24.4.12

Contagem regressiva BULLET TO THE HEAD #3: THE WARRIORS - OS SELVAGENS DA NOITE (1979)

Estava revendo outro dia o DVD de THE WARRIORS que eu havia comprado há séculos, mas NUNCA tinha botado no aparelho para conferir. E, para minha surpresa, felizmente, descobri que a versão que eu tenho não é a director’s cut! Como eu não faço idéia do ano que essa versão do diretor foi lançada, julgo que a minha cópia veio antes. O filme foi relançado há uns dois anos por aqui e não sei também qual versão colocaram. A principal diferença é que a director’s cut possui uns efeitos de história em quadrinhos na edição de algumas transições que eu, particularmente, achei brega pra cacete. Prefiro a montagem original.

Mas isso não importa, THE WARRIORS é uma experiência obrigatória de qualquer jeito. E se alguém aí estiver lendo este comentário sem ter assistido ainda, recomendo que pare tudo agora e vá assistir! Se já passou mais de cinco anos que você viu, reveja! É impressionante a riqueza de detalhes que este filme possui. A cada revisão, novas descobertas.

Mas nem sempre foi tão fácil assistir ao filme. Nunca chegou a ser uma raridade, ou nada disso, especialmente aqui no Brasil foi bastante reprisado na TV e o acesso a ele nunca gerou algum tipo de complicação. Mas na época do lançamento, THE WARRIORS conseguiu fama de filme polêmico após confusões e quebra-quebra em alguns cinemas onde o filme era projetado. Em alguns países, como a Suécia, por exemplo, chegou a ser proibido.


Tá certo que é uma obra que faz um retrato perfeito sobre a onda devastadora das gangues nos anos 70 (embora seja baseado num livro da década de 60), tem um belo cartaz mostrando uma multidão de delinquentes com caras de poucos amigos, armados com bastões, e dizeres insinuantes. Então imaginem vocês assistindo a projeção na época do lançamento, dividindo o local com uma horda de membros de gangues, animados com um filme que fala sobre… eles!

Mas o que realmente me chama a atenção é a maneira na qual o diretor Walter Hill constrói sua fábula a partir de uma idéia tão simples. Os Warriors são uma gangue do sul de Manhattan que comparecem ao Bronx para participar de uma reunião com quase todas as tribos que planejam uma união para dominar a cidade.

You're standing right now with nine delegates from 100 gangs. And there's over a hundred more. That's 20,000 hardcore members. Forty-thousand, counting affiliates, and twenty-thousand more, not organized, but ready to fight: 60,000 soldiers! Now, there ain't but 20,000 police in the whole town. Can you dig it?” É o que diz Cyrus, o líder da mais poderosa gangue da cidade e o cabeça da “rebelião”.


No entanto, Cyrus é assassinado à tiro enquanto ainda fazia o seu discurso no palanque. A culpa cai, injustamente, sobre os pobres Warriors. O resto do filme é a odisséia do grupo de volta ao seu território, tentando cruzar uma Nova York sombria e cheia de contratempos, esgueirando-se pelos becos e metrôs, correndo pelas ruas driblando policiais e trocando sopapos com os mais diversos membros de gangues.

Sem discursos morais, mensagens políticas ou temas complexos. Apenas uma aventurazinha superficial. É mais que suficiente para que Hill transforme isso aqui num pequeno clássico!


Mas não é, exatamente, um filme de ação. Na verdade, é até bem anticlimax… o fato é que toda a narrativa possui uma carga de tensão muito forte que compensa a ação, que acaba se concentrando no olhar dos personagens, nos seus atos, no mais simples diálogo… tudo se torna “ação” no contexto dramático construído em THE WARRIORS. É claro que temos algumas belas sequências de pancadaria que não poderiam faltar de forma alguma! A cena no banheiro é uma delas, além de ser uma prova da maestria de Walter Hill. Uma aula de montagem e cinema físico.

Também é curiosa a caracterização das gangues. Cada uma possui seu estilo próprio, seu vestuário, sua essência. É tudo tão bem definido nesse universo que algumas tribos urbanas poderiam ganhar filmes próprios! Eu seria o primeiro da fila para conferir um exemplar estrelado pelos The Baseball Furies, por exemplo, que é o grupo que usa uniforme de baseball e os membros pintam as caras!




Na vida real seriam ridicularizados, obviamente. Ser atormentado numa ruela escura à noite por uns carinhas de cara pintada? Certamente eu iria perder a carteira, mas não ia conseguir ficar sem tirar um sarro. Se bem que eu correria sério risco de levar uma paulada na nuca. Mas aqui é apenas um filme! Mesmo assim, é engraçado ver estampado uma seriedade absurda na cara dos persoangens enquanto vestem modelitos esquisitos.


Os Warriors inicialmente seriam formado apenas por negros, mas os produtores não aceitaram. Eles são bem discretos, o uniforme é apenas um colete básico. E vale comentar que na sequêcia da reunião logo no início, várias gangues reais estavam presentes, vestidos à carater com seus uniformes, o que gerou até uma certa tensão a mais nas filmagens.

Aliás, não vou nem entrar nos méritos das filmagens, que mereceria um post à parte. É notória a série de problemas que Hill e sua equipe tiveram para realizar THE WARRIORS. Mas é assim que nascem os clássicos, não? O filme deu início a uma série de exemplares sobre grupos de delinquentes, cheios de mensagens sociais e morais, algo que não existe por aqui. Mas também influenciou outras obras que também se assumiram como boa diversão de aventura/ação, como os clássicos italianos GUERREIROS DO BRONX e FUGA DO BRONX, ambos de Enzo G. Castellari.

4 comentários:

  1. Um dos meus favoritos! E quem nunca quis ter uma jaqueta do Warriors? Meu personagem preferido é Ajax, tipico durão e mulherengo do grupo. O Guerreiros do Bronx na minha opinião é bem inferior ao Warriors, mas é porque o The Warriors é filmaço mesmo, um clássico do gênero enquanto o filme do Castellari é aquela tipica produção italiana bagaceira, mas que gosto muito e tem muitas qualidades. Quanto a Fuga do Bronx, ainda não vi mas vou procurar já!

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  2. Geralmente, quando existe cópias italianas de superproduções Hollywoodianas, eu fico com a cópia! Mas neste caso, THE WARRIORS é imbatível, apesar dos dois filmes do Castellari serem filmaços!!!

    O FUGA DO BRONX é a continuação de GUERREIROS e, se me lembro bem, é até melhor. Estou pra rever ambos pra escrever por aqui...

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  3. HAHAHA eu tmb prefiro copias italianas, principalmente se o Enzo G. Castellari tá envolvido. Mas essa não dá, The Warriors na cabeça. Já ouvi falar muito do Fuga do Bronx, só que não achei ele em lugar nenhum quando procurei :(. Vou procurar novamente, pq parece ser obra prima do Castellari.

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  4. O coreano CITY OF VIOLENCE tem uma bela homenagem ao filme: http://www.youtube.com/watch?v=1Gmyoclyl1I

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