Anotações sobre alguns filmes deste fim de semana:
A Última Amante (07) não é a Catherine Breillat que estamos acostumados, e isso na verdade pouco importa pra mim, principalmente por se tratar de um belíssimo filme sobre o amor irracional numa Paris do século XIX com bom uso da localização temporal, da recriação histórica, da estrutura narrativa. Mas tudo não passaria do convencional se não fosse Asia, a obra prima de Dario Argento. Breillat deposita toda a força de seu filme em Asia Argento, e esta, como vem fazendo a cada filme, corresponde à altura. O filme é a Asia com sua presença física de sensualidade expressiva e talento que não se esgota, de novo, assim como em Boarding Gate do Assayas e, provavelmente, deve ser em Go Go Tales do Ferrara.
Beau Travail (99) me lembrou os primeiros trinta minutos de Nascido para Matar do Kubrick, só que de uma maneira bem prolongada pra preencher os noventa minutos que o filme tem. O ritmo e a ausência de uma trama me incomodaram um bocado. Denis apresenta o cotidiano de um pelotão de legionários da maneira mais realista e distante possível e acho que até seria muito mais interessante se tivesse filmado um documentário com verdadeiros legionários, já que não há uma história definida, e a única preocupação parece ser em retratar o corpo humano. A fotografia é excelente e a presença do ator Denis Lavant garante bons momentos, mas não ocupam o vazio.
O nome é um tanto ridículo, mas Ainda me Chamam Campo Santo (71), de Giuliano Carnimeo, é um western spaghetti que me pegou de surpresa. Tem suas imperfeições, principalmente em questões técnicas de decupagem ou continuidade e essas besteiras que pouco importam num filme desse tipo, contanto que caminhe dentro do espírito do bom e velho western spaghetti e é exatamente o que acontece por aqui. Principalmente com a galeria variada de personagens marcantes e o tom de humor que às vezes excede um bocado, mas divertem tranquilamente. A cena que um sujeito tem o bigode “raspado” à bala já vale o filme.
John Huston coloriu O Pecado de Todos Nós (67) em tons de sépia que, a princípio, impressiona bastante. É um forte apelo estético que poderia ter a função de manter o deslumbre com as imagens de rigor extremo caso o filme tivesse pontos baixos. Não vem ao caso. O Pecado de Todos Nós é um dos melhores e mais ousados trabalhos de Huston. E não é só colocar um Marlon Brando interpretando um oficial homossexual reprimido, ou Elizabeth Taylor como sua mulher adúltera ou várias outras figuras traumatizadas e perturbadas. Mas é Taylor fazendo um striptease para provocar Brando sob o olhar dourado de Robert Foster, ou a cena onde ela chicoteia seu marido no rosto em frente aos convidados na festa. Pequenos detalhes que demonstram porque Huston era um dos grandes.
A Última Amante (07) não é a Catherine Breillat que estamos acostumados, e isso na verdade pouco importa pra mim, principalmente por se tratar de um belíssimo filme sobre o amor irracional numa Paris do século XIX com bom uso da localização temporal, da recriação histórica, da estrutura narrativa. Mas tudo não passaria do convencional se não fosse Asia, a obra prima de Dario Argento. Breillat deposita toda a força de seu filme em Asia Argento, e esta, como vem fazendo a cada filme, corresponde à altura. O filme é a Asia com sua presença física de sensualidade expressiva e talento que não se esgota, de novo, assim como em Boarding Gate do Assayas e, provavelmente, deve ser em Go Go Tales do Ferrara.
Beau Travail (99) me lembrou os primeiros trinta minutos de Nascido para Matar do Kubrick, só que de uma maneira bem prolongada pra preencher os noventa minutos que o filme tem. O ritmo e a ausência de uma trama me incomodaram um bocado. Denis apresenta o cotidiano de um pelotão de legionários da maneira mais realista e distante possível e acho que até seria muito mais interessante se tivesse filmado um documentário com verdadeiros legionários, já que não há uma história definida, e a única preocupação parece ser em retratar o corpo humano. A fotografia é excelente e a presença do ator Denis Lavant garante bons momentos, mas não ocupam o vazio.
O nome é um tanto ridículo, mas Ainda me Chamam Campo Santo (71), de Giuliano Carnimeo, é um western spaghetti que me pegou de surpresa. Tem suas imperfeições, principalmente em questões técnicas de decupagem ou continuidade e essas besteiras que pouco importam num filme desse tipo, contanto que caminhe dentro do espírito do bom e velho western spaghetti e é exatamente o que acontece por aqui. Principalmente com a galeria variada de personagens marcantes e o tom de humor que às vezes excede um bocado, mas divertem tranquilamente. A cena que um sujeito tem o bigode “raspado” à bala já vale o filme.
John Huston coloriu O Pecado de Todos Nós (67) em tons de sépia que, a princípio, impressiona bastante. É um forte apelo estético que poderia ter a função de manter o deslumbre com as imagens de rigor extremo caso o filme tivesse pontos baixos. Não vem ao caso. O Pecado de Todos Nós é um dos melhores e mais ousados trabalhos de Huston. E não é só colocar um Marlon Brando interpretando um oficial homossexual reprimido, ou Elizabeth Taylor como sua mulher adúltera ou várias outras figuras traumatizadas e perturbadas. Mas é Taylor fazendo um striptease para provocar Brando sob o olhar dourado de Robert Foster, ou a cena onde ela chicoteia seu marido no rosto em frente aos convidados na festa. Pequenos detalhes que demonstram porque Huston era um dos grandes.