Franco Nero marca presença como protagonista pela segunda vez num filme de Enzo G. Castellari, encarnando o engenheiro Carlo, sujeito pacato numa cidade onde o crime e a violência reinam desenfreadamente, como é mostrado nos créditos de abertura de STREET LAW. Assassinatos, roubos, vandalismo, os bandidos fazem a festa neste magnífico poliziottesco. E se no filme anterior do diretor o título italiano dizia que “a policia incrimina e a lei absolve”, neste aqui a situação fica ainda pior. A policia é tão corrupta quanto um deputado em Brasília, a lei não serve pra porra nenhuma e o nosso herói, cidadão comum, precisa botar a mão na massa por justiça.
O problema é que Carlo vai ao banco depositar seu dinheiro suado no mesmo horário que três bandidos decidem assaltar o local. Na fuga, escolhem o protagonista como refém, que após o acontecimento fica traumatizado e tremendamente decepcionado com a forma pela qual a polícia cuida do caso. Aos poucos, e contando com a ajuda de um ladrãozinho, localiza os bandidos e planeja sua vingança.
Divagando um bocado sobre o gênero, eu acho que o poliziottesco poderia ser dividido em três categorias: os exemplares protagonizados por policiais, como HIGH CRIME, NAPOLI VIOLENTA, etc; Temos também os estrelados por bandidos/mafiosos, abordando esse universo do crime organizado, como MILANO CALIBRO 9 e LA MALA ORDINA; e teríamos a categoria que STREET LAW se encaixa, a do sujeito comum, que por determinado motivo resolve pegar uma arma e mandar chumbo nos meliantes, como é o caso também de MANHUNT IN THE CITY, do Umberto Lenzi.
E novamente é preciso destacar o belíssimo desempenho de Franco Nero. Diferente de um vingador como Charles Bronson em DESEJO MATAR, Nero constrói um civil repleto de fraquezas, todo desajeitado nessa busca por vingança, e ganha muita veracidade nas expressões do ator. Aliás, o motivo para ir atrás dos bandidos nem é tão grave como vemos em outros filmes. Tudo bem que o cara foi levado como refém, levou umas cacetadas, mas é só… até a namoradinha, vivida por Barbara Bach, sai ilesa. Paul Kersey saiu às ruas empunhando um revolver para vingar a filha estuprada e a esposa assassinada por uns malucos que invadiram sua casa. Um motivo bem mais contundente.
STREET LAW não tem muita ação, é mais focado nas investigações de Marco e as burradas que faz pelo caminho. O tiroteio final, por exemplo, é filmado de maneira que remete à natureza do protagonista… o cara fica escondido o tempo todo atrás de umas caixas e atira a esmo sem saber direito o que faz. Mas é sensacional! É uma ação intencionalmente feia, mas brilhantemente conduzida por Castellari, que novamente destrói com mais uma aula de enquadramento, movimentos de câmera, câmera lenta, utilização de trilha sonora…
Engraçado que o diretor William Lustig, nos comentários em áudio do DVD lançado pelo seu selo, a Blue Underground, comenta com Castellari que STREET LAW serviu de inspiração para o seu VIGILANTE. O curioso é que STREET LAW foi lançado em video na Inglaterra como VIGILANTE 2. O filme que serviu de inspiração para a produção de Lustig acabou tornando-se também a sua continuação.
Outra curiosidade interessante é em relação ao poster de STREET LAW na Turquia, cuja arte recebeu uma imagem adicional de uma mulher nua com uns peitões de fora, algo que não havia no cartaz original e de outros países, muito menos no próprio filme! Esses turcos são picaretas até nisso! Hahaha!
Ronald, por acaso tu já conferiu o último filme do Castellari de 2010.Ele tá com uma nota péssima no imdb. tu sabe alguma coisa sobre o filme?
ResponderExcluirCaribbean bastards é o nome
Sim, conferi o Caribbean e a nota péssima no imdb não me surpreende. De um ponto de vista, é um trabalho horroroso mesmo, muito longe do Castellari de antes... mas existem outros pontos de vista que amenizam um bocado isso. Ainda vou escreve sobre ele.
ResponderExcluiresse filme era exibido na tv, nos anos oitenta, sob o título de "o vingador anônimo"... reconheci pela história...
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