30.4.09

OS AMIGOS DE EDDIE COYLE (The Friends of Eddie Coyle, 1974), de Peter Yates

Sabe aquela famosa frase? “Com amigos como este, quem precisa de inimigos?”. Então, é este tipo de “amigo” que o título do filme se refere nesta obra prima do diretor Peter Yates. Eddie Coyle, interpretado por Robert Mitchum, conta, a certa altura, que ganhou o apelido de fingers depois de um servicinho ter dado errado e seus “amigos” terem arrebentado sua mão como castigo. Realmente mui amigos...

Yates é bastante esperto ao retratar este mundo de uma maneira sombria e extremamente melancólica, sob o olhar cansado de um Robert Mitchum cheio de dilemas. Seu personagem já inicia o filme em apuros. A esta altura da vida, Eddie teve problemas com a lei, possui mulher e três filhos, não quer ir pra prisão na sua idade, então resolve virar “dedo duro” da policia pra sair dessa situação de uma vez, mas acaba colocando sua vida em risco. E, basicamente, é isso que temos aqui para formar uma trama bem desenvolvida.

Esqueçam cenas de ação mirabolantes ou perseguições de carro em alta velocidade como em BULLIT, também de Yates, nada de adrenalina por aqui. O que OS AMIGOS DE EDDIE COYLE nos dá é o drama de um homem simples envolvido numa teia criminosa, tentando se livrar, mas acaba se enrolando cada vez mais. A direção de Yates é ótima e funciona muito bem nesse sentido, evitando os excessos que poderiam desviar a atenção; o roteiro também é bem enxuto, inspirado no romance de George V. Higgins (que eu não li); mas o que realmente torna o filme uma obra prima dos anos setenta é a presença de um Robert Mitchum inspirado.

Mitchum nunca esteve tão bem, pelo menos eu não me lembro. E olha que é um dos meus atores americanos favoritos. Acostumado a tê-lo sempre como um action man desde seus trabalhos da década de 40, é de se estranhar, no momento em que surge atrás de uma vidraça até seu ultimo segundo em cena, vê-lo encarnando este personagem lúgubre, cansado, tentando sobreviver neste universo nebuloso. Eddie Coyle foi feito sob medida para Mitchum, e motivo melhor que este para ver o filme não há. Outro bom nome que aparece nos créditos é o de Peter Boyle, também uma figura que não decepciona e está extremamente bem aqui, principalmente nos últimos 20 minutos de filme.

Como já devem ter percebido, OS AMIGOS DE EDDIE COYLE é uma obra mais séria que o habitual, um exercício de realismo dentro de um gênero repleto de situações exacerbadas que, aqui, não vêm ao caso. Até mesmo nas cenas de assaltos a bancos, que Yates intercala na estrutura narrativa, são ausentes de qualquer tipo de manipulação emocional. Yates prefere apostar na atmosfera natural, com a magnífica fotografia crua de Victor J. Kemper (que já havia trabalhado com John Cassavetes em HUSBANDS e depois faria UM DIA DE CÃO, de Sidney Lumet); nos diálogos que carregam muito mais tensão; e claro, em Robert Mitchum brilhando como nunca.

27.4.09

Mais dois filmes...

FEMALE YAKUZA TALE - INQUISITION AND TORTURE (Yasagure anego den: sôkatsu rinchi, 1973), de Teruo Ishii


É a sequencia de SEX & FURY, de Norifumi Suzuki, agora com a direção de Teruo Ishii, de THE EXECUTIONER, mas com a mesma Reiko Ike de volta ao papel do filme anterior, mostrando todo talento, graça e beleza (leia-se os atributos físicos que Deus lhe deu). Alguns consideram FEMALE YAKUZA TALE superior, acho que são filmes bem diferentes. O filme de Suzuki é mais denso e sua força parece centrada na trama de vingança e na ação; ambos possuem uma estética carregada, mas este aqui se sai melhor como um exercício visual e muito mais apelativo no quesito “nudez gratuita”.

A começar pelo próprio entrecho, que envolve um bando de traficantes que transporta a mercadoria ilícita colocando-a nos orifícios sexuais de um grupo de moças, que recebem em troca uma dose da droga. Destaque para o grande final quando um exército de mulheres nuas, sob o comando de Oshô (Ike), enfrenta os traficantes. Literalmente uma bela dose de sangreira e mulher pelada! Imperdível!


DJANGO, O BASTARDO (Django il bastardo, 1969), de Sergio Garrone


Mudando totalmente de gênero, assisti a este bom Western Spaghetti estrelado pelo ítalo-brasileiro Anthony Steffen e dirigido por Sergio Garrone, que apesar de ter feitos muitos westerns, realizou também alguns filmes de horror. E DJANGO, O BASTARDO é uma hibrida produção que transita entre o terror e a poeira do velho oeste.

O fato é que durante toda a narrativa, Garrone mostra o protagonista como um fantasma que surge das trevas para se vingar do crime que três sujeitos cometeram há alguns anos, durante a guerra civil. Inclusive os próprios personagens pensam que se trata de uma alma penada. Depois de uma boa quantidade de mortes e uma meia hora final que me lembrou outra mistura de western/terror, E DEUS DISSE A CAIM, do Antonio Margheriti, o filme acaba revelando se Django era realmente de carne e osso ou não. Mas eu não vou contar!

OBS: Uma dica para uma boa leitura, muito mais completa, sobre DJANGO, O BASTARDO, pode ser encontrada aqui.

24.4.09

CANNES 2009

A lista do Festival de Cannes está um primor este ano, principalmente para os fãs do cinema físico e fantástico! Dá só uma olhada nessa seleção:

DAS WEISSE BAND, aka THE WHITE RIBBON, de Michael Haneke: Boto fé no diretor de FUNNY GAMES, A PROFESSORA DE PIANO e CACHÈ (mas recomendo também o 71 FRAGMENTS OF A CHRONOLOGY OF CHANCE, que já não é tão conhecido, mas é um de seus melhores trabalhos). Este seu novo filme vai se passar no início do século passado, ambientado numa escola rural no norte da Alemanha onde estranhos eventos acontecem envolvendo rituais de castigo. Segundo o imdb, Haneke questiona sobre como isso tudo afeta o sistema escolar e como a escola teve influencia sobre o fascismo.

ANTICHRIST, de Lars Von Trier: Aquela imagem que postei aqui no blog outro dia e o trailer que saiu recentemente deixa tudo bem claro: filme de horror puro com visual pictórico e tudo indica que a coisa vai ser de arrepiar! Temos Willen Dafoe e Charlotte Gainsbourg vivendo um casal com problemas que se refugiam numa cabana no meio da floresta. Não quero nem ficar imaginando o que o dinamarquês maluco vai aprontar com esses dois...

VENGEANCE, de Johnny To: Esse é mais que óbvio. Qualquer filme do To, independente de estar em festivais ou não, é motivo para comemoração. Ainda mais com um roteiro que, tudo indica, vai conter um assassino francês (Johnny Hallyday) em busca de vingança, universo da máfia mais uma vez servindo de cenário e bastante ação naquela genialidade de trabalho de câmera e composições que só o To sabe fazer atualmente!

THIRST, de Park Chan-wook: Não sei muito o que esperar deste aqui, na verdade. Park narrando uma estória de vampiros, provavelmente vai sair algo bom. Minha expectativa está bem alta pelo menos. O negócio é que fiquei um pouco decepcionado com o LADY VINGANÇA e nem tive coragem ainda de assistir I’M A CYBORG, BUT THAT'S OK. O trailer me deixou bastante animado, vamos aguardar...

INGLORIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino: Acho que nem precisa de apresentações. Um dos filmes mais aguardados do ano!

TAKING WOODSTOCK, Ang Lee: Não consegui nem ver ainda o LUST, CAUTION, algo que vou tentar corrigir nos próximos dias, mas Lee já retorna com uma comédia no mínimo interessante, uma espécie de origem histórica do Woodstock, festival que definiu uma geração nos anos 60, contada sob o ponto de vista de um rapaz que trabalha no motel de seus pais. Muito Rock, hippies, e aquele visual lisérgico dos anos 60.

SOUDAIN LE VIDE, aka ENTER THE VOID, de Gaspar Noé: O diretor de IRREVERSÍVEL retorna com um projeto que eu não faço a menor idéia do que se trata, e também prefiro deixar assim e descobrir na hora em que estiver assistindo. Mas só pelas imagens que saíram dá pra perceber que, pelo menos no visual, o sujeito continua apurado (sim, eu adoro seus filmes anteriores)! Desde 2002, que Noé não lança um longa metragem. Vocês podem encontar várias fotos do filme aqui.

E ainda teremos os novos de Pedro Almodóvar, Marco Bellocchio, Ken Loach, Tsai Ming-liang, Alain Resnais e outros...

Fora de competição, eu gostaria de estar lá (vai sonhando) pra conferir THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS, do Terry Gilliam, definitivamente o ultimo filme com participação do Heath Ledger. Além de DRAG ME TO HELL, novo trabalho do Sam Raimi e MOTHER, do Bong Joon Ho, o mesmo de THE HOST.

23.4.09

MANHUNT IN THE CITY (L'Uomo Della Strada Fa Giustizia, 1975), de Umberto Lenzi

Bom filme do Umberto Lenzi, embora seja mais reconhecido pelos filmes de terror, principalmente por ter praticamente criado o subgênero de horror canibal com o filme DEEP RIVER SAVAGES (me corrijam se eu estiver enganado!), acabou realizando inúmeros exemplares de poliziotteschi como este aqui, ALMOST HUMAN, NAPOLI VIOLENTA, MILANO ROVENTE, etc...

Henry Silva está ótimo na pele de um sujeito pacato, homem de negócios, que vai se transformando gradativamente num vingador depois um acontecimento trágico na sua vida. Pode até parecer mais um entre tantos “filmes de vingança”, mas Umberto Lenzi prefere fazer um filme meio “bunda mole” dentro do gênero, com um tom mais realista, mostrando essa transformação de forma bem lenta.

Mas quando finalmente o personagem de Silva toma uma atitude, o filme engrena. Não que a narrativa lenta e burocrática fosse ruim, de forma alguma. Lenzi sabia muito bem o que estava preparando e a grande revelação no final deixa isso bem claro, por isso a participação da policia é essencial e não somente Henry Silva empunhando a garrucha pra estourar os miolos dos bandidos com a sede de vingança que acumulou durante um bom tempo.

Mas é justamente disso aí que vem a energia do filme, não tem jeito... quem não gosta de uma boa dose de ação com um dos maiores astros do poliziotteschi?

MANHUNT IN THE CITY não deixa de ser, afinal, um belo tratado sobre o desejo de vingança precisando ser vomitada a qualquer custo.

J. G. Ballard

RIP
1930 - 2009

21.4.09

LUTADOR DE RUA (Hard Times, 1975), de Walter Hill

Outro dia sentei com meu velho para assistir a LUTADOR DE RUA que passou no TCM, atualmente o melhor canal da tv fechada para se encontrar bons filmes. Pena que nem tudo é perfeito e passaram com a porcaria do full screen preenchendo a tela. Mas tudo bem, qualquer hora dessas eu arranjo com o formato original pra rever, pois vale muito a pena. Filme poderoso cuja trama retrata perfeitamente o período da grande depressão sob o ponto de vista de dois sobreviventes (cada um à sua maneira) que se unem para ganhar uma grana com apostas em brigas de rua numa New Orleans subjugada pela situação em que o país vivia. Temos aqui um lutador de rua interpretado por Charles Bronson e seu agente, encarnado pelo James Coburn. O filme também conta com Jill Ireland, como sempre, fazendo o par romântico de Bronson...

É muito bom ver o velho Bronson em um de seus grandes momentos. Típico personagem “bronsoniano”, ele vive aqui um sujeito de poucas palavras, muita atitude, chega de trem com apenas uma sacola e sem passado encarando aquele universo de frente. Sua presença em cena é pra destroçar a opinião de qualquer um que ainda não acredita que ele foi um dos maiores atores de sua geração. James Coburn também está excelente; mais afoito e explosivo, acaba tendo grande importancia na narrativa, embora nunca tire o brilho de Bronson, principalmente porque este último é o cara que arrisca a fuça nas brigas.

E o trabalho de câmera de Walter Hill é exemplar nestas sequências de luta, valorizando cada plano e a performance dos atores. Trabalho de corpo genial. E olha que LUTADOR DE RUA foi a estréia de Hill na direção, embora já demonstrasse um talento peculiar para este estilo de cinema escrevendo roteiros. OS IMPLACÁVEIS, de Sam Peckinpah e THE MACKINTOSH MAN, do John Huston, são alguns exemplos que podemos encontrar em seu currículo até então.

Só uma curiosidade, para finalizar, inicialmente LUTADOR DE RUA se chamaria THE STREET FIGHTER, mas desistiram do nome justamente porque um certo filme oriental com um tal de Sonny Chiba havia sido lançado primeiro. Acabou com o nome HARD TIMES no original. E é isso aí, pessoal!

19.4.09

Mais dois filmes de porrada!


Ainda tentando falar de todos os filmes que vi no ultimo final de semana. É que fazia muito tempo que eu não via tantos filmes em curto espaço de tempo. THE 36TH CHAMBER OF SHAOLIN (78) foi um deles. E o que dizer? É um dos maiores clássicos dos estúdios Shaw Brothers, verdadeiro épico das artes marciais. Impressionante em todos os sentidos. Principalmente Gordon Liu, mostrando extremo potencial físico e expressivo para dar vida ao seu personagem, San Te, um jovem fugitivo que se refugia entre os monges para aprender a lutar kung fu. Anos mais tarde, Liu viria trabalhar com Quentin Tarantino em KILL BILL interpretando o mestre Pai Mei. O filme conta também com a presença de Lo Lieh, famoso por inúmeros papéis em filmes do gênero. Aqui ele encarna um general que desperta o ódio de toda a população, que vive amedrontada sob sua tirania.

O diretor Liu Chia-Liang, que depois faria DRUNKEN MASTER II (e mais um monte de coisa que eu não vi ainda), trata o filme de maneira muito especial e não sentiu necessidade de apelar para artifícios como violência gráfica ou outros tipos de manipulação. Mas diverte fazendo um grandioso trabalho de “filme de treinamento”. Apesar de ótimas seqüências de lutas, como todo bom filme do gênero tem de ter, o prato principal em THE 36TH CHAMBER OF SHAOLIN é a transformação do personagem em um grande mestre shaolin (e que ocupa boa parte da projeção).

Depois disso é só porradaria das boas. San Te lutando sozinho contra mais de vinte soldados do general e depois contra o próprio. Sem grandes mensagens, significados, mas ganha fácil o espectador pelo seu estilo e o modo sincero de fazer cinema de artes marciais de qualidade!

O MESTRE DA GUILHOTINA VOADORA (75) é um caso bem diferente. Pende para um lado bizarro e fantasioso dos filmes do gênero, é tosco e exagerado, mas não deixa de ser excelente! Sem dúvida, um dos melhores já produzidos. Na verdade, o enredo é meio bobo, mas isso não importa. O diretor Jimmy Wang Yu dá conta do recado tranquilo com o pouco que tem: monge cego decide se vingar do sujeito que matou seus dois discípulos – o grande mestre boxeador de um braço só!!!

Um plot simples, mais um punhado de seqüências de lutas de alto nível e uma das galerias de personagens mais fantásticas que eu já vi, é mais que suficiente. O monge cego é quem utiliza a tal guilhotina do título, uma arma realmente de dar medo; e o próprio diretor interpreta o boxeador de um braço. E nada melhor que um torneio de luta inserido à narrativa para fazer a coisa fluir e apresentar os outros personagens, um mais bizarro que o outro (até um lutador indiano com a capacidade de esticar os braços!!!).

Cabeças rolando, muita porrada comendo solta em sequencias bem filmadas e um final antológico! O confronto entre o mestre boxeador de um braço contra o cego da guilhotina voadora é de deixar arrepiado qualquer fã de cinema de artes marciais! Me deixou feliz a semana toda! O filme, de um modo geral é muito criativo e divertido. Dá gosto de ver.

17.4.09

FACA NA GARGANTA (Switchblade Sisters, 1975), de Jack Hill

Dia desses vi esta belezura do Jack Hill, que é um diretor dos mais criativos e ousados dos anos 60 e 70 no cinema americano de baixo orçamento e merecia um reconhecimento maior entre os cinéfilos de hoje, além de ser essencial para qualquer pessoa que deseja se aventurar no mundo do cinema de exploração. Desabafos à parte, FACA NA GARGANTA é um autêntico clássico do “gênero” e um de seus melhores trabalhos que ainda incluem COFFY, FOXY BROWN, THE BIG BIRD CAGE, THE BIG DOLL HOUSE, SPIDER BABY, etc (um cara com um currículo desse é um gênio!).

FACA NA GARGANTA Faz parte também de uma lista imaginária dos filmes-referência de Quentin Tarantino, que é fã confesso da obra e chegou a comprar os direitos de lançamento para o seu selo de DVD’s, a Rolling Thunder, em meados dos anos 90. E tem tudo a ver com o universo que o diretor de PULP FICTION desenvolveu a partir de suas influências.

A premissa básica de FACA NA GARGANTA trata da disputa pelo poder dentro de uma gangue feminina entre a líder Lace (Robbie Lee) e a recém chegada no pedaço Maggie (Joanne Nail). Mas para deixar tudo mais profundo e divertido, o roteiro inspirado de F.X. Maier tece uma complexa teia de guerra entre gangues, subtramas psicológicas que funcionam e uma galeria de personagens interessantes que só enriquecem o resultado.

Isso sem contar com os momentos dignos de um exploitation, afinal, estamos falando de um filme com rixas de gangues; temos brigas de mulheres, tiroteios no estilo do final de DESEJO DE MATAR 3, lutas de facas, conflitos verbais com muitas frases de efeitos e muito mais!

As atuações são acima da média para um filme de baixo orçamento e Jack Hill demonstra porque é um dos grandes autores do ramo com um estilo único. Consegue ainda combinar elementos de vários subgêneros incluindo uma sequencia “Women in Prison”, quando as garotas vão pra cadeia e têm de enfrentar a robusta carcereira lésbica e suas subordinadas, e “blaxploitation”, quando pinta em certo momento uma gangue de mulheres negras que dispõe de um verdadeiro arsenal! É por isso que é impossível não virar fã de Jack Hill!

15.4.09

O VÔO DO DRAGÃO (The Way of the Dragon, 1972), de Bruce Lee

Este último fim de semana que passou (mais o feriado) eu consegui ver uma penca de bons filmes que vou tentar aos poucos comentar por aqui, nem que seja com algumas mini resenhas, já que o tempo tem diminuído cada vez mais nas últimas semanas. Mas vamos pensar em outra coisa e deixar o blog seguir seu fluxo. Um dos ótimos que consegui ver foi O VÔO DO DRAGÃO, filme que Bruce Lee escreveu, dirigiu e atuou no que podemos desconfiar que se trate do melhor filme de sua carreira.

Lee interpreta um sujeito que vai para Roma ajudar uns parentes que possuem um restaurante e têm bastante problema com um mafioso local. Lembra um bocado daquelas histórias do Tex, quando o famoso ranger acaba tendo que ajudar pobres pastores de ovelhas sendo molestados por um manda chuva criador de gado da região querendo comprar o terreno a preço de chumbo. Troque o fazendeiro por um mafioso italiano e no lugar do Tex, um baixinho chinês que luta kung fu.

E Lee vai ainda mais além, seu personagem é um peixe fora d’água nas ruas de Roma, não consegue sequer se comunicar com quem quer que seja, a não ser com seus conterrâneos, e acaba se metendo em muita confusão, uma verdadeira comédia de diferenças culturais. Seus problemas começam já no aeroporto ao fazer um pedido no restaurante local ou tentar ir ao banheiro. Mais tarde, acaba indo parar no quarto de uma meretriz e só percebe quando a moça de vida fácil já está nua na sua frente.

Bruce Lee também foi responsável pela coreografia das lutas. Aliás, seu personagem acaba se impondo perante todos com a única coisa que parece saber fazer: chutar bundas! E a máfia italiana sofre as duras penas porque o personagem de Lee é impossível de parar, não importa a quantidade de capangas dispostos a levar um murro na fuça.


E não vamos esquecer que O VÔO DO DRAGÃO é o filme do clássico confronto entre Bruce Lee e Chuck Norris em seu primeiro papel de vilão no cinema.

Só esse pequeno detalhe já pagaria o ingresso. E por falar em ingresso, lançamento, distribuição e etc, O VÔO DO DRAGÃO, que no original em inglês é mais conhcido como THE WAY OF THE DRAGON, também recebeu o título nos Estados Unidos de RETURN OF THE DRAGON (como no cartaz alí em cima) por causa do sucesso de ENTER THE DRAGON (aqui OPERAÇÃO DRAGÃO), mesmo sem se importarem com o fato de que este aqui foi realizado ANTES de OPERAÇÃO DRAGÃO, que é de 1973. Pra dizer que não são picaretas só os italianos e os turcos...