Em homenagem a um dos maiores ícones do cinema da minha infância, hoje fazendo aniversário, vamos de um top 10 dos meus filmes favoritos protagonizados pelo grande Arnoldão, também conhecido como Arnold Schwarzenegger. Estou levando em consideração a qualidade dos filmes e não as atuações, porque este tipo de talento por parte do sujeito, por mais que eu goste dele, não daria pra formar nem um top 3... hehe
1. CONAN – O BÁRBARO (1982), de John Millius
2. O VINGADOR DO FUTURO (Total Recall, 1990), de Paul Verhoeven
3. O EXTERMINADOR DO FUTURO 2 (Terminator 2, 1991), de James Cameron
4. COMANDO PARA MATAR (Commando, 1985), de Mark L. Lester
5. PREDADOR (1987), de John McTiernan
6. TRUE LIES (1995), de James Cameron
7. O EXTERMINADOR DO FUTURO (Terminator, 1984), de James Cameron
8. INFERNO VERMELHO (Red Heat, 1988), de Walter Hill
9. O ÚLTIMO GRANDE HERÓI (Last Action Hero, 1993), de John McTiernan
10. O SOBREVIVENTE (The Running Man1987), de Paul Michael Glaser
O homem tem ou não tem uma lista de filmes de respeito?
Não sei se alguém ainda lembra do concurso de trailers falsos realizado para o projeto GRINDHOUSE, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, há alguns anos. O vencedor naquela época foi HOBO WITH A SHOTGUN, uma sandice deliciosa sobre um mendigo que resolve eliminar a sujeira da cidade utilizando uma simples escopeta, como pode ser visto (ou relembrado) no trailer premiado abaixo:
Mas a boa notícia é que não é só MACHETE que terá a honra de ser extendido em sua versão longa metragem. Em 2011, teremos HOBO WITH A SHOTGUN estrelado por ninguém menos que RUTGER HAUER!!!
O trailer não deve demorar a sair, mas se os realizadores conseguirem manter no longa o espírito exploitation do trailer falso, já seria mais que extraordinário! Acho difícil, mas não impossível, principalmente com as declarações de alguns envolvidos dizendo que tiveram muita liberdade para filmar. De qualquer maneira, é provável que seja um exemplar obrigatório para os fãs do gênero aguardarem de joelhos no ano que vem.
Não sou praticante assíduo, atualmente, de nenhum tipo de esporte, mas ontem inventei de jogar futebol com uma turma. Me dei mal. Com cinco minutos de jogo, senti uma fisgada forte na perna que quase me nocauteou. Não deu outra, estiramento na coxa, colocar gelo, pomadas e comprimidos anti-inflamatórios, repouso e, por conseqüência disso tudo, muitos e muitos filmes! Passei o resto do fim de semana na cama assistindo à várias belezinhas.
Curto e grosso sobre alguns exemplares da safra recente:
REPO MEN (2010) de Miguel Sapochnik: Acho que foi o único filme fraco que assisti nessa leva. É sobre um sujeito (Jude Law) que trabalha reavendo (sem anestesia) os órgãos artificiais dos clientes que não conseguem pagar o produto, até que um dia ele precisa de um coração novo, mas também não consegue pagar pelo órgão e agora passa a ser perseguido e precisa utilizar suas habilidades para não tomarem seu coração. lembra um pouco MINORITY REPORT, mas consegue ser inferior. A premissa é boa e rende alguns momentos. É bastante violento, tem uma trilha bacana, enfim, poderia ter sido bem melhor. O problema é quando o filme começa a perder tempo demais com questões bobas, tem muita coisa desnecessária, personagens obsoletos que tornam o filme chato.
THE HORSEMAN (2008) de Steven Kastrissios: Após dois anos de sua realização, finalmente este filme ficou disponível. E é um ótimo revenge movie australiano que demonstra o que um pai vingativo é capaz de fazer com suas vítimas carregando apenas sua maleta de ferramentas. Autentico exemplar do cinema físico e visceral! Imaginem o casamento de HARDCORE, de Paul Schrader, com O ALBERGUE, de Eli Roth, e vocês terão uma idéia do que é isso aqui.
HEARTLESS (2009) Philip Ridley: Gostei bastante deste conto urbano de terror muito bem sacado, com uma leve inspiração em Fausto. É complexo, na verdade, descrever o filme sem estragar o prazer de assisti-lo, mas é muito interessante, muito rico em detalhes, o diretor faz um belíssimo uso das locações, com as paredes e muros da cidade carregadas de graffiti, tem um clima de terror dos bons, é um filme muito eficiente e que se não é uma obra maravilhosa, pelo menos fica bem acima do padrão atual do gênero.
Dois filmaços vistos pela primeira vez:
TUAREG (1984), de Enzo G. Castellari
Trata-se de uma das melhores e mais caras produções dirigidas pelo Castellari. Uma espécie de mistura entre LAWRENCE DA ARÁBIA com RAMBO!!! Mark Harmon, que depois levaria sua carreira a um caminho completamente diferente do que é visto aqui, está sensacional na pele de um Tuareg, um guerreiro do deserto, que arranja o maior Deus-nos-acuda com o governo ao ir atrás de um senhor que fora arrancado de seu acampamento por uma patrulha do exército, liderada por ninguém menos que Antonio Sabáto, sem saber que o sujeito, na verdade, é um importante preso político. Nas leis do Tuareg, o exército o ofendeu profundamente retirando o hóspede de seus cuidados.
Mas para um filme de Castellari, conhecido pelas preciosas seqüências de tiroteios, até que TUAREG não possui tanta ação assim, a não ser naquela cena em que Harmon luta sozinho contra um exército para libertar o prisioneiro de um forte. É lógico que isso não diminui o filme que é magnífico visualmente, com uma fotografia que utiliza muito bem os espaços e a beleza do deserto, além da bela trilha sonora de Riz Ortolani. Altamente recomendado!
FACELESS (1987), de Jess Franco
Também é uma produção de “maior orçamento”, para o nível do diretor, demonstrando que Franco realmente podia fazer um filme com um ótimo acabamento tendo recurso em mãos. FACELESS é uma deliciosa, e safada, refilmagem do clássico OS OLHOS SEM ROSTO, de Georges Franju, com um elenco cheio de canastrões como Helmut Berger, Brett Halsey, Christopher Mitchum, Anton Diffring e até Telly Savalas. Do lado feminino a beleza das musas Brigitte Lahaie e Caroline Munro. E para não esquecer que estamos falando de um filme de Jess Franco, temos pontas de Howard Vernon e Linna Romay.
E é para não esquecer mesmo! FACELESS é uma anomalia na filmografia do diretor, que possui uns 200 filmes. Esqueçam aqueles zoons desenfreados, os closes em genitálias femininas, a atmosfera densa, Franco investe muito mais em contar uma estória convencional do que no clima surreal de sonho, que é uma de suas principais características. Mas não deixa de ser um de seus melhores trabalhos!
Vou ficar devendo, por enquanto, alguns outros filmes visto neste período moribundo, como LA MALA ORDINA, de Fernando Di Leo e FIVE ELEMENTS NINJA, de Chang Cheh. Até!
Confesso que preciso dar muita atenção ainda ao francês Jean Rollin. Meu primeiro contato com ele havia sido com o terrível ZOMBIE LAKE (1981), que na minha ingênua ignorância, coloquei a culpa pelo fracasso e cretinice do filme no diretor. Ainda continuo ingênuo e ignorante, mas melhorei um pouco de lá pra cá. Já considero o filme divertido, só que pelos motivos errados. Tem algumas das piores cenas de zumbis em ação que eu já vi, as maquiagens parecem ter sido feitas por uma criança, a trama é ridícula e chega a dar pena dos atores. Mas o negócio é não levar a sério, entrar no clima e dar boas risadas.
Só para dar mais informação, ZOMBIE LAKE era um projeto de outro diretor maluco, o Jess Franco, com todos os elementos característicos que só ele sabia trabalhar. O filme seria uma bomba de qualquer jeito, mas talvez não fosse tão ruim, já que Franco é mestre nesse tipo de coisa. Mas o sujeito desapareceu na véspera das filmagens e Jean Rollin foi chamado pelos produtores 6 horas antes de começar a rodar o filme!!! Acabou assinando como A. J. Lazer e ficou por isso mesmo.
Enfim, venho acumulando alguns filmes do Rollin por aqui, mas nada de parar para assistir. Ontem resolvi ver THE GRAPES OF DEATH (1978) e agora sim, pude contemplar o que o diretor é capaz. Trata-se de um poético zombie movie, filmado, creio eu, no interior da França, onde os contaminados surgem por causa de um novo pesticida utilizado em uma vinícola.
Quase não há diálogos e a trama pouco importa. Parece mais um sonho, que vai ficando cada vez mais denso. Uma jovem foge do trem por causa de um zumbi e vaga até seu destino enfrentando situações de puro terror com essas criaturas, percorrendo o belíssimo cenário. Em uma cena surreal, ela encontra a grande Brigitte Lahaie, e o que se segue a partir daí é simplesmente do cacete! O plano do zumbi beijando a cabeça decepada de uma mulher é apenas um dos pontos altos deste espetáculo grotesco. Muito bom mesmo!
Portanto, se alguém tiver interesse em iniciar a obra de Rollin, acho que THE GRAPES OF DEATH seria bem mais recondável que ZOMBIE LAKE...
E finalmente chega em minhas mãos o terceiro lançamento em DVD realizado pela LUME da obra de Bloody Sam, o belíssimo faroeste PAT GARRET & BILY THE KID, um exemplar fundamental para sentir toda a essência do cinema de Peckinpah. E só não é o melhor faroeste feito pelo diretor, porque Peckinpah é tão fod!@#$, que já havia realizado alguns anos antes o melhor western de todos os tempos, na minha opinião: MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA.
Adoro os westerns de John Ford, Budd Boetticher, Anthony Mann, Delmer Daves, Howard Hawks, etc, é inegável a importância dos filmes desses caras, mas pessoalmente sou apaixonado é pelo western dos anos 70, e final dos 60. E claro, os Spaghetti Westerns... mas estou me referindo ao cinema americano mesmo.
E PAT GARRET é lindo pra danar. A trama é bem simples, mas cheia de introspecção, situações complexas, personagens profundos. Peckinpah narra um dos duelos mais significantes do cinema, entre os personagens título, com uma sensibilidade impressionante, que contrasta com a violência característica de seus trabalhos e que também está presente neste aqui. James Coburn está soberbo na pele de Pat Garret, um ex-bandido que agora trabalha do lado da lei e precisa prender o seu ex-parceiro, Billy, vivido pelo Kris Kristofferson.
E temos o bom e velho Bob Dylan, emprestando sua voz na excepcional trilha sonora e marcando presença também como ator. Aliás, há um tópico interessante na biografia de Bob que retrata justamente as filmagens de PAT GARRET. Dizia que Peckinpah realizou o filme completamente bêbado e surtado, atirando nos espelhos e mandando os atores repetirem as cenas cem milhões de vezes!!! Uma pena o diretor ter perdido a vida justamente pelas complicações causadas pela bebida, mas se era assim que a coisa funcionava para ele na hora do “vamos ver”, ao menos deixou umas quatro ou cinco obras primas incontestáveis. PAT GARRET com certeza é uma delas.
Esta semana tive o prazer de rever este CLÁSSICO do cinema de ação policial, truculento até o talo, realizado em pleno calor dos anos 80!!! E um filme que possui a palavra “action” no título tem mais que a obrigação de alegrar o coração dos pobres infelizes que curtem esse tipo de produção, como é o meu caso... e ACTION JACKSON está longe de decepcionar!
E pra quem aprecia frases badass de efeito então, será agraciado com um bônus. O roteirista Robert Reneau desenvolveu uma trama simples, que não possui nada que já não tenhamos visto antes, mas em compensação, estava inspiradíssimo quando criou situações recheadas de taglines de rachar o bico! Logo no início, por exemplo, dois policiais prendem um trombadinha e, enquanto o levam para delegacia, descrevem Jericho “Action” Jackson, o sujeito mais casca grossa da polícia de Detroit, para amedrontar o pobre rapaz:
- Hey man, what's gon' happen to me?
- Oh, nothing. Uh, wel-nothing much, uh... you might have to endure a little session with, uh, Action Jackson.
- Wh-who's Axon...?
- “Action”, “Action” Jackson.
- Yeah, some say he didn't even have a mother. That some researchers at NASA created him to be the first man to walk on the moon without a space suit.
- Others say his mother was molested by Bigfoot and, uh, Jackson is their mutant offspring.
- They bring in Jackson when they want to re-educate some young ne'er-do-well such as yourself, Albert.
- Yeah, I remember one kid got re-educated so bad, his testicles climbed back up into his belly. Wouldn't come out.
- They called it a medical miracle.
- Yeah. Another kid, handcuffed to a chair; gnawed his own hand off like a trapped skunk, or wolverine, or somethin'.
GENIAL!!! ACTION JACKSON bate recordes em frases como essas! Algumas são tão ridículas que chegam a desconcertar o espectador.
Mas quem é o tal "Action" Jackson? A honra de encarnar o protagonista foi concedida ao ator Carl Weathers, o Apollo de ROCKY. Em seus primeiros momentos, percebe-se que o sujeito tem um histórico tremendo como policial. Uma fama desgraçada de tira durão e que faz a bandidagem tremer nas calças. Ficamos sabendo logo de cara que Jackson foi rebaixado recentemente de Tenente à sargento. Por que? Porque ele cortou fora a mão de um pedófilo!!! E ainda deu a desculpa de que “o sujeito tinha outra mão de reserva”. Estamos diante da truculência em pessoa.
É como se ACTION JACKSON fosse continuação de um primeiro filme que não existe. O tal bandido que perdeu a mão, na verdade, nem aparece, mas seu pai, vivido por Craig T. Nelson, assume o posto de vilão da estória. E nós já sabemos subitamente que ele é o bandidão, pois ele possui ninguém menos que Al Leong como motorista de sua limosine.
A trama, como já disse, é a básica dos filmes de ação oitentista. “Action” Jackson suspeita que quem está eliminando os chefes dos sindicatos é o poderoso Nelson. Então começa a investigar, acaba se metendo onde não deve, envolve-se com a esposa do bandido, depois com sua amante, cai numa tramóia e vira suspeito de assassinato, precisa agora pegar o bandido e ainda por cima provar que não cometeu crime algum, etc, etc... uma coisa linda!
Mas o que conta mesmo são as situações criadas pelo roteiro. A primeira cena de ação que acontece pra valer envolvendo Jackson, creio eu que seja a primeira perseguição de carro em alta velocidade com o herói correndo a pé!!! Vejam bem, não é como OPERAÇÃO FRANÇA II, onde Gene Hackman corre atrás do vilão, bufando, persistindo e, por sorte, consegue atingir uma bala na testa de Fernando Rey que já estava se sentindo seguro dentro de um barco. Aqui, Jackson corre alguns quarteirões perseguindo um táxi, mas lado a lado com ele, em alta velocidade!!! E mais, ainda na mesma velocidade, ele consegue pegar impulso e pular no teto do veículo em movimento. Eu já virei fã!
Em uma cena mais adiante, após ser acorrentado e quase cremado vivo, Jackson consegue se libertar, troca tiro com os bandidos, mas antes de fazer um deles de churrasco, questiona: “Como prefere suas costelas?!?!” Sensacional! No climax do filme, numa festa na mansão do vilão, "Action" precisa agir logo para chegar no quarto de Nelson, onde ele pretende matar sua amante. O nosso herói não pensa duas vezes quando vê um dos carros fabricado pelas empresas de Nelson. O sujeito entra no carro, invade a casa (!), sobe as ESCADAS (!!), percorre o estreito corredor do segundo andar (!!!) e adentra o quarto de carro e tudo!!! Acho que nunca teremos na vida, outra cena como essa num filme.
Logo em seguida, Jackson parte no mano a mano com o vilão. E o páreo é duro! Mas tudo bem. Uma cena antes mostra que Nelson é praticante de artes marciais, e dos bons! Mas ninguém consegue é tirar os olhos do carro estacionado ao lado da cama...
Craig T. Nelson faz um ótimo vilão. Desprezível e arrogante e muito convincente. Todo o elenco é excelente, na verdade. Carl Weathers nasceu para o papel de "Action" Jackson! Ainda temos uma boa Sharon Stone; Robert Davi arrebentando em sua pequena participação; Bill Duke fazendo o chefe de polícia; e temos a cantora Vanity, belíssima e muito sexy, mas bem chata também. Ela contribui bastante soltando com demasiada frequência várias frases de efeitos escritos especialmente pra ela.
Ainda não falei de Craig R. Baxley, que fazia aqui sua estréia como diretor de cinema. Havia realizado apenas alguns episódios de ESQUADRÃO CLASSE A. Baxley era dublê, deve ter conhecido Weathers nos sets de PREDADOR, onde trabalhou. Mas parece que sua carreira atrás das câmeras não foi muito pra frente no cinema, embora tenha realizado STONE COLD, que em breve receberá alguns comentários por aqui. Desconheço sua carreira dirigindo séries, que é o que faz atualmente. Mas bem que ele podia estar fazendo mais uns filmes B de ação no estilo de ACTION JACKSON!
Neste fim de semana chegou aqui em minhas mãos outro filme do mestre Sam Peckinpah lançado em DVD pela LUME, que eu havia comentado na semana passada. Trata-se de THE KILLER ELITE, ou ASSASSINOS DE ELITE, como foi intitulado pela distribuidora. Agora falta chegar o belíssimo western PAT GARRET & BILLY THE KID, também lançado recentemente pelo mesmo selo.
Apesar da festa com os lançamentos destes filmes do diretor, este aqui em especial nunca recebeu a devida atenção pela crítica e público. No Brasil, se não estou enganado, nunca havia sido lançado em vídeo. Até o próprio Peckinpah o considerava meio maldito. Ok, o filme não é uma obra prima, não chega ao nível de ALFREDO GARCIA, STRAW DOGS ou WILD BUNCH, mas não deixa de ser um puta filme de ação setentista, dirigido brilhantemente, com um elenco de primeira encabeçado por James Caan e Robert Duvall, e para coroar, além das habituais cenas de ação “peckinpanianas” realizadas com maestria, possui cenas de lutas com ninjas chineses!!! Sensacional!!!
Alguém confirme, por favor, se esses ninjas eram chineses mesmo, mas só por esse “pequeno” detalhe, THE KILLER ELITE já merecia entrar na lista de filmes obrigatórios do diretor.
Na época da produção, Peckinpah já era o diretor marginal, bêbado e problemático que todos nós conhecemos. Mesmo assim, o chefe da United Artists naquele período, Mike Medavoy, acreditava na capacidade do diretor e achou que o projeto era perfeito para o homem. Então deu a ele essa oportunidade, contanto que o trabalho fosse supervisionado pelo próprio Medavoy. Aparentemente, Peckinpah aceitou...
Acabei não revendo THE KILLER ELITE para um texto mais detalhado, mas mesmo assim vale comentar. A estória é bem simples e não passa da boa e velha trama de vingança. Duvall é o traidor que deixa James Caan praticamente morto após executarem um serviço mercenário. Caan acaba tendo sérias sequelas, mas esforça para se recuperar e poder efetuar sua desejada vingança. E para isso conta com a ajuda de alguns sujeitos de sua confiança, interpretados por Burt Young e Bo Hopkins.
A força do filme se constrói de forma cadenciada nesse conflito entre Caan e Duvall, sem muita ação. E talvez por isso o grande público tenha esquecido e ignorado o filme. Na verdade, THE KILLER ELITE realmente sofre um bocado com o ritmo e outros equívocos, mas à medida em que caminha para o final a coisa vai ficando melhor, mais movimentado, a tensão aumenta e entram em cena os ninjas para um gran finale altamente bizarro e divertido! É uma preciosidade que merece ser vista, nem que seja para comprovar que até um filme menor de ação dos anos 70 é muito superior a 95% dos filmes do gênero realizado hoje.
Julgar um filme pelo poster não é bom. Mas no caso de THE DOGS OF WAR, o cartaz aí em cima realmente conseguiu me enganar. Na minha cabeça tratava-se de mais uma daquelas produções de guerra recheadas de ação exagerada, tiroteios intermináveis, alta contagem de corpos e explosões a cada cinco minutos. Não é nada disso. Se quiserem algo do nível, também estrelado pelo Christophen Walken, recomendo este aqui. Ou se quiserem mais ação do diretor John Irvin, recomendo este outro aqui.
O mais próximo deste tom que THE DOGS OF WAR chega é nos último 15 minutos, e mesmo assim o diretor, que fazia sua estréia na direção para cinema, tenta manter a ação de seu filme dentro dos limites da realidade, sem os exageros habituais do gênero naquele período. Irvin dizia que pela sua experiência em filmar batalhas reais para a televisão nos anos sessenta, durante a guerra do Vietnã, possibilitou uma visão apurada de como as coisas aconteciam. E realmente, as cenas de combate são muito bem filmadas. A do final é mais voltada à ação mesmo, mas logo no início temos um belíssimo plano de um avião decolando com um bombardeio muito perto... uma visão e tanto (claro que com a fotografia genial de Jack Cardiff a coisa fica bem mais fácil)!
Mas o que sobra de filme até que chegue a ação final está muito longe de ser tempo desperdiçado. Muito pelo contrário. Estamos diante de um filmaço, autêntico representante do subgênero "Men in a Mission" com elementos de espionagem. Baseado numa obra de Frederick Forsythe, THEDOGS OF WAR conta a estória de um grupo de mercenários contratado para derrubar um ditador num pequeno país fictício africano. No elenco temos o já citado Christopher Walken como o protagonista e alguns nomes ainda desconhecidos àquela altura, como Tom Berenger, Paul Freeman e até Ed O'Neill, da série MARRIED... WITH CHILDREN.
Quando uma grande corporação decide investir em diamantes na pequena Zangaro, na África, eles enviam o ex-combatente de guerra Shannon (Walken) para fazer um reconhecimento de campo, saber a real situação do país sob o comando de um maluco que pode muito bem servir de reflexo de muitos governantes que já estiveram, e ainda estão, no poder em vários países africanos, americanos, asiáticos, etc.
Como a situação por lá anda de mal a pior, o relatório de Shannon conclui que fazer negócio com aquele país é sujeira. Aí que surge a brilhante idéia da companhia, juntamente com um outro representante político daquele país, que se encontra exilado, tão maluco quanto o que já está no poder, em pagar um grupo de mercenários, liderado por Shannon, para invadir o país e derrubar o atual presidente.
A parte burocrática do filme começa a partir daí: reuniões do grupo de mercenários, planos de guerra, compras de armamento, barco para a invasão, etc, etc, tudo detalhado de maneira bem esquemática. Algo que provavelmente no novo filme do Stallone deve acontecer em 5 minutos. Aqui ocupa quase metade da duração. Além disso, o roteiro encaixa um problema matrimonial na vida de Shannon para dar mais complexidade ao personagem.
Tudo isso torna THE DOGS OF WAR interessante, poderia ser um pouco mais enxuto, na minha opinião, mas não deixa de ser bacana a forma como Irvin faz um orgânico jogo de espionagem durante o planejamento dos mercenários, enquanto a ação não explode. O filme não deixa de ser também um inteligente retrato do poder e ditadura, se visto com mais calma. além do mais, é sempre um prazer acompanhar o desempenho de Christopher Walken, já esbanjando talento e presença em qualquer produção que encarava.
Mais conhecido pelos admiradores do Steven Seagal como “o filme em que ele enfrenta traficantes jamaicanos macumbeiros”, MARCADO PARA A MORTE é o terceiro dos quatro primeiros filmes do ator e que correspondem à fase de ouro de sua filmografia, ou seja, produções com um nível de qualidade interessante que independente de ser o Seagal o protagonista, renderiam ótimos exemplares de ação casca grossa. O único que faltava para eu comentar aqui no blog era este aqui. Os outros três são NICO, DIFÍCIL DE MATAR e FÚRIA MORTAL.
MARCADO PARA MORTE não podia começar de forma melhor. Seagal perseguindo a pé (correndo com sua típica movimentação de braços que lembra uma mocinha correndo do namorado) ninguém menos que Danny Trejo, numa pequena participação, quando nem sonhava que estrelaria um filme chamado MACHETE, o qual esperamos ansiosamente. Aliás, teremos a honra de ver um reencontro entre ele e o Seagal, já que este marcará presença como um vilão, aparentemente.
Voltando a MARCADO PARA A MORTE, não demora muito para descobrirmos que o ator de rabinho de cavalo é o policial John Hatcher e que está trabalhando disfarçado em uma missão perigosa para desmascarar uns traficantes mexicanos. A operação dá toda errada e o nosso herói tem que se virar para sair do local, um puteiro mexicano, com a carcaça intacta, atirando, cortando pescoços com um facão e abrindo caminho a golpes de Aikido.
Uma pena que seu parceiro não tenha a mesma sorte. Em uma cena genial, o sujeito dá bobeira em frente a uma prostituta nua e esta o crava de balas. Seagal não pensa duas vezes, mesmo sem ver seu alvo atrás da porta, e atira também, mandando a pobre moça pro outro mundo. Tudo isso deixa Hatcher muito transtornado. E para resumir a descrição da trama, digamos apenas que o personagem se aposenta da polícia e tenta arranjar um lugar de paz para viver junto de sua irmã e sobrinha em uma cidade mais tranquila. Isso tudo com dez minutos de filme.
Como sabemos que não vamos ter nenhum filminho familiar estrelado por Steven Seagal, podem ter certeza que ele encontra de tudo no local, menos a paz e tranqüilidade que tanto almeja. A encrenca surge quando Hatcher começa a reparar na ação de uns traficantes jamaicanos e depois de algumas situações, resolve agir por conta própria para limpar a cidade, contando com a ajuda de um velho amigo que ele reencontra depois de muitos anos, interpretado pelo sempre ótimo Keith David (aquele mesmo que luta durante 50 minutos contra o Roddy Piper em ELES VIVEM, de Jonh Carpenter).
A direção desses primeiros filmes do Seagal é sempre de gente, no mínimo, competente. Dwight H. Little, que realizouHALLOWEEN 4, o último bom filme da série, e o excelente veículo de ação de Brandon Lee, RAJADA DE FOGO, é o homem que comanda por trás das câmeras em MARCADO PARA A MORTE. Talvez ele tenha sido responsável por alguns detalhes que tornam o filme ainda mais interessante. Porque de Steven Seagal temos o mais do mesmo. Claro que eu adoro vê-lo fazendo esse personagem badass que não dá mole para a bandidagem e basicamente repete o mesmo papel de sempre, com algumas variações. Mas o que diferencia este aqui dos demais é maneira como o diretor utiliza da violência. É provável que seja o filme mais sanguinolento e visceral de Steven Seagal. Vê-lo quebrando braços de meliante é algo bacana, agora, assistir em detalhes o osso partindo, é melhor tirar as crianças da sala...
E Seagal está extremamente sádico neste aqui. Os bandidos, a certa altura, mexem com a família do cara errado e Hatcher parte com tudo pra cima deles. Execuções à sangue frio, braços decepados, cabeças cortadas, olhos perfurados com os dedos, espinhas partidas ao meio com joelho, são alguns exemplos do que o homem é capaz em toda sua fúria. Os vilões jamaicanos também são um destaque a parte, acrescentando um tom mais sinistro ao filme com algumas sequências de vodu, sacrifícios humanos e elementos de magia negra. Basil Wallace, que encarna o líder jamaicano é de dar medo. O sujeito é muito expressivo e sua aparição no final, após uma reviravolta das boas, é uma grande sacada do roteiro e garante ainda mais algumas cenas de pura diversão!
Na minha modesta opinião, MARCADO PARA A MORTE fica atrás daqueles que citei da fase de ouro do Seagal. Mas é algo pessoal. Para o meu amigo Herax, por exemplo, DIFÍCIL DE MATAR fica em último entre os quatro. As posições variam de acordo com cada um, é lógico. Mas é inegável o fato de que os quatro filmes possuem quase o mesmo nível de qualidade e qualquer fã de cinema de ação old school tem mais que a obrigação de assisti-los!