3.4.11

DESERT KICKBOXER (1992)

Apesar de DESERT KICKBOXER conseguir variar um pouco o estilo “kickboxer movie”, o resultado não chega a ser dos melhores. Se bem que analisar de uma forma geral os filmes do gênero é um troço complicado. Muita exemplar genérico, sem muita criatividade, atuações ruins, a grande maioria com tramas realmente fracas e lutas mal feitas, ou seja, o principal atrativo dos filmes nem sempre faz valer a pena… por isso é um subgênero tão frágil (embora ainda tenha sido divertido acompanhar o ciclo no início dos anos noventa, quando eu era moleque).

Lembro de ter visto este aqui na TV há muito tempo. Revi esses dias pelo simples fato que se trata do primeiro longa do diretor Isaac Florentine! Daí surgiu a curiosidade de relembrar o filme e confirmar que realmente não é grandes coisas, mas tem seus momentos, dependendo do clima que você estiver...

O ator John Newton foi o Superboy da série televisiva dos anos 80. Apesar de garboso, não chegou a fazer muito sucesso depois. Aqui ele vive Hawk, um policial descendente de índios Navajos que vive num deserto americano, fazendo fronteira com o México, para combater o tráfico de drogas à base da porrada na cara e voadoras. O sujeito foi campeão de kickboxer (ou pelo menos é o que eu imagino, já que é a modalidade indicada no título), mas sofre de um profundo trauma por ter matado o oponente em sua última luta.

Os problemas começam quando uma mulher decide passar a mão na grana de um poderoso traficante, vivido por Paul L. Smith (o Brutus da versão do cinema de Popeye, dirigido pelo Robert Altman), e foge para o deserto com seu irmão retardado tendo sua cabeça à prêmio e a bandidagem à sua cola. Só que Hawk, experiente habitante do deserto, a encontra primeiro. E aí já viu, né?

O filme é bem despretensioso e tem quase totalmente o deserto como cenário. Dá pra perceber claramente que é uma produção pobre, independente e com um ritmo lerdo demais para esse tipo de história. O roteiro não traz nenhuma novidade, mas de vez em quando surge um personagem interessante, como na cena da gangue de motoqueiros cujo líder, vestido de padre, é uma figuraça!

As cenas de luta se resumem ao puro exibicionismo de John Newton (e de seus mullets!). São curtas e sempre contra oponentes que não sabem lutar. Temos apenas duas sequências um pouco mais elaboradas: a do início, mostrando o combate no ringue onde o adversário do protagonista acabou morto (e o cenário não passa de um fundo preto, com alguns flashes de máquinas fotográficas e efeitos sonoros de uma torcida gigantesca) e a luta final, contra o capanga do traficante que curiosamente também é praticante de kickboxer!

Mas não esperem a virtuosidade de Florentine nas coreografias. São lutas bem meia bocas, mas justamente por isso, dão aquele charme tosco para os que curtem uma boa tralha. A sequência final é bem preguiçosa, dá pra ver até a sombra da equipe de produção no canto da tela enquanto os atores trocam chutes e o roteiro ainda resolve certas situações com típicos clichês vagabundos!

Mas apesar disso e de toda brutalidade física, o final reserva grandes lições filosóficas para o especatador mais atento. Afinal, nada na vida é por acaso, e é isso que Hawk descobre em seu confronto, trazendo de suas memórias traumáticas a motivação para derrotar seu novo oponente. E ainda, aprendida a lição, ele não se deixa cometer dos mesmo erros. Claro que segundos depois, ele utiliza o meliante como escudo vivo pra não levar bala, mas também já seria exigência demais. É uma coisa linda, no fim das contas!

FAREWELL TERMINATOR, curta metragem israelense e primeiro trabalho do Florentine, valia muito como curiosidade. Já DESERT KICKBOXER serve mesmo para os fãs arretados do gênero, que sabem apreciar até mesmo os exemplares ruins... para estes, o filme até pode divertir um pouquinho.

5 comentários:

  1. Nunca assisti nada desse Isaac Florentine. Acho que vou assistir aquele Ninja pra começar ...

    ResponderExcluir
  2. Boa escolha! Ninja é um dos melhores dele... Eu escrevi sobre ele aqui.

    ResponderExcluir
  3. Esse filme passava nas emissoras nacionais com o título de Ninja do Deserto se não me falha a memória.

    Assisti essa semana mesmo, Ninja e achei um filme muito bom. Um bom exemplar de ação casca grossa, sem pretenção de ser o que não é e boas lutas coreografadas.

    Pesquisei a carreira do Florentine no IMDB e pow além dos Power Blerghs o cara dirigia aquela aberração chamada de Guerreiros Tatuados de Beverly Hills hehehe. Pelo menos o cara não ficou estigmatizado e agora está conseguindo emplacar bons filmes de ação.

    ResponderExcluir
  4. Um filme do Isaac florentine com coreografia ruim?Acho meio difícil apesar de não ter visto o filme. Ronald, gostaria muito de ver vc falar sobre o dois primeiros Best of the Best.

    ResponderExcluir
  5. Por incrível que pareça, Vitor, este aqui a coreografia é bem fraquinha... hehe

    Mas anotei as suas sugestões. Em breve comento aqui no blog.

    ResponderExcluir