18.11.11

O VINGADOR ANÔNIMO, aka Street Law (Il cittadino si ribella, 1974)

Franco Nero marca presença como protagonista pela segunda vez num filme de Enzo G. Castellari, encarnando o engenheiro Carlo, sujeito pacato numa cidade onde o crime e a violência reinam desenfreadamente, como é mostrado nos créditos de abertura de STREET LAW. Assassinatos, roubos, vandalismo, os bandidos fazem a festa neste magnífico poliziottesco. E se no filme anterior do diretor o título italiano dizia que “a policia incrimina e a lei absolve”, neste aqui a situação fica ainda pior. A policia é tão corrupta quanto um deputado em Brasília, a lei não serve pra porra nenhuma e o nosso herói, cidadão comum, precisa botar a mão na massa por justiça.

O problema é que Carlo vai ao banco depositar seu dinheiro suado no mesmo horário que três bandidos decidem assaltar o local. Na fuga, escolhem o protagonista como refém, que após o acontecimento fica traumatizado e tremendamente decepcionado com a forma pela qual a polícia cuida do caso. Aos poucos, e contando com a ajuda de um ladrãozinho, localiza os bandidos e planeja sua vingança.

Divagando um bocado sobre o gênero, eu acho que o poliziottesco poderia ser dividido em três categorias: os exemplares protagonizados por policiais, como HIGH CRIME, NAPOLI VIOLENTA, etc; Temos também os estrelados por bandidos/mafiosos, abordando esse universo do crime organizado, como MILANO CALIBRO 9 e LA MALA ORDINA; e teríamos a categoria que STREET LAW se encaixa, a do sujeito comum, que por determinado motivo resolve pegar uma arma e mandar chumbo nos meliantes, como é o caso também de MANHUNT IN THE CITY, do Umberto Lenzi.

E novamente é preciso destacar o belíssimo desempenho de Franco Nero. Diferente de um vingador como Charles Bronson em DESEJO MATAR, Nero constrói um civil repleto de fraquezas, todo desajeitado nessa busca por vingança, e ganha muita veracidade nas expressões do ator. Aliás, o motivo para ir atrás dos bandidos nem é tão grave como vemos em outros filmes. Tudo bem que o cara foi levado como refém, levou umas cacetadas, mas é só… até a namoradinha, vivida por Barbara Bach, sai ilesa. Paul Kersey saiu às ruas empunhando um revolver para vingar a filha estuprada e a esposa assassinada por uns malucos que invadiram sua casa. Um motivo bem mais contundente.

STREET LAW não tem muita ação, é mais focado nas investigações de Marco e as burradas que faz pelo caminho. O tiroteio final, por exemplo, é filmado de maneira que remete à natureza do protagonista… o cara fica escondido o tempo todo atrás de umas caixas e atira a esmo sem saber direito o que faz. Mas é sensacional! É uma ação intencionalmente feia, mas brilhantemente conduzida por Castellari, que novamente destrói com mais uma aula de enquadramento, movimentos de câmera, câmera lenta, utilização de trilha sonora…

Engraçado que o diretor William Lustig, nos comentários em áudio do DVD lançado pelo seu selo, a Blue Underground, comenta com Castellari que STREET LAW serviu de inspiração para o seu VIGILANTE. O curioso é que STREET LAW foi lançado em video na Inglaterra como VIGILANTE 2. O filme que serviu de inspiração para a produção de Lustig acabou tornando-se também a sua continuação.

Outra curiosidade interessante é em relação ao poster de STREET LAW na Turquia, cuja arte recebeu uma imagem adicional de uma mulher nua com uns peitões de fora, algo que não havia no cartaz original e de outros países, muito menos no próprio filme! Esses turcos são picaretas até nisso! Hahaha!

3 comentários:

  1. Ronald, por acaso tu já conferiu o último filme do Castellari de 2010.Ele tá com uma nota péssima no imdb. tu sabe alguma coisa sobre o filme?
    Caribbean bastards é o nome

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  2. Sim, conferi o Caribbean e a nota péssima no imdb não me surpreende. De um ponto de vista, é um trabalho horroroso mesmo, muito longe do Castellari de antes... mas existem outros pontos de vista que amenizam um bocado isso. Ainda vou escreve sobre ele.

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  3. alexandre mourão11/12/2011, 19:37

    esse filme era exibido na tv, nos anos oitenta, sob o título de "o vingador anônimo"... reconheci pela história...

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