Ao final do visionamento de VALHALLA RISING talvez você esteja um pouco machucado. Algumas marcas de machado no braço, alguns cortes de lâmina na barriga, mas nada que mate, afinal um filme é um filme, mas em tempos de tecnologias que tentam aumentar a imersão do espectador, é interessante uma obra que se atém a preceitos básicos de imagem e som para criar esta imersão.
VALHALLA RISING ao mesmo tempo em que ataca de forma visceral o espectador, lhe dá mais forças através de uma jornada que para cada um deve ser muito particular, já que é um filme de silêncios, da relação do homem com o ambiente, seja o espaço que separa continentes ou mesmo o compacto de uma embarcação. Trata superficialmente de fé, misturando mitologia nórdica e cristã, mas sua relação principal é com a transcendência do homem, a sua própria noção de importância e de seu lugar na história.
O personagem principal, o Caolho (Mads Mikkelsen, um de meus novos atores favoritos), não participa do filme e de ambições históricas, na verdade. Ele é nosso elo de ligação, mas as questões temáticas se estabelecem através dos demais personagens, de suas reações ao Caolho, cujas únicas ações são violentas, sempre seguidas de silêncio, de calma, de observação. Ele não procura conflitos, nem mesmo gera-os; ele os elimina através da violência. Talvez seja o personagem cinematográfico mais antitrama da história. Em todos os momentos que outros personagens reagem para “avançar” a trama, criar os pontos de trama que facilitariam a absorção do filme, o Caolho tem um rompante de violência e mata o plot point.
Ficamos presos a um filme estagnado, de reações. Um grupo de homens em uma procura, mas sem a força de vontade para chegar ao objetivo, sem capacidade de ir adiante. O que acaba por importar é a atmosfera, os enquadramentos, as locações, as cores e texturas do ambiente. Não cai no campo do experimental, pois a narrativa não é algo novo, mas sai do lugar comum dos filmes de aventura contemporâneos. É um filme de ação que a rejeita e com isso traz um leve sabor de novidade.
> "Em todos os momentos que outros personagens reagem para “avançar” a trama, criar os pontos de trama que facilitariam a absorção do filme, o Caolho tem um rompante de violência e mata o “plot point”."
ResponderExcluirpra mim esse é o grande defeito do filme, ele fica preso nesse ciclo, na primeira vez, beleza, na segunda vez, ok, tudo bem, mas na terceira, quarta, quinta, chega uma hora em que enche o saco (além de ficar previsível)
no final o One-Eye mata não apenas o "plot point", mata o filme inteiro :-)
Quero muito ver. Mads Mikkelsen também é um dos meus atores favoritos, da atualidade.
ResponderExcluirE Nicholas Winding Refn é um ótimo diretor.
Muito legal o texto do Davi. Fazia um bom tempo que eu queria ler alguma de suas considerações sobre cinema.
ResponderExcluiro porque dele não fazer um blog com esses textos é um dos grandes mistérios da humanidade
ResponderExcluirDavi, abre esse maldito blog!
ResponderExcluirParece que é só o Herax que tá metendo o pau no Valhalla Rising. Mas de todos os argumentos que vi, os dele me pareceram mais fortes.
ResponderExcluirTenho que ver, sem dúvida!
Ah, o Valhalla Rising vai sair em DVD por aqui com o título "O guerreiro silencioso"...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"O guerreiro silencioso"? Hahaha, caramba.
ResponderExcluirValeu, Perrone. Vou comprar o DVD quando sair e mostrá-lo para todos os parentes e amigos possíveis, totalmente empolgado, e ver suas caras desapontadas! :p
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