Numa época em que Van Damme e Steven Seagal estavam no auge do cinema de porrada em Hollywood, no início dos anos 90, não faltou candidatos tentando conseguir um pouco mais de espaço no gênero. Figuras do calibre de Jerry Trimble, Don “The Dragon” Wilson, Loren Avedon, Billy Blanks e muitos outros, nunca tiveram mais destaque e oportunidades de estrelar filmes classe A, apesar da quantidade de filmes que possuem e da febre que faziam nas locadoras.
Quem chegou bastante próximo disso foi Jeff Speakman, uma dessas apostas que, infelizmente, não deu muito certo. Sua grande chance foi com THE PERFECT WEAPON, produzido sob a batuta da grande Paramount, embora tenha a mesma cara dos B movies de luta que borbulhavam naquela altura. E se não conseguiu chegar no nível de um Van Damme, tenho a impressão de que os erros foram cometidos depois, porque THE PERFECT WEAPON é muito bom!
O início é meio estranho. O filme abre com Jeff sem camisa, na sala de sua casa, treinando movimentos de artes marciais ao som de “I got the power”… e é engraçado, porque o filme só tem 85 minutos, mas mesmo assim fizeram o favor de deixar a música rolar até o final! Argh! Depois ele entra no carro, pega a estrada e começa a pensar sobre o passado. E entram os flashbacks. Dessa maneira, ficamos sabendo que depois da morte de sua mãe, Jeff virou um garoto encrenqueiro. Seu pai, que era policial, decide mandá-lo para uma escola militar, mas um vizinho oriental convence-o de enviar Jeff a uma escola de artes marciais, onde aprende auto-disciplina. Neste momento, o filme retorna para o presente e mostra Jeff dando um sorrisinho… Mas os flashbacks ainda não acabaram.
No colégio, alguns bullies resolvem implicar com o irmão mais novo de Jeff, e este o defende à base de chutes na cara, chegando a enviar um dos estudantes para o hospital. Então, o pai decide expulsá-lo de vez de casa e o vizinho resolve cuidar do rapaz (e no presente, Jeff franze a testa ao relembrar destes momentos dramáticos). Enfim, eu já estou enrolando demais. A trama mesmo é o Jeff retornando para visitar seu velho mentor, que é interpretado pelo Mako, e acaba envolvido numa guerra entre as famílias mafiosas chinesas, resultando na morte do velho. Então Jeff, com a ajuda de seu irmão, que agora é policial, resolve ir atrás dos responsáveis e THE PERFECT WEAPON se transforma num filme de vingança.
A história é bem simples mesmo, mas extremamente funcional para um filme de pancadaria. E temos aqui algumas coisas bem interessantes. Começando pelo próprio ator principal. Este é o único filme do Speakman que eu vi (quero dizer, o sujeito fez uma ponta antes no LEÃO BRANCO, do Van Damme, mas me refiro como protagonista) então não acho que dá pra avaliar se o sujeito seria realmente capaz de aguentar o tranco de ser um action heroe no estilo Dolph, Van Damme, Seagal. Mas pelo menos aqui ele tem presença e, claro, luta pra cacete. O sujeito realmente convence de que suas habilidades lhe dão a alcunha de “arma perfeita”.
Outro destaque de THE PERFECT WEAPON é o elenco. Só gente boa! Mako, James Hong, Cary-Hiroyuki Tagawa, Clyde Kusatsu, Professor Toru Tanaka e, claro, Al Leong. Nenhum filme de ação dos anos noventa envolvendo orientais que se preze poderia deixar de fora o eterno capanga Al Leong. No entanto, quem já assistiu ao filme sabe que o grande ladrão de cenas por aqui é o personagem do Professor Toru Tanaka. É daqueles tipos de vilões imparáveis, difícil de morrer e que dá um puta trabalho para o herói… Só pela estrutura do sujeito dá pra ter uma noção da situação:
Ainda pretendo conferir mais filmes com o Speakman como protagonista (não são muitos), e talvez até descobra porque o sujeito não engrenou na carreira de ator. Mas tenho a impressão de que nenhum outro trabalho dele tenha o mesmo nível de THE PERFECT WEAPON.