Não queria ser o do contra, maaaas... fui dos poucos que não achou PORTOS DOS MORTOS ruim. Isso não quer dizer que seja uma coisa maravilhosa também, ou que eu vá agora fazer um discurso de defesa. O filme tem suas falhas, só que não estragaram a minha sessão. O argumento de que a expectativa era a de um filme de zumbis ao estilo Romero ou que o título engana pode até ser considerada, principalmente quando se trata de um filme muito aguardado como um zombie movie e que demorou dois anos para chegar ao público. No entanto, prefiro julgar a obra pelo que é, e não pela expectativa que foi criada. E a verdade é que PORTO DOS MORTOS tem uma visão muito pessoal do diretor e não dá lugar ao apelo popular para agradar as multidões. Não é um filme para se divertir, mas para sentir e refletir, mesmo que não funcione bem desta maneira em todos os momentos. A trama gira em torno de um policial vingativo que percorre as estradas de um universo pós apocalíptico em seu maverick preto e turbinado (deve ter sobrado gasolina pra cacete nesse fim de mundo) buscando um serial killer dos infernos. Mas o filme acaba se arriscando muito ao trabalhar no limite da poesia anti-climática sem nunca atingir de fato um resultado comercial exploitation. É um western pós apocalíptico sem ação, um zombie movie sem zumbis, um road movie que não chega a lugar algum… por isso a frustração do pessoal que acompanhou essa primeira sessão foi quase unânime.
Mas aí também vai do gosto de cada um e acho que o filme vai encontrar o seu público, por menor que seja. PORTO DOS MORTOS é um raríssimo convite à contemplação dentro do gênero fantástico feito no Brasil. É preciso ter isso em mente para, quem sabe, apreciá-lo, ainda que tanta poesia torne o filme chato em determinados pontos. Mas longe de ser ruim. O filme cumpre o seu papel de absorver o olhar do espectador com belas imagens e alguns momentos bem interessantes. Só acho que faltou mesmo ter chutado o balde e mandado um banho de sangue daqueles! Apesar da pretensão fora do comum, estamos diante do longa de estréia de um sujeito que viu muitos filmes e resolveu bancar do próprio bolso o seu exemplar de gênero e brincar com suas influências, por mais hermético e pessoal que tenha sido o produto final. Não quero dizer que isso seja desculpa para gostar do filme, nem que tenha influenciado minha modesta aprovação. Apenas curti esta experimentação maluca que o Davi fez… e só.
Sobre a minha passagem por São Paulo, foi uma tremenda satisfação rever alguns amigos como o Leopoldo, Edu, Vivi, Marcelo Carrard, Joel Caetano, Rubens Mello, Fritz Martiliano, também conhecer pessoalmente alguns amigos ilustres que eu ainda não havia encontrado, como o Leandro Caraça, Takeo, Felipe Guerra, o próprio Davi Pinheiro e, por fim, conhecer algumas pessoas que nunca tive contato, como o Isidoro Guggiana, Kapel Furman, Marcelo Milici e o mestre JOSÉ MOJICA MARINS, com quem tive o prazer de sentar à mesa para jantar e bater um papo. Eu e o Leopoldo tiramos mais uma vez a nossa tradicional foto com uma personalidade, como fizemos com o Marc Price, diretor do COLIN, no ano passado, mas dessa vez com o Zé do Caixão. Assim que me mandarem o retrato, eu posto para fazer inveja a vocês!!!!
O engraçado é que a descrição q vc faz do filme é uma coisa típica do que eu não esperaria de um filme do Davi. Mas não que isso seja um problema já q eu tb gosto de “anti-filmes”, como diria aquele ilustre cidadão q foi entrevistado na saída do Signo de Caos q pode ser visto no Youtube.
ResponderExcluirSó que é o típico quadro que tem q funcionar pra vc. Vc tem q aceitar o clima do filme se não vc não vai gostar mesmo. Pelo o menos pelo o q vc escreveu aqui, claro.
Estou me sentindo como o John Holmes no meio dos japoneses. “HaHaha, ele tem pinto grande”.
ResponderExcluirEu particularmente gosto de dramas e filmes introspectivos.
ResponderExcluirMas o problema de Porto dos Mortos é a miscigenação de estilos deixando de lado o principal que é o horror. E o filme me foi vendido como horror. Um zombie movie. E não foi isto que eu vi . E isto é descepcionante.
Talvez, comoja disse, seria melhor se o Daniel centrasse o rotiero na caça ao “Demonio que muda de corpo” sem fazer menção aos zumbis.
Zumbis tem fãs cativos. E deve se respeitar o público.
Mas não são só defeitos: O filme tem uma bela fotografia.
Ainda não faço idéia do que acharei do filme. Pelas críticas que tenho lido já pude notar uma série de coisas, mas de qualquer forma, só vendo mesmo pra saber. Continuo na ansiedade.
ResponderExcluirEu não vi o filme do Davi e juro -rsrs- que não quero fazer média com o Ronald Perrone, mas confesso q. este foi um dos melhores textos q. li sobre algo q. não vi. É de uma franqueza espantosa, aponta as ‘falhas’ mas tb. os méritos com mta clareza, eu fiquei com impressões bem definidas do q. deve ser o filme, p. ex., me parece uma proposta com bastante atmosfera no campo da contemplação, mas por outra, que o “excesso” de construções poéticas pode traduzir-se em um certo artificialismo. Mas para além das impressões pessoais q. construí sobre o filme a partir do texto do Ronald e mesmo q. elas mudem radicalmente após eu ver o filme, o fato concreto é q. esse texto instiga as pessoas a verem o filme sem ser baba-ovo sobre o mesmo, e ainda por cima antecipa o q. pode incomodar ou não o público em potencial (ausência de zumbis e cenas gore; cenas poéticas) .
ResponderExcluirEnfim, espero gostar do filme do Davi qdo puder assisti-lo, mas certamente passarei a ler os textos do Ronald.
Correção: o principal não é o horror. Talvez fosse a idéia inicial, mas mudou.
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