O diretor de OS IRMÃOS KICKBOXERS, Lucas Lowe, se reuniu novamente com o ator Loren Avedon para realizar um dos clássicos mais sensacionais da era dos kickboxer movies. Mesmo que vários dos ingredientes já tivessem surgidos em outros exemplares anteriormente, toda a configuração do cenário narrativo e dos habituais elementos básicos do gênero fazem de O REI DOS KICKBOXERS o CIDADÃO KANE dos filmes de luta no cinema americano!
Não sei direito por onde começar, mas vamos à trama, que é sobre esse policial vivido pelo Avedon, sempre metido em problemas, do tipo que não age segundo as regras e aproveita para demonstrar suas habilidades em artes marciais pra cima da bandidagem. Por esses motivos, o chefe de polícia quer se ver livre do sujeito por uns tempos e decide enviá-lo numa missão na Tailândia, um caso estranho que envolve snuff movies, no qual lutadores americanos são convencidos a participar de filmes clandestinos, mas acabam realmente morrendo durante as filmagens. Especialmente quando enfrentam um certo lutador, ninguém menos que Billy Blanks!
O problema é que há dez anos Avedon já havia estado na Tailândia acompanhando seu irmão mais velho num torneiro de kickboxing. Logo após a luta em que sagrou-se campeão, o irmão acabou assassinado por Blanks. E agora nosso herói tem a chance de se vingar. Mas assim que retorna àquele país, descobre que ainda não está pronto para um confronto com o negrão e passa por um desses inusitados treinamentos, com um inusitado mestre, que só faz sentido mesmo num filme desse tipo.
Já deu pra notar que tem de tudo por aqui, não é? E tudo se encaixa de maneira incrível.
A cena do assassinato do irmão logo no início é extremamente brutal, com o Blanks desferindo violentos chutes até o sujeito perder a vida na base da porrada mesmo! Uma das melhores coisas do filme, obviamente, é Blanks como vilão. Não exagero quando digo que ele está no mesmo nível de um Tong Po ou Chong Li e é claro que isso é fundamental para o sucesso de O REI DOS KICKBOXERS. É o típico vilão que funciona por termos pleno desprezo na mesma medida em que demonstramos respeito por suas magníficas habilidades. E quando finalmente ocorre o confronto final entre Avedon e Blanks, num cenário exótico, fica difícil ter esperanças pelo nosso herói.
Além dessa dupla, Avedon e Blanks, temos uma pequena participação do Jerry Trimble, com direito à mullets, como traficante de drogas desmascarado pelo Avedon em sua demonstração de policial bad-ass, e que acaba numa sequência de luta alucinante. Aliás, todas as sequências de pancadaria conseguem manter o mesmo nível dos outros filmes da série NO RETREAT, NO SURRENDER, com coreografias elaboradas (do Corey Yuen, diretor dos dois primeiros filmes da série) e execução perfeita dos atores/lutadores. Apenas para ter uma noção, as filmagens do climax final demoraram duas semanas para serem finalizadas. Hoje, basta tremer a câmera, meter a tesoura na edição e pronto, já se dão por satisfeitos.
Como já havia dito em um dos textos anteriores, O REI DOS KICKBOXERS também faz parte da série NRNS. Em alguns países, foi lançado com o título KARATE TIGER 4, que é outra maneira pela qual a série é conhecida.
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31.8.12
24.8.12
NO RETREAT, NO SURRENDER 2 (1988)
Este aqui é uma lindeza de filme, mas prefiro o título original no qual fora produzido: RAGING THUNDER. Genérico, clichê e sem qualquer sentido! Mas quem se importa? Depois, no entanto, os produtores tiveram a "brilhante" ideia de encorporá-lo como um exemplar da série NO RETREAT, NO SURRENDER, que já comentei por aqui no blog, cuja principal importância para a história do cinema mundial foi ter apresentado ao mundo um certo ator belga que faria a alegria da moçada na década seguinte. Só que RAGING THUNDER, ao menos, torna a fita mais “independente”, já que não possui nada que faça ligação com o filme anterior. Em outras palavras, fiquem à vontade para assistir a este aqui sem se preocupar em conferir o primeiro. Não vai fazer diferença alguma.
Não sei a que fim levou Kurt McKinney (que trocou o cinema de luta por um casamento), o protagonista do primeiro NRNS, mas aqui é substituido pelo Loren Avedon, que interpreta um kickboxer americano (saudade dos tempos quando os heróis dos filmes de ação ainda possuiam a profissão “kickboxer” e isso quase bastava para desenvolver uma trama) que viaja até a Tailândia e se vê envolvido numa situação perigosa quando sua namoradinha à distância (para os mais novos, naquela época não havia internet e as pessoas se correspondiam através de um papel escrito à mão, chamado carta) é sequestrada por uns russos que, dentre várias atividades, traficar humanos parece ser uma das mais rentáveis. Avedon, então, une forças com a Cynthia Rothrock e um outro americano maluco e enfrenta um verdadeiro exército para salvar a vida da mocinha.
Saudade, também, do tempo em que o herói deveria apenas salvar a mocinha… É que 80% dos filmes de ação da atualidade é protagonizado por metrossexuais com conflitinhos psicológicos banais, cheio de complexidades e missões exacerbadas, mas não aguentariam 30 segundos com um Loren Avedon, Jeff Speakman ou Billy Blanks no mano a mano (o Liam Neeson não faz parte dos 80%, Kurt).
Depois do desabafo habitual, me lembrei que NRNS 2 também foi dirigido pelo Corey Yuen, então existe ao menos essa relação com o filme anterior, que apesar de ser legalzinho, este aqui o supera com folgas, é bem melhor em todos os sentidos. Yuen utilizou a mesma equipe do departamento de ação de BLONDE FURY, com a Rothrock, e que arrebenta nesse tipo de cena. O diretor desta vez foi às favas com aquela mensagenzinha de “acreditar em si mesmo e blá blá blá” do filme anterior e substituiu com doses brutais de pancadaria e ação.
Loren Avedon nunca vai ganhar um Oscar pelo conjunto da obra, mas o sujeito é um lutador extremamente talentoso e não fica muito atrás dos especialistas no assunto lá do oriente. Da mesma forma Rothrock, que dispensa apresentação (aliás, eu sou o único que acha ela uma tetéia?). Mas para os apreciadores da moça, já aviso que se estão procurando performances interessantes dela por aqui, vão sair desapontados. Recomendo o já citado BLONDE FURY ou RIGHTING WRONGS (ambos do Yuen) para conferir do que a bichinha é capaz! O “chefão dos bandidos” da imagem aí de cima é o alemão fortão Matthias Hues, fazendo sua estréia no cinema, substituindo o papel que seria de Jean Claude Van Damme (que pulou fora para fazer O GRANDE DRAGÃO BRANCO). Responsabilidade! Mas a luta final entre ele e Avedon é épica! Um dos momentos dignos de antologia da era dos kickboxer movies!
Uma curiosidade é que Hues não era bem um especialista em lutas. Nunca havia feito cenas desse porte, contracenando com lutadores e encarando coreografias elaboradas. Era apenas um cara visualmente forte... Então, colocaram o sujeito para treinar intensivamente com o lendário ator e coreógrafo Hwang Jang Lee. Passado algumas semanas, chegou o momento de filmar a tal luta final e... bom, basta conferir no filme o belíssimo resultado.
Pretendo continuar escrevendo nos próximos posts sobre as “continuações” de NO RETREAT NO SURRENDER. O terceiro filme da série chegou aqui no Brasil com o título de OS IRMÃOS KICKBOXERS, é um autêntico clássico do gênero e possui papel importante na minha formação cinéfila (foi o primeiro kickboxer movie que assisti na vida!). O quarto capítulo nunca recebeu o título NO RETREAT, NO SURRENDER, mas chegou a ser lançado em alguns países como KARATE TIGER 4 (mais uma maneira na qual a série NRNS foi veiculada). Estamos falando de THE KING OF THE KICKBOXERS. E como também possui o Loren Avedon, não dá para não considerar parte da franquia.
22.10.10
RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS (No Retreat, No Surrender, 1986), de Corey Yuen
O astro belga Jean Claude Van Damme estampar as artes de capas de DVDs lançados no mundo afora do filme RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS (No Retreat, No Surrender, 1986), não passa de pura e simples picaretagem. Afinal, o único rosto conhecido atualmente na produção é o dele. Mas o baixinho só aparece mesmo no início e no final do filme, interpretando o russo Ivan Kraschinsky. É também o vilão, com quem o nosso herói terá de medir forças à base do chute na cara pra saber quem é o melhor.
O herói é um tal de Kurt McKinney, do qual eu nunca tinha ouvido falar. No filme ele é Jason Stillwell, um rapazinho cujo pai, Tom, possui uma academia em L.A. onde ensina karate, inclusive a Jason. Os problemas aparecem quando o crime organizado decide fazer uma "oferta irrecusável" para comprar a academia, dessas que alguém pode sair muito machucado, caso um dos lados não goste da palavra final. E é o que acontece. Um gangster, acompanhado de seus guarda costas (Van Damme), expulsa o sujeito de sua própria academia, com o belga já demonstrando golpes ultra rápidos e aqueles chutes incríveis que fizeram sua carreira.
O que é um ator que sabe lutar sendo dirigido por alguém que entende do assunto? Temos aqui uma cena que não dura nem um minuto, mas comprova que Van Damme não é só pose. Ele se tornou “posudo” porque decidiu firmar carreira em Hollywood sendo dirigido por diretores que não sabem trabalhar cenas de luta, por mais divertido que sejam os seus filmes. Corey Yuen sabe! E é quando se mete com diretores orientais Van Damme obtém seus melhores resultados.
Meus favoritos do baixinho são CYBORG e SOLDADO UNIVERSAL, que no campo da “pancadaria” perdem para, por exemplo, GOLPE FULMINANTE. Na minha opinião, ao invés de ficar gastando mais de meia década em porcarias, ele devia ter tentado a sorte em Hong Kong. Seus últimos trabalhos são ótimos, mas passou por uma sequência de filmes meia boca, sobrevivendo com produções baratas lançadas direto no mercado de vídeo, que fazem as fitas do Steven Seagal verdadeiras obras primas.
Por falar no barrigudo de rabo de cavalo, ele se saiu muito bem como vilão em MACHETE, não é? Também achei excelente o Van Damme como vilão aqui. Já que ele não quis ir a Hong Kong, podia ao menos ter feito alguns papéis de bandido em filmes classe A e assim alternava com suas fitas B de ação. Ao menos ele teria mais visibilidade e não entraria na decadência que entrou. O Seagal, por exemplo, foi visto por um público bem maior em MACHETE do que em seus 15 últimos filmes juntos… não posso ignorar o problema das drogas que quase acabou com o Van Damme, mas a gente sabe que o sujeito não bate muito bem da cabeça quando recusa a proposta de participar de uma produção como OS MERCENÁRIOS… mas chega de palpitar sobre a carreira do baixinho que eu já devo ter falado merda demais... Só espero que seus filmes atuais mantenham o nível.
Voltando ao enredo de RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS, Tom (o pai, pra quem já se esqueceu) decide mudar de ares e parte para Seattle. Muda também sua mentalidade sobre o karate e a finalidade de se usar violência, ou seja, o cara virou um bundão. E até que ele luta bem, embora seja de longe o pior ator do filme! Já Jason, a primeira coisa que faz quando chega em sua nova casa é transformar a garagem num centro de treinamento, com cartazes de Bruce Lee e toda a parafernália. Fã do grande astro de OPERAÇÃO DRAGÃO, o rapaz vai visitar o túmulo de Lee, que se encontra na cidade, além de procurar uma outra escola de karate para continuar seus ensinamentos.
A trama é totalmente voltada à Jason, que transforma o filme numa espécie de rip off de KARATE KID. A estrutura intercala momentos de treinamento, de flerte com a garota bonitinha, com confrontos entre os bullies que sempre lhe dão porrada, além de problemas com o pai, que a cada briga na rua precisa levar um sermão danado, até que Tom rasga o poster do Bruce Lee servindo de estopim para um “NÃÃÃÃÃÃOOO!!!” daqueles! Em outra cena, Jason ajoelha no túmulo de Bruce Lee e implora por ajuda… Para melhorar ainda mais a história, o espírito de Bruce Lee aparece em sonhos e delírios do personagem para lhe aplicar vários ensinamentos. O problema é que o ator que faz o fantasma não tem nada a ver com o Bruce Lee, mas Jason não cria caso com isso, então ok. Aliás, o ator que dá vida ao falecido é Kim Tai Chung, que era dublê de Bruce Lee.
Como já adiantei que Van Damme aparece novamente no final, presume-se que os gângsters também vão à Seatle tentar abocanhar mais academias. E que premissa mais boba é essa... pra que a máfia quer tanta academia pelo país? Enfim, no local há um grande campeão de artes marciais que decide resolver tudo realizando um torneio. O vencedor fica com a academia.
Kurt McKinney é muito carismático. E não é tão mirrado como Ralph Macchio, o Daniel San de KARATE KID. É claro que na vida real, McKinney não teria chance com Van Damme, que era um monstro cheio de músculo, mas nada tão impossível também. O rapaz tem bom físico. Possui também um relacionamento meio estranho com RJ, um vizinho que se torna seu melhor amigo. RJ não luta, mas é um excelente dançarino, mais um motivo pra achar esquisito… ainda mais depois da cena em que R.J toma sorvete sentado… digamos, na região do quadril de Jason, enquanto este faz um exercício. Bom, não estou chamando-os de viadinhos, nem tenho nada contra, mas acho que eles já passaram da idade da inocência pra um enquadramento como este abaixo não soar extremamente homoerótico.
Até o menino ao fundo achou meio estranho... |
O filme tem algumas atuações das mais vergonhosas que eu me lembro de ter visto na vida!!! Fora alguns furos evidentes de roteiro, os clichês de sempre, até microfones aparecendo no canto da tela, mas tudo isso serve de bônus para quem entrar na onda do filme, uma diversão escapista, que passa rápido, tem um bom ritmo e as cenas de luta fazem valer o programa. Pra mim, já virou clássico do cinema de artes marciais dos anos 80.
RETROCEDER NUNCA, RENDER-SE JAMAIS teve duas continuações que não possuem muita ligação com este aqui. O segundo apenas acrescenta o número “2” na frente, se não estou enganado. Também é dirigido pelo Yuen e tem no elenco Cynthia Rothrock, Loren Avedon e o brutamontes Matthias Hues! Eu preciso ver essa belezinha! Já o terceiro filme recebeu o título aqui no Brasil de OS IRMÃOS KICKBOXERS, que assisti quando era pequeno, numa VHS da saudosa TOP TAPE, e tem umas lutas alucinantes de outro mundo!!! Preciso rever com extrema urgência!
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