29.11.10

Irvin Kershner

R.I.P. 
 1923 | 2010

Leslie Nielsen

 
Creio que poucos atores me fizeram rir tanto assistindo a um filme como ele. Da minha geração de comediantes, certamente Leslie Nielsen foi o maior.
R.I.P 
1926 | 2010

16.11.10

A SERBIAN FILM (2010)


aka TERROR SEM LIMITES
direção: Srdjan Spasojevic
roteiro: Aleksandar Radivojevic, Srdjan Spasojevic

Não me lembro de ter visto outro este ano, mas acho que o “filme-choque” de 2010 é A SERBIAN FILM (Srpski film, 2010). Aliás, se existia algum outro que pensava em se candidatar para o cargo, provavelmente vai passar vergonha diante deste provocativo monumento de subversão marcado por uma história brutal não recomendado pra qualquer estômago.

Mas o que poderia tornar um filme dessa estirpe uma das grandes experiências cinematográficas deste ano? Além das próprias sequências ignóbeis, as quais excedem os limites do bom gosto, da ética, chocando, incomodando, mexendo com os sentidos do espectador, temos uma direção excelente e precisa ao trabalhar com esse tipo de imagem, não apenas jogando na tela para impressionar o espectador, mas combinadas à um boa trama e num contexto que justifique toda essa sandice. É bem provável que nem todos consigam embarcar no clima pesado da narrativa, não comprem a idéia central e questionem o poder descomunal de A SERBIAN FILM , taxando-o de “sem conteúdo” e apelativo.

Felizmente, não tive esse problema. Já sabia de antemão que não era um filme recomendado para toda a família, mas resolvi encarar pra ver até onde o estreante diretor sérvio Srdjan Spasojevic iria chegar. Quando a gente acha que já viu de tudo nessas garimpadas pelas obscuridades do cinema, o sujeito consegue destruir toda a nossa segurança de “espectador treinado” com algumas imagens e idéias extremamente pertubadoras!


O espectador é submetido a um estado de tensão até nos mais triviais momentos de A SERBIAN FILM, com uma fotografia sufocante e a trilha de batidas fortes muito bem integrada ao andamento da coisa. Quanto menos você souber da trama, melhor, mas dá pra adiantar que o enredo gira em torno de Milos, um ex-astro da indústria pornográfica que vive agora tranquilo com sua esposa e filho. Com a crise assolando o país, Milos recebe a proposta para retornar à atividade por um cachê milionário e estrelar o filme obscuro de um diretor com… digamos, um alto nível de pretensão artística, sob a condição de não saber absolutamente nada a respeito do que será o tal filme… Bom, o que acontece a partir daí, você vai ter que descobrir sozinho por sua conta e risco, se tiver estômago.

Garanto apenas que não será uma experiência agradável…

Segundo os realizadores, fãs confessos do cinema exploitation americano dos anos 70, toda essa agressão visual de A SERBIAN FILM seria uma espécie de metáfora do estado de espírito de um indivíduo após viver na Sérvia por mais de vinte anos, com todos os prolemas políticos e territoriais que até hoje assola a população. É uma boa desculpa filosófica para mostrar um cara enfiando o próprio falo (vulgo caralho) no olho de outro sujeito...

Caso queiram mais informações sobre o filme, vai um texto mais detalhado que o meu aqui.

14.11.10

RESIDENCIA PARA ESPIAS (1966), de Jess Franco

Se fosse realizado uma década depois, RESIDENCIA PARA ESPIAS teria excelentes motivos para que o diretor Jess Franco explorasse a sua maior especialidade: PUTARIA! Ele iria às favas com a trama (se é que haveria um roteiro) e passaria o filme inteiro dando zoons em pererecas cabeludas de atrizes robustas. Mas estamos em 1966 e Franco ainda não havia descambado para essas peculiaridades da forma como temos em seus filmes a partir dos anos setenta.

É um trabalho simpático, adjetivo estranho para elogiar um filme deste prolífico diretor, mas é um bom termo para definir esta obra de início de carreira (décimo primeiro filme, na verdade, mas pra quem já fez mais de 190, não é nada). Além de ser uma leve comédia, RESIDENCIA PARA ESPÍAS é um autêntico Eurospy - subgênero criado na esteira dos filmes do agente 007 e gerou uma infinidade de cópias, paródias, homenagens e picaretagens no velho continente, principalmente na Itália e França.

Jess Franco possui alguns exemplares do gênero no currículo (aliás, qual gênero ele não possui?). Para o papel do espião, Franco escalou o americano Eddie Constantine, que no ano anterior havia interpretado outro espião, Lemmy Caution, só que num filme totalmente cerebral, ALPHAVILLE, de Jean Luc Godard. Curioso numa cena logo no início do filme, ele contracena com Howard Vernon, fiel colaborador de Franco, mas que também esteve presente no filme de Godard, no papel do Professor Nosferatu.

Em RESIDENCIA PARA ESPÍAS, Eddie Constantine encarna o agente da CIA Dan Leyton, uma versão de James Bond, só que desprovido de beleza, mas tão mulherengo quanto o espião à serviço de sua majestade. Sua missão é se infiltrar numa espécie de colégio para espiãs americanas na Turquia e descobrir de onde está vazando informações sigilosas que os inimigos do governo americano estão obtendo.

A direção de Franco é caprichada, explora as paisagens turcas sem ficar enrolando o espectador com o excesso de planos vazios como acontece em alguns trabalhos do espanhol, mas já demonstra uma má vontade com a narrativa, algo que de vez em quando fica totalmente em segundo plano em vários de seus melhores filme, os quais são mais experiências sensoriais do que qualquer outra coisa.

Mesmo assim, não recomendaria para quem deseja iniciar-se pelo cinema de Franco. Tirando um certo tipo de humor que surge em alguns momentos, é um filme bem diferente daquilo pelo qual o diretor espanhol é lembrado. Mas é divertido, dos mais acessíveis e muito bem contextualizado como um Eurospy.

4.11.10

BORN TO RAISE HELL (2010), de Lauro Chartrand


O papel de vilão em MACHETE não fez muita diferença para a carreira “principal” de Steven Seagal. Seu novo trabalho segue a mesma linha de seus últimos filmes lançados no mercado de vídeo (A DANGEROUS MAN e THE KEEPER). Se são descartáveis e esquecíveis, ao menos ainda servem como passatempo sem compromisso pra quem curte este tipo de tranqueira.

A trama é sobre um policial (Seagal, em um dos seus personagens menos inspirados) que trabalha numa agência financiada pelo governo americano no combate das drogas ao redor do mundo (uma boa desculpa para a produção ser rodada na Romênia onde os impostos são mais baratos) e caça um maníaco, que além de ser traficante, assalta, estupra e assassina suas vítimas sem remorso. O roteiro do próprio Seagal é bobinho, joga no meio também uma história de vingança, mas serve de base para diversas cenas de ação e pancadaria. O problema é que Lauro Chartrand não consegue manter a boa reputação dos dubles diretores, como Craig R. Baxley, Vic Armstrong e Jesse V. Johnson, e faz um trabalho bem fraquinho. Mas o que realmente incomoda é a montagem cheia de frescura e efeitos para deixar o filme mais "mudernoso". Com tantos bons filmes de ação sendo lançados no mercado de vídeo, BORN TO RAISE HELL fica abaixo da média, mas com um pouco de paciência, dá pra se entreter.

3.11.10

THE WALKING DEAD


Vi o episódio piloto de THE WALKING DEAD. Gostei. Sabia da existência dos quadrinhos, que serviu de base para série, mas nunca li. Estava mais empolgado por causa do nome de Frank Darabont nos créditos, que nos surpreendeu há algum tempo com um dos melhores filmes de horror dos últimos dez anos, O NEVOEIRO. Aliás, nunca fui de acompanhar séries. As últimas tentativas fora com LOST e DEXTER, e apesar de ter curtido ambas, não tive paciência para prosseguir.

Este primeiro episódio de THE WALKING DEAD é ótimo! Nada de zumbis velocistas ou invenções de moda. Na essência, é mais do mesmo, e por isso mesmo tão bom! E não deixa de ser um raro exemplar inteligente, mesmo no desgastado subgênero dos "filmes de zumbis", que brota uns duzentos por ano e se tornou um dos mais abusados do mundo. O clima é muito legal, não sei se é fiel ao quadrinho, mas é tremendamente violento, agressivo, subversivo, tudo muito bem feito e sem frescuras. Genial? Não, mas teve o suficiente para me fazer esperar pelo segundo episódio…

1.11.10

CANNIBAL APOCALYPSE (1980), de Antonio Margheriti,

Não era exatamente o filme que eu esperava para um domingão de Halloween, mas valeu muito a pena. CANNIBAL APOCALYPSE não deixa de ser terror, embora também seja uma bizarra combinação de gêneros, com um roteiro deliciosamente desconexo que começa na selva do Vietnã, passa pelo drama de veteranos com trauma de guerra, desemboca num horror canibal cujo desejo pela carne humana é transmitida por vírus, até virar um filme de ação policial! Mesmo sem pé nem cabeça, o filme aposta na sua originalidade. Só a idéia de haver um vírus que “transmite canibalismo” através de mordidas e arranhões dos infectados é suficiente pra tirar o filme do lugar comum. Mas não poderia faltar também uma boa dose de violência e todo o tipo de efeito gore criado pelo genial Giannetto De Rossi. Margheriti (que assina o filme como Anthony M. Dawson) não tem a virtuose de um Bava ou Argento, mas já transitou em todos os gêneros do cinema popular italiano e conduz com firmeza e bom senso rítmico para comportar toda essa confusão. O fato é que Margheriti não está nada preocupado com a lógica narrativa de seu filme, e é isso que dá a ele a liberdade em tornar cada situação um momento único.