30.9.11

DRIVE (2011)


Já estava de olho em DRIVE desde que saíram as primeiras notícias de que o dinamarquês Nicolas Winding Refn trabalharia em solo americano e seria responsável por um “car chase movie” na linha deste aqui. Embora ainda não tivesse feito nada exatamente dentro do gênero ação, os filmes anteriores de Refn serviam não apenas para colocá-lo entre os diretores de ponta da sua geração, como também davam indícios do que o sujeito seria capaz com um material desses em mãos. Logo, veio o prêmio de melhor direção no festival de Cannes e, com isso, a ansiedade com que DRIVE era aguardado estava justificada. O meu prognóstico super otimista foi ultrapassado esta semana, quando assisti a este filme antológico, que já está no topo dos meus favoritos de 2011.


Uma das melhores coisas é Ryan Gosling, até porque eu tinha minhas dúvidas se o ator poderia mesmo se passar de anti herói badass que aparentemente seu papel exigia. Mas o cara convence fácil! Taciturno na maior parte do tempo e brutal quando precisa ser, não fica longe, no aspecto “casca grossa”, de um Michael Caine em GET CARTER, Steve McQueen em OS IMPLACÁVEIS, ou Lee Marvin em POINT BLANK. Gosling é boa pinta, mas conseguiu encontrar uma maneira de utilizar suas feições como uma máscara de pedra - e um palito de dente no canto da boca ajuda - para dar um ar impassivo, expressivamente inexpressivo. E é um grande personagem, sempre calmo e caladão, um ás no volante, dublê de filmes em cenas perigosas envolvendo carros e, quando lhe apetece, motorista de fuga para assaltantes.


O elenco ainda possui Bryan Cranston, de BREAKING BAD, que vive uma espécie de mentor para Gosling… não que ele precise, mas apenas o tolera como tal. Ron Perlman, excelente, surge como um gangster sádico e Albert Brooks, geralmente associado a filmes mais leves, surpreende como um mafioso sanguinolento carniceiro, parceiro de Perlman. O lado feminino tem a musa ruiva, Christina Hendricks, que poderia se passar como a femme fatale que balança o coração do protagonista, mas este só tem olhos para a sua vizinha, Carey Mulligan, que está muito bem. O dois dividem o elevador, ele a vê no supermercado com o filho, pequenas situações que fazem surgir uma relação interessante, até descobrir que ela é casada com um cara prestes a sair da prisão...e paro por aqui com a história.


Mas posso garantir que não vão faltar sequências de perseguições que são verdadeiras aulas de tensão, especialmente a cena de abertura, que é uma obra prima! Todas elas demonstram com precisão as habilidades e inteligência do protagonista, que se mantém com a face de pedra, mesmo sob pressão extrema. Mas em momento algum DRIVE se transforma num exemplar de ação convencional, então não esperem nada muito alucinante em termos de ação. O filme é todo construído num ritmo extremamente lento, praticamente sem climax, silencioso, atmosférico… um primor! O Refn dirigiu VALHALLA RISING, então vocês sabem o que esperar. Há uma cena que vai da mais pura sensibilidade e ternura ao extremo da violência gráfica em questão de segundos, mas tudo é preparado com um absurdo trabalho temporal, segurando a tensão ao máximo.


DRIVE faz parte de uma categoria incomum do gênero, uma espécie de “arthouse de ação”, e aí podemos incluir um GHOST DOG, de Jim Jarmusch, alguns filmes do Takeshi Kitano, por exemplo, pra vocês terem uma noção do que eu quero dizer. É também uma ode a determinado cinema dos anos 70 e 80, com uns certos toques estilísticos que acentuam esse aspecto, como a fonte neón cor de rosa dos créditos iniciais e a belíssima trilha sonora de música eletrônica e vocais femininos que ecoa onde menos se espera. Um neo noir que remete à TAXI DRIVER, de Martin Scorsese, THE DRIVER, de Walter Hill e até THIEF, de Michael Mann.


Particularmente, acho bacana apontar esse universo de referência reciclável, mas o mais legal é notar, apesar de tudo, como DRIVE é peculiar. A princípio, Neil Marshall era cotado para comandar o filme. Eu até gosto de algumas coisas do britânico, mas ele e o Refn são diretores de propostas totalmente diferentes e, convenhamos, a história que é pra lá de batida, resultaria em nada além de um genérico filme de ação barulhento nas mãos do Marshall. Definitivamente não chegaria nem perto do que Refn desenvolve por aqui, e não estou dizendo que um é melhor que o outro, mas o fato é que Refn o fez com uma força detalhística e cinematográfica impressionante, com grande estilo, classudo, atmosférico, contemplativo, fascinante e é só isso que importa. Espero ansiosamente agora pra vê-lo lançado nos cinemas daqui. Faço questão de rever na telona.

28.9.11

DRIVE






Visto e aprovado.

BIG BAD MAMA (1974)

O google resolveu me sacanear colocando uma mensagem informando que o blog estava avaliado como foco de ataques e que a entrada por aqui poderia lhe render um belo “cavalo de Tróia”. Depois de futucar bastante umas páginas da minha conta no google que eu nem sabia que existiam, fizeram uma análise e constataram que o blog está limpo. Retirei vários elementos da coluna à direita e coloquei esse template dark que é das antigas do blogger pra garantir que o problema não volte. Vamos manter as coisas assim, por enquanto.

Mas chega de papo e vamos ao que interessa! Estamos no período da depressão americana, temos a Lei Seca, assalto à bancos, tiroteios à rodo com Tommy Gun’s cuspindo fogo e Angie Dickinson peladona! Precisa de mais alguma coisa para BIG BAD MAMA ficar melhor? Ah, claro, a presença hilária de Dick Miller, que não aparece mais que o habitual nas produções de Roger Corman, mas sua participação foi bem distribuida ao longo do filme. Ele interpreta o policial durão que vive pelas estradas atrás da Big Mama do título e sua gangue. Sempre que está prestes a concluir sua missão, algo dá errado e suas reações são, no mínimo, de rachar o bico! Não tem como não ser fã desse eterno coadjuvante...

 
Corman estava começando a fazer dinheiro com pequenos gangster movies e resolveu apostar na anti-heroina, vivida por Dickinson, e suas duas filhas espirituosas e sapecas, que embarcam numa jornada no mundo do crime, no qual estão sempre envolvidas em roubos, sequestros, perseguições, tiroteios, num road movie alucinante de ação e com vários personagens interessantes cruzando o caminho das três protagonistas, como o ladrão de bancos encarnado por Tom Skerritt, por exemplo, ou o romântico jogador compulsivo na pele de William Shatner.

A direção é de Steve Carver, que no ano seguinte fez outro filme do gênero para Corman: CAPONE, com Bem Gazzara no papel título. Dirigiu depois Chuck Norris pelo menos duas vezes, como o McQUADE - O LOBO SOLITÁTIO, que eu acho um filmaço! BIG BAD MAMA é o seu primeiro longa e já demonstra boa habilidade trabalhando muitas sequências de ação, um senso de humor bem equilibrado, mantendo as coisas num ritmo ágil e divertido… é claro que a pulsão sexual e a quantidade de nudez também ajudam, especialmente com as personagens das filhas (Susan Sennett e Robbie Lee) bem à vontade e Angie Dickinson, nos seus 43 anos, expondo seus atributos de deixar muita mulher de vinte com inveja.

BIG BAD MAMA recebeu o título A MULHER DA METRALHADORA aqui no Brasil e ganhou uma continuação nos anos 80, dirigido por outro pupilo de Corman, Jim Wynorski.

17.9.11

INVASION USA (1985)

 

aka INVASÃO USA
direção: Joseph Zito
roteiro: Chuck Norris, James Bruner

Sylvester Stallone confirmou esta semana a presença do homem, CHUCK NORRIS, no elenco de OS MERCENÁRIOS 2, e espero realmente vê-lo na tela grande em 2012, se tudo der certo e se o mundo não acabar. Então nada mais justo comemorarmos a sua volta relembrando um de seus melhores trabalhos! Na verdade, INVASÃO USA é o meu predileto da carreira do ator, um dos filmes mais marcantes do cinema exagerado de ação oitentista junto com COMANDO PARA MATAR, DESEJO DE MATAR 3 e alguns outros que fizeram um estrago na minha cabeça quando eu era apenas um rato de locadora precoce.

E INVASÃO USA teve um baita impacto! Poucos filmes utilizaram de maneira tão eficiente - para o mesmo propósito deste aqui - o ambiente urbano na cidade como uma zona de guerra, colocando a vida cotidiana dos pobres cidadãos mergulhados no terror! Depois do 11/09 seria algo inconcebível a idéia de um filme que mostra uma invasão ao país “mais poderoso do mundo” por terroristas estrangeiros, mesmo realizado de modo estilizado e exacerbado que a CANNON, que produziu o filme, costuma tratar seus produtos, como mera diversão, sem qualquer profundidade reflexiva. No caso de INVASÃO USA, ao menos temos um puta filme de ação que pode se orgulhar por trabalhar um tema "tabu" para os nossos dias!

A história é a seguinte: uma organização terrorista da Europa Oriental, comandada por Mikhail Rostov (o sempre ótimo Richard Lynch), tem um plano mirabolante de destruir os Estados Unidos de dentro pra fora! O objetivo é causar anarquia, colocando a população contra a polícia e o sistema, além, é claro, de explodir alguns alvos específicos com bazucas e explosivos de todos os tipos. O governo americano já não sabe o que fazer, as forças armadas lutam contra um inimigo invisível, disfarçados de cidadãos, policiais e até mesmo de oficiais do exército. Sabe-se apenas que Rostov está por trás de tudo e apenas um homem é capaz de detê-lo: Matt Hunter! Se existe um personagem, dentre todos que Chuck Norris já viveu, que se sobressai no quesito truculência, Hunter seria exatamente este cara!

 

Imaginem só! O sujeito é tão casca grossa que numa situação de alerta nacional onde as autoridades perderam totalmente o controle por conta de ataques terroristas contra a população, ele é a ÚNICA solução do governo, do país inteiro, para deter a onda maciça de ataques violentos contra civis inocentes!

Matt Hunter é um ex-agente da CIA, vivendo uma pacata vida nos pântanos da Flórida, caçando crocodilos, e que já possui um histórico contra o terrorista Rostov em seus anos de serviço. A princípio, Hunter não dá a mínima para o chamado de seu país para lutar contra o terror… eles que se virem! Mas é só pra dar um suspense. Como Rostov tem contas a acertar com o nosso herói, ele o ataca em seu habitat natural, destruindo sua casa, matando seu melhor amigo, causando um verdadeiro estrago na tranquila vida do ex-agente... ao menos o tatu bola de estimação sobrevive. Sendo assim, Hunter resolve aceitar a missão de acabar com a baderna dos terroristas.

Grande parte da reputação de “exército de um homem só” pela qual Norris é conhecido hoje, com todas aquelas listas de façanhas impossíveis referentes a ele, deve-se especialmente pelo seu personagem em INVASÃO USA. É incrível como Rostov demonstra ser um dos vilões mais sádicos do cinema de ação oitentista, fazendo vítimas à sangue frio, matando inclusive crianças, e quando escuta o nome “Matt Hunter” começa a se borrar todo! Nunca vi isso acontecer! Geralmente, os vilões são seguros de si e mantém suas poses de malvados até o fim, mas Rostov fica pra morrer só de pensar em Hunter… o sujeito não consegue dormir à noite com pesadelos onde Hunter diz “É hora de morrer…”! É um detalhe emocional deste confronto psicológico entre o bem, representado por Hunter, e o mal, de Rostov, que eu deixo para os psicólogos de plantão analisarem.

 

O que eu gosto mesmo é ver o troço pegar fogo e o que não falta por aqui são sequências de ação antológicas com vários dos ingredientes que pegam os fãs de jeito! Uma quantidade enorme de tiroteios comendo solto com munição infinita, toneladas de explosões, perseguições de carro em alta velocidade… o final consiste numa batalha épica entre o exército americano contra os terroristas, enquanto Chuck Norris distribui porrada e muita bala nos últimos capangas de Rostov dentro de uma delegacia vazia. Mas minha cena de ação favorita é a do shopping, quando Hunter chega pra acabar com a festa de um grupo que decide explodir tudo pelos ares e entra com sua caminhonete dentro do shopping disparando contra os meliantes. Na sequência, ele parte para uma perseguição, sendo que no veículo dos bandidos há uma refém sendo puxada pelos cabelos do lado de fora! Sensacional!

 

A direção de Joseph Zito não chega a ser um grande destaque, apesar de tudo. Existem outros filmes da época bem mais inspirados na construção de cenas de ação, mas o cara é econômico e deixa a grandiosidade das sequências acontecerem sem precisar fazer malabarismo com a câmera. Zito, que dirigiu filmes de terror, como SEXTA FEIRA 13 – PARTE IV, um dos meus favoritos da série, e THE PROWLER, não chega a ser um mestre da ação, mas ele sabe fazer algo agradável e bem movimentado. Com o velho Chuck já tinha feito o primeiro da série BRADDOCK um ano ates deste aqui e depois fez RED SCORPION, com o Dolph Lundgren.

Já o roteiro é um achado! Tá certo que Matt Hunter é um homem de poucas palavras, mas quando abre a boca, o texto é genial! É sempre o tipo de coisa que se espera desses caras durões. “If you come back in here, I am gonna hit you with so many rights you are going to beg for a left!” é uma das minhas favoritas. Ele usa quando ameaça um brutamontes duas vezes maior que ele. No entanto, pouco é revelado da personalidade do personagem, o qual permanence até o fim com um ar misterioso. Sabe-se que ele curte um sci-fi clássico, como é mostrado na cena em que está deitado no quarto de hotel e esboça um sorriso para a TV enquanto assiste a um...

 

O filme explora mais as habilidades do sujeito, que possui um faro sobrenatural para detectar ameaças terroristas. Ele sempre aparece no lugar certo e na hora certa onde um ataque está prestes a acontecer, como na cena da bomba no ônibus escolar, por exemplo, ou a da bomba na igreja, a da bomba no shopping… onde você imaginar colocar uma bomba, Hunter estará lá pra lhe acertar um chute na fuça!

Pois é, o filme não tem um pingo de realismo, um dos motivos pra nunca terem lhe dado o devido respeito, apesar do tema do terrorismo contra os americanos como base da trama, algo que permanece "atual". Além disso, é o tipo de filme em que o herói e vilão não resolvem suas diferenças na diplomacia, nem em um simples tiroteio ou até mesmo com uma luta corpo a corpo, mas com o extremismo de um duelo de bazucas. E é nesses detalhes cartunescos e desmedidos que INVASÃO USA se destaca. É idiota, mas ao mesmo tempo absurdo, engraçado, truculento… um legítimo clássico.

13.9.11

HELLRAISER: INFERNO (2005)


direção: Scott Derrickson
roteiro: Paul Harris Boardman, Scott Derrickson

Da mesma forma que o filme anterior se perdeu da essência dos primeiros episódios, HELLRAISER: INFERNO também não chegar a ter o clima original do universo HELLRAISER, mas em compensação consegue ser um belo adendo à série. Uma das coisas mais estimulantes no cinema, na minha opinião, é um bom filme policial investigativo e, independente da franquia a qual pertence, este quinto episódio nada mais é que um thriller policial de atmosfera dark e enredo intrigante que me fisgou já de cara.


A trama se concentra num detetive corrupto, drogado, infiel, ou seja, um exemplo de homem da lei a não ser seguido, interpretado por Craig Sheffer (que é a cara do David Boreanaz, ator que fez seriados como BUFFY e ANGEL… por um momento até pensei que fossem a mesma pessoa). Ao investigar uns assassinatos bizarros que vem sendo cometidos, ele se depara com o misterioso cubo que já estamos carecas de saber pra que serve. Mas o policial não sabe. Após futucá-lo, o sujeito é engolido pelas trevas, só percebemos o labirinto infernal que o protagonista se meteu gradativamente, no decorrer da investigação, até ser tarde demais… Quem curte apenas historinhas e roteiros convencionais vai odiar isso aqui. Diferente do filme anterior, INFERNO não resolve nada, não explica nada, deixa um monte de coisa em aberto, mas vai incitando a imaginação do espectador, cada vez mais intrigado com a narrativa.


Mas falando assim, até parece um puta filmaço injustiçado. Não é. INFERNO apenas me surpreendeu com suas qualidades, mas também é torto, a mão pesada do diretor Scott Derrickson em alguns momentos não ajuda muito e até fazer parte de uma franquia como esta o prejudica - as obrigatórias aparições do Pinhead soam forçadas, a não ser a do discurso final, um show de atuação de Doug Bradley.

ACTION MOVIE of the day #7 - DESEJO DE MATAR III

12.9.11

HELLRAISER: BLOODLINE (1996)

 

aka HELLRAISER IV - HERANÇA MALDITA
direção: Kevin Yagher (Alan Smithee), Joe Chappelle (não creditado)
roteiro: Peter Atkins

Este quarto episódio veio pra baixar o nível da série, que até então estava perfeito! O filme já começa estranho logo nos créditos, quando vemos o nome Alan Smithee creditado como diretor. Pra quem não sabe, quando um diretor renega o próprio filme, por diversos motivos, é utilizado “Alan Smithee” para não deixar o campo da direção vazio. Na verdade, quem comandou HELLRAISER: BLOODLINE foi um sujeito chamado Kevin Yagher, eu não faço idéia de quem seja, mas substituiu Guillermo Del Toro e Stuart Gordon, que rejeitaram o cargo.

Assim que as filmagens acabaram, os manda chuvas pegaram os rolos de película e editaram da maneira que quiseram pelas costas de Yagher, mudando inclusive a história que estava no roteiro inicial, escrito pelo Peter Atkins que havia escrito dois dos filmes anteriores. Quando perceberam que precisavam colocar mais cenas com o Pinhead, novamente Doug Bradley, Yagher não quis mais saber de filmar. Foi chamado então, Joe Chappelle, que havia dirigido no ano anterior o HALLOWEEN 6, que é uma tremenda merda! Não tinha mesmo como dar certo…


Ao mesmo tempo em que foge completamente do clima dos anteriores, BLOODLINE tenta explicar todos os detalhes do universo HELLRAISER, desde a criação do cubo por um invertor francês de brinquedos há dois séculos, passando pelos dias de hoje até chegar no futuro, dentro de uma estação no espaço sideral! É muita coisa espremida em tão pouco filme… chega a ser prejudicial ao próprio universo criado por Clive Barker! Na minha opinião, tudo que é explicado demais perde o brilho, o mistério, o estímulo à imaginação, que é uma das coisas mais legais dos três filmes anteriores!

Os efeitos especiais são ótimos pra época, Doug Bradley sempre tem presença com sua face cheia de pregos, há pelo menos uma cena muito interessante, quando dois vigias de um edifício, gêmeos, são fundidos em um só, num belíssimo trabalho de maquiagem! Não falta sangue durante o filme, claro… mas no fim das contas, é uma bagunça desnecessária que não precisava nem existir.

UPDATE: Felipe Guerra me chama a atenção por não conhecer Kevin Yagher. Trata-se de um dos mais importantes técnicos de efeitos especiais dos anos 80 e 90... realmente não conhecia o nome, mas o trabalho do cara é fantástico, basta ver a ficha dele no imdb.

GLI OCCHI FREDDI DELLA PAURA (1971)


aka MOMENTOS DE DESESPERO
       COLD EYES OF FEAR

direção: Enzo G. Castellari
roteiro: Leo Anchóriz, Tito Capri, Enzo G. Castellari

Já que me cobraram para continuar com textos do ciclo Castellari, vamos voltar às atividades com o homem! Apenas justificando a parada, já disse algumas vezes que sou tremendamente desorganizado com essas peregrinações de diretores. Então, podem me cobrar, caso eu abandone o italiano de novo. Outro motivo deve ter sido porque eu não achei GLI OCCHI FREDDI DELLA PAURA grandes coisas, o que me desanimou um bocado pra escrever algo e acabei esquecendo.


Sempre li que era um giallo, mas no fim das contas é um filme de “invasão de casa com reféns”, estilo HORAS DE DESESPERO, clássico com o Bogart, ou então a refilmagem do Cimino, com o Mickey Rourke. Claro que pensar que era uma coisa e na verdade ser outra não foi o motivo de não ter me agradado tanto. O filme começa brincando com os elementos do giallo, com uma mulher indefesa sendo molestada por um sujeito apontando-lhe uma faca… mas fica só na brincadeira mesmo. Trata-se de uma apresentação teatral. A cena é interessante, Castellari demonstra jeito pra esse tipo de atmosfera, a trilha do Morricone também contribui. É uma bela homenagem ao gênero, de qualquer modo…

 

Mas o restante do filme é a trama de um advogado e uma prostituta submetidos como reféns por um casal homossexual de bandidos. O problema é que Castellari não consegue extrair muita coisa interessante dessa situação. Pra ser honesto, eu achei o filme chato pra cacete em determinados momentos, diferente de um THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK, do Ruggero Deodato, que consegue manter a tensão do início ao fim tendo a mesma situação que este aqui. Mas vá lá, o elenco até que manda bem (Frank Wolff, Gianni Garko, Fernando Rey, etc) e nem tudo no filme é de se jogar fora. Mas no geral, fiquei um pouco decepcionado.

RIP CLIFF ROBERTSON (1923 | 2011)

9.9.11

HELLRAISER III: HELL ON EARTH (1992)


aka HELLRAISER III - INFERNO NA TERRA
direção: Anthony Hickox
roteiro: Peter Atkins

Sei que nem todo mundo vai compartilhar da mesma opinião, mas achei este terceiro episódio da série HELLRAISER uma autêntica obra prima do horror moderno! Um dos melhores filmes do gênero dos anos 90! Sim, gostei mais que HELLBOUND: HELLRAISER II, realizado quatro anos antes e que eu já havia achado um filmaço! Anthony Hickox é o cara! Não deve ter diretor tão subestimado quanto ele atualmente… e é uma pena, depois de tantas obras maravilhosas, ele já deveria ter sido alçado à condição de mestre!


Concordo que HELLRAISER III demora um pouco pra engrenar, mas logo no início temos uma sequência sensacional, no hospital, depois que a repórter dispensa sua equipe e começa um suspense estranho no corredor escuro do local até a entrada de uma equipe médica levando um sujeito cheio de correntes fincadas em sua carne… algo simples, mas conduzido com uma atmosfera transgressora que culmina com o pobre coitado tendo a cabeça explodida. Quem não gosta de cabeças explodindo nos filmes?! Eu adoro!!! Depois disso, a história realmente entra num marasmo e mesmo com uma trama interessante, algumas ceninhas violentas de morte e climão sempre carregado de mistério, a impressão é que vai ser apenas uma boa continuação que não acrescenta muito à série.


Mas aos poucos Hickox vai aumentando a intensidade da coisa e quando me dei conta, já estava imerso e hipnotizado em uma longa sequência de puro terror, sendo conduzido a um passeio de imagens sombrias e angustiantes ao extremo, tendo como guia o famigerado Pinhead, novamente vivido por Doug Bradley, desta vez com uma participação maior e um desempenho belíssimo do ator… talvez a melhor atuação do sujeito com os pregos fincados na cara. O que é a cena antológica na igreja?! Aquilo é de arrepiar... puta merda!

 

Os novos cenobitas que surgem em cena são coisas de gênio! O lance é que agora eles andam no meio da rua causando o terror, fazendo juz ao subtítulo do filme, um verdadeiro inferno na terra! O cenobita com uma câmera grudada no rosto apontando para o espectador é de uma audácia impressionante! Como disse no início, sei que nem todo mundo teve por HELRAISER III o mesmo impacto, mas o filme me acertou em cheio com uma força descomunal. Mais uma vez lamento por não ter assistido quando era mais novo… isso aqui teria feito um estrago danado na minha cabeça. Mas a experiência ainda é de arrepiar, especialmente com a aula de direção de Hickox, diretor que eu vou dar mais atenção por aqui no blog em breve.

De quebra, HELLRAISER III tem Terry Farrell, a mais bela protagonista da série!

HELLBOUND: HELLRAISER II (1988)

 

aka HELLRAISER II - RENASCIDO DAS TREVAS
direção Tony Randel
roteiro Peter Atkins

Ops, esqueci de dizer no último post que o feriadão era prolongado pra mim porque aqui em Vitória, ontem, quinta, foi aniversário da cidade, por isso enforcaria apenas a sexta. Enfim, o negócio é que hoje ainda é sexta e eu já cumpri a meta de HELLRAISER’s que eu tentaria ver, ou seja, consegui assistir até ao quarto filme da série. Já que sobraram alguns dias de descanso, vou ver se mato mais alguns…


E depois digo o que achei do terceiro e quarto, vou manter suspense, embora já tenha exposto algo no twitter. Vamos ficar por enquanto com HELLRAISER II, que é, para minha surpresa, uma sequência à altura do maravilhoso filme que deu origem ao universo criado pelo Cliver Barker. Desta vez, a direção ficou sob a responsabilidade de Tony Randel que conseguiu manter a mesma atmosfera aterrorizante do primeiro filme. Como eu gostaria de ter conferido quando ainda era moleque… teria aproveitado mais a experiência de puro horror que é a descida ao inferno da protagonista na segunda metade do filme, uma jornada surreal e de situações desconexas, que em certos momentos me lembrou os pesadelos filmados por Lucio Fulci em THE BEYOND e PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS, mas com um visual clean e inspirado no genial M.C. Escher! É um dos infernos mais criativos que me lembro de ter visto.

 


O único problema é que o icônico Doug Bradley, que encarna o Cenobita Pinhead, e sua trupe de góticos masoquistas aparece tão pouco em cena. Não chega a ser um problema, até porque o roteiro porra-louca com climão de conto de fadas sombrio não me deixou desgrudar os olhos da TV, especialmente quando o filme se transporta de vez para o inferno, e ainda consegue a façanha de ser extremamente mais sangrento que o primeiro! Claro que baldes de sangue não garantem qualidade de filme algum. Este aqui é bom também por vários outros méritos, mas não supera o anterior. E nem esperava isso mesmo, é apenas a sequência perfeita que complementa, expande com precisão e eleva ainda mais o universo HELLRAISER.

7.9.11

HELLRAISER (1987)


aka HELLRAISER - RENASCIDO DO INFERNO
direção: Cliver Barker
roteiro: Clive Barker

Feriadão está aí, resolvi dar mais uma olhada em um dos meus clássicos do terror oitentista preferidos. Sou obcecado pelo primeiro HELLRAISER! Já perdi as contas de quantas vezes assisti e sempre vejo a cada dois anos. Mas só agora resolvi botar algumas impressões por aqui. O problema, por favor, não riam de mim, é que eu nunca vi as suas continuações… nenhuma delas! Como minha pretensão neste feriado meio prolongado, provavelmente enforcarei a sexta, é assistir pelo menos até o quarto episódio da série (que possui oito filmes no total), vou tentar, brevemente, compartilhar o meu apego por este aqui, antes de seguir em frente com os próximos.

Lembro da primeira vez que assisti, foi na mesma época que também conferi A HORA DO PESADELO, no fim dos anos oitenta. Não era de assistir a muito filme de terror quando criança, gostavam mais de uns Stallone’s e Van Damme’s. Mas se Freddie Krueger era um personagem "do mal" que me divertia sem causar muito medo, os Cenobitas me aterrorizavam pra cacete, me faziam gelar cada vértebra da espinha! Obviamente, já não me assusto mais com esse tipo de coisa, mas putz, até hoje acho o estilo de horror de HELLRAISER algo de extrema eficiência! As imagens grotescas e as sequências pertubadoras de puro terror atmosférico do imaginário de Cliver Baker me causam um fascínio que poucos filmes do gênero conseguem causar.



Para quem não conhece, o filme é baseado no livro The Hellbound Heart, do próprio Barker, que eu não li, e apresenta o famigerado cubo cheio de mecanismos que abre um portal para outras dimensões trazendo os Cenobitas em cena. Liderados pelo célebre e inconfundível Pinhead, encarnado por Doug Bradley, os Cenobitas são criaturas que apenas desejam levar suas vítimas aos limites do prazer e da dor, não necessariamente nessa ordem… dizem que as duas coisas estão ligadas, mas eu não gostaria de descobrir até onde isso é verdade nas mãos dos Cenobitas. O visual desses caras é genial em todos os sentidos! O Pinhead, especialmente, se tornou um dos grandes ícones do cinema de horror oitentista ao lado de Jason, Freddie e outros. Na minha opinião, ele é de longe o mais amedrontador!


Enfim, eu disse que seria breve, e também é meio difícil explicar o impacto que HELLRAISER teve na minha cabeça. Mas vale destacar ainda o roteiro muito bem escrito, os personagens, todo o universo bizarro criado pelo Barker, o magistral trabalho de efeitos especiais e maquiagem, mesmo com o orçamento não sendo dos mais gordos… não faltam também sequências com baldes de sangue sendo derramado. Clive Barker se garante como um autêntico mestre do horror, pena que dirigiu apenas três filmes, mas este aqui é uma prova brilhante desse fato! O segundo filme da série tem outro diretor... tenho boas espectativas. Vamos ver o que dá!