Longe de Cannes, só nos resta ver um bom filme de porrada!!!
Dezesseis anos após ter estrelado DRUNKEN MASTER, Jackie Chan retornou com este DRUNKEN MASTER II, que possui ligação com o filme anterior apenas pela presença do ator e por ele utilizar a técnica dos oito deuses embriagados, mas são filmes totalmente independentes. E por mais que eu tenha rasgados elogios ao primeiro, este aqui consegue ser superior! É provavel que seja a última obra prima do cinema de artes marciais...
Corrijam-me se eu estiver errado, mas desde o início da década de 80 Jackie Chan não participava de uma produção de época. Mas o fato é que no começo dos anos 90, houve um ressurgimento dos filmes de kung fu históricos, como ERA UMA VEZ NA CHINA, por exemplo, estrelado por Jet Li, então era inevitável que Chan retornasse ao gênero que o tornou famoso, principalmente nesta espécie de sequencia de um dos seus principais trabalhos que o elevou ao estrelato.
E é muito bacana poder ver Jackie Chan fazendo papel de jovem molecão. Na verdade, ele já estava com 40 anos na época e seu personagem tem aproximadamente 20, mas isso não faz a menor diferença, e não apenas pela atuação e o modo de retratar a juventude, mas seu aspecto físico ajudava bastante. Chan era apenas oito anos mais novo que o ator que interpreta seu pai (Ti Lung) e uns dez anos a mais que atriz que fazia sua madrasta (Anita Mui)...
E é muito bacana poder ver Jackie Chan fazendo papel de jovem molecão. Na verdade, ele já estava com 40 anos na época e seu personagem tem aproximadamente 20, mas isso não faz a menor diferença, e não apenas pela atuação e o modo de retratar a juventude, mas seu aspecto físico ajudava bastante. Chan era apenas oito anos mais novo que o ator que interpreta seu pai (Ti Lung) e uns dez anos a mais que atriz que fazia sua madrasta (Anita Mui)...
Vamos à trama, que se passa no início do século passado, quando Fei Hong (Chan) está viajado com seu pai. Hong, que tem “encrenca” escrito na testa, arruma uma forma de esconder uma caixinha, contendo uma raiz medicinal, para não ter que pagar impostos ao passar pela alfândega. Por causa da semelhança entre duas caixinhas, um sujeito acaba pegando a de Fei Hong por engano, e este, que não quer saber de papo, parte pra cima do sujeito, e antes que você consiga dizer “papibaquígrafo”, a porrada já está comendo solta! Afinal, DRUNKEN MASTER II é um filme de Kung Fu! Ninguém iria querer que o Jackie Chan tentasse recuperar a caixinha com educação, não é?
Fei Hong recupera a caixa, mas a errada. Esta contém um selo imperial, e é o que o sujeito queria, na verdade, mas acabou ficando com a raiz. Muito bem, a trama parte daí para um assunto mais "sério", revelando um grupo de contrabandistas que vende tesouros e artefatos da China para os museus pelo mundo afora. Como Hong tem o selo imperial em mãos, acaba tornando-se alvo dos contrabandistas. Assim como a caixa trocada serviu para desencadear toda uma situação, numa outra cena, uma das mais memoráveis, os bandidos também confundem os objetos pessoais dentro da bolsa da sra. Wong, madrasta de Hong, com o famigerado selo, transformando o filme numa comédia de erros e gags que justifique as sequencias de luta!
Nesta em particular, Fei Hong persegue o bando, e começa a lutar sozinho contra vários meliantes, algo habitual para um cara como Jackie Chan. Mas a coisa fica ótima quando a sra. Wong começa a lhe fornecer bebidas alcoólicas permitindo que Hong libere a técnica Drunken Boxer! É bem conhecido o fato que a embriaguez deixa uma pessoa mais corajosa e solta, mas que também melhore seu Kung Fu, aí já não sei... pelo menos com Fei Hong funciona muito bem!
Aí que está a grande importância de ter assistido ao DRUNKEN MASTER e ser familiarizado com a técnica Drunken Boxer. Não que eu seja adepto ao procedimento, na verdade, a única vez que briguei na vida, lá pelos meus doze anos, apanhei feio, e não estava embriagado, mas depois eu conto esta história... Então, para quem não assistiu e ainda teve paciência de chegar até aqui em baixo nesta leitura nada agradável e cheia de spoilers, o Drunken Boxer é o estilo que o personagem de Jackie Chan utiliza, garantindo resistência à dor enquanto execulta movimentos como a de um bêbado, caso estivesse lutando. Portanto há uma série de tropeços e um balancear estranho, mas acabam dando certo na hora de desferir os golpes, seguido, é lógico, do nome do golpe dito em voz alta. E para se chegar a tal transcendência marcial, basta tomar uma caninha...
Bom, agora que já sabem tudo sobre esta arte, vamos as sequências de luta que são de tirar o fôlego. Duas, em especial, podem entrar para a história do cinema de artes marciais. A primeira é a que acontece no restaurante onde Fei Hong luta contra dezenas de vagabundos, usando machadinhas, enquanto nosso herói improvisa uma arma genial feita de bambu. A outra é a sequencia final, uma das mais magistrais exibições de proezas físicas que o cinema de porrada já proporcionou! A esta altura, o diretor Liu Chia-Liang (36th CHAMBER OF SHAOLIN) já havia chutado o balde e a direção estava toda nas mãos de Jackie Chan. Os vinte minutos finais foram filmados em quatro meses! Quem disse que Jackie Chan não era perfeccionista?
E mesmo que a trama não seja um padrão de originalidade, ela possui os McGuffin's necessários para a boa dose de ação corporal que come solta intensamente durante todo o filme, e ainda consegue desenvolver vários aspectos paralelos, como o orgulho chinês pelo seu patrimônio histórico, e se aprofundar bastante no personagem de Chan, que apesar de chutar muitas bundas, sua luta principal é encontrar aceitação aos olhos de seu pai. Pena que Jackie Chan nunca mais conseguiu atingir o mesmo nível de DRUNKEN MASTER II.
Gostei muito do texto Ronald! Essas duas sequencias de luta que voce citou são realmente inacreditáveis! A primeira é Leung puro, tem até um filme antigo dele com uma sequencia praticamente igual; agora o final é Chan puro e inspirado como nunca. Ajuda muito o fato do último lutador que ele enfrenta ser o Ken Lo, seu guarda-costas pessoal e integrante de sua equipe de dubles há muitos e muitos anos. Os caras se conhecem muito bem e trocam porrada há decadas, seja em filmes ou em treinos. Embora seja a obra-prima máxima do Jackie Chan, ele tem vários filmes posteriores que eu acho absolutamente sensacionais. Procure assistir FIRST STRIKE e principalmente QUEM SOU EU?. Ambos são fodásticos!
ResponderExcluirBeleza, Herax, vou seguir seu conselho... mas eu duvido que chegue no nível de Drunken Master II! hehe
ResponderExcluirEsses que o Herax citou não chegam aos pés de DRUNKEN MASTER II, lógico, mas vale muito a pena conhecer. Particularmente tenho um carinho todo especial pelo ARREBENTANDO EM NOVA YORK (RUMBLE IN THE BRONX), que é um dos filmes mais porra-louca de Jackie Chan nos anos 90.
ResponderExcluirE você está certo, o último filme de época que Jackie Chan fez antes de DRUNKEN MASTER II foi O LORDE DRAGÃO (DRAGON LORD), que é de 82, 12 anos antes de sua obra-prima.
Excelente texto, Ronald!
A fabulosa seqüência do restaurante, que já assisti inúmeras vezes, é referenciada pelo irmãos Wachowski no jogo Path of Neo, onde é cenário de uma luta de Neo x Agentes.
ResponderExcluirE Drunken Master II é o máximo do cinema de kung fu/humor de Jackie Chan. Só em Projeto China (o primeiro que vi dele no cinema) em havia me impressionado tanto.