29.9.08
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (2008)
aka BLINDNESS
direção: Fernando Meirelles
roteiro: Don McKellar
Resolvi falar alguma coisa sobre Ensaio Sobre a Cegueira antes que eu deixe o tempo passar demais e perca qualquer condição de escrever sobre o filme que, aliás, está sendo meio massacrado injustamente por um grupo de críticos. Não sou lá um grande entusiasta de Meirelles, mas achei a sua adaptação da obra de Saramago bastante correta, segura, respeitando fielmente o material que tinha em mãos e que dialoga um bocado com o cinema fantástico. As escolhas estéticas conseguem transmitir muito bem a sensação de caos que a história apresenta, principalmente a fotografia de César Charlone, colaborador habitual de Meirelles, que trabalha o branco e a luminosidade das imagens para recriar a cegueira branca descrita por Saramago em seu livro.
O elenco composto por atores de Hollywood e de outras partes do globo é muito bom, com exceção de Julianne Moore que está a um nível acima, maravilhosa em uma de suas melhores atuações. Mas nem só de estética e boas atuações vive um filme. E por mais que eu tenha gostado, Ensaio Sobre a Cegueira não passa de um rascunho de algo que poderia ser muito mais interessante, provocador e perturbador. Ao suavizar as situações e os momentos que no livro causam repugnância e o choque, Meirelles impede a descida ao inferno que o livro proporciona deixando o filme mais acessível e comercial. Sendo assim, prefiro rever Saló de Pasolini que eu ganho muito mais...
27.9.08
26.9.08
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO (2008)
aka EMBODIMENT OF EVIL
direção: José Mojica Marins
roteiro: José Mojica Marins, Dennison Ramalho
Pois é, criaturas, finalmente estreou por aqui, na sexta feira passada, o aguardado novo filme do Mojica. Infelizmente poucos aguardavam como eu. Praticamente tive que arrastar meu irmão e um amigo para assistirem comigo e quando entro na sala escura, me deparo com somente cinco cabeças em plena estréia. É uma pena porque o filme é realmente ótimo e se fosse qualquer outro filme hollywoodiano de terror com adolescentes retardados o cinema estaria lotado.
Encarnação do Demônio é horror de primeira qualidade que me surpreendeu muito em todos os sentidos, desde o impressionante tratamento técnico, com uma fotografia de atmosfera densa que daria inveja a qualquer filme de terror produzido atualmente em Hollywood, violência explícita e extrema com litros de sangue espalhados, direção segura do Mojica com base firmada na criatividade, roteiro com elementos atuais, mas com o velho e mítico personagem Zé do Caixão dando as caras à moda antiga de maneira brilhante.
A seqüência em que Zé do Caixão tem a visão de uma espécie de purgatório dantesco é um espetáculo dentro de um filme excelente cheio de situações e momentos perturbadores, como a cena em que uma mulher sai de dentro um porco ou Zé do Caixão praticando o coito com uma mulher debaixo de uma chuva de sangue, além de muita tortura, mutilação, animais repugnantes, espíritos vingativos, a presença de Jece Valadão, ou seja, Mojica atira para todos os lados, mas atira certeiro e com uma precisão incrível. É uma beleza de filme que merecia muito mais do que apenas uns gatos pingados nas salas de projeção.
25.9.08
Anos 90
Já que esse lance de fazer tops é legal ao mesmo tempo em que me deixa maluco com as constantes modificações, resolvi fazer um Top 30 Anos 90 dos filmes que eu mais admiro em ordem cronológica (porque em ordem de preferência já é demais pra minha cabeça). Mas pra quem tiver alguma obsessão por posições, negritei os cinco primeiros pra ajudar um pouco...
OS BONS COMPANHEIROS (90, Martin Scorsese)
O VINGADOR DO FUTURO (90, Paul Verhoeven)
BARTON FINK (91, Joel e Ethan Coen)
DIAS SELVAGENS (91, Wong Kar Wai)
VÍCIO FRENÉTICO (92, Abel Ferrara)
HARD BOILED (92, John Woo)
OS IMPERDOÁVEIS (92, Clint Eastwood)
NAKED (93, Mike Leigh)
O PAGAMENTO FINAL (93, Brian de Palma)
PULP FICTION (94, Quentin Tarantino)
VIVE L’AMOUR (94, Tsai Ming Liang)
CARO DIÁRIO (94, Nanni Moretti)
DEAD MAN (95, Jim Jarmusch)
FOGO CONTRA FOGO (95, Michael Mann)
THE ADDICTION (95, Abel Ferrara)
DELLAMORTE DELLAMORE (95, Michelle Soavi)
CRASH (96, David Cronenberg)
A ESTRADA PERDIDA (96, David Lynch)
ONDAS DO DESTINO (96, Lars Von Trier)
IRMA VEP (96, Olivier Assayas)
HANNA BI (97, Takeshi Kitano)
VIOLENCIA GRATUITA (97, Michael Haneke)
DESCONSTRUINDO HARRY(97, Woody Allen)
BOOGHIE NIGHTS (97, Paul Thomas Anderson)
JACKIE BROWN (97, Quentin Tarantino)
FELICIDADE (98, Todd Solondz)
MAGNÓLIA (99, Paul Thomas Anderson )
DE OLHOS BEM FECHADOS (99, Stanley Kubrick)
ROSETTA (99, Jean-Pierre e Luc Dardennes)
DEAD OR ALIVE (99, Takashi Miike)
22.9.08
ILSA, SHE WOLF OF THE SS (1975)
direção: Don Edmonds
roteiro: Jonah Royston, John C.W. Saxton
A Segunda Guerra sempre serviu de fonte inspiradora inesgotável para a indústria cinematográfica e não foi diferente com os exploitaitations. Vários filmes possuíam a guerra, nazismo e campos de concentração como pretexto para acrescentar sadismo, violência e sexo em suas produções e algumas delas foram denominadass nazisploitations. Um dos principais exemplos deste subgênero é Ilsa, She Wolf of The SS. O filme é baseado em uma figura histórica que viveu naquele período: Ilsa Koch. Ela ficou conhecida pelos abusos de violência física e sexuais pelos quais tratava os prisioneiros nos campos de concentração. Ambos os elementos (violência e sexo) contribuem como uma ótima combinação para o filme.
A história se passa em um campo de concentração nazista onde, basicamente, durante o dia, experiências bizarras com seres humanos são realizadas sob o comando da personagem título, vivida pela exuberante atriz Dyanne Thorne. À noite ela convida um prisioneiro para saciar seu apetite sexual, mas aqueles que não conseguem satisfazê-la são castrados! E isso é só um aperitivo da insanidade da personagem. O que não falta durante todo o filme são momentos de sangreira e mulheres nuas, que é justamente o que faz a cabeça dos fãs do gênero e tornou o filme tão cultuado ao longo dos anos. A personagem ainda retornaria em várias seqüências nos anos 70.
A história se passa em um campo de concentração nazista onde, basicamente, durante o dia, experiências bizarras com seres humanos são realizadas sob o comando da personagem título, vivida pela exuberante atriz Dyanne Thorne. À noite ela convida um prisioneiro para saciar seu apetite sexual, mas aqueles que não conseguem satisfazê-la são castrados! E isso é só um aperitivo da insanidade da personagem. O que não falta durante todo o filme são momentos de sangreira e mulheres nuas, que é justamente o que faz a cabeça dos fãs do gênero e tornou o filme tão cultuado ao longo dos anos. A personagem ainda retornaria em várias seqüências nos anos 70.
15.9.08
ROSSO SANGUE (1981)
aka ABSURD; HORRIBLE; MONSTER HUNTER; ANTROPOPHAGUS 2; ZOMBIE 6
direção: Joe D'Amato
roteiro: George Eastman
Depois da “apresentação” que fiz há alguns posts sobre o diretor Joe D’amato, finalmente vamos tratar de um filme dirigido por ele. Dos mais de 190 filmes que o sujeito realizou, Absurd não faz parte daquela listinha de 10 a 15 filmes de boa categoria que o diretor conseguiu realizar ao longo de sua extensa carreira. Ou seja, Absurd é lixo dos brabos, feito às pressas, provavelmente ao mesmo tempo com outra produção, roteiro risível e atores que parecem nem saber que tipo de filme estavam fazendo, ou seja, diversão garantida!
Antes de entrar no filme, um curioso fato desta produção é o número de títulos que recebeu pelo mundo afora. Dependendo do lugar e dos cortes da censura, o título mudava drasticamente. Absurd é o que eu mais gosto, mas também tem Rosso Sangue, Horrible, Zombie 6 (!) e até mesmo Antropophagus 2, com a picaretagem de tentar relacioná-lo com a história do canibal grego do filme Antropophagus que D’Amato dirigira 2 anos antes.
Enfim, esses italianos são demais! O roteiro de Absurd é de Luigi Montefiore. Para quem não sabe, é o nome verdadeiro de George Eastman, ator fetiche de D’Amato. Aqui ele interpreta também um grego (aí está a relação com o Antropophagus) que aparece logo na primeira seqüência fugindo de um padre (Edmund Purdom). Após tentar pular a cerca de uma mansão, acaba com a barriga perfurada pela ponta de uma lança da cerca e caminha para dentro da mansão com as tripas pra fora.
O sujeito vai parar no hospital e logo descobrimos que ele é praticamente imortal. Suas células se regeneram numa velocidade surpreendente. Sabemos um pouco do seu passado através do padre que veio da Grécia atrás do sujeito que desapareceu no mar europeu e foi parar lá no Estados Unidos! Calma, não procure entender os porquês, esse tipo de rombo tem aos montes no decorrer do filme. O fato é que o sujeito acorda de uma hora pra outra e por onde passa deixa um rastro de sangue.
George Eastman foi um dos atores mais subestimados do cinema italiano. Em qualquer produção que estivesse sua presença era marcante (e não é só por causa da altura!), até mesmo numa tralha como esta aqui sua atuação surpreende. Em termos de técnica, seu trabalho está acima do próprio filme em que participa. Suas expressões completamente insanas funcionam principalmente quando a violência rola solta e nisso não temos do que reclamar em Absurd.
Até que a atmosfera de suspense não é tão ruim com a fotografia do próprio D’Amato creditado com seu nome verdadeiro: Aristide Massaccesi. Mas a trilha sonora não ajuda em nada! Enche o saco e chega uma hora que fica irritante, apesar do filme possuir várias seqüências antológicas que proporcionam um impacto visual de violência extrema que agradam os fãs tranquilamente, como na cena em que Eastman ataca uma enfermeira perfurando sua cabeça com uma furadeira cirúrgica, ou quando um pobre açougueiro perde o escalpo com uma serra de cortar carne e claro, a seqüência onde o louco varrido coloca uma mulher dentro do fogão para assá-la viva!
O roteiro sem sentido e pobre resume-se apenas na proposta de D’Amato e Eastman em juntar algumas idéias sádicas e de violência com o objetivo de divertir seus fãs. Tenho a certeza que nas mãos de um diretor mais cuidadoso e um roteirista profissional, Absurd renderia um filme com um acabamento muito superior e uma narrativa com um sentido coeso dentro do possível, mas perderia toda a vulgaridade da direção de D’Amato que possui um charme singular. A cena final com a menina ensangüentada segurando a cabeça é pra entrar para a história do cinema de horror europeu.
Antes de entrar no filme, um curioso fato desta produção é o número de títulos que recebeu pelo mundo afora. Dependendo do lugar e dos cortes da censura, o título mudava drasticamente. Absurd é o que eu mais gosto, mas também tem Rosso Sangue, Horrible, Zombie 6 (!) e até mesmo Antropophagus 2, com a picaretagem de tentar relacioná-lo com a história do canibal grego do filme Antropophagus que D’Amato dirigira 2 anos antes.
Enfim, esses italianos são demais! O roteiro de Absurd é de Luigi Montefiore. Para quem não sabe, é o nome verdadeiro de George Eastman, ator fetiche de D’Amato. Aqui ele interpreta também um grego (aí está a relação com o Antropophagus) que aparece logo na primeira seqüência fugindo de um padre (Edmund Purdom). Após tentar pular a cerca de uma mansão, acaba com a barriga perfurada pela ponta de uma lança da cerca e caminha para dentro da mansão com as tripas pra fora.
O sujeito vai parar no hospital e logo descobrimos que ele é praticamente imortal. Suas células se regeneram numa velocidade surpreendente. Sabemos um pouco do seu passado através do padre que veio da Grécia atrás do sujeito que desapareceu no mar europeu e foi parar lá no Estados Unidos! Calma, não procure entender os porquês, esse tipo de rombo tem aos montes no decorrer do filme. O fato é que o sujeito acorda de uma hora pra outra e por onde passa deixa um rastro de sangue.
George Eastman foi um dos atores mais subestimados do cinema italiano. Em qualquer produção que estivesse sua presença era marcante (e não é só por causa da altura!), até mesmo numa tralha como esta aqui sua atuação surpreende. Em termos de técnica, seu trabalho está acima do próprio filme em que participa. Suas expressões completamente insanas funcionam principalmente quando a violência rola solta e nisso não temos do que reclamar em Absurd.
Até que a atmosfera de suspense não é tão ruim com a fotografia do próprio D’Amato creditado com seu nome verdadeiro: Aristide Massaccesi. Mas a trilha sonora não ajuda em nada! Enche o saco e chega uma hora que fica irritante, apesar do filme possuir várias seqüências antológicas que proporcionam um impacto visual de violência extrema que agradam os fãs tranquilamente, como na cena em que Eastman ataca uma enfermeira perfurando sua cabeça com uma furadeira cirúrgica, ou quando um pobre açougueiro perde o escalpo com uma serra de cortar carne e claro, a seqüência onde o louco varrido coloca uma mulher dentro do fogão para assá-la viva!
O roteiro sem sentido e pobre resume-se apenas na proposta de D’Amato e Eastman em juntar algumas idéias sádicas e de violência com o objetivo de divertir seus fãs. Tenho a certeza que nas mãos de um diretor mais cuidadoso e um roteirista profissional, Absurd renderia um filme com um acabamento muito superior e uma narrativa com um sentido coeso dentro do possível, mas perderia toda a vulgaridade da direção de D’Amato que possui um charme singular. A cena final com a menina ensangüentada segurando a cabeça é pra entrar para a história do cinema de horror europeu.
10.9.08
DON'T LOOK NOW (1973)
direção: Nicholas Roeg
roteiro: Allan Scott, Chris Bryant
Provavelmente, a cena mais interessante do horror UM INVERNO DE SANGUE EM VENEZA não é de suspense, tensão ou algo do tipo. É a sequência onde o casal vivido por Donald Sutherland e Julie Christie fazem amor. O primoroso trabalho de edição intercala planos que mostram o durante e o depois do coito, causando um efeito curioso somado à veracidade sexual que os atores depositam na cena. Na época do lançamento, acreditava-se que os dois efetivamente haviam transado. A cena é um encaixe estranho à narrativa. É o único momento de calmaria pelo qual os protagonistas atravessam durante o filme – embora cause uma sensação nervosa - que é um dos exemplares de horror psicológico que mais me impressionou nos últimos tempos.
O filme é subitamente transportado para Veneza, algum tempo depois. John Baxter está restaurando as imagens sacras de uma igreja e sua mulher o acompanha pela cidade entrecortada pelos canais, com suas ruas estreitas, prédios antigos e a atmosfera natural acinzentada pelo clima de inverno. Perfeito cenário onde se passa o restante do filme, no qual o diretor britânico Nicholas Roeg estabelece com um ritmo lento o desenvolvimento de uma misteriosa história. O suspense é trabalhado cuidadosamente nos ambientes e em elementos estéticos, como a cor vermelha do casaco da filha, que passa a servir de metáfora para acentuar o tom sobrenatural que entra em cena com duas irmãs (uma delas cegas) já senhoras de idade.
A cega é uma médium que diz ter visto o espírito da menina entre o casal num restaurante. Laura começa a se sentir bem com isso e passa a acreditar nas duas senhoras. É o momento nos leva a cena de sexo entre o casal. Mas John é cético e não acredita, “Nossa filha está morta! Morta!”. A atuação de Donald Sutherland dá bastante vigor ao filme, com seus olhos expressivos, enquanto é engolido pelos mistérios de Veneza. Vários acontecimentos estranhos iniciam a partir de então para contribuir com o clima de suspense, como a cena do acidente na igreja, a visão de John do barco fúnebre (que ultrapassa os limites do tempo numa inovadora sacada cronológica) e as aparições de uma figura pequenina usando um capuz vermelho vagando pelas ruas noturnas da cidade.
5.9.08
WISE GUYS (1986)
aka QUEM TUDO QUER, TUDO PODE
direção: Brian De Palma
roteiro: George Gallo, Norman Steinberg
Para quem está acostumado com os filmes de Brian De Palma, sempre carregados de tramas violentas, suspenses elaborados por uma câmera virtuosa, vai se surpreender com o diretor no comando desta comédia leve e divertida que aceitou fazer a convite do produtor Aaron Russo, após realizar DUBLÊ DE CORPO (84), embora o início de sua carreira seja composta de algumas comédias que satirizavam politicamente o modo de vida americano da época, como GREETINGS (68) e HI, MOM! (70), ambos estrelados por um jovem Robert de Niro antes de iniciar sua parceria com o diretor Martin Scorsese, ou seja, De Palma já havia provado antes o talento do ator.
Mas vamos ao WISE GUYS cuja história gira em torno de dois membros atrapalhados da máfia de New Jersey, interpretados por Danny De Vito e Joe Piscopo. O filme remete aos trabalhos do Scorsese mostrando a uma máfia de baixa categoria e sem o glamour de Tony Montana do filme SCARFACE (83) que De Palma havia dirigido alguns anos antes. Os dois sujeitos, na verdade, recebem sempre os trabalhos mais pífios e são ridicularizados pelos outros membros. Ao receberem a “grande missão” de apostarem num cavalo de corrida, acabam colocando o dinheiro em outro cavalo, achando que o favorito de seu chefe perderia, o que não acontece. Os dois são marcados como traidores, mas ao invés de matá-los subitamente, Tony Castelo (Dan Hedaya), o chefão da parada, coloca-os com a missão de matar um ao outro.
WISE GUYS é um ótimo exercício de direção para De Palma que, apesar de não realizar nenhuma acrobacia com sua câmera, deixa seus atores brilharem livremente no gênero que já estão à vontade. Danny De Vito surpreende com um dos papéis mais engraçados de sua carreira e Joe Piscopo demonstra toda sua expressividade cômica. O elenco ainda é formado com Frank Vincent, Harvey Keitel e Lou Albano (talvez o personagem mais divertido). O filme não foi muito bem de bilheteria nos Estados Unidos e acabou sendo esquecido automaticamente, infelizmente. Mas realmente não é tão perfeito quanto parece. Algumas situações do roteiro poderiam ser melhor exploradas e o final é um tanto forçado e preguiçoso.
No Brasil recebeu o título cretino de QUEM TUDO QUER, TUDO PERDE, o que contribuiu ainda mais para o esquecimento por aqui, fora o estúdio que resolveu meter o dedo no material final. Mas nada que estrague a diversão, principalmente nos dois primeiros atos, quando a história é conduzida de maneira simples com ótimos momentos como a cena em que De Vito recebe a ordem de ligar o carro de seu chefe ou o assassinato na igreja, praticamente uma mistura genial do pastelão com o rigor intrigante do suspense de De Palma.
3.9.08
Joe D'amato
Não se pode exigir qualidade de todas as produções do diretor italiano Joe D’Amato. Aliás, qualidade é algo que o sujeito não preza mesmo. O que devia ser mais importante pra ele é a quantidade. Que digam os mais de 190 filmes no currículo! D’Amato, cujo nome verdadeiro era Aristide Massaccesi, filmava uns oito filmes por ano e às vezes mais de um ao mesmo tempo! Dentro desse amontoado de filmes, cuja direção era assinada com vários pseudônimos diferente, salva-se mesmo uns 15 filmes.
Mas então o cara era uma droga como diretor? Sim! Em muitos casos, o resultado de seu trabalho não era muito diferente de bosta de cavalo, então por que raios eu gosto deste diretor? Porque Joe D’Amato tinha o que muitos diretores não têm: culhões! Ele foi um dos cineastas mais ousados, corajosos e picaretas de seu tempo e toda e qualquer idéia, por mais perturbadora, iconoclasta, sádica e imoral que tivesse, era aproveitada em seus filmes.
Até aqui, este texto seria a introdução de uma análise que eu iria fazer do filme Rosso Sangue, aka Absurd, aka Antropaphagus 2, de 1982, mas resolvi deixar pra escrever mais tarde. Joe D’Amato vai ser figurinha constante no Dementia 13, seja com suas tralhas de baixa categoria, seja com seus filmes mais famosos.
Eis aí mais alguns motivos para gostar de Joe D’Amato:
• O canibal grego Nikos, interpretado por George Eastman, eleva seu nível de sadismo ao máximo na cena em que mastiga um feto em Antropophagus (1980).
• No mesmo filme, depois ter a barriga perfurada e as tripas colocadas pra fora, Nikos resolve nada mais nada menos que colocar tudo de volta pra dentro. Literalmente, o sujeito “se come”.
• D’Amatao dá uma aula de direção filmando uma autópsia extremamente realista no romance necrófilo Buio Omega (1979).
• Cenas de Snuff Movies de Emanuelle na América (1977). Diz a lenda que D’Amato conseguiu imagens reais de snuff’s com mafiosos russos! Hahaha!
• Mistura de sexo explícito com terror e suspense em filmes como Pornô Holocausto (1981), Emanuelle na América (1977) e Erotic Nights of Living Deads (1980).
• Realizou um dos filmes mais importantes do subgênero Nunsploitation (aqueles onde as freiras são protagonistas), Immagini di un convento (1979), com mais doses erotismo e atacando a igreja católica de todas as formas possíveis.
• Dirigiu Klaus Kinski em A Morte Sorriu para o Assassino (1973).
• No mesmo filme, depois ter a barriga perfurada e as tripas colocadas pra fora, Nikos resolve nada mais nada menos que colocar tudo de volta pra dentro. Literalmente, o sujeito “se come”.
• D’Amatao dá uma aula de direção filmando uma autópsia extremamente realista no romance necrófilo Buio Omega (1979).
• Cenas de Snuff Movies de Emanuelle na América (1977). Diz a lenda que D’Amato conseguiu imagens reais de snuff’s com mafiosos russos! Hahaha!
• Mistura de sexo explícito com terror e suspense em filmes como Pornô Holocausto (1981), Emanuelle na América (1977) e Erotic Nights of Living Deads (1980).
• Realizou um dos filmes mais importantes do subgênero Nunsploitation (aqueles onde as freiras são protagonistas), Immagini di un convento (1979), com mais doses erotismo e atacando a igreja católica de todas as formas possíveis.
• Dirigiu Klaus Kinski em A Morte Sorriu para o Assassino (1973).
D'Amato morreu em 1999 em plena atividade e muitos outros momentos poderiam ser destacados, obviamente...
1.9.08
FILMES DE AGOSTO
Segue a lista de todos os filmes vistos em Agosto com revisões em negrito:
DANGER: DIABOLIK (1968), de Mario Bava * * * *
UM INVERNO DE SANGUE EM VENEZA (1973), de Nicholas Roeg
* * * * *
SHE MOB (1968), de Harry Wuest * *
AT CLOSE RANGE (1986), de James Foley * * * *
VÁ E VEJA (1985), de Elem Klimov * * * * *
PERSÉPOLIS (2007), de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi * * *
HANCOCK (2008), de Peter Berg * * *
HELLRAISER (1987), de Cliver Barker * * * 1/2
ROLLING THUNDER (1977), de John Flynn * * * * 1/2
WANTED (2008), de Timur Bekmambetov * *
FIRST SNOW (2006), de Mark Fergus * * *
CONTROL (2007), de Anton Corbjin * * *
ALLEGRO NON TROPPO (197), de Bruno Bozzeto * * *
THE RIFT (1990), de Juan Piquer Simón * * *
CIVIC DUTY (2006), de Jeff Renfroe * *
FELON (2008), de Ric Roman Waugh * * *
BE KIND REWIND (2008), de Michel Gondry * *
HELLBOY 2 – THE GOLDEN ARMY (2008), de Guillermo del Toro * * *
STREET KINGS (2008), de David Ayer * * *
SUPERBAD (2007), de Greg Mottola * * *
ABSURD, aka ROSSO SANGUE (1981), Joe D’Amato * * *
2020 – TEXAS GLADIATORS (1982), Joe D’Amato * * *
THE EROTIC NIGHTS OF LIVING DEAD (1980), de Joe D’Amato * * *
TAKEN (2008), de Pierre Morel * * * *
WISE GUYS (1986), de Brian de Palma * * *
STUCK (2007), de Stuart Gordon * * * 1/2
ROGUE (2007), de Greg Mclean * * *
O FANTASMA DA LIBERDADE (1974), de Luis Buñuel * * * * *
IN BRUGES (2008), de Martin McDonagh * * *
SAVE THE GREEN PLANET (200), de Joon-Hwan Jang * *
DEEPSTAR SIX (1989), de Sean S. Cunninghan * * *
LEVIATHAN (1989), de George P. Cosmatos * * *
SCREAM QUEEN HOT TUB PARTY (1990), de Jim Wynorski e Fred Olen Ray * * *
SERPENTES À BORDO (2006), de David R. Ellis * * *
SERAPHIM FALLS (2006), de David Von Ancken * * * *
CANNIBAL HOLOCAUST (1980), de Ruggero Deodato * * * *
HELL RIDE (2008), de Larry Bishop * * 1/2
VIOLENT COP (1989), de Takeshi Kitano * * * * *
DANGER: DIABOLIK (1968), de Mario Bava * * * *
UM INVERNO DE SANGUE EM VENEZA (1973), de Nicholas Roeg
* * * * *
SHE MOB (1968), de Harry Wuest * *
AT CLOSE RANGE (1986), de James Foley * * * *
VÁ E VEJA (1985), de Elem Klimov * * * * *
PERSÉPOLIS (2007), de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi * * *
HANCOCK (2008), de Peter Berg * * *
HELLRAISER (1987), de Cliver Barker * * * 1/2
ROLLING THUNDER (1977), de John Flynn * * * * 1/2
WANTED (2008), de Timur Bekmambetov * *
FIRST SNOW (2006), de Mark Fergus * * *
CONTROL (2007), de Anton Corbjin * * *
ALLEGRO NON TROPPO (197), de Bruno Bozzeto * * *
THE RIFT (1990), de Juan Piquer Simón * * *
CIVIC DUTY (2006), de Jeff Renfroe * *
FELON (2008), de Ric Roman Waugh * * *
BE KIND REWIND (2008), de Michel Gondry * *
HELLBOY 2 – THE GOLDEN ARMY (2008), de Guillermo del Toro * * *
STREET KINGS (2008), de David Ayer * * *
SUPERBAD (2007), de Greg Mottola * * *
ABSURD, aka ROSSO SANGUE (1981), Joe D’Amato * * *
2020 – TEXAS GLADIATORS (1982), Joe D’Amato * * *
THE EROTIC NIGHTS OF LIVING DEAD (1980), de Joe D’Amato * * *
TAKEN (2008), de Pierre Morel * * * *
WISE GUYS (1986), de Brian de Palma * * *
STUCK (2007), de Stuart Gordon * * * 1/2
ROGUE (2007), de Greg Mclean * * *
O FANTASMA DA LIBERDADE (1974), de Luis Buñuel * * * * *
IN BRUGES (2008), de Martin McDonagh * * *
SAVE THE GREEN PLANET (200), de Joon-Hwan Jang * *
DEEPSTAR SIX (1989), de Sean S. Cunninghan * * *
LEVIATHAN (1989), de George P. Cosmatos * * *
SCREAM QUEEN HOT TUB PARTY (1990), de Jim Wynorski e Fred Olen Ray * * *
SERPENTES À BORDO (2006), de David R. Ellis * * *
SERAPHIM FALLS (2006), de David Von Ancken * * * *
CANNIBAL HOLOCAUST (1980), de Ruggero Deodato * * * *
HELL RIDE (2008), de Larry Bishop * * 1/2
VIOLENT COP (1989), de Takeshi Kitano * * * * *
Deixo agora pra vocês escolherem: se tiverem vontade ou curiosidade de conhecer ou apenas ler algo sobre qualquer um desses filmes acima que eu não tenha escrito ainda, é só pedir nos comentários que eu escrevo alguma coisa nem que seja um parágrafo...
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