28.6.11

GAROTAS DURAS NA QUEDA (1981)

... aka ...All The Marbles
... aka The California Dolls

É claro que um dos motivos que eu elegi GAROTAS DURAS NA QUEDA para homenagear o Peter Falk foi seu grande desempenho aqui, um dos melhores na minha opinião, mas outros detalhes também contribuiram para a escolha. É um filme sobre belíssimas garotas, em trajes interessantes, trocando sopapos e desaforos em cima de um ringue e dirigido pelo mestre Robert Aldrich, em seu último trabalho como diretor! Motivos suficientes para a escolha, não?!


Além de mostrar um pouco os bastidores do universo da luta livre feminina, o roteiro é inteligente o bastante para explorar também o lado humano de seus personagens, seus conflitos e dilemas nesse universo de dureza. Peter Falk é o empresário de duas belas lutadoras, Iris (Vicky Frederick) e Molly (Laurence Landon), e possui uma relação de amor e ódio com elas. Estão sempre viajando pelo país de carro, arranjando lutas, quebrando a cara, tentando vencer na vida…



Mas embora seja bastante focado no drama, Aldrich nunca abre mão de entreter seu público. E, oh boy, o sujeito sabe muito bem como fazer isso. Se você for hétero, é bem provável que também ache que briga entre mulheres é algo sempre bom de observar e há ainda algumas ceninhas de nudez para apimentar, como na sequência da luta na lama. As atrizes são lindas, receberam treinamento profissional para as cenas de luta - impossível desviar os olhos dessas beldades – e encaixam muito bem no espírito feminino ligado à violência que Robert Aldrich adora abordar.



Apesar de ser feio, baixinho e caolho, também é impossível tirar o olho do nosso homenageado, Peter Falk, este puta ator que nos deixou na semana passada e que possui momentos inspirados aqui, retratando um dedicado empresário, às vezes com um coração de ouro, outras vezes como um misógino de traço violento… Das cenas mais exageradas em que berra sem parar aos detalhes mais intimistas de sua presença em cena em GAROTAS DURAS NA QUEDA, Falk demonstra talento e expressividade, criando um personagem único que impressiona os amantes de boas atuações e representa muito do que o ator era capaz. O filme ainda conta com o sempre ótimo Burt Young no elenco.


E pode parecer estranho para Robert Aldrich terminar sua carreira com um projeto como este, mas GAROTAS DURAS NA QUEDA, realizado pelo sua própria produtora, possui vários dos elementos e temas que fazem parte da sua carreira. Sem contar que é muito bem dirigido, especialmente as cenas de lutas perfeitamente encenadas. A sequência final, do "campeonato de 30 minutos", é algo de tirar o fôlego e quase dura em tempo real os 30 minutos na tela.

Por muito tempo, o filme rolou pelos cantos da internet em uma versão ripada da TV, com alguns cortes, mas agora já se encontra disponível esta versão na qual eu revi, que possui algumas ceninhas de nudez, essa imagem linda e o formato de tela original, eu suponho, que é a maneira obrigatória de se ver essa pequena maravilha dos anos 80.

26.6.11

VOU, VEJO e DISPARO (1968)

... aka I Tre che Scolvonsero il West
... aka Vado, Vedo e Sparo
... aka I Came, I Saw, I Shot

Li em algum lugar que VOU, VEJO E DISPARO fecharia uma espécie de trilogia de “caça ao tesouro” do Enzo G. Castellari, formada ainda por SETTE WINCHESTER PER UN MASSACRO e VOU, MATO E VOLTO. Tirando o fato de que não se trata bem de um tesouro escondido a ser caçado, e sim uma maleta cheia de dinheiro roubado, este aqui é dos mais divertidões do diretor, até porque assume seu tom de comédia sem qualquer receio.

Temos três personagens principais que disputam incessantemente a tal maleta e o filme desenvolve com bastante agilidade a partir disso uma típica “comédia de erros” que oferece situações hilárias. Alguns detalhes lembram o que a dupla Terence Hill e Bud Spencer faria um tempo depois.

Dos destaques de VOU, VEJO E DISPARO, o trio de protagonista merece boa atenção, cada um com suas peculiaridades, formado por Frank Wolff, que já havia trabalhado com o diretor em POCHI DOLLARI PER DJANGO e vive aqui um mestre do disfarce, Antonio Sabato é o ladrão afoito e mulherengo e o americano John Saxon, que se deu muito bem no cinema popular italiano, encarna um experiente jogador de cartas. Todos estão ótimos e bem à vontade em seus papéis. Difícil apontar um melhor...

Particularmente, prefiro o Castellari mais sério e trágico de JOHNNY HAMLET e KEOMA, mas é impossível não dar boas risadas descompromissadas com um Spaghetti Western tão ingenuo e honesto como este.

21.6.11

A DANGEROUS METHOD - Trailer

JOHNNY HAMLET (1968)

... aka Deus Criou o Homem e o Homem Criou o Colt
... aka Quella sporca storia nel west

A notícia do Simon West na direção de OS MERCENÁRIOS 2 me atormentou durante um tempo, mas para demonstrar que já estou recuperado, vamos falar um pouco de Castellari, especialmente se for um de seus melhores filmes, como é caso do Spaghetti Western JOHNNY HAMLET.

O nome do famoso personagem de Shakespeare já foi adaptado para as telas do cinema em diversas contextualizações, mas imaginem vê-lo com toda a carga de conflitos que o sujeitinho carrega, mas na pele de um jovem rápido no gatilho do velho oeste! É exatamente o que temos aqui, um autêntico encontro de Shakespeare com o Spaghetti Western, sob o olhar inspirado de Enzo G. Castellari!

A idéia original de JOHNNY HAMLET surgiu de outro mestre do gênero, Sergio Corbucci, que teve de abandonar o projeto pelo seu envolvimento com outras produções.

Johnny Hamilton (Andrea Giordana) é um jovem soldado confederado que retorna, após dois anos, da guerra civil americana. Ele descobre que durante sua ausência seu pai foi morto misteriosamente e sua mãe está casada com seu tio, Claudius (Horst Frank), que agora é dono de todas as terras de seu falecido irmão… A culpa pelo assassinato de seu pai caiu em cima de um bandido chamado Santana, que, aparentemente, já foi morto por Claudius. Achando tudo isso meio estranho, Johnny, com a ajuda de Dazio (Gilbert Roland), um amigo de seu pai, tenta descobrir o que realmente aconteceu.

Quem conhece a peça Hamlet, vai perceber que a maioria dos personagens permanece fiel aos escritos de Shakespeare, como Claudius, a mãe, Polonius, que aqui surge como o xerife, Rozencrantz e Guildenstern… Emily, uma jovem que serve de par romântico a Johnny é claramente inspirada em Ophelia. A trama, de uma forma geral, possui reviravoltas e situações bem mais condizentes a um spaghetti, para manter um ritmo mais movimentado, mas são todas alterações bem vindas que surtem um bom efeito ao resultado do filme e podem agradar até o apreciador mais exigente, tanto de spaghetti quanto de Hamlet

Na verdade, não duvido que JOHNNY HAMLET agrade a qualquer pessoa que realmente goste de cinema, que valoriza a forma, um visual criativo, porque é impossível escrever qualquer coisa sobre esta obra sem destacar o trabalho notável da direção de Enzo G. Castellari, que dá ao filme uma riqueza estética impressionante, equivalente aos grandes mestres do gênero. Somos fisgados a partir da primeira cena, onde vemos uma sequência de sonho, cheia de elementos de horror e um belíssimo uso das cores, logo depois o nosso protagonista acorda em uma praia com uma trupe circense, um universo surreal que serve de introdução para o famoso monólogo “ser ou não ser”… E o nível de qualidade estética se mantém firme até o último segundo desta bela obra prima do gênero!

Como muitos Spaghetti Westerns, JOHNNY HAMLET foi retitulado em outros países como mais um filme da série DJANGO, como expliquei a picaretagem desses distribuidores italianos no último post do ciclo Castellari aqui do blog, vocês já devem entender porque. No Brasil, foi lançado em DVD pela distribuidora Ocean, como JOHNNY HAMLET mesmo. A capa é feia e pode parecer apenas mais um exemplar comum do gênero, no entanto, trata-se de um filme obrigatório em todos os sentidos!

16.6.11

FAST FIVE (2011)

Apenas algumas considerações pra não passar batido, este FAST FIVE é tão besta e descartável quanto os outros de certa maneira, mas querem saber? Eu gostei pra cacete! É muito menos voltado para aquela masturbação de carros possantes, com neon azul piscando em baixo, aqueles movimentos de câmera em CGI entrando dentro do motor e etc, e bem mais focado em ser um filme de assalto e ação exagerado, com carros batendo, amassando, explodindo e tudo filmado de verdade, sem o uso de computação gráfica! E no cinemão americano que temos hoje, onde qualquer merda é realizada por um nerd atrás de uma tela de computador, é algo para se elogiar!

A sequência final é um espetáculo, foram realmente destruídos cerca de 200 carros nas filmagens e é muito bom ver algo assim mostrado de forma artesanal, com dublês voando, veículos sendo estraçalhados sem efeitos especiais computadorizados ou fundo de tela verde! Coisa linda!

Não deixa de ser uma baboseira, na verdade, mas diverte justamente por esses detalhes. FAST FIVE tem como cenário o Rio de Janeiro e reúne todos os personagens da franquia para um último golpe. Temos Dwayne "The Rock" Johnson como um policial casca grossa, extremamente caricato, mas se divertindo horrores com seu personagem, e um quebra pau truculento entre ele e o Vin Diesel. Dá pra curtir tranquilo como passatempo desmiolado…

Dentre as produções que o cinema de ação blockbuster tem para nos oferecer todo ano, este aqui é um frescor, não de criatividade ou inovação, mas como forma de entretenimento que não agride o espectador menos exigente e nem gasta rios de dinheiro em efeitos de CGI, gasta destruido coisas de verdade, do jeito que tem que ser!

Com isso, o diretor Justin Lin ganha uma certa moral comigo… até o coloquei na lista de diretores para OS MERCENÁRIOS 2...

SIMON WEST e divagações...

CON AIR foi um filme que me deixou de queixo caído no calor do momento, na ingenuidade da adolescência, com aquelas explosões, um puta elenco e o cabelo ridículo do Nicholas Cage. Hoje, eu não sei como desceria, mas depois da notícia de que o seu diretor, Simon West, foi o escolhido pelo Stallone para comandar a continuação de OS MERCENÁRIOS, vou ter que rever para lembrar o que esse diretor é capaz. Porque se depender do último filme de ação que West realizou, THE MECHANIC, ou de TOMB RAIDER, entramos realmente numa fria!

E estou tentando buscar algo positivo nisso tudo, mas fica difícil. West já tem uma carreira de mais de 15 anos, basicamente voltada ao cinema de ação / aventura e, pelo menos pra mim, já demonstrou de tudo, menos que é capaz de “resolver” o “problema” das cenas de ação que tanta gente detonou em OS MERCENÁRIOS. E não acredito que vá aprender a dirigir ação de uma hora pra outra…

Pior, se a direção do Stallone falha na ação (eu não acho isso, mas muita gente acha), sobra a ele talento e sensibilidade para momentos como o monólogo do Mickey Rourke, uma cena mil vezes melhor que toda a carreira do Simon West junta. Estou descontente com a escolha, quero deixar bem claro. Ainda espero e torço por um bom filme, gosto demais de OS MERCENÁRIOS, mas fico com meu pé atrás de agora em diante.

Alguns nomes que eu gostaria de ver sentado na cadeira de diretor de OS MERCENÁRIOS 2 (sem pensar muito e sem ordem de preferência):

Isaac Florentine
John Hyams
Estes dois seriam escolhas perfeitas e mais realistas (os outros também são escolhas perfeitas, mas só um milagre os faria entrar nessa)
Walter Hill; John Millius; Sylvester Stallone*; Paul Verhoeven; Werner Herzog (!!!); William Friedkin; John Woo; Ji-Woon Kim; Corey Yuen; Tsui Hark; George Miller.

E já que vamos ter Simon West mesmo, qualquer um desses aqui já seria melhor também:

Uwe Boll; Jesse V. Johnson; Dolph Lundgren; Pierre Morel; Wilson Yip; Justin Lin; Scott Mann; Martin Campbell; Jonathan Mostow; José Padilha; Wayne Kramer; Neil Marshall; Michael Bay; Mel Gibson (!!!); Mark L. Lester; Craig R. Baxley; Vic Armstrong...e Albert Pyun!


* Sim, prefiro que ele dirija de novo! Não é por causa de umas ceninhas de lutas mal filmadas que eu vou deixar de considerá-lo um dos maiores diretores de ação do cinema americano da atualidade!

TACTICAL FORCE - Trailer e poster

Ainda não encontrei essa porcaria de trailer no youtube. Então cliquem no link acima, por favor...

OH NÃO!!!

SIMON WEST será o diretor de 
OS MERCENÁRIOS 2!!!
Por que?! Por que?!
E agora?

15.6.11

ALMIGHTY THOR (2011)

Este aqui é complicado… Não sei nem por onde começar. Mas tudo bem, vamos pela história, que não possui qualquer relação com os quadrinhos do Deus do Trovão, mas já sabemos de antemão que se trata de mais uma produção da The Asylum, então não é surpresa alguma. Em ALMIGHTY THOR, Loki (Richard Grieco) não é irmão de Thor (Cody Deal), mas uma espécie de feiticeiro que surge sem muita explicação e usa seus poderes e umas criaturas que parecem cachorros misturados com dinossauros, feitos em um CGI bem fuleiro, para destruir Asgard em busca de um tal martelo da invencibilidade!

Odin, antes de ser morto (ah, não se preocupem com spoilers), se livra do martelo através de um portal mágico. Seu filho, Thor, junto com uma guerreira local, consegue passar pelo portal e vem parar aqui na terra, onde tenta encontrar o artefato para derrotar Loki!

Sim, até parece ser um filmaço, mas não se engane pela minha descrição, nem pelo poster ou trailer. ALMIGHTY THOR é uma porcaria extremamente mal dirigida, com efeitos especiais pobres, um roteiro risível, atuações constrangedoras, pós produção mal acabada, etc. Claro que tudo isso são detalhes que dão um charme às produções da The Asylum e divertem aqueles que sabem apreciar esse tipo de tralha. O problema é a “seriedade” com a qual a coisa é levada. O filme é arrastadíssimo, chato e sem graça… e nem cabe aqui a desculpa da falta de dinheiro da produção. Falta mesmo é bom senso dos realizadores…

As cenas da batalha do início dão vergonha alheia. A noção de tempo, espaço e continuidade é lançada às favas e é preciso ter estômago pra aceitar alguma coisa. Quando a trama passa a transcorrer na Terra, a impressão é de que o filme vai melhorar. Mas infelizmente consegue ficar pior!!! É uma encheção de linguiça que tem certa graça no início pela situação ridícula, do tipo tão ruim que chega a ser bom, mas depois meia hora assistindo a mesma coisa, fica difícil… De tempos em tempos temos umas ceninhas de ação, mas são rápidas e não dá pra animar muito a vida do espectador.

Das poucas centelhas de genialidade (sim, temos algumas, haha!), uma delas é este plano acima, onde Thor parte pra cima de Loki com uma UZI!!!! O martelo não é suficiente?! Esse era o espírito que o filme deveria manter do início ao fim, mas não consegue… Quem consegue é Richard Grieco, o único que parece à vontade, percebeu a bomba que se meteu e não está nem aí, apenas ri de si mesmo. Cody Deal faz um Thor patético, abobalhado, bunda mole e chorão…difícil, muito difícil…

Mas ainda assim, prefiro ALMIGHTY THOR do que o THOR do Kenneth Branagh!
PS: A direção é de Christopher Ray, filho do Fred Olen Ray!

14.6.11

BLOW OUT em blu-ray da Criterion Collection

BURKE AND HARE (2010)

Eu não ando muito ligado nas comédias atuais, mas resolvi me arriscar neste aqui porque a) me pareceu ser um bom caso do típico humor britânico; b) além do tipo de humor, me pareceu ter uma mescla interessante com mistério e terror; c) tem o Simon Pegg, que é dos poucos rostos do gênero que acho bacana atualmente e d) o motivo principal, é que BURKE AND HARE é o retorno de John Landis à direção depois de não sei quantos anos sem fazer algo para cinema.

Duas escolas de anatomia na cidade de Edimburgo, por volta de 1820, competem pelo posto de melhor instituição, uma liderada pelo Dr. Monro (Tim Curry) e outra pelo Dr. Knox (Tom Wilkinson), que se vê obrigado a adquirir corpos por meios ilegais, já que Dr. Monro consegue um monopólio sobre a oferta de cadáveres na cidade. É aí que entram Burke (Pegg) e Hare (Andy Serkis), dois malandros que estão dispostos a tudo para ganhar uns trocados, o que incluí conseguir alguns defuntos para o Dr. Knox, mesmo que nem sempre encontrem o artefato sem vida.

O filme é ligeiramente baseado em histórias verdadeiras, inspiradas em assassinatos reais da época, e possui um tema interessante para criar situações engraçadas. Pena que na prática a coisa não funcionou tão bem pra mim. BURKE AND HARE não é ruim ao ponto de você desistir no meio do filme, mas também não possui nada de mais para chegar ao fim como uma experiência agradável. É longo demais e perde tempo com situações desinteressantes (como o romance de um dos protagonistas) e, já que estamos falando de algo assumidamente dentro do gênero comédia, falha por ser sem graça na maior parte do tempo. Não existem sequências memoráveis que ficam marcadas na mente, a não ser a curta cena onde Christopher Lee dá as caras.

Por outro lado, John Landis mantém a mão firme para o suspense e em alguns momentos envolvendo uma atmosfera mais densa o filme ganha um pouco de força. Não deixa ainda de ser meia boca o resultado final, mas prefiro um Landis ou John Carpenter fazendo filmes menores como este do que vê-los "coçando o saco em casa".

12.6.11

SETTE WINCHESTER PER UN MASSACRO, aka TEXAS 1867 (1967)

A princípio, o mais legal em percorrer a carreira do Castellari está sendo descobrir e escrever sobre alguns Spaghetti's que eu demoraria décadas para ver. Eu nunca tinha ouvido falar de SETTE WINCHESTER PER UN MASSACRO, um bom exemplar que, dessa vez sim, trata-se da oficial estréia de Enzo G. Castellari como diretor, assinando com um pseudônimo americanizado, E. G. Rowland.

O filme é sobre um ex-coronel sulista, Thomas Blake (Guy Madison), que não aceita a derrota na guerra de secessão e reúne um grupo de peculiares bandidos para tocar o terror pelos territórios por onde passa. Até que um dia, um misterioso pistoleiro, Stuart (Edd Byrnes) se junta ao bando e propõe a todos a ir recuperar um tesouro de duzentos mil dólares enterrado num cemitério indígena.

O tema caça ao tesouro seria abordado por Castellari em seu filme seguinte também, VOU, MATO E VOLTO, que já comentei aqui no blog. E parece que VOU, VEJO E DISPARO também tem esse mote, formando uma espécie de trilogia… este último eu preciso ver ainda. Mas suspeito de que este aqui seja o melhor deles! É um filme bem cuidado e que me fisgou logo de cara, nos créditos iniciais, com aquelas telas com uma cor predominante, mesmo estilo de TRÊS HOMENS EM CONFLITO e outros, com imagens da guerra civil americana e a trilha sonora composta por Francesco De Masi.

Depois disso há um prólogo inspirado, violento e cheio de ação (algumas cenas reaproveitas de POCHI DOLLARI PER DJANGO) que apresentam os personagens do bando, cada um com suas habilidades especiais, como o uso da faca, chicote, um deles dá uma voadora e corta a garganta de um sujeito com as esporas!!!

SETTE WINCHESTER já demonstra também um Castellari mais à vontade na direção, experimentando na edição e em alguns enquadramentos interessantes, como a cena em que o coronel Blake aparece pela primeira vez em seu esconderijo em território mexicano, mostrado em super closes de partes da face, como a boca ou os olhos, antes de mostrar seu rosto. Na sequência da ação no final, no cemitério indígena, Castellari faz um belo jogo de sombras e incrementa com elementos de horror.

Como Peckinpah ainda não havia mostrado ao mundo o que se pode fazer com tiroteios filmados poeticamente em câmera lenta, Castellari ainda filmava ação de modo convencional, o que não quer dizer que seja ruim. A cena do massacre de sherifes é um belíssimo exemplo disso.

O filme sofre um pouco com o ritmo, tem alguns momentos de marasmo e alguns personagens são bem desinteressantes. Outro problema é que não consigo ver o ator Edd Byrnes na pele de herói de Spaghetti Western, como é o caso aqui... embora grande parte do elenco esteja ótimo, especialmente Guy Madison. Apesar disso, ainda acho obrigatório para os fãs do gênero e do diretor.

E Castellari ainda iria melhorar muito na direção. Assisti essa semana a JOHNNY HAMLET e estou petrificado, impressionado, embasbacado com o primor que é a direção deste filme, os enquadramentos, a precisão dos movimentos de câmera, é algo absurdo! Mas é assunto para o próximo post! Até lá, muchachos!!!

9.6.11

POCHI DOLLARI PER DJANGO (1966)

Comecemos então pelo começo! Apesar de não receber o crédito de diretor, este Spaghetti Western é a estréia não-oficial de Enzo G. Castellari na direção. Há um trecho na biografia do Anthony Steffen, em que o próprio ator diz que o argentino Leon Klimovsky (famoso pelos filmes de terror com Paul Naschy) não filmou uma cena sequer, apesar de ser o seu nome que estampa o crédito, e acabou parando nas mãos de Castellari o serviço, que se não o fez com excelência, ao menos demonstrou que tinha talento para a coisa. O filme não é dos melhores do gênero, e acho que nem tinha essa pretensão, mas é um exemplar divertido, sem o “glamour” dos filmes do Leone, Corbucci, Sollima, Damiani, Lizzani, Questi e etc…

Um detalhe que vale lembrar é que esses italianos eram todos picaretas. Mudavam títulos, redublavam cenas, faziam o que fosse possível para promover seus filmes. Naquela época, DJANGO, de Sergio Corbucci, foi um dos grandes sucessos do gênero e o que surgiu de produção explorando a popularidade do personagem não é brincadeira! POCHI DOLLARI PER DJANGO é um bom exemplo disso, já que não há personagem algum com o nome que aparece no título.

Anthony Steffen, na verdade, se chama Regan, um caçador de recompensas que vai até Montana em busca de dois foras da lei, mas no meio do caminho encontra o corpo do sujeito que iria ocupar o posto de xerife da cidade e resolve assumir a identidade do homem para ganhar uma moral entre a população e facilitar as buscas pelos bandidos. O problema é que Regan acaba envolvido numa guerra entra um poderoso barão do gado com os pequenos agricultores da região. Isso o leva a Jim Norton (Frank Wolff), um ex-bandido que assumiu a identidade de seu irmão gêmeo, Trevor, liderou o bando cujos dois bandidos com as cabeças à prêmio faziam parte, mas agora vive tranquilo ao lado de sua sobrinha (filha).

O roteiro, apesar de um pouco confuso pela minha descrição, consegue ser simples ao trabalhar com o lance das trocas de identidade. As poucas sequências de tiroteios não são as melhores do mundo e a trilha sonora, elemento de extrema importância aqui, está mais para os clássicos westerns americanos do que para as marcantes melodias do spaghetti, mas acompanhar a trama e os desdobramentos se torna algo prazeroso, especialmente com o Anthony Steffen em cena e o sempre excelente Frank Wolff, um dos grandes atores do cinema popular italiano. Percebe-se também claramente o baixo orçamento da produção, o que pode ter influenciado no acabamento. No fim das contas, não chega a ter as peculiaridades de seu (verdadeiro) diretor, Enzo G. Castellari, mas não deixa de ser um westen bem decente.

THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO - Posters

Versão comportada

Versão piercing no mamilo

6.6.11

Papinho rápido!

- Fim de semana em São Paulo ótimo, cheio de alegrias e emoções: Master Class com o grande diretor e presidente da TROMA, Lloyd Kauffman, que me fez ficar mais fã da produtora do que já era antes; pizzas borrachentas; saída espontânea na Rua Augusta; emos adultos; taxistas homofóbicos; reencontro com alguns amigos, como o Leopoldo Tauffenbach, Cristina Martinez, Takeo Maruyama, Leandro Caraça, Felipe Guerra, Gustavo Daher, Fritz Martiliano, Joel Caetano, Mariana Zani e muitos outros; tive o prazer de conhecer pessoalmente alguns amigos virtuais, como é o caso do Heráclito Maia, Douglas Domingues, o pessoal do blog Película Raivosa, Diogenes L. Cesar, Gabriel Carneiro, Laura Cánepa, Marcelo Valletta, Thiago Colás, Rodrigo Ramos, Gurcius Gewdner, Petter Baiestorf, Lucio Reis, nossa, é muita gente… me perdoem aqueles que eu esqueci agora!
"Não, não é Roland... é Ronald, com 'n'..."
Para aumentar ainda mais a dose de emoções, a minha namorada, Michelle, fez o favor de comprar o vôo de volta um dia depois do planejado. Tivemos que voltar ao hotel, arranjar outro quarto, trocar os vôos, desembolsar mais uma grana, mas tudo bem, ela é linda, se comportou muito bem* e está perdoada! Smack!

Meu agradecimento especial vai para o magnífico Leopoldo Tauffenbach (e à sua esposa, Cristina Martinez), que foi um anfitrião de primeira classe, me aturou e me levou pra degustar da culinária oriunda de outras culturas no submundo de São Paulo, como as delícias de um restaurante japonês da yakuza na sexta e um açougue/restaurante mulçumano no domingo, onde me senti como se estivesse em Bagdá! Valeu, meu velho!

- Sobre o próximo diretor a ser dissecado aqui no blog, vamos de Enzo G. Castellari! Foi o nome que mais apareceu na ajuda que os leitores deram na caixa de comentários do post referente a isso! E dá-lhe Spaghetti Westerns e Polizieschi durante os próximos meses!!!


PS: fotos de Takeo Maruyama, porque todo mundo sabe que japoneses são bons fotógrafos!
PS2: é lógico que a Michelle se comportou bem, ela é super simpática, se dá bem com todo mundo, é muito mais comunicativa que eu, que sou um mala quietão (e eu não conferi as passagens, então também tenho culpa pelas desventuras da troca de vôo).

3.6.11

TROMA - Retrospectiva e Master Class

Estou indo agora para São Paulo aproveitar o restinho da retrospectiva da TROMA e participar, amanhã (sábado), da famosa Master Class com o diretor Lloyd Kaufman! O evento é organizado pela Black Vomit e Galeria Olido e está, realmente, imperdível pra quem curte umas tralhas!

Como eu morro de medo de avião, estou um pouco nervoso pra escrever mais sobre o assunto... mas semana que vem, se eu ainda estiver com vida, conto como foi!