menos"

    O Ronald concorda comigo. Aliás, foi dele essa comparação e eu assino embaixo. :)

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  14. "Não é nada"

    Pra quem gosta de Síndrome de Cain, é. :D

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  15. James Cagney moderno? Concordo... até a cara de fuinha do Cagney o Leo Di Caprio tem.

    Mas tirando o tempo que os separam, a comparação entre os dois seria injusta. O Cagney é bem melhor.

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  16. Sobre a comparação descabida entre o Cagney e o DiCaprio, reproduzo aqui um pensamento do Tarantino que serve bem pra ocasião:
    "Harvey Keitel é realmente o único ator que - como Robert Mitchum quando era jovem - surge com aquela sensação de cara frio e durão (…). Esta é a diferença entre ele e Tom Cruise."
    Apenas substituam Keitel / Mitchum por Cagney e Cruise por DiCaprio.

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  17. "Mas tirando o tempo que os separam, a comparação entre os dois seria injusta. O Cagney é bem melhor"

    Claro que é. Agora isso é detalhe para o que estou querendo dizer. Não estou comparando a carreira de ambos, ou dizendo quem é melhor que quem e sim fazendo uma comparação de estilo de atuações, dinâmicas, trejeitos e até aspectos físicos. O Cagney é um dos meus 3 atores favoritos de todos os tempos. DiCaprio tá longe disso.

    E eu não vou perder meu tempo dizendo que o Cruise é outro ator de qualidade de um Paul Newman, Gable, Bridges, Beatty e Redford pq existe um grupo de pessoas reacionárias de cabeça fechada que torcem o nariz para qualquer ator que não tenha a cara de presidiário (por mais talento que tenham) ou só pq saíram em algumas capas de revistas de adolescentes (Newman, Gable, Beatty e Redford tb sairíam, se existisse na época deles) e que depois q morrem, ficam aí pagando pau (Swayze). Ou então precisam ir para casa dos 50 ou 60 para serem respeitados, como alguns dos q eu citei acima. Nem vale discutir esses parentescos de estilo na árvore genealógica da história do cinema. Ainda bem que eu não tenho dessas frescuras. Só digo que essa é uma das poucas frases do Tarantino que eu não concordo com ele. Ainda mais um cara que usou Brad Pitt (E usou bem, apesar de ser mil vezes pior q o Cruise e cujo aí sim, a frase do Keitel faria um brutal sentido) no último filme dele.

    Ah, sabe quem ADOROU Ilha do Medo? Pablito.

    Cada vez mais se prova que se trata do filme mais errado do Scorsese mesmo... Detratores de Departed, o q vcs estão esperando pra ver?? :D

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  18. o papo todo é tão furado que eu considero o Johnny Depp um dos grandes atores da atualidade e o cara além de não ter passado dos 60, não tem cara de presidiário e ainda por cima foi capa de milhões de revistas e posters pra adolescentes

    e o reacionário de mente fechada foi ótimo, vindo de quem veio é um grande elogio

    e quem é o Pablito? não faço ideia!

    e esse papinho ridiculo de que quem não gostou do Departed vai gostar do Shutter não tem pé nem cabeça

    o Davi achava que eu não ia gostar de Mother por não gostar de Lady Vengeance e no entanto eu achei Mother uma pequena obra-prima

    posso ser um reacionario, mas ao menos reconheço a insignificancia de minhas opiniões, foda é se portar como o dono da verdade, arrogante e pedante - e o que é pior, sem ter o minimo cacife pra isso

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  19. Ah, não briguem... vamos lá, apertem as mãos.

    Pablito é o Pablo Villaça, o melhor crítico de cinema do Brasil, de acordo com a mãe dele.

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  20. Duas coisas: Pra quem sabe enxegar e avaliar, DiCaprio é sim um excelente ator, com inquestionáveis recursos dramáticos natos e adquiridos. Possivelmente é o melhor ator americano de sua geração. E não é de hoje, heim, Perrone! Alguém aqui já viu Gilbert Grape? Antológico filme e antológica interpretação do rapaz (e o filme é de 1993, heim!). E é inquestionável a excelente atuação dele nos filmes que fez com o Scorsese. Aliás (segunda coisa): não entendo a implicância do pessoal aqui com o Martin Scorsese. Tem gente que malha o filme antes de ver! Baixe a guarda, pessoal, e vão assistir o filme "desarmados"...

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  21. É ótimo, concordo ae com o que Ronald escreveu.

    Mas o que Bambi falou sobre lembrar DePalma, que é um dos caminhos pra definir o filme [eu não gosto], não acho que tenha mto a ver não. Tá mais pra algo Spielberg/Kubrick [wtf]
    ERRRR.

    Vou rever em breve.

    ps: aqueles pesadelos, HAHAHAHAH!

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  22. Pesadelos, sonhos, lembranças, o Marty aproveitou para alucinar nessas sequuências, não foi?

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  23. É, mas em certas coisas foram um pouco demais, tipo a menina sendo carregada e falando. Ri demais.

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  24. Ronald, o Scorsese dá um show de direção como sempre, criando cenas inesquecíveis, toda a parte técnica é sensacional, o elenco, até o último dos extras, está perfeito, mas aquele final "surpresa" totalmente previsível não me entusiasmou. Nesta altura da carreira tudo que o Scorsese NÃO precisa é emular o Shiamalan hehehe!
    Mas é um filme que precisa ser revisitado a, sei lá, de 5 em 5 anos.

    Um abraço.

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  25. "Why can't we just get along?"

    E cortei meu comentário pela metade, pelo jeito, na hora de postar.

    O "não gostei" era pra dizer que não gostei de algumas escolhas que o Scorsese fez. Parecem que foram as mais lugares comum e falta a energia de seus dois filmes de ficção anteriores, que não tinham pontos mortos, apesar da metragem. Este me pareceu um filme que podia ter meia-hora a menos e sempre encontrava os lugares comuns da história, enquanto os anteriores apesar de também serem releituras de gênero, sempre achavam modo de surpreender, mesmo como refilmagem. O plano do Martin Sheen caindo e com o respingo de sangue no plano subseqüente ainda é um dos momentos impactantes da década, assim como a queda do avião e a decolagem e o fim que ecoa "Um Tiro na Noite". Parece-me mais com "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" sem uma releitura pessoal do material base. Parece exatamente o que se espera de um "suspense do Scorsese", numa percepção mais mundana, de quem não é o Scorsese.

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  26. Uma regra muito importante do cinema: Di Caprio não deve chorar.

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  27. Não subestimem o Villaça. Ele não só critica, como também é cineasta.

    Pablo Villaça's A Ética

    Parte 01
    http://www.youtube.com/watch?v=JmwV44aJKPM

    Parte 02
    http://www.youtube.com/watch?gl=BR&hl=pt&v=5rDs_6aSIoA

    Favor notar que o plano inicial é uma citação a "O Poderoso Chefão". Mestre!!!

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  28. Cuidado hein, Heraclíto? Vou pensar que vc tá ficando zangado de verdade, que vai abandonar outro chat chutando paredes dizendo q "não tá afim mais de conversar" q nem da última vez. Isso vindo de alguém que diz que "não fica puto com discussões na internet, q não leva pro pessoal", claro. Imagina se levasse...

    Defendo minhas opiniões com garra e segurança. Se tenho cacife pra isso ou não, pouco me importa. O legal da internet é isso. TODO mundo pode opinar. Agora se isso agora é ser prepotente e dono da verdade só pq vc não consegue fazer o mesmo, só lamento por ti. Ainda mais pq vc q veio dizendo q a comparação entre Cagney/Dicaprio é descabida. Pq? Só pq vc não gosta do DiCaprio? Então eu tenho direito tb de dizer q quem não consegue enxergar Cagney no DiCaprio, principalmente em cenas óbvias que essa comparação toma vida, como quando Hughes fica louco trancado na sala de projeção em Aviador ou quando Costigan arrebenta os dois italianos no mercadinho em Departed, deveria trocar cinema por outro hobby. Sei lá, tipo, escola de samba?


    Kevin leitoa, existem vários outros filmes "visuais" do Scorsese que são infinitamente melhores que Ilha. Já que seu negócio é definitivamente apenas punheta, então saiba tocar uma bem pelo o menos. Mas pra mim, cinema é mais do que um visualzinho bacana, excercício de estilo e citações à Lang/Sirk/Preminger. O filme simplesmente não possuí a mesma força dos outros filmes virtuosistas dele como Cabo do Medo, Depois de Horas, Gangues e Aviador. E justamente por isso que eu continuo sim afirmando que os detratores de Departed vão amar Ilha, q é exatamente o q continua a acontecer. Agora, o q tem de errado com isso? Se acho Departed um filme fascinante tanto visualmente (Apesar de mais econômico nesse aspecto) quanto pelo conteúdo, enquanto Ilha se preocupa de forma excessiva com o primeiro e esquece de todo o resto, taí uma óbvia questão que separa um filme completamente do outro. Uma das coisas que eu mais defendi o De Palma inclusive, de 68 até 93 é que essa bobagem de q ele era um cineasta que prestigiava mais o estilo over conteúdo. As tramas de Vestida Para Matar, Tiro na Noite, Dublê de Corpo, Carrie, Sisters, Obsession, Fantasma do Paraíso, Hi,Mom, Scarface, Intocáveis, Pecados de Guerra e Carlito's Way são excelentes. Nunca gostariam de nenhum desses filmes se não achasse isso. Agora se ele deixou elas assim apenas filmando e esquecendo os roteiros, pouco importa. O resultado final está nas telas. Coisa que não acontece em Dália Negra ou Ilha do Medo. Ah sim! Na minha opinião, claro. Antes q começem a me acusar de pedante de novo...

    E sinceramente, não vejo nada de Kubrick em Ilha e muito menos nessa comparação absurda com o genialíssimo Iluminado. Talvez a trilha sonora e só. Vejam Sindrome de Cain, Femme Fatale e Dália Negra para verem se Ilha não possuem alguns exatos mesmos elementos de terror usando alucinações/Momentos trágicos/trilha sonora/.

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  29. Leandro Caraça16/03/2010, 15:29

    Quero distribuir porrada também.

    O Scorsese de hoje não é mais o Scorsese de ontem. Talvez nunca mais volte a ser. Antes se vc encontrasse ele na rua, se ajoelhava e fazia o sinal da cruz. Hoje vc apenas aponta e diz 'lá vai um bom diretor'.

    Di Caprio pode convencer como um moleque retardado (mesmo porque isso hoje virou escola no cinema americano), mas nunca como um policial de filme noir, veterano combatente da Segunda Guerra. Isso é para Cagney, Mitchum, Bogard ...

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  30. Eu ainda gosto do Scorsese atual. Prefiro seus filmes antigos, mas não me decepcionei nem um pouco com o que ele fez de Kundun pra frente.

    Quanto ao Di Caprio, acho ótimo ator em qualquer tipo de personagem que ele se arrisca a fazer. Só não consigo compará-lo aos monstros do cinema clássico.

    Sobre A Ilha do Medo, lendo o que o Daniel escreveu, parece até que assistimos a filmes diferentes. ;)

    Achei o trabalho visual dele um dos mais refinados! E a trama é excelente, acompanhei com o maio prazer...

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  31. "Só não consigo compará-lo aos monstros do cinema clássico."

    Ok. Mas foi vc q disse q o Cagney era influência do DiCaprio primeiro. Eu apenas concordei com um pouco mais de entusiasmo. hehe. E continuo afirmando que DiCaprio é o Cagney que Scorsese encontrou para sí próprio assim como De Niro foi igualmente o seu Brando.

    Acho Scorsese o mesmíssimo grande cineasta hoje que sempre foi e até de 99 à 2007 acredito q tenha sido um dos melhores períodos da carreira dele de todos os tempos. Mas ele (Talvez tirando a década de 80) nunca deixou de escorregar ali e aqui. E Ilha é seu escorregão dessa década.

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  32. Pois é, mas influência é uma coisa, comparação de talento é outra.

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  33. Daniel,
    Eu vejo uma grande diferença entre defender uma opinião com garra, e defender uma opinião com segurança. Que segurança? O que lhe dá segurança na hora de emitir uma opinião? Isso só confirma o que eu penso de ti. O teu problema não é defender uma opinião, é ser extremamente pernóstico. E voce tem razão ao dizer que não tenho capacidade de fazer o mesmo (nem é meu objetivo). Mas o teu lamento pouco me interessa. E sim, já levei pro lado pessoal faz tempo.
    O mundo é muito mais complexo do que o seu umbigo. O que você acha ou deixar de achar não significa que seja a verdade absoluta. Defender ou atacar um filme é o seu direito pleno e absoluto, agora prever se fulano ou ciclano vai gostar ou não de determinado filme é pura conjectura. O próprio Ronald gosta de Departed e Shutter Island, provando que sua teoria tem furos grotescos. Então não force a barra. Continue defendendo seus pontos de vista mas esqueça a tal segurança. Fique apenas com a garra. Seria muito mais simpático da sua parte.

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  34. >Prefiro seus filmes antigos, mas não me decepcionei nem um pouco com o que ele fez de Kundun pra frente.

    Nem eu. Mas é outra coisa. Tenho que concordar com o Filipe Furtado quando diz que o Scorsese virou um daqueles cineastas dos anos 60, não da nova Hollywood, mas um da velha guarda. Os filmes são inchados, superproduzidos, cheios de astros e nomes conhecidos, a mão do diretor é por vezes pesada, e o ritmo, que sempre foi marca registrada do Scorsese, se mostra bem irregular.

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  35. Mas é exatamenete essa mão pesada e irregularidade narrativa que eu não consigo perceber quando vejo seus filmes. Vai ver eu que sou muito inclinado a gostar dos filmes dele.

    Mas concordo com o inchaço, as vezes exagerados, mas que não influenciam nada na minha percepção... são os típicos elementos tortos que me encantam.

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  36. Pra colocar lenha na fogueira, meu Top 10 do Scorsese, no momento:

    1. Caminhos Perigosos
    2. Vivendo no Limite
    3. A Última Tentação de Cristo
    4. O Aviador
    5. Os Infiltrados
    6. Quem Bate à Minha Porta?
    7. O Cabo do Medo
    8. Cassino
    9. A Cor do Dinheiro
    10. Os Bons Companheiros

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  37. E os dois filmes que mais crescem com revisões são "A Última Tentação..." e "O Aviador". São dois dos filmes mais idiossincráticos e criativos da carreira do Scorsese e "O Aviador" empata e talvez supere em exuberância visual "Cassino" (também Richardson), "Vivendo no Limite" (Idem) e "Touro Indomável" (Michael Chapman).

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  38. Qual é exatamente o problema em ter segurança na minha própria opinião? É algo tão errado assim? Em base de que? Ora, do que eu já vi e li a respeito para formular minha própria opinião, claro. E não tenho problema algum tb em voltar atrás de coisas que eu já disse, contanto que eu tenha entendido assim. Não consigo entender isso como um ato arrogante, e sinceramente Herax, já te vi em vários blogs ou em várias outras discussões de cinema com outras pessoas que, ao meu ver, são muito mais pernósticas (se eu realmente for, segundo vc) do q eu, e vc não mostrava tanto desdenho ou irritação quanto mostra comigo. O q parece ser algo realmente pessoal. O que eu só posso lamentar, pois não posso fazer nada em relação a isso. Eu achava apenas que nós discordavamos sobre algumas coisas e concordavamos em outras, mas aparentemente vc se apega mais nas coisas que discordamos como algo extremamente negativo.

    "são os típicos elementos tortos que me encantam."

    E mais uma vez tenho q repetir, não vejo esses elementos tortos em Scorsese dos últimos anos, a não ser nos seus filmes ruins. Pra mim a comparação do Furtado com Scorsese dos anos 60 é de um descabimento gritante e se tem algo dos anos 60 em Scorsese, é o melhor que essa geração teve e representa exatamente no Scorsese e nos seus filmes atuais, o mais longe q essa geração conseguiu chegar, mesmo se encaixando no sistema atual. Scorsese é um diretor que soube se adaptar a cada uma de suas respectivas épocas, como ninguém mais, e continuar um diretor autoral, sofisticado, agressivo e transgressor como um bom membro daquela geração sessentistas. Em qual outro filme q o Oscar de melhor filme vc vê os dois protagonistas, dois dos maiores astros de Hollywood, morrendo no final? E com mocinho perdendo para o bandido? Q no fundo, não tem muito lá de mocinho? (Igualzinho a todos personagens do DiCaprio na mão do Scorza desde Gangues de Nova York, inclusive)

    E usar um grupo grande de astros nunca foi problema no passado (Ford, Hawks, Nichols, Wilder) e não vejo pq tem q ser problema agora. Aliás, muito me agrada ver que atores aceitam dividir o espaço com outros apenas para a oportunidade de trabalharem com o Scorsese. E seria um problema apenas se o diretor não soubesse o que fazer com tantos nomes conhecidos, algo q passa longe do baixinho carcamano.

    Ah, e Vivendo no Limite é outro suspense virtuoso do Scorsese infinitamente mais poderoso q Ilha. Nem sei como pude esquecer desse! Aliás, me deu até vontadede rever, pensando bem, agora!

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  39. 1. Sobre Cagney/Di Caprio: concordo com a comparação criada pelo Ronald e emancipada pelo Daniel, para tirar isso do caminho. Só creio que o fator que impede o Di Caprio de ser um durão das antigas é sua voz. Seu rosto mostra a marca da idade. Ele realmente demonstra vivência em seu olhar, nas marcas do rosto, mas sua voz ainda é a do Di Caprio adolescente. Então, ele é um ator capaz de fazer um tipo durão, mas é o psicótico da era “nerd”. Nós não crescemos em meio a guerras, a um convívio com o sórdido da vida de forma real. No máximo algumas briguinhas de colégio que se transformaram em violência incubada. Então, ao meu ver, estamos lidando com o estilo Cagney absorvido por um momento diferente do tempo. Nossos “tipos durões” são pessoas violentas que escolheram incubar a violência e quando esta violência explode é como o retumbar de algo contido, tem uma sugestão de covardia, de que a masculinidade não é mais o que costumava ser. É uma época de repressão. Acho que uns tempos atrás, no blog do Caraça, se discutiu isto muito bem. Os diretores de ação do passado eram caçadores, homens de guerra, homens que procuravam aventuras ou eram obrigados a encarar o horror. Hoje em dia são pessoas que viveram estes tipos de aventura e horror através do filtro da televisão e do cinema. Assim como os cineastas mudaram desde os anos 60 (Scorsese cai nessa de “almofadinhas do novo cinema”) e todos os problemas não são de natureza masculina, mas de submissão a problemas sociais, de bairro, mudam os atores. Creio que isso faz de Di Caprio um representante ideal do que o homem contemporâneo é, e mesmo sua voz infantil delineia isto de forma clara. Um homem com a masculinidade reduzida a um convívio social, sem poder exacerbar sua violência natural e sendo obrigado a se infantilizar, de forma a racionalizar sua própria violência.

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  40. 2. Sobre ser um filme visual: creio que começa bem, mas depois vira “mais do mesmo”. Todos os truques que já se sabe que Scorsese e Richardson juntos são capazes. Até então, em todas suas parcerias, eles pareciam estar sempre se desafiando a novas coisas. E mesmo os truques batidos, como luzes superexpostas puxadas na pós, funcionavam de forma nova, porque eram cruzados com novas idéias visuais e de montagem. Um plano que me marcou como preguiçoso foi o do fuzilamento, aquele travelling, o plano-seqüência. Pareceu algo que um Zack Snyder, nos seus melhores momentos, faria e creio que não dá para jogar tão baixo com o Scorsese. Eu fiquei esperando um momento de inventividade, que era a grande promessa do filme e de seus filmes anteriores, mas o uso de falhas na continuidade que eram sublimes nos dois filmes anteriores, para revelar o estado psicológico de suas personagens, aqui é exacerbado. Vira uma punhetagem, uma distração, além de tudo acontecer rápido demais. Achei o visual mais “correto” que inventivo. E discordo do Daniel que “The Departed” seja um filme mais “quieto” visualmente. Acho muito mais inventivo, sem chamar atenção para si. Tem grandes momentos visuais, do Costello silhuetado, ao Costigan caminhando no aeroporto, ao já citado momento da morte da personagem do Martin Sheen e o encontro dos personagens no cinema. Só que são tão ligados à narrativa que não se dá tanta bola ao quão sofisticado o filme é. É um filme de mestre no topo da sua segurança, enquanto esse é meramente um filme de experimentação técnica sem um resultado retumbante neste quesito (neste sentido, prefiro mil vezes “The Key to Reserva”, do próprio Scorsese, assim como de “A Dália Negra”, que opta por uma escolha bizarra de combinações – o giallo com o cinema noir dos anos 40). Concordo que não tem nada de Kubrick em “A Ilha do Medo”.

    3. Eu considero a década de zero uma das grandes do Scorsese e isso porque tem dois de meus filmes favoritos dele. Creio que só os anos 80 dele são melhores. Ainda creio que é um dos melhores vivos, não é por causa de um filme que não achei tudo isso que vou parar de cantar suas qualidades.

    4. “prever se fulano ou cicrano vai gostar ou não de determinado filme é pura conjectura”.

    Ei, Herax, eu realmente achei que tu não fosses gostar de “Mother”. Citar isso está me fazendo ter culpa católica!

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  41. Putz, vocês escrevem pra cacete, heim?

    Não, não estou falando do tamanho do texto, mas sim da forma como vcs expõem as opiniões. Fico até acanhado de responder.

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  42. Davi, de maneira alguma quis parecer que achava Departed um filme visualmente "menor". Se for procurar aí, vai achar justamente que disse q achava o filme fascinante nesse sentido tb e concordo com cada exemplo de cena que vc disse, e ainda poderia acrescentar mais algumas: O "duelo" Leoniano dos celulares entre DiCaprio e Damon que coloca Departed como o filme que mais bem se utilizou de celulares para produzir um clima de suspense na história, e talvez o melhor utilizando tecnologia urbana desde A Conversação.

    Estou querendo apenas fazer um paradoxo justamente entre os filmes que são considerados visualmente mais elaborados pelo senso comum com os filmes que são considerados, pelo mesmo senso, mais modestos nesse quesito.

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  43. Estava revendo os 18 minutos iniciais de "The Departed", agora. U-a-u!

    Qualquer um que acusa o filme de mal montado (é uma crítica desde a estréia) precisa receber 10 anos de treinamento, as brutas desse filme e montar com essas jogadas de tempo geniais sem criar confusão.

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  44. 1. Acho que o ciclo de filmes iniciado pelo Scorsese, a partir de Gangues de Nova York possui uma certa "grandiosidade" exagerada sim.

    Eu gosto, porque é um tipo de exagero que demonstra a tentativa de um autor em criar ou manter seu estilo cinematográfico. No caso do Scorsese, acho que ele faz isso muito bem. Daniel, você tem que concordar comigo, independente disso ser positivo ou negativo, que essa "grandiosidade" é clara no cinema dele atual. E não digo na essência de seus filmes porque eu sempre achei seu trabalho "grande", mas no visual, nas gruas constantes, cenários, edição, etc. Até mesmo em filmes urbanos. Compare a parte técnica de Os Infiltrados com a de Os Bons Companheiros, pra ver que tudo é mais grandioso. Pra mim, isso não faz diferença nenhuma porque gosto do cinema dele de uma forma quase homogênea independente do periodo e acho que só mesmo Kundun pra dizer "não gosto".

    Mas para algumas pessoas, essa grandiosidade tira a atenção de outros pontos...

    2. Na minha opinião, ele parece com aqueles clássicos diretores dos anos 60, apenas se for em comparação com os diretoers atuais. Colocando-o ao lado de um Aldrich, Preminger, Hawks e etc essa afirmação vai por água abaixo, por mais que o próprio Scorsese seja adorador do cinema desses caras.

    3. Sobre o visual de A Ilha do Medo, Davi, não vejo porque fugir do "mais do mesmo". Se ela começa bem, como você disse, ficar arranjando novos truques, novas formas de iluminação, de edição, de compor a imagem do filme é algo que não vejo motivo, particularmente falando. Eles acharam um tom e seguiram adiante sem frescuras. Aliás, acho que esse lance de buscar novas soluções visuais a cada filme, a cada momento, tentando surpreender neste ponto, faz parte dessa grandiosidade do cinema atual do Scorsese que eu disse no capítulo 1. A cena do fuzilamento é mesmo inesperada, mas achei ótima, não vejo problemas ali... e nem me passou na cabeça o Snyder(acho que ele faria essa cena em camera lenta e com travellings de 360°, hehe).

    4. Concordo com o Davi sobre o Di Caprio e sua voz. Não havia pensado nisso, mas a voz dele realmente ainda é de um jovenzinho... mas também não me atrapalha em nada.

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  45. Comentário nº 50 ganha algum prêmio? Putz, essa discussão bateu o recorde! O dia que eu tiver 50 comentários em um post do B Movie Blues eu serei um cara realizado! Parabéns, Ronald!

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  46. Haha! Fala, Cesar!
    Esse aqui foi recorde mesmo! Nem quando o diretor Albert Pyun comentou por aqui, a caixa de comentários chegou aos 50...

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  47. Leandro Caraça17/03/2010, 14:10

    "O Aviador" é o melhor dos últimos filmes do Scorsese, e o que traz o Di Caprio em grande performance.

    Mas continuo pegando no pé quanto a montagem e ritmo. Quem dera que o resto de "Os Infiltrados" fosse do mesmo nível que os primeiros 18 minutos. Scorsese tem que mudar de montador. Sorry, Thelma.

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  48. Nossa, eu preciso ver a filmografia inteira do Scorcese! Com todo o sangue, glória e fúria presentes nesses comentários eu diria que o Scorsese poderia começar a adaptar jogos de video-game o resto da vida, como um Uwe Boll, que o cara já garantiu seu espaço de gênio. Sem sacanagem, foi uma das leituras mais enriquecedoras que tive nos últimos tempos, agradeço a todos vocês.

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  49. 1. Sobre o Scorsese ser grandioso nos filmes recentes.
    Concordo que sim tanto em “O Aviador” quanto “Gangues de Nova Iorque”, mas isso vem da carreira dele desde “New York, New York”, passando por “A Época da Inocência” até mesmo “Os Bons Companheiros” e “Cassino” que são óperas do crime. Parece-me que com “Os Infiltrados” ele realmente foi a fundo no seu estudo dos filmes de crime dos anos 40 e posteriores e saiu com algo bem particular. É muito mais B que “Cabo do Medo” e “A Ilha do Medo”. Como disse em discussões anteriores, acho incrível que ele siga cada “beat” de “Conflitos Internos” e sempre que assisto cada um dos filmes vejo o quão diferentes são.
    “Os Bons Companheiros” tem a sensação de um mundo bem menos claustrofóbico e menos sujo que o de “Os Infiltrados”, até quando ocorrem mortes. Afinal, são “os bons tempos”, a vida é boa e o crime é só um emprego. Para falar a verdade, acho que algumas decisões de câmera de “A Ilha do Medo” me lembraram algumas punhetagens (que funcionam) de “Os Bons Companheiros”. O uso de steadycam excessivamente descritiva, que no caso do último filme (e aí concordo com o Leandro) afetam o ritmo. Acho que não existe cena tão truncada em termos de ritmo, no cinema de Scorsese, quanto do corredor com os fósforos. Uma cena conceitualmente genial e que nas mãos de um mestre devia ser genial, mas que parece excessivamente burocrática, sem nenhum sabor novo.

    2. Sobre mais do mesmo:
    Aí discordo completamente, Perrone. Eu vou aos filmes de mestres para ser surpreendido. São eles que normalmente puxam o cinema para novos caminhos, mesmo citando os filmes passados, eles se perguntam “como pode se fazer isso de maneira que nunca foi vista antes?”. E não estava falando do começo estabelecer um uso particular de gramática que funcione. A sensação que tenho é que os planos “novos” se esgotam na entrada do hospício e daí sim vem “mais do mesmo”. Os corredores que já vi em diversos filmes, sem desvios, sem a pequena reviravolta dentro da cena ou plano que Scorsese realiza, em diversos de seus filmes. É um caminho burocrático que me parece a cara do novo milênio, ao invés da particularidade que se aparenta anacrônica (afinal, é a época do cinema diet, sem identidade) de cineastas como Scorsese e Tarantino que gostam de trazer temperos novos. Não achei a cena do fuzilamento inesperada. Achei, como muitas coisas no filme, conceitualmente genial. O que me incomodou foi a forma como foi realizado o momento, aquele travelling é uma das coisas mais sem graça que já vi no cinema do Scorsese. Como disse, sem sabor de novo. Recauchutado. Citei o Snyder porque ele tem um plano igual em “Watchmen”, quando o Rorschach entra na base onde está o Dr. Manhattan. Tem um corte no meio e é da direita para a esquerda, ao contrário do Scorsese, mas a sensação da “montagem” interna dos planos é a mesma.

    3. E eu também quero completar a filmografia do Scorsese assim como revisar filmes que não vejo desde a época do VHS! Os que não tenho ainda são “Vesuvius VI” e “Street Scenes” que segundo o Daniel só o próprio Scorsese tem.

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  50. Mas aí é exigir demais de um pobre rapaz como eu... ;)

    Ainda não é minha intenção, ao assistir a um filme, ficar esperando que os realizadores busquem renovações e formas inesgotáveis de soluções visuais a cada plano quando aparentemente, para um leigo como eu, está tudo ótimo! Isso desviaira demais a minha atenção que já nao é das boas, e também porque neste caso específico eu não tenho mesmo do que reclamar, já que todas as escolhas estilísticas do diretor funcionam muito bem pra mim. Talvez essa falta de exigência da minha parte ajude a gostar tanto do filme. Não vejo problema algum com o visual, direção, ritmo, etc, dos filmes do Scorsese. Nenhunzinho, nadica de nada... Se os caminhos que ele escolhe para conduzir seus filmes são preguiçosos e burocráticos, quem me dera se alguns diretores sem personalidade fossem atrás puxando uma fila.

    As cenas nas pedras (que me lembraram muito Hitchcock em Intriga Internacional), a sequencia dos fósforos, todas as cenas de sonho e lembranças, inclusive o fuzilamento, adorei tudo da forma que chegou aos meu olhos...

    Não quero dizer com isso que você (ou eu) está certo ou errado. mas só estou explicando a minha visão e comportamento diante do ato de ver um filme. Pode ser uma visão pobre, que acaba por me enclinar demais a gostar de obras tortas (como até reconheci A Ilha do Medo como tal no meu texto) que não merecem tanta admiração.

    Não gosto de julgar nos mínimos detalhes as escolhas de um diretor e sua equipe técnica ao ver um filme. Eu tenho consciência do que gosto e do que não gosto e pra mim isso basta. Não sou crítico de cinema e nem pretendo ser, minha paixão pelo cinema se deve ao prazer que ele me proporciona (ui!) e pronto.

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  51. Continuando...

    Não sou crítico de cinema e nem pretendo ser, minha paixão pelo cinema se deve ao prazer que ele me proporciona (ui!) e pronto.

    Eu tenho certeza que vocês buscam a mesma coisa, só que de maneira diferente. E respeito a de todos. :)

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  52. "O "duelo" Leoniano dos celulares entre DiCaprio e Damon."

    Isso foi uma das coisas mais absurdas que já li.

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  53. Penso igual ao Ronald. Já pensei em estudar cinema, em conhecer mais sobre critica e teoria, mas hoje me afasto 100% disso, prefiro obter uma impressão completamente bruta dos filmes que assisto. Porém acho os textos do Davi muito interessantes, mesmo quando não concordo com eles (me refiro especialmente ao Distrito 9 e ao Dead Snow, hehe).

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  54. Sim, sim, a forma como o Davi expõe as idéias e visao de cinema quase me convencem a que eu estou fazendo alguma besteira aqui... hehe

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  55. Não sei se isso vale, mas... 60! pronto!

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  56. É que o Scorsese é um nome que anda gerando polêmica por essas bandas faz tempo. :D

    "Sobre o Scorsese ser grandioso nos filmes recentes"

    Tb nunca discordei disso, mas assino embaixo com o complemento do Davi, que começou em New York, New York.

    E sério, não quero parecer fanzoca xita, mas a voz do DiCaprio compõe o resto das suas qualidades artísticas muito bem, sendo voz de garoto ou não. Percebi isso na cena do Nicholson dando porrada no braço engessado do DiCaprio em Departed, como aqueles gritos com aquela voz dele tinham se tornado, finalmente, algo característico da sua persona. Altamente identificável. Assim como Jack atua com suas sombrancelhas, O De Niro com sua respiração e o contraste da alteração de tom de voz do Pacino enquanto discursa em alguma cena intensa. E inclusive discordo do Davi q DiCaprio não deveria chorar. Inclusive acho que ele faz isso muito melhor q o De Niro (Q nunca me convenceu chorando, mesmo no começo da carreira como em Mean Streets, sempre parecendo que no fundo ele está se auto-parodiano como em Máfia No Divã) E aquela cena final do filme me comoveu bastante, inclusive, pq DiCaprio atua tão bem e consegue parar na hora certa.

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  59. Não achei a cena do fuzilamento inesperada. Achei, como muitas coisas no filme, conceitualmente genial. O que me incomodou foi a forma como foi realizado o momento, aquele travelling é uma das coisas mais sem graça que já vi no cinema do Scorsese[2]

    Toda aquela sub-história do passado na segunda guerra parece pertencer a um outro filme, se destoa demais de todo o resto e apesar de, novamente ser visualmente instigante, é substancialmente desinteressante.

    PS: Pra mim absurdo é qualificar a qualidade de um filme por ser comercial ou não. Fin.

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  60. Acho aquela sub-estória que se passa na guerra totalmente em harmonia com a confusão mental do protagonista, que é maluco de pedra.

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  61. http://dropavideo.com/user/leleoramone/video/Lady_Gaga_Telephone_Official_Explicit_Version_ft_Beyonce/

    A obra-prima audiovisual da semana IMHO.

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  62. Ainda não é minha intenção, ao assistir a um filme, ficar esperando que os realizadores busquem renovações e formas inesgotáveis de soluções visuais a cada plano quando aparentemente, para um leigo como eu, está tudo ótimo!

    Também não é minha intenção. É o caso exclusivo de alguém como o Scorsese, que sempre se diferenciou por isto. E eu também assisto como leigo, acho.

    Nenhunzinho, nadica de nada... Se os caminhos que ele escolhe para conduzir seus filmes são preguiçosos e burocráticos, quem me dera se alguns diretores sem personalidade fossem atrás puxando uma fila.

    Eu não disse filmes. É exclusivo ao “A Ilha do Medo”.

    Pode ser uma visão pobre, que acaba por me enclinar demais a gostar de obras tortas (como até reconheci A Ilha do Medo como tal no meu texto) que não merecem tanta admiração.

    Eu também gosto de obras tortas. Olhe meus favoritos dele. Fora “Vivendo no Limite”, não coloco minha mão no fogo pela perfeição de nenhum dos filmes, pois me queimaria. Mas adoro exatamente os “defeitos” que são do Scorsese.

    Não gosto de julgar nos mínimos detalhes as escolhas de um diretor e sua equipe técnica ao ver um filme. Eu tenho consciência do que gosto e do que não gosto e pra mim isso basta. Não sou crítico de cinema e nem pretendo ser, minha paixão pelo cinema se deve ao prazer que ele me proporciona (ui!) e pronto.

    Também não tenho intenção de ser crítico nem nada. Vou pelo que gosto e desgosto e não fico julgando cada detalhe, mas aqueles que me chamam atenção por parecerem não pertencer ao filme que assisto. Eu também respeito os gostos alheios, então espero não ter desrespeitado em nenhum dos meus comentários, de forma acidental. No mais, te acho qualificado para ser crítico. Assim como Herax, Ailton e outros blogs que leio.

    Porém acho os textos do Davi muito interessantes, mesmo quando não concordo com eles (me refiro especialmente ao Distrito 9 e ao
    Dead Snow, hehe).


    Tipo, eu pareço um macaquinho no laboratório aprendendo o ABC do cinema? : P Mas valeu os elogios, caso não sejam sarcásticos, tanto do Herax quanto do Perrone, mas acho que ainda tenho certas falhas sérias na comunicação de minhas idéias.

    E sério, não quero parecer fanzoca xita, mas a voz do DiCaprio compõe o resto das suas qualidades artísticas muito bem, sendo voz de garoto ou não.

    Concordo plenamente com isso.

    E inclusive discordo do Davi q DiCaprio não deveria chorar.

    Reitero minha opinião, se for pela cena de “A Ilha do Medo”. Além de ser a cena mais mal filmada (segundo minhas sensibilidades) da carreira do Scorsese, o choro dele parece um tanto quanto pouco natural, dentro da forma como ele articula. E aquele “Nãããaãããaão” me deu flashbacks de “Wolverine”.

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  63. > Mas valeu os elogios, caso não sejam sarcásticos, tanto do Herax quanto do Perrone, mas acho que ainda tenho certas falhas sérias na comunicação de minhas idéias.

    Fala Davi! Nada de sarcasmo, o elogio foi totalmente verdadeiro.

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