30.3.11

FÚRIA SOBRE RODAS (Drive Angry 3D, 2011)

Texto fresquinho dessa nova tralha do Nicolas Cage. Só que eu ainda não vi o filme! Estou abrindo espaço ao amigo Gustavo Daher, que mora em São Paulo e conseguiu marcar presença numa cabine para a imprensa do filme FÚRIA SOBRE RODAS. Como ele conseguiu eu não sei, mas aí vão as suas impressões sobre o filme, que já deve estar para estrear aqui no Brasil.


por Gustavo Daher

Violência, nudez gratuita, satanismo e canastrice do Nicolas Cage em 3D. Junte tudo isso num filme completamente sem noção e você tem um dos filmes mais divertidos do ano.

E a pedido do meu amigo Ronald, escrevi essa singela crítica.

A história: Nicolas Cage é Milton, um cidadão que está atrás de Jonah King (Billy Burke), um líder satanista que matou sua filha e sequestrou sua neta para sacrificá-la num ritual. Correndo contra o tempo, Milton conhece uma moça esquentada chamada Piper (Amber Heard, gostosíssima) que irá ajudá-lo nessa missão. Só que há um detalhe: Milton fugiu do inferno - literalmente - para vingar a morte da filha e por causa disso há uma "entidade" atrás dele: o Contador (William Fichtner, impagável).

E o resultado desse samba do crioulo doido é um filme divertidíssimo, que faz bom uso da tecnologia 3D e não se leva a sério em qualquer momento. O diretor Patrick Lussier (responsável pelo remake do DIA DOS NAMORADOS MACABROS) aproveita e coloca muitas cenas de violência (decapitação, tiro no rosto, madeira enfiada no olho, etc) e fartas doses de nudez gratuita. E ainda há uma agradável surpresa: a participação engraçadíssima do veterano Tom Atkins no filme, no papel de um capitão da polícia.

Finalizando: um filme de ação deveras supimpa e incrivelmente divertido. Altamente recomendado.

29.3.11

FAREWELL TERMINATOR (1987)


Vamos falar de Isaac Florentine. Acabei de ver FAREWELL TERMINATOR, que é o primeiro filme do sujeito, realizado ainda em seu país natal, Israel, uma mistura de ficção científica pós-apocalíptica com ação e artes marciais, e que não chega a 30 minutos de duração.

O clima lembra os filmes do gênero daquele período, os rip-off de MAD MAX, principalmente os produzidos pelos italianos e também as tralhas do Cirio H. Santiago e gente dessa laia, mas já demonstra um modesto talento e estilo próprio de Florentine em coduzir cenas de ação e pancadaria. Além da capacidade de trabalhar com pouquíssimo recurso, mas muita criatividade, utilizando como cenário uns entulhos de concreto e sujeira, ruinas de prédios e carros batidos para compor uma atmosfera que funciona muito bem.

A história não é nada de mais. Mas não era intenção do Florentine, que escreveu o roteiro junto com Yehuda Bar-Shalom, gastar fosfato em um roteiro mais elaborado que serviria apenas de veículo para que o próprio Florentine explorasse seus interesses intelectuais e filosóficos... como tiros e pontapés na cara, por exemplo.


Ainda assim, a trama não deixa de ser interessante: no futuro, o governo utiliza uma espécie de polícia especial, conhecida como Terminators, para eliminar os rebeldes. Acompanhamos Dror, um policial que está prestes a se aposentar e ganhar passe livre para sair do país. Em seu último dia de trabalho, precisa enfrentar Schneider (o próprio Florentine), um ex Terminator que trocou de lado. Ainda na trama, Dror descobre que está com sua cabeça a prêmio e que a polícia está por trás disso. É uma boa premissa… com menos de meia hora de duração então, dá pra se divertir um bocado.

E o foco fica mesmo na ação e nas cenas de luta. Não são perfeitas, tão bem montadas e coreografadas como os filmes atuais do diretor, como NINJA e UNDISPUTED III. No entanto, percebe-se claramente porque o cara conseguiu emprego rapidinho em solo americano, a princípio fazendo alguns B Movies e episódios de Power Ranges (Argh!)… depois voltou a se dedicar a fazer B Movies, mas com um pouco mais de grana, com atores conhecidos, como Van Damme, Dolph Lundgren, Gary Daniels e seu ator habitual, Scott Adkins.

FAREWELL TERMINATOR não é tão fácil de encontrar, eu suponho, mas se você tiver a oportunidade, não perca. Vale muito como curiosidade para quem já é fã de filmes de ação de baixo orçamento, especialmente do trabalho do Isaac Florentine, e também para os fanáticos por obras obscuras de ficção pós-apocalíptica dos anos 80.

THE WARD - Créditos iniciais

Olha, eu sou meio chato e ritualístico com alguns filmes. Por exemplo, THE WARD é um dos mais aguardados por mim, realizado por um dos meus diretores favoritos de todos os tempos. Então, assista aos creditos iniciais por sua conta, até porque fiz o favor de postar aqui... mas eu mesmo não vou assistir!

25.3.11

DEMENTIA 13 em Blu-Ray

Não, o meu blog ainda não virou filme. Mas o primeiro longa de Francis Ford Coppola, de 1963, e que dá o seu título a este blog, vai receber em Abril uma versão totalmente restaurada para o lançamento no formato em alta definição. Em um dos meus primeiros posts, há uns três anos, eu explicava de onde vinha o título do blog.  Acho que para um espaço que possui a proposta que temos aqui, era um título legal... hoje já não acho, mas agora é tarde, não vou mudar.
 
DEMENTIA 13 foi produzido em 1963 pelo grande Roger Corman, quando este dirigia THE YOUNG RACERS na Irlanda (em locações de pequenos paises europeus sai muito mais barato do que filmar em locações nos Estados Unidos) e o jovem Coppola era seu assistente de direção. Para DEMENTIA 13, Coppola reaproveitou o cenário e os atores do filme de Corman.

O número 13 do título aparece porque já existia um filme de 1955 chamado DEMENTIA. A realização de Coppola não é uma obra prima do cinema de horror, mas é um bom filme carregado de clima, estética gótica estilo Mario Bava, um pouco de violência e já demonstrava a criatividade do diretor que viria ainda fazer obras primas como o A CONVERSAÇÃO e APOCALYPSE NOW. Chegou a ser lançado em DVD no Brasil numa versão vagabunda ripada de um VHS, que valeu para matar a curiosidade tanto dos fãs do terror, quanto para os admiradores do diretor.

Agora, a edição em Blu Ray vai ser obrigatória, em widescreen e etc. Não deve chegar no Brasil, infelizmente... mas fica aí uma boa dica.

Dois trailers



22.3.11

THE DRIVER (1978)

Apesar de pouco comentado atualmente (a não ser por alguns fanáticos que prezam por esse tipo de filme) THE DRIVER é um dos meus favoritos do diretor Walter Hill. O filme é sobre um motorista que presta serviçoes para assaltantes em suas fugas em alta velocidade, interpretado pelo Ryan O’Neal (que nos créditos finais aparece sem nome, apenas como “the driver”), que é atormentado por um policial casca grossa, vivido por Bruce Dern (creditado apenas como “the detective”).

Exatamente, ninguém possui nome nesse universo do crime criado pelo Walter Hill, que dirige com uma classe e elegância estupenda, além de ter escrito o roteiro. THE DRIVER poderia ter sido feito como um simples exercício de direção, focado nas escapadas dos bandidos, pra ver o que saía, mas com Hill o negócio é diferente. É uma aula de cinema do início ao fim. As cenas de perseguição estão no mesmo nível e talvez até melhores que algumas das sequências mais famosas, como a de BULLITT e OPERAÇÃO FRANÇA.

Na verdade, o filme realmente foca mais nas fugas do que nos roubos e nos clichês dos filmes de assalto. Logo no início, a câmera só acompanha O’Neal, desde o momento em que rouba um carro e espera os assaltantes do lado de fora com o motor ligado. Daí, já partimos para uma sequência de perseguição de tirar o fôlego pelas ruas noturnas, com as viaturas em alta velocidade e atirando, muita câmera subjetiva, uma maestria com trabalho de câmera que traz o espectador para dentro da ação.

Na trama, o detetive sabe exatamente o responsável pelas fantásticas fugas, só não tem prova ainda para incriminá-lo. A única testemunha, simplesmente, alega que o personagem de O’Neal é o cara errado, numa participação interessante da atriz francesa Isabelle Adjani. O plano do policial é o seguinte: pegar um assaltante e chantageá-lo. Ou o cara pega dez anos de cadeia ou vai contratar o motorista para o serviço de roubo a um banco, e assim, capturar o motorista em flagrante.


A minha cena favorita é justamente o primeiro encontro entre os meliantes e O’Neal, onde este precisa demonstrar as suas habilidades no volante dentro de uma garagem vazia. Ele entra no carro, os bandidos o acompanham e ele literalmente os fazem sujar as calças! Confiram abaixo:




Depois disso tudo, ele sai do carro e solta “I don’t work with people like you.” Putz, o cara é um modelo de bad-ass a ser seguido! Os roteiristas de hoje, esses bunda moles, deveriam parar para assistir a uns exemplars como este aqui pra construir uns persoangens interessantes pra filme de ação. E olha que o que temos aqui é um material de uma simplicidade impressionante. Poucos diálogos, longas cenas de ação de altíssimo nível, uma trama sem complicações, com personagens bem construídos… e o resultado é que THE DRIVER é um baita filmaço!

OS FILMES QUE LEE MARVIN NÃO FEZ

Lee Marvin tem uma das carreiras mais respeitáveis do cinema. Fora que dedicou boa parte de sua filmografia a alguns dos gêneros que eu adoro e, não foi a toa que acabou se tornando o meu ator favorito.

Trabalhou em noir’s, como OS CORRUPTOS, de Fritz Lang, protagonizando o famoso cafezinho quente no rosto de Gloria Grahame.

Ação e policial! THE KILLERS, PRIME CUT, POINT BLANK, CANICULE, etc... até COMANDO DELTA, seu último filme, dividindo a tela com Chuck Norris.

Fez um bocado de westerns sendo dirigido pelos melhores do ramo, como John Ford e Budd Boetticher. Inclusive ganhou o oscar de melhor ator de 1965, com CAT BALLOU, quando encarnou dois personagens no mesmo filme.

Não faltam produções de guerra também. OS DOZE CONDENADOS, de Robert Aldrich, AGONIA E GLÓRIA, de Samuel Fuller, a lista é longa e vou parar por aqui... até porque não são dos filmes que ele participou que eu gostaria de falar, mas sim dos filmes que ele NÃO participou.

Fiquei impressionado com a quantidade de papéis importantes que Lee Marvin recusou!

Não quis interpretar, por exemplo, o General George S. Patton em PATTON – REBELDE OU HERÓI. Acabou nas mãos de George C. Scott, que venceu o Oscar daquele ano.

Lee Van Cleef ficou com o papel do Coronel Douglas Mortmer, em POR UNS DÓLARES A MAIS, de Sergio Leone, após Lee Marvin ter rejeitado pra fazer CAT BALLOU.

Recusou até Sam Peckinpah, com quem teve alguns desentendimentos, no personagem que viria  a ser de William Holden em MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA.

As escolhas iniciais de John Boorman em AMARGO PESADELO eram Marlon Brando e Lee Marvin, mas o nosso ator favorito alegou que estavam velhos demais para aquilo e os papéis foram para Burt Reynolds e Jon Voight.

Também resolveu deixar de lado o Coronel Trautman no primeiro filme da série RAMBO.

Nem quis saber de trabalhar com o diretor William Friedkin e recusou OPERAÇÃO FRANÇA e COMBOIO DO MEDO.

Não consigo imaginar Dirty Harry sem a face de Clint Eastwood em PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL, mas por pouco teríamos o rosto carrancudo de Lee Marvin.

A mesmíssima coisa o Paul Kersey de Charles Bronson em DESEJO DE MATAR.

Ainda teve TUBARÃO, de Steven Spielberg, onde deveria ter feito Quint, personagem que acabou com Robert Shaw, e o GUERRA DOS MUNDOS original, onde faria o protagonista.

Francis Ford Coppola chegou a escrever um bilhetinho pedindo ao Marvin para que atuasse em APOCALYPSE NOW na pele do Coronel Kurtz (quando ainda era Coronel Karnage):


clique na imagem para não forçar demais as vistas.
Com um bilhetinho desses, até o David Caruso teria recusado.

Fico imaginando o que Lee Marvin teria aprontado com todos esses personagens... talvez um dia chegasse aos pés desse mestre da interpretação aqui:

20.3.11

STONE COLD (1991)

Aparentemente, STONE COLD não passa de mais um desses filmes B de ação genéricos que surgiam aos montes nas prateleiras das locadoras no fim dos anos 80 e prosseguiram durante os 90, sem grandes pretensões, mas quase sempre com diversão garantida para uma tarde de domingo. O negócio é que além dessas pequenas “qualidades”, o filme reserva uma certa energia que geralmente não se espera neste tipo de produção.

A direção é de Craig R. Baxley, um sujeito com um talento acima da média e hoje se dedica apenas a filmes para TV e episódios de seriados. Começou a carreira como coordenador de dublês e dirigia episódios da série ESQUADRÃO CLASSE A antes de realizar filmes como ACTION JACKSON e DARK ANGEL. Mas acho que é a sua experiência com dublês que dá a STONE COLD uma forcinha inesperada que transforma o que poderia ser um simples filme de ação de baixo orçamento num exemplar memorável que já deveria ser reconhecido como clássico do gênero! Pelo menos eu o reconheço assim…hehe


Estamos falando de cenas de ação bem feitas, criativas, sem frescuras e com um excelente uso do trabalho de dublês… se um cara toma um tiro, ele vai voar e atravessar uma janela e cair do terceiro andar em cima de um carro! Só faltava também o carro explodir pra finalizar… mas o filme inteiro é recheado de pequenas sacadas na ação. Sequências inteiras que obrigavam os realizadores a pensar e elaborar algo que realmente fosse de encontro ao coração dos fãs hardcore do gênero. E vale lembrar aos jovens leitores que estamos no início dos anos 90 aqui, tudo era feito na marra, sem CGI artificial como é comum atualmente.

A trama é bem besta, o que faz o espectador dar atenção a outros elementos mais curiosos que são de grande importância dramática, como por exemplo o cabelo do protagonista. Não sou o Rubens Ewald Filho, mas é impossível não notar essa cabeleira ridícula de mullets!

Brian Bosworth vive o típico policial que os amantes dos filmes de ação casca grossa admiram. O indivíduo já começa o filme suspenso do trabalho por ter feito alguma besteira durante o serviço, então de cara, o espectador já toma algumas notas sobre o protagonista: um brutamontes de roupas excentricas e de cabelo engraçado que possui um lagarto gigante em casa como bichinho de estimação, trabalha na polícia, é durão com a bandidagem e age segundo suas próprias regras, do jeito que tem que ser!

Por causa do seu estilo motoqueiro, é escalado pelo FBI para uma missão secreta: infiltrar-se numa perigosa gangue de motoqueiros e desmascarar os misteriosos planos terroristas de seu líder, vivido pelo grande Lance Henriksen. Na gangue, ainda temos William Forsyth como braço direito do chefão.

Então, temos mais motivos para STONE COLD estar num lugar de destaque em uma relação de filmes de ação importantes feitos na década de 90: a prensença dessas figuras simpáticas desfilando pelo filme. Convenhamos que Bosworth é totalmente canastrão, mas se encaixa perfeitamente na proposta do filme, especialmente pelos detalhes que compõe o personagem. A cabeleira é que causa um estranhamento, mas o cara faz o habitual tira truculento daquele período que não faria feio diante de um Stallone Cobra. Agora, Bosworth não chega aos pés de um Forsyth! Aqui, ele interpreta outro vilão lunático e exagerado, da mesma forma como fez em OUT OF JUSTICE, o melhor filme de Steven Seagal. Sou fã do Forsyth!

Mas se para o sucesso de um bom exemplar de ação precisamos de um vilão marcante, que tal DOIS sádicos vilões marcando presença num mesmo filme? É sensacional ver Lance Henriksen interpretando esse tipo de papel. Claro que ao longo de sua carreira o sujeito fez dezenas de vilões, quase sempre repetindo o mesmo personagem, mudando uma coisa ou outra (mas sempre com uma eficiência impressionante), mas aqui é a oportunidade de vê-lo diversificando, até com um visual diferente, como o lider de uma gangue de motoqueiros, vestido a carater, cabeludão, etc…


O roteiro ainda apresenta diversas frases de efeito e, como já disse antes, cenas de ação extremamente bem executadas para o padrão orçamentário da produção. O final é um espetáculo e demonstra uma peculiaridade do diretor por veículos em locais fechados. Em ACTION JACKSON, o protagonista entra numa mansão dirigindo um carro, inclusive sobe as escadarias e tudo mais… aqui, a ação final se passa dentro de um tribunal, com os motoqueiros causando o terror pelos corredores e salas de audiências, tem tiro pra tudo quanté lado, motos voando pela janela e acertando um helicóptero (!!!), enfim, diversão pra toda família!

A NOITE DO CHUPACABRAS - Trailer

18.3.11

REC: GENESIS - Poster

DAVID O. RUSSEL VAI FILMAR UMA CINEBIOGRAFIA DE RUSS MEYER?!?!


Do site Empire:
"The biopic's script doesn't exist yet, but the pitch that Fox are negotiating to acquire comes courtesy of David O Russell's former assistant Merritt Johnson, who plans to adapt Jimmy McDonough's brilliant Meyer biography Big Bosoms and Square Jaws: a nicely balanced critique as well as a fascinating life story."

16.3.11

ZUMBIS ITALIANOS VÃO INVADIR RECIFE!!!

Clique na imagem para saber mais informações sobre a mostra, que é organizada pelo meu grande amigo Osvaldo Neto.

14.3.11

RADIOACTIVE DREAMS DE VOLTA...

...trazendo novidades sobre o diretor mais incompreendido (?!) da história do cinema!

Fender está te esperando por lá!

ASSASSINO À PREÇO FIXO, aka THE MECHANIC (2010)

Não gostei muito deste remake do clássico de ação setentista ASSASSINO A PREÇO FIXO, estrelado pelo Charles Bronson, mas também não é um filme que me ofende. É claro que não sou estúpido suficiente para conferir esperando um típico filme do Bronson, algo que parece impossível nos nossos tempos, então está mais para um habitual filme de David Statham mesmo, que costuma estar acima da média em relação aos trabalhos dos “ícones” do cinema de ação da nova geração em Hollywood, mas que aqui incomoda um pouco justamente por me fazer lembrar que estamos diante dum remake de um filme bem superior.

Um exemplo: a primeira cena de assassinato em ASSASSINO À PREÇO FIXO é boa, simples, rápida, inteligente, demonstra as habilidades notáveis do nosso protagonista como assassino profissional, etc... mas se formos comparar com o assassinato do Bronson no filme original, não dá nem para o cheiro. São 16 minutos sem qualquer diálogo, a câmera do diretor Michael Winner descreve visualmente cada movimento do protagonista, sem exageros, com uma elegância cinematográfica absurda, uma verdadeira aula de cinema que já vale o remake inteiro!

E é impossível pra mim não ficar fazendo comparações, especialmente quando o filme se assume como remake, utiliza os mesmos nomes dos personagens originais e não muda praticamente nada da essência do primeiro filme, o que de certa forma é algo elogiável. é o certo, na verdade. Aliás, tirando o final (que é totalmente bunda-mole, diga-se de passagem, mas não vou estragar), ASSASSINO À PREÇO FIXO é um filme que respeita o original até demais e segue uma estrutura bem fiel ao filme de 72. É claro que temos cenas de ação diferentes, algumas situações são atualizadas para os dias atuais, não tem a classe do cinema de ação dos setenta, enfim, é exatamente o que acaba que atrapalhando a quem tem grande apreço pelo filme do Bronson. E eu sou fanático pelo original!

Classe. Ou você tem, ou você não tem.
Embora não dê pra esperar um “Charlie Bronson movie”, até que Jason Statham se sai bem por aqui. Convenhamos que nunca haverá substituto para o Bronson na história do cinema. Mas o Statham seria um dos poucos candidatos a estrelar os “equivalentes” atuais dos filmes do Bronson, como é o caso deste aqui, de certa forma. O sujeito é dos poucos atores de ação que consegue imprimir estilo no cinemão; tem porte, carranca e possui ligação coma artes marciais. Até seus filmes mais bobos acabam sendo divertidos com sua presença, como a série TRANSPORTER e DEATH RACE 2000 (outro remake que não deveria ter sido realizado, ruim pra cacete, mas presta como bom passatempo).

A direção de ASSASSINO À PREÇO FIXO ficou por conta do Simon West, daí já viu, né? O cara estreou sua carreira fazendo aquele barulhento CON AIR, outro filme de qualidades duvidosas, mas visto na ingênua adolescência, me deixou de queixo caído. Hoje não perco meu tempo para conferir se realmente é muito ruim, ou se acaba tornando-se num autêntico guilty pleasure. De qualquer forma, as cenas de ação deste aqui não são lá grandes coisas... alguma coisinha aqui e ali, mas nada demais. O que me surpreendeu um pouco é justamente quando NÃO havia ação. O filme se segura e nunca fica chato! Tá certo que a relação entre “mestre” e “aprendiz” (Ben Foster) é fraca, não funciona pra mim, mas as cenas com o Donald Sutherland ou até mesmo o relacionamento com a belíssima prostituta são competentes, prendem a atenção...

No fim das contas, dá pra perceber que ASSASSINO À PREÇO FIXO é um sólido filme de ação, melhor do que muita coisa feita atualmente dentro do gênero em Hollywood, mas é inegável que poderia obter perfeitamente resultados bem melhores. Especialmente se colocado ao lado do original. Sei que isso é frescura minha, o filme de 72 sempre vai existir para a minha degustação, mas isso atrapalha bastante.