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28.8.13

MAIS "DIRTY" HARRY

THE ENFORCER (1976)


A trama principal é sobre um grupo terrorista que rouba uma carga de armamento pesado, incluindo lança mísseis e explosivos para fazer um tremendo estrago, e passa a chantagear os responsáveis pela cidade de São Francisco por alguns milhões de dólares. Novamente cabe a "Dirty" Harry Callahan a missão de investigar e parar os meliantes antes que uma merda muito grande aconteça. Mas isso tudo apenas serve de pretexto para outros propósitos. A ideia essencial de THE ENFORCER é fazer com que Harry trabalhe com um parceiro do sexo feminino. E aqui começam as chateações do protagonista... E também do filme. Ok, era algo relevante àquela altura ressaltar o poder feminino e etc, mas não precisavam fazer a tal parceira, interpretada por Tyne Daly, ser tão inútil e impertinente. Acaba prejudicando um bocado o andamento da história.

Por outro lado, THE ENFORCER é, de longe, o episódio da série com mais cenas de nudez. Não, Daly não mostra nada, mas dentre as várias cenas que acontecem durante o filme, há uma sequência de perseguição sobre os terraços de alguns prédios na qual o bandido cai numa clarabóia e acaba no meio de uma filmagem de um pornô! E tome pêlos pubianos na tela... Dá até prá ver a benga de um sujeito antes de Harry continuar a perseguição. Embora eu considere o capítulo mais fraco da série, THE ENFORCER, dirigido pelo batedor de estaca James Fargo, ainda consegue ser melhor que a grande maioria dos filmes de ação policial realizados nos últimos quinze anos. Temos Clint Eastwood, mais uma vez vivendo um de seus personagens mais marcantes, um elenco bacana, diálogos bem elaborados e algumas boas cenas de ação que ajudam a manter o padrão dos dois exemplares anteriores. Infelizmente, sem nunca atingir o mesmo nível no geral... Saiu no Brasil com o título SEM MEDO DA MORTE.

IMPACTO FULMINANTE (Sudden Impact, 1983)  


Harry Callahan adentra os anos oitenta. Em THE ENFORCER a série já era toda do Clint, o roteiro passou pela sua aprovação, quase chegou a dirigir, mas desistiu pouco antes das filmagens começarem e ele mesmo escolheu James Fargo para substituí-lo. Em IMPACTO FULMINANTE não teve jeito. Mais maduro como cineasta, resolveu assumir o cargo de diretor. E deu certo,  o filme é bem melhor que o terceiro e o quinto, só perde mesmo para os dois primeiros (imbatíveis), apesar de ser o capítulo mais deslocado da série.

Na trama, Harry novamente torra a paciência dos seus superiores por causa dos seus métodos nada ortodoxos. Mas dessa vez é afastado de São Francisco e enviado a uma cidade pequena para tentar resolver uma série de assassinatos que vem acontecendo. Só essa mudança de ambientação acaba tornando IMPACTO FULMINANTE o mais singular dentre os exemplares da franquia. Mas o filme vai além. É também o mais sombrio da série e praticamente não possui sequências de ação. Mas confesso que nem senti muita falta deste detalhe. A fórmula do gênero policial mais focada na investigação e no quebra-cabeça muito bem bolado do roteiro é interessante na medida certa. O suficiente para prender a atenção e não me importar com a falta de uns tiros calibre 44.

DEAD POOL (1988)



Sempre ouvi dizer como este último filme da série era ruim prá cacete e constrangedor para o velho Clintão. Fui esperando uma porcaria e acabei encontrando um exagerado filme de ação tão divertido quanto aos vários exemplares do gênero que surgiam naquele período. As pessoas são muito chatas ou eu que sou tolerante demais prá esse tipo de coisa? Tá certo que a trama repete a mesma fórmula dos três primeiros filmes: um serial killer a solta pelas ruas de São Francisco e Callahan precisa resolver a situação mais uma vez à sua maneira, para o desespero dos seus superiores. Mas o filme tem bom ritmo, é divertido e possui boa dose de suspense e tensão. Há também a diferença de uma lista negra rolando com os nomes das vítimas numa espécie de jogo e Harry Callahan faz parte dela.

O elenco é um atrativo a parte. Temos uma Patricia Clarkson no auge da beleza; Liam Neeson fazendo um diretor de filmes de horror todo afetado; e um Jim Carey numa participação especial extremamente ridícula, fazendo back vocal de Welcome to the Jungle, do Guns, que por si já pagaria o ingresso do filme. Dirigido pelo coordenador de dublês e assistente de Clint Eastwood, Buddy Van Horn, DEAD POOL traz bons momentos de ação. Nada muito especiais, mas os vários tiroteios são bem secos e classudos... A exceção é uma sequência inacreditável que só poderia ter surgido num filme de ação dos anos oitenta: uma perseguição em alta velocidade pelas ruas de São Francisco na qual um carrinho de controle remoto explosivo bota o velho Clint à pisar fundo no acelerador! Ok, DEAD POOL também possui seus problemas, está longe de ser um MAGNUM 44, tá mais um passatempo que um grande filme. Mas, convenhamos, essa sequência é GENIAL!

DIRTY HARRY NA LISTA NEGRA é o título nacional da bagaça.

Então, só para deixar claro, TOP 5 DIRTY HARRY:

5. THE ENFORCER (1976), James Fargo
4. DEAD POOL (1988), Buddy Van Horn
3. IMPACTO FULMINANTE (1983), Clint Eastwood
2. DIRTY HARRY (1971), Don Siegel
1. MAGNUN 44 (1973), de Ted Post



16.8.13

MAGNUM 44, aka Magnum Force (1973)


Pelo visto, o fato do policial Harry Callahan ter jogado fora seu distintivo ao final de DIRTY HARRY, não valeu absolutamente de nada. O filme ganhou esta primeira continuação dois anos depois e logo no início o personagem de Clint Eastwood já aparece de volta agindo como homem da lei. E seguindo ainda os seus princípios anti-sistema, algo que os críticos de cinema na época acusaram de fascismo. Bando de chatos politicamente corretos...

Em MAGNUM 44 não temos um mestre como Don Siegel na direção. Calhou de ser o pau-pra-toda-obra Ted Post no comando, mas tendo John Milius e Michael Cimino assinando o roteiro fica fácil. Até o Uwe Boll e o Albert Pyun conseguiriam fazer um bom filme.


Basicamente, o que temos em MAGNUM 44 é uma série de assassinatos inusitados acontecendo, colocando a força policial e "Dirty" Harry para esquentar os miolos. As vítimas são sempre pessoas do mundo do crime. Mafiosos, cafetões, procurados pela polícia, e o assassino é sempre um policial fardado com o uniforme da polícia de trânsito. Portanto já podemos perceber uma diferença crucial entre DIRTY HARRY e este aqui. Os bandidos não são serial killers com motivos banais, mas justiceiros que decidem iniciar um trabalho de execução para limpar as ruas de São Francisco.             


É difícil alguém ter simpatia pelo Scorpio, vilão do primeiro filme, mas com esses caras de MAGNUM 44 você pode pensar "bem, eles agem mais ou menos como o Harry, não? Possuem a mesma ideologia". E essa é a beleza da coisa. Nós já conhecemos o personagem de Harry, podemos confiar nele, sabemos que só vai atirar em meliantes armados e ainda soltar uma frase cool logo depois. Mas e esse bando de motoqueiros fardados? Quão fina é a linha traçada que separa Dirty Harry desses justiceiros? É algo a se pensar, mas parece que o personagem de Clint Eastwood já sabe a resposta e não quer perder muito tempo com estudos sociológicos. Seu negócio é ação.


E neste quesito MAGNUM 44 se sai realmente muito bem. O diretor Ted Post segue a linha dos cineastas artesãos que sabem fazer a coisa muita bem feita, embora lhes falte o talento de um Peckinpah. Há boas ideias sendo aproveitadas aqui com muita eficiência, como a sequência de perseguição ao final que culmina numa embarcação abandonada e toda a tensão que é construída para deixar o espectador vidrado. Ajuda bastante a presença de Clint Eastwood em cena acrescentando um toque de classe a mais.

Os assassinatos e o modo de agir dos justiceiros também são destaques. Lembro que foi o que mais me marcou quando era moleque e assisti de uma fita VHS que meu velho gravou da Globo no final dos anos oitenta. A sensação era de estar vendo um filme de horror... Me dava arrepio como tudo era conduzido de forma seca e brutal, o policial pedindo a carteira de motorista do indivíduo e do nada puxava o revolver e mandava chumbo na cabeça. Agora que já sou grandinho a sensação se perde, fica a lembrança. Mas essas cenas ainda possuem muita força.


No post sobre DIRTY HARRY de outro dia, vários fiéis leitores expressaram admiração por MAGNUM 44, dizendo que se tratava do melhor capítulo da saga do policial mais durão de São Francisco. Ok, o filme que originou a série é um autêntico clássico, isso não tenho dúvida alguma, mas preciso confessar que concordo que este aqui supere seu antecessor, é um baita filmaço! Agora vamos ver como se sai THE ENFORCER...

12.8.13

DIRTY HARRY (1971)


Este fim de semana revi dois filmaços que geraram franquias. Revi para refrescar a memória porque o que me interessa mesmo são as continuações, já que nunca assisti, por exemplo, THE ENFORCER e nem DEAD POOL, terceira e quinta continuações, respectivamente, de DIRTY HARRY. Vou aproveitar para rever também MAGNUM FORCE e IMPACTO FULMINANTE e assim, tentar postar a série inteira do policial mais durão de São Francisco, vivido por Clint Eastwood, aqui no blog.

O outro que revi, foi o western SETE HOMENS E UM DESTINO, de John Sturges, cujas continuações ainda não vi... Mais tarde escrevo sobre o primeiro e, durante a semana, vou postando as sequências à medida em que vou conferindo. Por enquanto, vamos ficar com DIRTY HARRY.


Mas se pudesse, eu pulava este e partia logo para o segundo. Fico meio desconfortável, sem algo novo para se dizer sobre DIRTY HARRY... É um clássico, todos sabem. Um dos filmes policiais mais influentes, ao lado de BULLIT e OPERAÇÃO FRANÇA, na renovação do policial americano (como THE STONE KILLER, do post anterior), tendo inspirado a italianada a desenvolver o poliziesco; além de criar um dos personagens mais controversos do gênero, “Dirty” Harry Callahan, que age de acordo com suas próprias leis, cujos ideais nem sempre vão de acordo com os burocráticos métodos da policia e blá, blá, blá...

Pode ser que alguém ainda não saiba que DIRTY HARRY foi baseado na série de assassinatos reais cometidos pelo serial killer chamado Zodíaco, no qual acabou virando um filme mais realista nas mãos do David Fincher em 2007. Uma diferença crucial, obviamente, é que por aqui não há moleza para um assassino tendo um policial casca grossa como “Dirty” Harry Callahan em seu encalço.


DIRTY HARRY foi originalmente anunciado tendo Frank Sinatra no papel título, que vinha fazendo personagens interessantes no fim dos anos sessenta em thrillers policiais e de ação. Mas antes de ser o escolhido, John Wayne, Steve McQueen e Paul Newman também estavam brigando pelo papel. Mas quando Sinatra desistiu, quem acabou encarnando Harry Callahan foi Clint Eastwood.

Com Sinatra pulando fora, o diretor Irvin Kershner também não quis mais saber do projeto. Melhor prá nós, pois Don Siegel, o intelectual da ação, que já havia dirigido Clintão antes, acabou assumindo o posto e fez bonito como sempre. Não faltam por aqui sequências de ação bem orquestradas, tensas e classudas, como a do início, na qual Callahan impede um roubo a banco e aproveita para soltar um de seus discursos mais celebrados:
I know what you're thinking, punk. You're thinking "did he fire six shots or only five?" Now to tell you the truth I forgot myself in all this excitement. But being this is a .44 Magnum, the most powerful handgun in the world and will blow you head clean off, you've gotta ask yourself a question: "Do I feel lucky?" Well, do ya, punk?
Cortesia de alguns bons roteiristas daquele período do cinema americano, incluindo John Milius, que trabalhou numa das primeiras versões do script.


Clint Eastwood tem aqui uma magnífica atuação, daquelas que dá pra perceber que o sujeito realmente entende o personagem. E que presença! A cena na qual o bandido manté,m um ônibus escolar como refém e avista de longe a figura de Dirty Harry estática, fria, esperando tranquilamente em cima de uma ponte, pronto para fazer sua magnum 44 cuspir chumbo grosso, é algo que não dá para esquecer facilmente.

Não por acaso, foi com DIRTY HARRY que o sujeito atingiu o status de grande astro de Hollywood naquele período por parte do público, que encarou o filme como um thriller de ação, dos bons, e não como o produto fascista que alguns críticos apontavam. Sim, Dirty Harry tortura e mata bandido sem qualquer remorço... Mas, repito exatamente as minhas palavras do post anterior: me chamem de reacionário, mas no cinema isso é bom demais!

Fascista ou não, prefiro ressaltar a importância que DIRTY HARRY teve para o gênero, a direção magistral de Don Siegel, a atuação de Clint e de Andrew Robinson como Scorpion, o tal serial killer, as sequências de ação pelas ruas de São Francisco e a sensacional trilha de Lalo Schifrin. O resto é resto. No Brasil o filme é conhecido como PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL.

5.4.13

THE ROOKIE (1990)

Estava assistindo a THE ROOKIE, filme policial de ação, dirigido e estrelado pelo Clint Eastwood e que conta também com o Charlie Sheen como personagem principal.

Bem, em determinado momento acontece o seguinte:


Este sujeito aí em cima, interpretado pelo Marco Rodriguez, é um bandido disfarçado de policial que se infiltrou na casa do Charlie Sheen para assassinar a esposa deste último.


SÓ OS DOIS ESTÃO NO INTERIOR DA CASA. E o meliante começa a tomar algumas precauções trancando a porta...


... e colocando o telefone fora de circulação.


Finalmente, o sujeito parte para o ataque. A luta é ferrenha e a moça faz de tudo para salvar sua vida.


A briga continua...


E continu... HEY!!! WTF!!! VOCÊS DOIS VÃO FICAR PARADOS E NÃO VÃO AJUDAR A MOÇA!?!?!?

Sim, acreditem, isso está lá. Como conseguiram essa proeza? Precisa ser muito amador para não perceber os dois sujeitos da equipe de filmagem dentro do quadro. E num filme do Clint Eastwood? Faça-me o favor! Além dessa falha GROSSEIRA de continuidade, edição, bom senso e seja lá mais o que for, THE ROOKIE ainda possui isso:



E mais isso:




Agora entendo porque é considerado a ovelha negra na filmografia do velho Clint.

Mas, na verdade, não é de se jogar fora. Gostei da pegada buddy movie policial da primeira metade, tem um punhado de sequências de tiroteios, pancadaria e perseguições eletrizantes. Sem contar esses exageros absurdos que o filme proporciona, apesar de soarem totalmente deslocados dentro da carreira de um diretor como Eastwood, mas fazem de THE ROOKIE o trabalho mais bizarro do Clintão. Afinal, ninguém espera que um avião tente atropelar os protagonistas em uma perseguição... E é aquele caso, de tão ridículo chega a ser bom!

Além disso, temos ainda Raul Julia como o grande vilão e Sônia Braga, no auge de seus quarenta anos, pagando de gostosa em cenas calientes com o Clint (isso também entra na mesma categoria dos elementos ridículos que o filme possui). Já o Clint está em sua zona de conforto, no papel do policial durão que não segue as regras e liga a sirene da viatura pra fugir do engarrafamento. Basta fazer uma variação de Dirty Harry e está tudo certo. É sempre um prazer por vê-lo em ação, fazendo cara de poucos amigos e metendo bala em bandido sem qualquer remorso.


A coisa só fica um bocado feia na segunda metade, quando a linha narrativa dá uma deslizada e o roteiro se perde em várias sequências que não precisavam existir. Poderiam muito bem ter passado a tesoura e deixado várias cenas no chão da sala de edição. A duração é de duas horas, é muito tempo pra pouco filme. Poderiam nos poupar, por exemplo, os minutos que antecedem o desfecho. São simplesmente abomináveis, constrangedores, das piores cenas e diálogos que o Clint já filmou na vida! E o Charlie Sheen, coitado, apesar de gostar do sujeito, é difícil aguentá-lo tentando se passar de badass por aqui...

Mas o meu veredito é o seguinte: digamos que THE ROOKIE parece filme do Fred Olen Ray, mas com um pouquinho mais de grana, com suas falhas, seus exageros e até uns tiros no próprio pé... Mas gostei. É o típico filme torto que me agrada, me diverte, me faz rir e cujos problemas eu simpatizo, dão um charme tosco à obra.

Tenho mau gosto, eu sei, mas sou feliz assim. Sou muito mais THE ROOKIE do que HEREAFTER e INVICTUS.

22.11.12

FIREFOX (1982)


Não, não se trata de uma versão cinematográfica do browse de internet, Mozilla Firefox. FIREFOX, do Clint Eastwood, é simplesmente um dos thrillers mais extraordinários que o sujeito já dirigiu, basicamente por causa de uma ideia que beira a genialidade. Clint tem que roubar um avião russo super moderno, cujos comandos de controle devem ser enviado através do pensamento utilizando um capacete especial. Detalhe: o pensamento tem que ser em russo! Isso é fantástico!!! É para esse tipo de coisa que o cinema existe.

De uma forma geral, o filme não chega nem perto de ser uma obra prima ou coisa parecida, embora seja um eficiente thriller de espionagem. Mas a simples ideia do “pensar em russo” é desses detalhes que me causam fascínio extremo.

Clint interpreta um ex-piloto do exército americano que vive recluso no meio do nada, após sofrer alguns traumas durante a guerra do Vietnã, e é novamente recrutado para essa missão super secreta que eu escrevi ali em cima. Outro detalhe, o personagem do Clint sabe russo. E um dos grandes destaques de FIREFOX é poder acompanhar o ator/diretor nesse papel, um piloto que já não é mais tão jovem, resgatado da aposentadoria contra sua vontade para realizar um tipo de serviço que só ele pode fazer. E o Clint está bem à vontade no personagem.

A maior parte do filme é o sujeito se esgueirando pelas ruas de Moscou ou vilarejos na Rússia, usando disfarces diferentes, passaportes falsos, encontrando espiões que lhe ajudam, esse tipo de coisa que o Hitchcock fez muito bem em CORTINA RASGADA. Há momentos que são realmente intrigantes, alguns de prender a respiração, como na cena em que o protagonista precisa matar um agente da KGB num banheiro de metrô. Mas há uma série de trechos em que não acontece muita coisa. FIREFOX acaba sendo muito mais longo do que precisa.


Mas tudo prepara o espectador para o tal roubo do jato, durante o climax final. Quando isso de fato acontece, é um espetáculo, e o problema do ritmo já nem incomoda mais. As cenas do jato com o Clint pilotando com os pensamentos em russo – e uma perseguição que ocorre em pleno ar quando surge um outro super avião querendo derrubá-lo – foram supervisionadas pelo mestre dos efeitos especiais John Dykstra, que já estava na onda das naves espaciais, fazendo o mesmo trabalho em STAR WARS. O resultado aqui é visualmente incrível.

FIREFOX recebeu o título literalmente traduzido no Brasil: RAPOSA DE FOGO. Recomendo para quem curte um thriller de espionagem fora dos padrões.

13.1.10

INVICTUS (2009), de Clint Eastwood

Antes de qualquer coisa, INVICTUS enfatiza a boa fase recente de Clint Eastwood e o confirma também como um dos diretores mais essenciais ainda em atividade (algo que já estava confirmado há tempo, na verdade). O que me agrada no filme é a forma com o qual o diretor lida com o seu recorte histórico, trabalhando com um ícone da história recente, Nelson Mandela, sem nunca transformar o material no basicão habitual das estruturas narrativas biográficas. Inclusive, seu recorte é bem simples e mostra como Mandela utilizou a equipe de rugby da África do Sul, em pleno campeonato mundial acontecendo em seu país, como ferramenta política. Claro que no final das contas INVICTUS não deixa de ser mais um filme para servir de exemplo e inspirar o público, mas sem soar piegas como seria caso o mesmo roteiro fosse parar nas mãos de um Ron Howard, por exemplo.

Sem contar que Morgan Freeman deve ser parente do Mandela. Impressionante a construção de personagem. Matt Damon também está ótimo e o velho Clintão filma bem pra burro! Mesmo sendo um trabalho menor, fica difícil não se curvar perante o talento desse sujeito que coloca muito diretor neófito de plantão no chinelo!

30.11.09

HONKYTONK MAN (1982), de Clint Eastwood

Clint Eastwood é um desses diretores que sempre terá um espaço reservado no Dementia 13, independente de gênero. Seja em seus faroestes desmistificadores ou policias classudos, mas também em dramas sensíveis e tocantes como HONKYTONK MAN, um dos poucos filmes dirigidos pelo Clintão que precisava assistir urgentemente. Não faltam muitos agora, vou ver se consigo fechar a filmografia dele em 2010, já que eu sou muito desorganizado para essas coisas de ver filmografias de uma vez. Sempre abandono no meio do caminho...

Clint interpreta Red Stovall, um músico tuberculoso em plena depressão americana que parte numa jornada com seu sobrinho (Kyle Eastwood, filho do diretor) para Nashville, demonstrar seus dotes musicais em sua última tentativa de ser alguém na vida, última chance para deixar sua marca.

O enredo é bem simples, mas Eastwood é capaz de pegar o mais banal dos materiais e transformar numa bela obra de arte, e não digo apenas na estética, ele consegue colocar substância na trama e nos personagens, com os quais passamos a nos importar, e a forma como aborda toda a ambientação utilizando-se dos elementos de road movie é tão delicada quanto sua compreensão do período. O roteiro pode ter sido escrito por Clancy Carlile, adaptação de seu próprio livro, mas o coração do filme é a visão de Clint com seu estilo combinado às suas recordações da época. Eastwood nasceu em maio de 1930, em São Francisco, e passou a infância nas estradas empoeiradas ao lado de seu pai. Isso permitiu a ele uma atenção extrema aos detalhes, o que resulta em momentos antológicos, algumas das mais belas seqüências que o sujeito já filmou na carreira. Trabalho de alto nível este do Clintão...

2.2.09

vampiros e elefantes...

Acabei não postando a segunda parte da filmografia do Fuller por "problemas técnicos", mas uma hora vai...

Fim de semana assisti A DANÇA DOS VAMPIROS (67), do Roman Polanski. Ainda preciso ver muita coisa dele das décadas de 60 e 70. Só assisti os mais famosos: REPULSA AO SEXO, O BEBÊ DE ROSEMARY, CHINATOWN, etc. Gostei bastante dessa comédia macabra de forte apelo visual (algo parecido com alguns Bavas coloridos da década de 60) onde temos um professor canhestro e seu ajudante medroso (o próprio Polanski) às voltas com uma família de vampiros na Transilvânia, repleto de gags que se baseiam nos clichês dos filmes de vampiros. Uma forma inteligente de homenagear o gênero... Ah, e ainda tem a Sharon Tate, estonteante e arrebatadora em todos os momentos que aparece no quadro.

Assisti também mais um filme do Clintão, tentando preencher as lacunas do diretor que ainda me restam. Mas faltam poucos agora. CORAÇÃO DE CAÇADOR (90) me pareceu um dos melhores filmes do diretor e é impossível não voltar ao velho tema da direção clássica que ele tanto prega, mas vou tentar... Eastwood está excelente no papel do diretor egocêntrico que fica obcecado por caçar um grande elefante nas savanas africanas deixando as filmagens de seu novo filme em segundo plano. A real é que essa história tem traços biográfico que pertencem ao diretor John Huston quando foi à África realizar UMA AVENTURA NA ÁFRICA, de 1951, um de seus filmes mais famosos. Belíssimos os planos finais do confronto do protagonista com o imenso elefante, o homem x natureza, a tragédia visceral... e a maneira de fechar o filme com a palavra “ação” é genial. Simples, sem excessos, consciente...

14.1.09

últimos filmes...

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (2008), de David Fincher: Era o meu favorito daquela premiaçãozinha cretina que ocorreu no último domingo, tendo em vista que GRAN TORINO e THE WRESTLER não concorreram ao prêmio principal. Mas este aqui também é muito bom, do mesmo nível que estes dois. Lógico que é infinitamente melhor que SLUMDOG (acho que já virei o maior detrator do filme do Danny Boyle). É uma espécie de conto de fadas para adultos, brilhantemente conduzido pelo David Fincher e com roteiro de Eric Roth (o mesmo de FORREST GUMP, e já até começaram as comparações entre os dois filmes...) adaptado de um conto escrito em 1922 por F. Scott Fitzgerald sobre um sujeito que nasce velho e vai rejuvenescendo na medida em que cresce. A partir dessa premissa bizarra, Fincher constrói uma trama riquíssima em detalhes que além de manter a atenção do público integralmente, consegue induzir a reflexão sobre o tempo e a morte (ou a vida). Me peguei pensando nessas questões ainda horas depois que filme havia acabado. A maquiagem e o visual são muito interessantes, um belo exemplar de como recriar mundos e corpos artificiais de maneira funcional. Haja photoshop!

MILK (2008), de Gus Van Sant: Este aqui também é outro que poderia estar entre as categorias principais, mas foi ignorado. Porque não é só de Sean Penn que o filme sobrevive. Claro que o sujeito está excelente interpretando Harvey Milk, o primeiro político assumidamente gay eleito nos Estados Unidos, mas a direção de Gus Van Sant também é ótima! É a mistura, que uma hora aconteceria, entre aquela linguagem experimental iniciada em GERRY com a convencional da época de GÊNIO INDOMÁVEL. Uma coisa de alto nível para o “padrão Hollywood”. Principalmente com a fotografia maravilhosa do Harris Savides. O elenco é de primeira e conta com James Franco, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna e outros que também merecem destaque. A trama acompanha o protagonista desde a época em que decide mudar de vida com seu bofe, aluga um canto na Rua Castro (bem sugestiva), em San Francisco, e inicia modestas campanhas políticas, manifestações em favor dos direitos homossexuais até se tornar um político de verdade. É um bom panorama sobre o tema nos anos setenta nos Estados Unidos e Sean Penn está sensacional, mas ainda assim, prefiro o personagem mais humano de Mickey Rourke em THE WRESTLER.

A TROCA (2008), de Clint Eastwood: Como prometido, levei a minha pequena ao cinema. Só Não entendi qual foi a dos críticos em meter o pau neste filme. Na verdade, entendi sim, mas não concordo. O problema seria a falta de equilíbrio e o foco, já que no meio de uma trama nasce outra, talvez com maior peso que a primeira. Ok. Isso de fato acontece. Inicialmente, o filme trata de uma mãe (Angelina Jolie, demonstrando que pode ser ótima atriz quando trabalha com o diretor certo) cujo filho foi seqüestrado, acaba desconfiando que o garoto que a policia encontrou e “devolveu” não se trata da mesma criança que deveria ser seu filho. Aí surge uma história paralela, uma investigação policial sobre um serial killer de crianças, que obviamente faz ligação com a outra história. Bom, é certo que nas mãos de outro diretor, o filme seria uma bagunça cheia de excessos, mas estamos falando do velho Clint. O sujeito conduz da mesma forma segura, clássica, com força narrativa como em qualquer outro filme seu e tudo flui muito bem. As suas mais de duas horas de duração passam tranquilas e o resultado é um filme belíssimo. A diferença é que, se não me engano, é o primeiro filme com ponto de vista feminino na filmografia do Clint. Mas isso também não é problema algum...

9.1.09

GRAN TORINO (2008), de Clint Eastwood

Falando em linguagem moderninha pós anos 90 (ver o post logo abaixo), estava conversando outro dia com o Daniel Dalpizzolo justamente como o Clint Eastwood e o John Carpenter parecem ser os últimos herdeiros de uma geração clássica da velha Hollywood. E pensando aqui comigo, se esses dois gigantes do cinema passassem dessa pra melhor, quais diretores assumiriam o seu lugar? Talvez nenhum, mas é engraçado como quanto mais maduro um cineasta se torna, mais perto de uma linguagem clássica ele chega. Nos últimos anos tivemos David Fincher com ZODIACO e Paul Thomas Anderson com SANGUE NEGRO, só pra ficar nos mais novos e reconhecíveis do grande público. Ainda não vi THE WRESTLER, mas já está me cheirando o filme mais maduro do Aronofsky. Mas deixo essa discussão para os comentários.

Vamos ao que interessa. Enquanto hoje, sexta feira, por um milagre divino, vai estrear A TROCA (o outro filme do diretor) aqui em Vitória, resolvi falar de GRAN TORINO. Não que tenha gostado mais de um ou do outro, mas é que ainda não assisti o primeiro, devo fazer isso na telona este fim de semana, acompanhado da patroa, que gosta de me impressionar falando dos filmes que vê comigo e desde QUANTUM OF SOLACE não a levo ao cinema. Mas nem por isso deixa de ver filmes. GRAN TORINO é um exemplo, e ela adorou, ou seja, o filme não é tão “pra macho” quanto aparenta ser no trailer e no cartaz. A coisa aqui carrega uma grande carga de sentimento e a forma como o humor é inserido no contexto é sensacional.

Mas o melhor é o Clint Eastwood em cena. Há alguns meses ele declarou que iria se aposentar das aparições em frente às câmeras, o que é uma pena, pois seu trabalho como ator parece estar cada vez melhor. Se em MENINA DE OURO aquele personagem melancólico e solitário já enchia os olhos, imagine então agora um melancólico, solitário, racista, arrogante, rabugento e mais uma infinidade de adjetivos. Se for mesmo seu ultimo filme, fechou com chave de ouro. A trama se concentra neste sujeito, interpretado pelo Clintão, um veterano de guerra que acabou de perder a esposa e agora vive solitário em sua casa observando a chegada de imigrantes orientais em seu bairro. Até que em uma noite, seu vizinho tenta roubar seu Gran Torino desencadeando uma série de acontecimentos que vão dar algum sentido na vida do sujeito.

Não vou ficar aqui fazendo análises profundas sobre as metáforas da obra, pois GRAN TORINO é rico em significados. Pode muito bem ser visto como um drama com toques de humor, mas é legal também assistir com um olhar mais reflexivo, reparando todas as camadas de sentidos, como racismo, religião, fraternidade, cultura, redenção, e vários ouros temas abordados. O roteiro de Nick Schenk flui com perfeição sob a direção do Clint que é excelente, clássica, poderia ter sido filmado nos anos 50 que não faria diferença alguma, sem afetações bestas, fotografia magnífica e com a distancia ideal. Nunca se desdobra pro cinema fetiche, o carro do protagonista que dá nome ao filme, por exemplo, é sempre filmado de longe sem a importância que vários diretores metidos dariam. O Danny Boyle filmaria cada centímetro daquele carro com câmeras acrobáticas, o Clint jogou uma lona por cima e foi fazer cinema.

1.1.09

THE GAUNTLET (1977), de Clint Eastwood

Pra começar com o pé direito (nada contra os canhotos) o ano de 2009, este filmaço danado de bom da melhor época que o cinema americano de policial/ação viveu, dirigido e estrelado pelo Clintão, que pertencia à mesma laia que Charles Bronson, Steve McQueen, Lee Marvin, e muitos outros que chutaram bundas de bandidos no cinema... bons tempos (não vividos)... sou de 83, então só comecei a assistir os filmes desses caras, com consciência de quem eram, já nos anos 90.

Falando em McQueen, ele foi a primeira opção para viver o policial Ben Shockley em THE GAUNTLET, que depois foi parar nas mãos do velho Clint, e de lambuja a direção do filme, que, aliás, é muito boa. Não havia ainda a perspicácia magistral de hoje, mas como filme de ação é bem segura. Deixa muito claro que o sujeito não ficaria apenas mandando brasa em westerns ou interpretando variações do policial Dirty Harry, como é o caso de Shockley.

Hoje, um romance como AS PONTES DE MADSON (se bem que este já tem um bom tempinho) ou dramas mais densos como SOBRE MENINOS E LOBOS, são obras primas do cinema moderno americano sob o comando de Eastwood. Mas voltando ao THE GAUNTLET, a história trata do policial (Shockley) que recebe a missão de transportar uma testemunha de Las Vegas à Phoenix para um caso que aparenta ser banal. A testemunha é uma prostituta, interpretada pela Sondra Locke, que estava uma belezinha na época.

A coisa começa a pegar quando as aparências banais dão lugar a um esquema que consiste em eliminar tanto a testemunha quanto o próprio Shockley numa conspiração da máfia juntamente com a polícia. E por aí já dá pra ter uma idéia de como as coisas são encaminhadas, e o texto já ficou maior do que deveria e não quero ficar tomando o tempo de vocês neste início de ano! Mas valeria a pena destacar várias cenas, entre elas a chuva de balas em cima do ônibus perto do desfecho. Um dos grandes momentos do cinema de Clint Eastwood.


Obs: Essa arte para o pôster feita pelo Frank Frazetta não é mesmo sensacional?