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23.9.13

TRANCERS (1985)


Fazia tempo que eu estava querendo postar alguma coisa sobre este pequeno, mas fantástico, sci-fi movie oitentista que marcou de maneira profunda a minha formação cinéfila, deixando sequelas irreparáveis no meu mau gosto pra filmes quando eu ainda era moleque no fim dos anos oitenta. TRANCERS, que gerou mais cinco filmes depois deste aqui, combina duas das melhores coisas do universo dos filmes B daquele período: o ator Tim Thomerson e o diretor Charles Band com sua produtora Full Moon. Quando esse dois mundos colidem, as possibilidades são infinitas. E nesse caso, o resultado é um pequeno clássico do cinema fantástico independente.

TRANCERS começa em algum lugar no futuro. O herói Jack Deth (Thomerson) adentra uma cafeteria à procura de café e de alguns... Trancers. A cafeteria possui tanto neón que parece tirada de um cenário de BLADE RUNNER. Trancers são pessoas, digamos, possuídas, sob controle mental de um sujeito chamado Martin Whistler (Michael Stefani). Eles agem normalmente até que são descobertos e se revelam como zumbis loucos psicopatas querendo destruir tudo e a todos a sua volta. Bem, é exatamente isso que acontece na cafeteria e Jack precisa agir com seu revólver em punho, pois o sujeito é um policial e seu trabalho é justamente exterminar essas criaturas.


Após uma investigação aprofundada, Jack descobre que o bandido está foragido e o que o separa do herói não é apenas a distância, mas também o tempo. Em outras palavras, o sujeito foi parar em 1985, no passado. O incansável Jack não vê problemas nisso e resolve ir atrás de Whistler antes que os habitantes daquela época sejam transformados em Trancers. Chegando lá, encontra uma Helen Hunt em início de carreira pagando mico nesta produção classe B, que ajuda o pobre Jack em sua busca (aliás, a ganhadora do Óscar de melhor atriz também participou das duas próximas continuação de TRANCERS, já nos anos 90). Isso tudo acontece nos primeiros vinte minutos de duração. O resto é gasto com Jack e sua "parceira" caçando Trancers e Whistler de várias maneiras possíveis...


Uma das grandes provilégios de assistir a TRANCERS é poder acompanhar o ator Tim Thomerson como  protagonista de um filme só seu - algo relativamente raro - agindo, atirando, fazendo caras de poucos amigos, soltando frases de efeito a cada cinco minutos, numa espécie de "Dirty" Harry do futuro... É o melhor trabalho da carreira de Thomerson, junto, claro, com DOLLMAN, geralmente marcada por papéis menores. Uma pena que seja tão subestimado, nunca teve muita oportunidade de demonstrar seu talento em filmes maiores. Acabou se dedicando - com extrema competência, diga-se de passagem - a fazer filmes dirigidos pelo Albert Pyun e produzidos pela Full Moon... Sorte nossa e azar do público "normal", que não preza pelas verdadeiras obras de arte do cinema. Como TRANCERS, por exemplo... hehehe!


Mas, atenção! O filme é todo perdido na sua lógica de viagem do tempo, o roteiro é tão imprudente com isso que Jack Deth teria feito o Doc Brown de DE VOLTA PARA O FUTURO ter um ataque cardíaco em menos de dez minutos. E quem ficar se preocupando com esse tipo de detalhe corre sérios riscos de ganhar uma úlcera no estômago. O negócio é relaxar e aproveitar os vários outros atrativos que o decorrer da aventura nos apresenta. Os efeitos especiais, por exemplo, totalmente retrôs, com raios lases e luzes brilhantes, um espetáculo de efeitos old school e muito brega. O que nos faz amar ainda mais essa belezinha!

TRANCERS é altamente recomendado. O ritmo de aventura não pára nem um minuto, a ação é exagerada e engraçada, a trilha sonora oitentista é incrível e a atitude bad ass de Thomerson nunca cessa... e há ainda viagens no tempo! Quer mais diversão que isso?

8.9.13

O ANO DO DRAGÃO (Year of the Dragon, 1985)


Fui intimado por um fiel leitor, que se apresenta apenas como Jorge, a escrever sobre O ANO DO DRAGÃO, do Michael Cimino. Então cá estamos. Só havia assistido uma única vez há muitos anos e desde então ficara marcado na minha memória como um dos grandes exemplares do gênero policial dos anos 80. Revisitei-o esta semana e me descobri diante de algo muito maior, uma obra cinematográfica poderosíssima em todos os sentidos possíveis. Já imaginava que isso fosse acontecer. O cinema de Cimino é grande e, numa revisão, O ANO DO DRAGÃO só poderia resultar em mais de duas horas de encantamento cinéfilo. Quem ainda tem dúvidas de que Cimino foi (ou "é", já que não morreu ainda, embora não realize um longa há quase vinte anos) um dos maiores cineastas americanos da história precisa olhar seu trabalho mais de perto...


A excelência do roteiro do próprio Cimino (em parceria com Oliver Stone) em O ANO DO DRAGÃO é inegável e possui muito do repertório temático presente na carreira do homem, como a América traumatizada pela tragédia que foi o Vietnã, a obsessão precisa por celebrações, o cuidado nos mínimos detalhes com os personagens, por exemplo, o protagonista, o capitão da polícia Stanley White, encarnado por Mickey Rourke. Um ex-combatente do Vietnã que transforma as ruas de Chinatown num autêntico campo de guerra contra a máfia chinesa. O papel foi oferecido para Nick Nolte e Jeff Bridges, mas após assistir a THE POPE OF GREENWICH VILLAGE, Cimino achou o ator perfeito para seu filme.

E é realmente difícil enxergar outro sujeito no lugar de Rourke, que conseguiu compor um retrato complexo e expressivo para o seu personagem. Um herói com profundas convicções em relação ao seu trabalho, mas bruto no trato com a bandidagem, capaz de ultrapassar os limites da ética profissional quando a missão é prender meliantes, além de ser um tremendo canalha com as pessoas ao seu redor. Não tenho receio em dizer que se trata do grande desempenho da carreira de Rourke. O elenco ainda tem John Lone, como a principal pedra no sapato do protagonista, Victor Wong, Raymond J. Barry e Ariane, uma modelo de traços orientais que tentou virar atriz... Ela é fraca, mas sua atuação não compromete. Alguns anos depois tentou novamente e apareceu em O REI DE NOVA YORK (90), do Abel Ferrara.


O ANO DO DRAGÃO é o primeiro filme de Cimino após o fiasco comercial de O PORTAL DO PARAÍSO, que resultou na falência da produtora United Artists, mas que gerou uma das mais impressionantes obras primas que o cinema foi capaz de criar. Aparentemente, este aqui possui pretensões mais modestas, preso às convenções do gênero policial, mas acompanhar o desenrolar da trama e a evolução do personagem de Rourke é contemplar a visão de mundo de um artista subestimado, mas simplesmente genial, e sua fascinação pela técnica cinematográfica, mantendo o filme num nível de qualidade altíssimo. Basta ao espectador ficar observando a composição dos inúmeros planos, a gestão dos espaços cênicos e a maneira virtuosa como Cimino movimenta a câmera durante todo o filme para ficar hipnotizado, além de se ter a medida exata do talento sobrepujante do último dos mavericks. Nisso inclui, claro, belas e violentas sequências de ação. Ainda prefiro VIVER E MORRER EM LA, de William Friedkin, como o grande filme policial daquele período. Mas O ANO DO DRAGÃO é um páreo duríssimo e não fica muito atrás.

28.8.13

MAIS "DIRTY" HARRY

THE ENFORCER (1976)


A trama principal é sobre um grupo terrorista que rouba uma carga de armamento pesado, incluindo lança mísseis e explosivos para fazer um tremendo estrago, e passa a chantagear os responsáveis pela cidade de São Francisco por alguns milhões de dólares. Novamente cabe a "Dirty" Harry Callahan a missão de investigar e parar os meliantes antes que uma merda muito grande aconteça. Mas isso tudo apenas serve de pretexto para outros propósitos. A ideia essencial de THE ENFORCER é fazer com que Harry trabalhe com um parceiro do sexo feminino. E aqui começam as chateações do protagonista... E também do filme. Ok, era algo relevante àquela altura ressaltar o poder feminino e etc, mas não precisavam fazer a tal parceira, interpretada por Tyne Daly, ser tão inútil e impertinente. Acaba prejudicando um bocado o andamento da história.

Por outro lado, THE ENFORCER é, de longe, o episódio da série com mais cenas de nudez. Não, Daly não mostra nada, mas dentre as várias cenas que acontecem durante o filme, há uma sequência de perseguição sobre os terraços de alguns prédios na qual o bandido cai numa clarabóia e acaba no meio de uma filmagem de um pornô! E tome pêlos pubianos na tela... Dá até prá ver a benga de um sujeito antes de Harry continuar a perseguição. Embora eu considere o capítulo mais fraco da série, THE ENFORCER, dirigido pelo batedor de estaca James Fargo, ainda consegue ser melhor que a grande maioria dos filmes de ação policial realizados nos últimos quinze anos. Temos Clint Eastwood, mais uma vez vivendo um de seus personagens mais marcantes, um elenco bacana, diálogos bem elaborados e algumas boas cenas de ação que ajudam a manter o padrão dos dois exemplares anteriores. Infelizmente, sem nunca atingir o mesmo nível no geral... Saiu no Brasil com o título SEM MEDO DA MORTE.

IMPACTO FULMINANTE (Sudden Impact, 1983)  


Harry Callahan adentra os anos oitenta. Em THE ENFORCER a série já era toda do Clint, o roteiro passou pela sua aprovação, quase chegou a dirigir, mas desistiu pouco antes das filmagens começarem e ele mesmo escolheu James Fargo para substituí-lo. Em IMPACTO FULMINANTE não teve jeito. Mais maduro como cineasta, resolveu assumir o cargo de diretor. E deu certo,  o filme é bem melhor que o terceiro e o quinto, só perde mesmo para os dois primeiros (imbatíveis), apesar de ser o capítulo mais deslocado da série.

Na trama, Harry novamente torra a paciência dos seus superiores por causa dos seus métodos nada ortodoxos. Mas dessa vez é afastado de São Francisco e enviado a uma cidade pequena para tentar resolver uma série de assassinatos que vem acontecendo. Só essa mudança de ambientação acaba tornando IMPACTO FULMINANTE o mais singular dentre os exemplares da franquia. Mas o filme vai além. É também o mais sombrio da série e praticamente não possui sequências de ação. Mas confesso que nem senti muita falta deste detalhe. A fórmula do gênero policial mais focada na investigação e no quebra-cabeça muito bem bolado do roteiro é interessante na medida certa. O suficiente para prender a atenção e não me importar com a falta de uns tiros calibre 44.

DEAD POOL (1988)



Sempre ouvi dizer como este último filme da série era ruim prá cacete e constrangedor para o velho Clintão. Fui esperando uma porcaria e acabei encontrando um exagerado filme de ação tão divertido quanto aos vários exemplares do gênero que surgiam naquele período. As pessoas são muito chatas ou eu que sou tolerante demais prá esse tipo de coisa? Tá certo que a trama repete a mesma fórmula dos três primeiros filmes: um serial killer a solta pelas ruas de São Francisco e Callahan precisa resolver a situação mais uma vez à sua maneira, para o desespero dos seus superiores. Mas o filme tem bom ritmo, é divertido e possui boa dose de suspense e tensão. Há também a diferença de uma lista negra rolando com os nomes das vítimas numa espécie de jogo e Harry Callahan faz parte dela.

O elenco é um atrativo a parte. Temos uma Patricia Clarkson no auge da beleza; Liam Neeson fazendo um diretor de filmes de horror todo afetado; e um Jim Carey numa participação especial extremamente ridícula, fazendo back vocal de Welcome to the Jungle, do Guns, que por si já pagaria o ingresso do filme. Dirigido pelo coordenador de dublês e assistente de Clint Eastwood, Buddy Van Horn, DEAD POOL traz bons momentos de ação. Nada muito especiais, mas os vários tiroteios são bem secos e classudos... A exceção é uma sequência inacreditável que só poderia ter surgido num filme de ação dos anos oitenta: uma perseguição em alta velocidade pelas ruas de São Francisco na qual um carrinho de controle remoto explosivo bota o velho Clint à pisar fundo no acelerador! Ok, DEAD POOL também possui seus problemas, está longe de ser um MAGNUM 44, tá mais um passatempo que um grande filme. Mas, convenhamos, essa sequência é GENIAL!

DIRTY HARRY NA LISTA NEGRA é o título nacional da bagaça.

Então, só para deixar claro, TOP 5 DIRTY HARRY:

5. THE ENFORCER (1976), James Fargo
4. DEAD POOL (1988), Buddy Van Horn
3. IMPACTO FULMINANTE (1983), Clint Eastwood
2. DIRTY HARRY (1971), Don Siegel
1. MAGNUN 44 (1973), de Ted Post



16.8.13

MAGNUM 44, aka Magnum Force (1973)


Pelo visto, o fato do policial Harry Callahan ter jogado fora seu distintivo ao final de DIRTY HARRY, não valeu absolutamente de nada. O filme ganhou esta primeira continuação dois anos depois e logo no início o personagem de Clint Eastwood já aparece de volta agindo como homem da lei. E seguindo ainda os seus princípios anti-sistema, algo que os críticos de cinema na época acusaram de fascismo. Bando de chatos politicamente corretos...

Em MAGNUM 44 não temos um mestre como Don Siegel na direção. Calhou de ser o pau-pra-toda-obra Ted Post no comando, mas tendo John Milius e Michael Cimino assinando o roteiro fica fácil. Até o Uwe Boll e o Albert Pyun conseguiriam fazer um bom filme.


Basicamente, o que temos em MAGNUM 44 é uma série de assassinatos inusitados acontecendo, colocando a força policial e "Dirty" Harry para esquentar os miolos. As vítimas são sempre pessoas do mundo do crime. Mafiosos, cafetões, procurados pela polícia, e o assassino é sempre um policial fardado com o uniforme da polícia de trânsito. Portanto já podemos perceber uma diferença crucial entre DIRTY HARRY e este aqui. Os bandidos não são serial killers com motivos banais, mas justiceiros que decidem iniciar um trabalho de execução para limpar as ruas de São Francisco.             


É difícil alguém ter simpatia pelo Scorpio, vilão do primeiro filme, mas com esses caras de MAGNUM 44 você pode pensar "bem, eles agem mais ou menos como o Harry, não? Possuem a mesma ideologia". E essa é a beleza da coisa. Nós já conhecemos o personagem de Harry, podemos confiar nele, sabemos que só vai atirar em meliantes armados e ainda soltar uma frase cool logo depois. Mas e esse bando de motoqueiros fardados? Quão fina é a linha traçada que separa Dirty Harry desses justiceiros? É algo a se pensar, mas parece que o personagem de Clint Eastwood já sabe a resposta e não quer perder muito tempo com estudos sociológicos. Seu negócio é ação.


E neste quesito MAGNUM 44 se sai realmente muito bem. O diretor Ted Post segue a linha dos cineastas artesãos que sabem fazer a coisa muita bem feita, embora lhes falte o talento de um Peckinpah. Há boas ideias sendo aproveitadas aqui com muita eficiência, como a sequência de perseguição ao final que culmina numa embarcação abandonada e toda a tensão que é construída para deixar o espectador vidrado. Ajuda bastante a presença de Clint Eastwood em cena acrescentando um toque de classe a mais.

Os assassinatos e o modo de agir dos justiceiros também são destaques. Lembro que foi o que mais me marcou quando era moleque e assisti de uma fita VHS que meu velho gravou da Globo no final dos anos oitenta. A sensação era de estar vendo um filme de horror... Me dava arrepio como tudo era conduzido de forma seca e brutal, o policial pedindo a carteira de motorista do indivíduo e do nada puxava o revolver e mandava chumbo na cabeça. Agora que já sou grandinho a sensação se perde, fica a lembrança. Mas essas cenas ainda possuem muita força.


No post sobre DIRTY HARRY de outro dia, vários fiéis leitores expressaram admiração por MAGNUM 44, dizendo que se tratava do melhor capítulo da saga do policial mais durão de São Francisco. Ok, o filme que originou a série é um autêntico clássico, isso não tenho dúvida alguma, mas preciso confessar que concordo que este aqui supere seu antecessor, é um baita filmaço! Agora vamos ver como se sai THE ENFORCER...

12.8.13

DIRTY HARRY (1971)


Este fim de semana revi dois filmaços que geraram franquias. Revi para refrescar a memória porque o que me interessa mesmo são as continuações, já que nunca assisti, por exemplo, THE ENFORCER e nem DEAD POOL, terceira e quinta continuações, respectivamente, de DIRTY HARRY. Vou aproveitar para rever também MAGNUM FORCE e IMPACTO FULMINANTE e assim, tentar postar a série inteira do policial mais durão de São Francisco, vivido por Clint Eastwood, aqui no blog.

O outro que revi, foi o western SETE HOMENS E UM DESTINO, de John Sturges, cujas continuações ainda não vi... Mais tarde escrevo sobre o primeiro e, durante a semana, vou postando as sequências à medida em que vou conferindo. Por enquanto, vamos ficar com DIRTY HARRY.


Mas se pudesse, eu pulava este e partia logo para o segundo. Fico meio desconfortável, sem algo novo para se dizer sobre DIRTY HARRY... É um clássico, todos sabem. Um dos filmes policiais mais influentes, ao lado de BULLIT e OPERAÇÃO FRANÇA, na renovação do policial americano (como THE STONE KILLER, do post anterior), tendo inspirado a italianada a desenvolver o poliziesco; além de criar um dos personagens mais controversos do gênero, “Dirty” Harry Callahan, que age de acordo com suas próprias leis, cujos ideais nem sempre vão de acordo com os burocráticos métodos da policia e blá, blá, blá...

Pode ser que alguém ainda não saiba que DIRTY HARRY foi baseado na série de assassinatos reais cometidos pelo serial killer chamado Zodíaco, no qual acabou virando um filme mais realista nas mãos do David Fincher em 2007. Uma diferença crucial, obviamente, é que por aqui não há moleza para um assassino tendo um policial casca grossa como “Dirty” Harry Callahan em seu encalço.


DIRTY HARRY foi originalmente anunciado tendo Frank Sinatra no papel título, que vinha fazendo personagens interessantes no fim dos anos sessenta em thrillers policiais e de ação. Mas antes de ser o escolhido, John Wayne, Steve McQueen e Paul Newman também estavam brigando pelo papel. Mas quando Sinatra desistiu, quem acabou encarnando Harry Callahan foi Clint Eastwood.

Com Sinatra pulando fora, o diretor Irvin Kershner também não quis mais saber do projeto. Melhor prá nós, pois Don Siegel, o intelectual da ação, que já havia dirigido Clintão antes, acabou assumindo o posto e fez bonito como sempre. Não faltam por aqui sequências de ação bem orquestradas, tensas e classudas, como a do início, na qual Callahan impede um roubo a banco e aproveita para soltar um de seus discursos mais celebrados:
I know what you're thinking, punk. You're thinking "did he fire six shots or only five?" Now to tell you the truth I forgot myself in all this excitement. But being this is a .44 Magnum, the most powerful handgun in the world and will blow you head clean off, you've gotta ask yourself a question: "Do I feel lucky?" Well, do ya, punk?
Cortesia de alguns bons roteiristas daquele período do cinema americano, incluindo John Milius, que trabalhou numa das primeiras versões do script.


Clint Eastwood tem aqui uma magnífica atuação, daquelas que dá pra perceber que o sujeito realmente entende o personagem. E que presença! A cena na qual o bandido manté,m um ônibus escolar como refém e avista de longe a figura de Dirty Harry estática, fria, esperando tranquilamente em cima de uma ponte, pronto para fazer sua magnum 44 cuspir chumbo grosso, é algo que não dá para esquecer facilmente.

Não por acaso, foi com DIRTY HARRY que o sujeito atingiu o status de grande astro de Hollywood naquele período por parte do público, que encarou o filme como um thriller de ação, dos bons, e não como o produto fascista que alguns críticos apontavam. Sim, Dirty Harry tortura e mata bandido sem qualquer remorço... Mas, repito exatamente as minhas palavras do post anterior: me chamem de reacionário, mas no cinema isso é bom demais!

Fascista ou não, prefiro ressaltar a importância que DIRTY HARRY teve para o gênero, a direção magistral de Don Siegel, a atuação de Clint e de Andrew Robinson como Scorpion, o tal serial killer, as sequências de ação pelas ruas de São Francisco e a sensacional trilha de Lalo Schifrin. O resto é resto. No Brasil o filme é conhecido como PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL.

10.8.13

JOGO SUJO, aka The Stone Killer (1973)


Charles Bronson e o diretor Michael Winner fizeram seis filmes juntos. Incluindo os três primeiros exemplares da série DESEJO DE MATAR. Não vi RENEGADO IMPIEDOSO, mas THE MECHANIC ainda é o meu favorito dessa parceria, embora tenha assistido hoje a JOGO SUJO, um belo filme policial, e notado que o páreo é duríssimo. Este aqui briga fácil lá em cima entre as primeiras posições.


Bronson é Lou Torrey, um policial eficiente, mas que possui certas manias no seu modo de cumprir o dever que não tem agradado muito seus superiores. Por exemplo, o filme começa quando ele é transferido para outra cidade, de Nova York para Los Angeles, apenas porque atirou para matar num jovem ladrão de dezessete anos. É claro que o meliante estava armado e pondo em risco a vida do herói, mesmo assim, causou mal estar na força policial.

Há um diálogo genial que esclarece bem o ponto de vista do protagonista. Quando questionado por conta da idade do defunto, Torrey responde algo mais ou menos como “a arma em punho lhe deu a maior idade...


Em Los Angeles começa a trabalhar com algo pequeno. No entanto, a apreensão de um simples traficante de drogas acaba por revelar um profundo e complexo esquema de assassinatos, que envolve a máfia italiana, cujo chefão (vivido por Martin Balsan) planeja vingança pra cima dos responsáveis pelo massacre de sua família, ocorrido há trinta anos. E para isso contrata um exército de ex-soldados da Guerra da Coreia e Vietnã...


Sim, é tão bom quanto parece. JOGO SUJO lembra um pouco os polizieschi, só que filmado nos Estados Unidos, obviamente, e com o estilo áspero de Winner, utilizando locações reais e câmera na mão em alguns momentos. As cenas de ação são bem classudas e brutais, mas isso é o habitual vindo do diretor que temos aqui. A sequência na qual um grupo de mercenários invade um escritório cheio de mafiosos é um espetáculo, uma ode à violência cinematográfica. Há também uma perseguição de carros e alguns outros tiroteios que estão entre as melhores que eu já vi da parceria Bronson-Winner.


E por falar em Bronson, o sujeito está sensacional num personagem muito rico, cínico, inteligente e dramático - como na cena em que defronta o famoso quadro de Goya, no qual Saturno devora o próprio filho - mas que sabe também tratar a bandidagem da maneira que merece. Ou seja, torturando e matando a sangue frio. Bah, me chamem de reacionário, mas no cinema isso é bom demais! Especialmente num exemplar de classe e sem frescura como JOGO SUJO.

19.5.13

MARTIAL LAW (1990)


Então para acabar com a preocupação de todos, resolvi aproveitar um intervalo nesse domingo para escrever sobre qualquer tralha. Isso mesmo, tralha... Confesso que exagerei no último post. Esbravejei ódio sobre “filmes que de tão ruim chegam a ser bom”, e acabei percebendo que, na verdade, ainda amo esse tipo de coisa. Sim, criei outro blog para um determinado tipo de cinema, mas para esclarecer de uma vez, as coisas no Dementia 13 não vão mudar... talvez o template mude de novo... vamos ver...

Por isso, escolhi um dos piores filmes que vi nos últimos tempos (e não é do tipo que chega a ser bom). MARTIAL LAW é um filmeco de ação policial que mistura artes marciais e tem como protagonistas o sósia do Mickey Rourke, Chad McQueen (filho do grande Steve), e a musa da pancadaria, Cynthia Rothrock. E mais, David Carradine fazendo o grande vilão, um chefe do sindicato do crime que gosta de cair na porrada contra seus desafetos. McQueen e Rothrock são um casal de namorados e também policiais e estão na cola de Carradine. O problema é quando o irmão mais novo do herói começa trabalhar para o mafioso.

Mesmo com um plot básico e besta como esse em mãos, os realizadores tiveram a capacidade de fazer um filme tosco, sem foco, travado... Que desperdício! É tão ruim que nem encontrei imagens para ilustrar o post. então vai um trailer... dublado em alemão, que, acreditem, é melhor que o filme inteiro:



Mas ainda assim é muito bom poder ver o velho David Carradine como um típico vilão clássico dos filmes de ação dos anos 80 e 90. Não basta ter apenas o coração duro, cheio de maldade e chefiar uma rede de crimes, o sujeito ainda conhece técnicas proibidas de artes marciais, que matam com o poder das mãos. É o toque da morte! O personagem usa essas qualidades mortais em algumas ocasiões, no grandalhão Professor Toru Tanaka, por exemplo. MARTIAL LAW tem várias sequências de pancadaria e até são bem feitas. Mas parece que falta algo, falta um elemento de diversão, uma graça (não diria humor, mas realmente se leva muito à sério), uma trama mais bem definida, até uma perseguição de carro talvez contribuísse para o andamento...

MARTIAL LAW teve ainda duas continuações. E apesar desta primeira parte ser um tanto medíocre, algumas coisas são corrigidas nas sequências. Mas ainda assim, este filme me traz algumas reflexões... Por que há duas continuações dessa porcaria? Será que o público da época ao se deparar com esta obra prima clamou por outros filmes? Vai saber... mas é por isso que eu adoro os filmes B de ação dos anos 90. E se eu parar de escrever sobre esse tipo de coisa em língua portuguesa, quem é que vai escrever? É por isso que eu vou me manter firme e forte por aqui. Obrigado a todos que comentaram no último post, e também os que não comentaram, são vocês que fazem isso aqui acontecer.

5.4.13

THE ROOKIE (1990)

Estava assistindo a THE ROOKIE, filme policial de ação, dirigido e estrelado pelo Clint Eastwood e que conta também com o Charlie Sheen como personagem principal.

Bem, em determinado momento acontece o seguinte:


Este sujeito aí em cima, interpretado pelo Marco Rodriguez, é um bandido disfarçado de policial que se infiltrou na casa do Charlie Sheen para assassinar a esposa deste último.


SÓ OS DOIS ESTÃO NO INTERIOR DA CASA. E o meliante começa a tomar algumas precauções trancando a porta...


... e colocando o telefone fora de circulação.


Finalmente, o sujeito parte para o ataque. A luta é ferrenha e a moça faz de tudo para salvar sua vida.


A briga continua...


E continu... HEY!!! WTF!!! VOCÊS DOIS VÃO FICAR PARADOS E NÃO VÃO AJUDAR A MOÇA!?!?!?

Sim, acreditem, isso está lá. Como conseguiram essa proeza? Precisa ser muito amador para não perceber os dois sujeitos da equipe de filmagem dentro do quadro. E num filme do Clint Eastwood? Faça-me o favor! Além dessa falha GROSSEIRA de continuidade, edição, bom senso e seja lá mais o que for, THE ROOKIE ainda possui isso:



E mais isso:




Agora entendo porque é considerado a ovelha negra na filmografia do velho Clint.

Mas, na verdade, não é de se jogar fora. Gostei da pegada buddy movie policial da primeira metade, tem um punhado de sequências de tiroteios, pancadaria e perseguições eletrizantes. Sem contar esses exageros absurdos que o filme proporciona, apesar de soarem totalmente deslocados dentro da carreira de um diretor como Eastwood, mas fazem de THE ROOKIE o trabalho mais bizarro do Clintão. Afinal, ninguém espera que um avião tente atropelar os protagonistas em uma perseguição... E é aquele caso, de tão ridículo chega a ser bom!

Além disso, temos ainda Raul Julia como o grande vilão e Sônia Braga, no auge de seus quarenta anos, pagando de gostosa em cenas calientes com o Clint (isso também entra na mesma categoria dos elementos ridículos que o filme possui). Já o Clint está em sua zona de conforto, no papel do policial durão que não segue as regras e liga a sirene da viatura pra fugir do engarrafamento. Basta fazer uma variação de Dirty Harry e está tudo certo. É sempre um prazer por vê-lo em ação, fazendo cara de poucos amigos e metendo bala em bandido sem qualquer remorso.


A coisa só fica um bocado feia na segunda metade, quando a linha narrativa dá uma deslizada e o roteiro se perde em várias sequências que não precisavam existir. Poderiam muito bem ter passado a tesoura e deixado várias cenas no chão da sala de edição. A duração é de duas horas, é muito tempo pra pouco filme. Poderiam nos poupar, por exemplo, os minutos que antecedem o desfecho. São simplesmente abomináveis, constrangedores, das piores cenas e diálogos que o Clint já filmou na vida! E o Charlie Sheen, coitado, apesar de gostar do sujeito, é difícil aguentá-lo tentando se passar de badass por aqui...

Mas o meu veredito é o seguinte: digamos que THE ROOKIE parece filme do Fred Olen Ray, mas com um pouquinho mais de grana, com suas falhas, seus exageros e até uns tiros no próprio pé... Mas gostei. É o típico filme torto que me agrada, me diverte, me faz rir e cujos problemas eu simpatizo, dão um charme tosco à obra.

Tenho mau gosto, eu sei, mas sou feliz assim. Sou muito mais THE ROOKIE do que HEREAFTER e INVICTUS.

13.1.13

96 HORAS DE WALTER HILL

Contagem Regressiva BULLET TO THE HEAD # 6: 
48 HORAS (1982) + 48 HORAS - PARTE II (1990)


Ainda no processo de conferir e revisitar os filmes do Walter Hill, fiz uma sessão dupla com os dois 48 HORAS. Fazia uns bons quinze anos que não assistia. Muito antes de MÁQUINA MORTÍFERA e o seriado MIAMI VICE, Hill já tinha se aproveitado das maravilhas do subgênero “buddy cop movies interracial” de maneira minuciosamente particular. Apesar de não ser nenhum inventor do estilo, o primeiro 48 HORAS serviu de base para muitos exemplares posteriores.

Ambos reprisaram milhares de vezes nas tardes da TV no final dos anos 80 e início dos 90, e para quem teve a oportunidade de conferir na época já deve estar careca de saber o enredo. Mas, para quem não sabe, vamos ao filme de 82: o policial Jack Cates (Nick Nolte), em uma manobra desesperada para pegar um assassino, consegue obter custódia do presidiário Reggie Hammond (Eddie Murphy) por 48 horas para ajudá-lo com o caso, formando uma dupla inusitada.

A princípio se odeiam, discutem as diferenças, até saem na porrada! Mas gradativamente vão ganhando o respeito do outro e grande parte da diversão em 48 HORAS é acompanhar esse processo de “conquista” e as questões levantadas pelo fato do policial ser branco e o seu novo parceiro ser um ex-criminoso negro.


Cates ofende Hammond com os mais variados insultos raciais possíveis escritos pelos roteiristas. Se bem que Nolte já declarou que muitos diálogos entre ele e Murphy foram improvisados. De qualquer maneira, seu personagem pede desculpas mais tarde e diz que estava apenas fazendo seu trabalho, mantendo Hammond por baixo... Vamos fingir que acreditamos. Vale lembrar que estamos no início dos anos 80 por aqui, o politicamente correto ainda não estava impregnado em todos os meios de comunicação. Se um personagem é racista, não tem porque amenizá-lo...

Além do próprio Hill, um dos roteiristas foi Roger Spottiswoode, que dirigiu uns filmezinhos legais de ação, mas nunca chegou aos pés de seus mentores. O sujeito foi editor do belo western PAT GARRET & BILLY THE KID, de Sam Peckinpah, e LUTADOR DE RUA, do Hill. Mais duas pessoas também contribuiram no guião: Larry Gross e Steven E. de Souza, que era ótimo roteirista, escreveu vários filmes de peso dos anos 80, como DURO DE MATAR e COMANDO PARA MATAR, mas quando finalmente resolveu se meter na direção, fez a desastrosa adaptação de Street Fighter para as telas, com o Van Damme.

48 HORAS tem alguns fatos curiosos, um deles é que se trata da estreia de Eddie Murphy, com apenas 20 anos, na tela grande. Já tinha uma certa reputação na TV, no cenário humorístico dos stand ups, e aqui não precisa fazer muito esforço para ser o alívio cômico. Não sei se era intenção dos realizadores que o personagem fosse engraçado, até porque a escolha inicial era o Gregory Hines, mas com Murphy nas mãos, tiveram que aceitar as palhaçadas. Mas até que a veia cômica do seu personagem faz bem ao filme.


É o contraponto perfeito ao típico policial casca grossa, mal humorado, de Nick Nolte. Sujeito que não gosta de seguir as regras, age por vias nada convencionais, não tem muitos amigos, o chefe de polícia não sai do seu encalço lhe pressionando para fazer relatórios, a namorada está prestes a deixá-lo, aparentemente racista, está sempre em volta de uma garrafa de whisky... Obviamente, é o personagem perfeito para Nolte. Engraçado pensar que Mickey Rourke foi o primeiro nome pensado para o papel. Tiraria de letra, claro, mas sinto muito, Sr. Rourke, Jack Cates tem a cara e a voz de Nick Nolte, cuspido e escarrado!

Há também um bocado de outras figuras interessantes por aqui, como os vilões vividos por James Remar, que já havia trabalhado com o Hill em THE WARRIORS, e Landham Sonny, o índio de PREDADOR. São daqueles tipos de meliantes desprezíveis que realmente conseguiam meter medo e que fariam os bandidinhos do cinema atual tremer na base. Os dois são autênticos psicóticos assassinos!

No elenco ainda temos Frank McRay, Jonathan Banks, David Patrick Kelly, que interpreta um sujeito com o mesmo nome que tinha em THE WARRIORS: Luther. Para finalizar, temos Brion James, outro ator que foi dirigido por Hill, dessa vez na obra prima SOUTHERN COMFORT.


Muito bem! De elenco, personagens, trama e temas, estamos muito bem servidos para um puta filme policial. O que mais os realizadores poderiam acrescentar para transformar 48 HORAS numa experiência arrebatadora para os amantes do gênero? AÇÃO, é claro! E com o selo de qualidade Walter Hill a ação é a da mais pura qualidade! Os bons exemplos são os tiroteios filmados com elegância e montados de maneira simples sem qualquer vestígio de frescuras modernosas. Não são tão espetaculares como as de EXTREME PREJUDICE, mas todas as sequências de ação mantém o estilo magistral do diretor.


Oito anos depois, Walter Hill decidiu dirigir uma continuação de 48 HORAS. Contextualizando a situação de alguns indivíduos, em 1990 Eddie Murphy estava no topo, desfrutando de uma carreira sólida. Nick Nolte, apesar de um percurso interessante, estava mais interessando em observar o fundo de garrafas de cachaça. Já o Walter Hill vinha de um belíssimo filme, JOHNNY HANDSOME, mas até hoje um de seus trabalhos menos lembrados. Demonstra a habilidade do diretor como contador de história, mais focado no tour de force Mickey Rourke, e não precisou elaborar sequências de ação. Talvez seja por isso que Hill tenha resolvido chutar o balde nesse aqui.

48 HORAS - PARTE II possui certos exageros no tom, no humor, na ação, que não existem em 48 HORAS (um exemplar mais sério e verossímil  na medida do possível). Particularmente, sou bem mais o filme de 82. Não significa que o segundo seja ruim, como grande parte da crítica cantou na época do lançamento. Apenas destaco o fato dessa mudança de tonalidade. E é só na tonalidade mesmo, porque em relação à história e temas, é praticamente um xerox do primeiro filme!


Reparem na falta de sutileza na sequência que Jack Cates aparece pela primeira vez neste aqui. Ele persegue um sujeito numa pista de corrida de moto, surge um tiroteio, uma bomba de gás pega fogo e em menos de 10 minutos de filme temos uma puta explosão! A maneira como Hammond entra de vez na história é igualmente exagerada, com o ônibus da prisão sendo atacado por uma gangue de motoqueiros assassinos e capotando dezenas de vezes...

Mas o importante é que as duas figuras estão de volta. A trama se passa cinco anos depois dos acontecimentos do filme anterior e dessa vez a dupla retorna para tentar encontrar o misterioso traficante de drogas, que atende pelo nome de Iceman.

Murphy repete o papel de Reggie Hammond bem mais à vontade, podendo fazer suas palhaçadas tranquilamente. Naquela época já era sem graça, mas dirigido por alguém do calibre de Hill, até que deu certo. A cena no bar onde ele saca uma arma e faz um monólogo sobre como está tendo um dia péssimo é das melhores performances em toda a carreira de Murphy.


Nick Nolte, que é o grande destaque do primeiro filme, me pareceu um tanto no piloto automático por aqui, apenas repetindo de maneira mecânica e pouco inspirada o que já tinha feito oito anos atrás. Continua o mesmo badass de sempre, por isso dá pra relevar. E a química que mantém com Murphy também ajuda. Parecem até se divertir durante as filmagens...

O grande vilão de 48 HORAS – PARTE II é o irmão do personagem de James Remar, interpretado por Andrew Divoff, um mercenário contratado para matar Reggie. Aproveita também a oportunidade para vingar a morte de seu irmão, que levou chumbo grosso de Cates.Também lidera a tal gangue de motoqueiros que, captado pelas câmeras de Hill, faz lembrar mais um grupo de cowboys modernos. E de fato, a abertura é claramente inspirada num western, gênero que Walter Hill iria se debruçar nos anos 90 com dois filmes e meio (levando em conta que O ÚLTIMO MATADOR é meio gangster, meio faroeste). O resto do grupo é formado por David Anthony Marshall e Ted Markland. No elenco temos novamente a presença de Brion James, além de Kevin Tighe e Ed O’Ross.


Essa segunda parte da série ainda se beneficia por mais algumas doses de ação muito bem filmadas, com destaque para o clímax final, uma confusão de tiros, socos e explosões. E só por essas sequências, a experiência de rever essa belezinha já valeu a pena. O veredito é de que eu gosto bastante de 48 HORAS - PARTE II, para mim seria extremamente difícil rejeitá-lo, tendo novamente a reunião dessas duas figuras, Nolte e Murphy, em uma aventura policial inédita, mesmo fazendo as mesmas coisas vistas no filme anterior.

No entanto, não nego o fato de que este capítulo poderia chegar mais longe se os realizadores tivessem feito uma variação mais ambiciosa, levado a trama para outros caminhos, ou até mesmo se aprofundado ainda mais na construção dos personagens, nas suas relações, enfim, não tornar 48 HORAS - PARTE II em um simples repeteco do primeiro filme. Essa sensação fica ainda mais forte se os dois exemplares forem assistidos em sequência.

11.8.12

VIVER E MORRER EM LOS ANGELES (1985)


Aqui está o meu texto escrito para o blog HQ SUBVERSIVA, editado pelo amigo Caio de Freitas Paes, sobre VIVER E MORRER EM LA, de William Friedkin.
Clique aqui para ler.