Como um velho admirador de bons atores “decadentes” ou subestimados pelos grandes estúdios, estava de olho no que o Val Kilmer estava fazendo nos últimos anos. Pra quem ainda não sabe, além de pequenas aparições em filmes porte maior (DÉJÀ VU, VÍCIO FRENÉTICO), o sujeito se transformou, nada mais, nada menos, em ator de filme de ação policial em produções B lançadas diretamente no mercado de vídeo. Não vai demorar muito para que o ex-Batman esteja numa lista ao lado de outros astros do gênero, como Wesley Snipes, Van Damme, Dolph Lundgren, etc…
Há uns 3 anos atrás, o Osvaldo Neto havia me falado deste SUMMER LOVE, um western de produção polonesa que conta com o Val Kilmer no elenco em uma peculiar participação. Mas só agora resolvi dar atenção. Kilmer estava em algum festival europeu, quando uns produtores poloneses chegaram até ele com uma maleta contendo US$50.000 propondo a ele uma participação no filme que estavam realizando. Acrescentaram ainda que só precisariam dele durante um dia das filmagens e ele não soltaria nem uma frase… e assim, temos aqui, um western europeu com o Kilmer no elenco.
Aliás, uma das coisas que SUMMER LOVE tem tirado como vantagem ao longo dos últimos anos é que se trata do primeiro faroeste polonês. Os especialistas do gênero, ou do cinema polonês (aqueles que vão além de Skolimowski e Kieslowski), podem confirmar essa história… afinal, o filme é muito recente.
O estreante diretor Piotr Uklanski utiliza da força criativa de suas belas imagens para narrar uma história cheia de formulações simbólicas, de narrativa poética e lenta, sobre um misterioso vaqueiro (Karel Roden) que chega a uma pequena cidade carregando o corpo de um homem procurado pela polícia. Lá ele se envolve num bizarro triângulo envolvendo a única mulher da cidade (Katarzyna Figura) e o xerife (Boguslaw Linda), que é apaixonado por ela…
E onde o Val Kilmer entra nessa história? Acertou quem disse que ele é o defunto! Seu personagem já surge em cena morto nos primeiros minutos, com as moscas rondando sua carcaça, os olhos esbugalhados e de vez em quando aparece alguns enquadramentos com angulos diferenciados representando a “visão” do morto… muito bizarro.
SUMMER LOVE é uma realização totalmente delirante, talvez um pouco oca, com sua alegoria sem muito sentido, pelo menos pra mim, mas muito lúcida. Consciente, ao menos, da força imagética que algumas belas sequências e enquadramentos possuem e que alimenta um ponto de vista muito pessoal de seu diretor. E ganha mais moral ainda por usar o western como forma de expressão. Uma pena que este tenha sido o primeiro e único trabalho desse polonês maluco!
Pra mim é exatamente isso, um filme oco. Um faroeste com um visual requintado, mas que não vai além disso. O mesmo vale pro tailandês "Tears of the Black Tiger".
ResponderExcluirPelo cartaz parece se foda. Acho que vale uma conferida nesse western.
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