13.7.09

BLOOD FOR DRACULA (Dracula cerca sangue di vergine... e morì di sete!!!, 1974), de Paul Morrissey

Sem muito tempo para escrever, dei uma atualizada neste meu texto antigo, publicado em outro blog que eu tinha. Trata-se do meu filme de vampiros favoritos...

O cinema de Andy Warhol

Na verdade, o Warhol apenas produziu. Acho que título do texto deveria ser “O cinema de Paul Morrissey”, que foi o roteirista e diretor do dito cujo aqui. Mas com certeza o nome do famoso artista plástico chama mais a atenção. Warhol e Morrissey fizeram outras parcerias, incluindo FLESH FOR FRANKENSTEIN, uma releitura bizarra do clássico de Mary Shelley. BLOOD FOR DRACULA também é uma variação atípica, mas da criação de Bram Stoker. Apresenta um Drácula que sai durante o dia, embora seja um tanto frágil à luz; não tem problema em pegar ou ver cruzes, mas não gosta delas; o seu problema com alho consiste em come-los apenas; e o único sangue que bebe é de moças virgens.

O filme inicia na Romênia dos anos 30 com Udo Kier, ainda novo, vivendo um Conde Drácula exótico, moribundo, fraco e necessitado de sangue já que não consegue arranjar mais virgens para chupar o cangote. É, então, convencido pelo seu criado, Anton, o estranho Arno Juerging, para ir à Itália, país religioso que preza pelo cabaço de suas filhas, onde, teoricamente, seria mais fácil de arranjar o "alimento", diferente da Romênia onde a virgindade é algo escasso.

Chegando ao país da bota, é recebido pelo Marquês di Fiore e sua esposa, que possuem quatro filhas. O Marquês é interpretado pelo grande diretor italiano Vittorio de Sica e seu personagem, falido financeiramente, aproveita para beneficiar-se das intenções do Conde que anuncia o desejo de se casar com uma de suas filhas. O grande problema é o criado da família (Joe Dallesandro), um sujeito de pensamentos socialistas que acredita na queda da classe dominadora enquanto pratica o coito com duas das filhas do Marquês... e ao mesmo tempo.

Morrissey subverte a história para um estudo visual-erótico-sanguinário e até político (na visão do criado). O conflito entre ele e o conde é símbolo de lutas entre classes, sendo que os dois, dentro do contexto de cada um, têm o mesmo objetivo de ter nos braços as filhas do Marquês. Uma dialética ambiciosa para um filme de terror aparentemente oportunista e apelativo para sangreira e mulher pelada.

A busca pela virgem prossegue dentro da mansão do Marquês, embora já se saiba, duas das filhas, Rubinia e Saphiria, são bem sapequinhas. Também são lindas e protagonizam várias cenas de nudez com direito a petecas cabeludas e encenações de sexo soft-core com o pobre criado socialista. Logo, o vampirão abre olho em cima delas, já que as outras duas filhas são, inicialmente, rejeitadas. Esmeralda, a mais velha, é desprovida de beleza e Perla, a mais linda entre todas, é muito nova.

O Conde rapidamente descobre que as duas beldades não são virgens, e de uma maneira muitoo visceral. Após chupar o pescoço de suas vítimas para retomar suas forças, seu corpo rejeita o sangue impuro criando seqüências que fazem valer a excelente performance de Kier, que vomita sangue em expressões angustiadas. Kier possui muita presença, com uma linguagem corporal que lembra os atores do cinema mudo, como no início, se maquiando em frente ao espelho (sem ver seu reflexo, lógico).

Morrissey parece ter uma afinidade em criar o choque no publico. Seja no catártico e sangrento desfecho ou na forma como apresenta os costumes de uma época a fim de expandir os limites do que era aceitável dentro do comportamento de uma sociedade com relação à sexualidade, que é um dos pontos principais explorados aqui. A direção é bem característica dos exploitations da época, com zoons e closes enfocando os exageros e os excessos. Desde o olhar expressivo de Kier até mesmo os litros de xarope derramados.

Ainda há a participação especial de Roman Polanski como um italiano espetinho que sacaneia Anton com um jogo bobo. Polanski estava realizando WHAT? em um set de filmagens na Itália perto do local onde Morrissey filmava BLOOD FOR DRACULA, um filme que quase não vejo ser comentado por essas bandas, mas extremamente recomendável para os amantes dos verdadeiros filmes de terror e que estão cansados de ver sempre a mesma porcaria nos filmes atuais.

4 comentários:

  1. Assista agora o FLESH FOR FRANKESNTEIN, com o Udo de Barão Frankenstein e o Dalessandro como a Criatura. Nesse e no BLOOD FOR DRACULA, os efeitos sanguinolentos são do Carlo Rambaldi e o Antonio Marghetti trabalhou como diretor de segunda unidade e coordenador da equipe italiana.

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  2. Já vi o Flesh for Frankestein! É outra coisa linda... só que a criatura não é o Dalessandro, é o amigo dele no filme quem acaba virando cobaia do Dr.

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  3. É mesmo. Tinha esquecido. E o pior daquele filme não é nem o monstro, mas as crianças !

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  4. Rapaz, mas só o título em italiano já vale tudo hein?
    "Dracula busca sangue de virgens... e morre de sede!"
    Parece manchete de jornal sensacionalista, hehehe.

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