31.7.11

EAGLES OVER LONDON (1969)

aka O ESQUDRÃO DAS ÁGUIAS
direção: Enzo G. Castellari
roteiro: Tito Carpi, Vincenzo Flamini, José Luis Martínez Mollá, Guilles Morris Dumoulin, Enzo G. Castellari

Depois de orquestrar batalhas épicas no divertido MATE TODOS ELES E VOLTE SÓ, o primeiríssimo trabalho de Enzo G. Castellari fora do gênero Spaghetti Western só poderia ser um grandioso filme de guerra! À princípio, O ESQUADRÃO DAS ÁGUIAS seria dirigido por Alberto de Martino e Castellari seria responsável apenas pelas cenas de montagens com o efeito de split screen utilizando imagens reais da Segunda Guerra – sendo que o sujeito nem sabia o que era isso, obrigando os produtores a lhe mostrarem filmes como CROWN, O MAGNÍFICO e O HOMEM QUE ODIAVA AS MULHERES. O trabalho do homem ficou tão bom, que acabou sendo contratado pra dirigir o filme inteiro!


É claro que a primeira coisa que fez foi pegar um dos roteiristas e transformar o dramalhão que era a história original em um filme de ação! É por isso que eu amo esse diretor! Mas não quer dizer que o filme não tenha seu lado dramático e burocrático. As subtramas, que devem ter sido impossíveis de alterar, deixam o filme com um tom meloso de novela, em determinados momentos. Basicamente, a premissa envolve um grupo de espiões nazistas infiltrados no exército inglês em plena capital britânica e os esforços de um capitão, vivido por Frederick Stafford, em desmascarar a operação dos alemães em seu próprio país. O ponto de vista se desenrola em ambos os lados, mas um detalhe que o roteiro explora é uma espécie de amizade entre o nazista interpretado por Francisco Rabal e o capitão britânico, que desconhece a nacionalidade de seu novo “amigo”.


Utilizando dinheiro americano, a grandiosidade de O ESQUADRÃO DAS ÁGUIAS, em termos técnicos, é percebida já nas primeiras sequências de batalhas, com explosões de todo tipo de escalas, milhares de figurantes, efeitos especiais, aviões fazendo perigosas acrobacias, navios, etc. As cenas de ação seguintes, nuncam chegam no mesmo nível da inicial, mas pontuam um filme que, à princípio, poderia ser muito chato. A direção sempre firme e criatica de Castellari é um grande destaque, com seus enquadramentos e movimentos de câmera inusitados, especialmente nas várias cenas de ação. O elenco também é ótimo, além de Stafford e Rabal, temos grandes nomes como Van Johnson e Luigi Pistilli, figurinha carimbada no cinema popular italiano.

Comparações podem ser evitadas, mas Castellari retornaria à segunda guerra alguns anos depois no clássico “ASSALTO AO TREM BLINDADO”, que é muito superior a este aqui. No entanto, a importância de O ESQUADRÃO DAS ÁGUIAS no currículo do diretor é evidente, e se não é uma obra prima, pelo menos não deixa de ser um sólido filme de guerra e com certeza tem grande valor para o gênero “Macaroni Combat”!

28.7.11

HAYWIRE - trailer

BLOODLUST ZOMBIES (2011)



As produções de baixíssimo orçamento que tendem a dar certo, geralmente, apelam para alguns elementos que este tipo específico de público espera de antemão, já que a grande maioria não assiste a um filme feito com uma merreca esperando um novo CIDADÃO KANE. Temas tabus, sangreira exagerada e mulher pelada são os favoritos da moçada. Qualquer um desses elementos utilizado de maneira eficiente não vai transformar a obra num clássico, talvez nem mesmo num bom filme, mas ao menos diverte por alguns instantes o espectador menos exigente. Isso é fato e todo mundo já deve estar careca de saber…


BLOODLUST ZOMBIES, infelizmente, não consegue atender a estes requisitos com eficiência. Mas quase chega lá… Como o título informa, é um zombie movie. O filme se passa inteiramente num mesmo ambiente, um laboratório, onde uma experiência transforma vários empregados do local em criaturas sedentas por carne humana. Logo de cara percebe-se a pobreza da produção, com vários atores amadores se levando à sério, efeitos especiais risíveis e a direção se matando para aproveitar o mesmo cenário. Até aí, tudo bem, bastava colocar um banho de sangue com a zumbizada e a coisa iria alegrar os amantes do cinema de baixo orçamento. Até temos uma ceninha ou outra divertidinha, mas o diretor preferiu enrolar o espectador com diálogos chatos e situações que prolongam muito mais que o esperado. E quando finalmente parece que a coisa vai explodir para um desfecho alucinante de gore e zumbis sendo massacrados… puff!!! O filme acaba!

Isso mesmo, BLOODLUST ZOMBIES é uma porcaria. Mas, nem tudo está perdido. Eu deixei um detalhe importante para este parágrafo. É que estamos falando da primeira participação da pornstar avantajada Alexis Texas como protagonista de um filme em que ela não precisa demonstrar seu desempenho a dois (ou a três, quatro, cinco…) de forma explícita! Apesar de não ser nenhuma Bette Davis, até que a moça se comporta muito bem na frente das câmeras quando lhe é exigido:




De qualquer maneira, apesar dessas imagens sensacionalistas, o filme é uma perda de tempo total. Fica claro a falta de recursos, como eu já disse, mas uma dose de sangue a mais, especialmente antes do final frustrante, resolveria um pouco do problema. Quer ver a Texas pelada, vai caçar na internet, não precisa aguentar esta tralha aqui.

TWIXT - Posters




26.7.11

HANNA (2011)


direção: Joe Wright
roteiro: Seth Lochhead, David Farr

Depois de ver a garotinha de KICK ASS em ação, pensei que levaria algum tempo pra ver outra precoce máquina de matar surgindo de maneira tão impressionante num filme! E esta aqui não faz feio diante da concorrência! Eu garanto! HANNA é um exemplar muito bem vindo para o cinema de ação. Um drama adolescente misturado com criativas sequências de pancadaria, tiroteios e perseguições protagonizados por uma aparente doce e meiga garota e dirigido com maestria pelo Joe Wright, sujeito que fez uns filmezinhos que eu não sou muito chegado, mas mandou bem à beça ao se meter com algo mais movimentado. Calhou de fazer um dos melhores filmes de ação da nova safra!

Eric Bana é um ex-agente da CIA foragido, vive isolado com sua filha, Hanna (a ótima Saoirse Ronan), no meio da floresta em algum lugar no norte europeu, ensinando-lhe a arte da sobrevivência, a lutar, se defender, caçar, matar… e a falar várias línguas. Vivendo nessas condições desde que nasceu, Hanna é uma assassina perfeita aos 15 anos de idade, mas não sabe o que é ser uma adolescente normal. Certo dia, decide conhecer o mundo e ao mesmo tempo em que lida com situações, sensações e emoções nunca experimentadas antes, ela se vê caçada por Marissa Veigler (Cate Blanchett), que tem antigas contas a acertar com seu pai, tendo que utilizar todas as suas habilidades para se manter viva, nem que para isso tenha que matar a sangue frio quem quer que esteja à sua frente.

Apesar de nunca ter ido muito com a cara dos filmes do Wright, dava pra notar que não era mau diretor, seu trabalho de câmera sempre me surpreendeu, especialmente quando resolve fazer uns planos longos e bem elaborados. E HANNA é muito bonito visualmente, possui vários momentos de grande força estética, composições interessantes, fora que as cenas de luta e ação são bem coreografadas e possuem impacto na medida certa, tudo incrementado pela excelente trilha sonora da dupla Chemical Brothers. Acho que todos os contrastes da narrativa (drama-ação) e certas sutilezas fazem um bem danado ao filme. É o estilo incomum do diretor para este tipo de produção, aliado à uma sensibilidade pouco vista no cinema de ação atual, que torna HANNA um filme diferente dentro do gênero. Mas não menos estimulante.

25.7.11

A DITADURA ESTÁ DE VOLTA!!!

A SERBIAN FILM, do diretor Srdjan Spasojevic, foi PROIBIDO de ser apresentado durante o RioFan, festival de cinema fantástico do Rio de Janeiro, e sua cópia foi APREENDIDA por um oficial de justiça! Isto é CENSURA, senhoras e senhores, e este ato abominável, abuso de poder e que vai contra toda a liberdade de expressão, é cortesia oportunista do partido DEMOCRATAS, que NÃO assistiu ao filme e de democracia, pelo visto, não entende bulhufas!

ATUALIZAÇÃO: Matéria assinada pelo Matheus Ferraz para o site Boca do Inferno.

16.7.11

COMANDO PARA MATAR (1985)

aka COMMANDO
diretor: Mark L. Lester
roteiro: Steven E. de Souza

Detesto escrever sobre meus filmes favoritos, porque sempre acho que não vou conseguir encontrar palavras que estejam à altura da obra. Mas hoje eu revi COMANDO PARA MATAR, um dos filmes mais essenciais do cinema de ação classudo oitentista e um dos meus prediletos do gênero, tenho certeza que palavras vão me faltar para elogiar este colosso cinematográfico, mas resolvi arriscar, até porque depois de tantos anos, continua sendo refêrencia quando se trata de cinema de ação truculento, além de ser um dos trabalhos mais sólidos e divertidos do Arnold Schwarzenegger.

Obviamente todo mundo conhece a trama, a história do coronel John Matrix (Arnoldão) e sua violenta jornada para resgatar sua filha das mãos de mercenário que querem chantageá-lo e etc… É tudo bem simples, na verdade. O filme utiliza o carisma de Schwarzenegger de maneira eficiente e não faz muitos rodeios para mostrar ao público do que o sujeito é capaz em várias cenas de ação, pancadarias, perseguições de carro, fugas espetaculares, ingredientes necessários para dar um espetáculo e resgatar a filha!

A expressão “exército de um homem só” nunca se encaixou tão bem num personagem como em John Matrix. O sujeito simplesmente derruba, sozinho, um possível ditador e seu exército inteiro, utilizando somente suas habilidades, um arsenal colado no corpo e muito sangue frio pra matar sem o mínimo remorso, diferente dos “heróis” comportados e politicamente corretos desta geração, os quais John Matrix comeria no café da manhã. Também conta muito com a sorte, já que não é todo mundo que passa correndo em frente de centenas de metralhadoras sem levar um tiro sequer ou levar em consideração que atacar o covil do inimigo explodindo e metralhando tudo não faria os bandidos matarem sua filha… Mas tudo faz parte do charme...

A direção é de Mark L. Lester, substituindo John McTiernan, que rejeitou o projeto, mas acabou dirigindo o Arnoldão em PREDADOR e O ÚLTIMO GRANDE HERÓI. E temos uma história curiosa aqui. O roteirista Steven E. de Souza escreveu uma continuação de COMMANDO PARA MATAR, revisado pelo Frank Darabont, e com o McTiernan já acertado para dirigir. O Schwarzenegger é que rejeitou o projeto desta vez. O roteiro é baseado num livro de Roderick Thorp sobre um prédio tomado por terroristas... bom, então não vamos reclamar que John Matrix não tenha retornado, celebremos a criação de John McClaine em DURO DE MATAR, pois foi o que o roteiro desta continuação acabou se transformando! Já o Lester teve uma fase extremamente talentosa em determinado período no cinema de ação, mas nunca teve reconhecimento por isso. E nem vai ter. COMANDO PARA MATAR possui um trabalho de direção seguro e cenas de ação belissimamente bem orquestradas à moda antiga, sem qualquer firula e cacoetes do cinema atual. E não poupa o espectador de violência e muito sangue on-screen, como toda a sequência final, com Arnoldão enfrentando o exército sozinho numa batalha de proporções épicas!

E o que é a atuação do Schwarzenegger?! Já ouvi muita reclamação de pessoas dizendo que é um sujeito sem talento e canastrão. Concordo em partes, mas o que não falta a ele é inteligência e carisma! Tendo protagonizado CONAN e O EXTERMINADOR DO FUTURO, é com COMANDO PARA MATAR que Arnoldão afirma seu lugar entre os grandes do cinema de ação! Os seus diálogos são resumidos ao essencial, soltando apenas o necessário e algumas tiradas de efeitos geniais que complementam ainda mais o grau de insanidade que temos aqui! E claro, o que acaba importando mesmo, no fim das contas, é a sua capacidade física e o desempenho nas cenas de ação, como um tanque de guerra imparável, realmente de encher os olhos dos aficcionados pelo gênero.

O filme possui também um elenco memorável. Rae Dawn Chong é a aeromoça que acaba se enroscando na situação de Matrix e serve um pouco de alívio cômico; Alyssa Milano, ainda bem novinha, fazendo a filha raptada; o ótimo Bill Duke, Dan Hedaya e David Patrick Kelly como vilões (este último com uma das mortes mais legais do filme), assim como Vernon Wells, que é uma espécie de "chefão final" e que Matrix deve enfrentar no mano a mano. Mas uma das coisas mais geniais do filme é que Wells também possui um sentimento estranho por Matrix, algo que não se percebe quando você tem 7 anos de idade. O cara é afetadíssimo e não tenho a menor dúvida de que seja homossexual. Nada contra, quero deixar bem claro, até acho que enriquece ainda mais a obra, mas tenho a absoluta certeza de que o sonho dele era, na verdade, “lutar” pelado com o protagonista… e o mais interessante é que Matrix sabe disso! “Você gostaria de enfiar essa faca em mim!”, diz o herói para convencer o seu oponente a baixar a arma. E funciona! E reparem as expressões de prazer e desejo sexual que o Wells faz nesta cena. Sei muito bem que “faca” ele estava pensando em enfiar no Schwarza. Engraçado que outro filme do mesmo Mark L. Lester possui a mesma conotação gay. E é outro belo exemplar de ação casca grossa! Estou falando de MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS. É preciso ser um tanto ingênuo pra não perceber que o personagem do Brandon Lee é apaixonado pelo Dolph Lundgren… Genial!

Foi muito bom rever esta obra prima depois de tanto tempo. Mas ao final, dá uma sensação um pouco melancólica… COMANDO PARA MATAR é uma espécie cinematográfica que já se encontra extinta. Simplesmente não se faz mais filmes desta forma nos nossos dias, é fato. Exemplares assim existiam aos montes na era dourada do gênero nos anos 70, 80 e um pouco dos 90. Para sentir esse cinema, hoje, é preciso retornar aos filmes de outras épocas, mas tudo bem! O mais bacana disso tudo é que realmente não faltam motivos para ver e rever este e outros clássicos do cinema de ação.

ATTACK OF THE 60 FOOT CENTERFOLD (1995)

aka ALTAS CONFUSÕES
diretor: Fred Olen Ray
roteiro: Steve Armogida

Quando eu me deparei com ATTACK OF THE 60 FOOT CENTERFOLD, sobre uma modelo que vira gigante, eu logo pensei que se o Fred Olen Ray não mostrar um topless de maior escala, seria um desperdício total de material, por mais que a história funcionasse, fosse engraçada, etc! O topless é a essência disso tudo! Mas o sujeito sabe o que faz, e fico feliz de poder dizer que o que não falta aqui são doses de uns belos peitões balançando na tela!

Sendo assim, temos aqui três modelos disputando o primeiro lugar do concurso da revista Centerfold, que elege a mais exuberante do ano. A competição rola na mansão do editor da revista, numa praia afastada da cidade, onde as modelos passarão o fim de semana junto com um fotógrafo enquanto o editor analisa as moças para eleger a melhor. Uma delas, no entanto, J.J. North, resolveu beber uma fórmula secreta para realçar a beleza, mas acabou obtendo uns efeitos colaterais desagradáveis… pra ela! Para nós, pobres espectadores, uma mulher peladona da mesma altura de um prédio desfilando na tela é algo realmente interessante…

 

Além da loira gigante chamando toda a a atenção do filme para si, ATTACK OF THE 60 FOOT CENTERFOLD até que é uma comediazinha divertida, mas agrada ainda mais os fãs desse tipo de produção pelas homenagens e elementos da ficção científica de baixo orçamento - claramente inspirados em ATTACK OF THE 50 FOOT WOMAN, de Nathan Juran - com efeitos especiais datados e que são um charme a mais! As cenas que se passam no laboratório onde a fórmula foi criada são hilárias, com um rato gigante dando trabalho aos cientistas! O elenco também é cheio de figuras reconhecíveis no cenário B, especialmente pra quem já está familiarizado com o cinema de Fred Olen Ray, como Tim Abell, Peter Spellos, Nikki Fritz, Michelle Bauer (que infelizmente não tira a roupa neste aqui), John Lazar e até uma rápida aparição do Jim Wynorski!


Bom, acho que não preciso dizer mais nada… muita gente já deve ter se convencido de assistir a esta pérola o mais rápido possível.
 

13.7.11

THE HARD CORPS (2006)


aka FORÇA DE PROTEÇÃO
direção: Shledon Lettich
roteiro: Sheldon Lettich, George Saunders

Este aqui é um daqueles produtos da fase negra do Van Damme, quando o sujeito aceitava fazer qualquer porcaria que vinha pela frente pra pegar um cheque e pagar as contas no fim do mês. Não tenho certeza se nesta época ele ainda estava envolvido com drogas… se bem que, em se tratando de cinema, estava envolvido sim, já que realizou esta droga aqui.

O baixinho belga é Philip Sauvage, um ex-soldado de elite das tropas americanas no Oriente Médio que acaba virando guarda costas de um famoso boxeador/homem de negócios, Wayne Barclay, o qual possui um velho inimigo, um ex-rapper mafioso que saiu da cadeia e planeja vingança.


Para Van Damme, viver um personagem traumatizado pós-guerra e que perdeu totalmente suas emoções deve ser tão fácil quanto interpretar o Dr. Spock. Em materia de emoções nulas, Van Damme é o cara! Mas aceitar o trabalho de guarda costa e treinar uma equipe para cuidar da situação, leva o nosso angustiado protagonista a reconectar-se com alguns sentimentos adormecidos, especialmente quando se trata da irmã de Wayne, Tamara, na pele de Vivica A. Fox. Fica até bizarro algumas cenas pintando um clima entre aquela morena exuberante com o baixinho...

Mas o problema mesmo é que THE HARD CORPS fica estranho quando você percebe que já passou mais de uma hora de duração e só tivemos uma ceninha de ação e das bem vagabundas, muito mal dirigida e sem qualquer graça. O filme se concentra mais no drama do protagonista e sua relação com os outros personagens, além de perder muito do nosso precioso tempo com outras figuras que não tem o mínimo interesse, com exceção dos vilões, que estão involuntariamente engraçados! Van Damme até que não está mal, mas com um roteiro deste calibre, fica difícil…


Outro ponto decepcionante é que THE HARD CORPS é a reunião do ator com Sheldon Lettich, diretor que fez alguns filmes bem bacanas do belga no início dos anos 90, como LEÃO BRANCO e DUPLO IMPACTO, e nem isso foi capaz de dar ao filme alguma dignidade. Percebe-se claramente que se trata de uma produção de baixíssimo orçamento, mas cenas de luta e tiroteios extremamente mal filmadas não depende tanto de grana e sim de talento, algo que Lettich parece ter esquecido em casa. O filme ainda tenta ter um clima e visual de “hip hop black gangster movie” e falha feio nesse sentido. Infelizmente, é um exemplar do Van Damme que eu não recomendo…

12.7.11

ARNOLDÃO confirmado em THE LAST STAND...

... que é o próximo filme de Ji-Woon Kim, fazendo sua estréia em solo americano!


Se isso não for suficiente para alegrar seu dia, leia mais aqui.

9.7.11

DRACULA 3D


Clique no Rutger Hauer aí em cima e confira uma galeria recheada de imagens de DRACULA 3D, novo filme de Dario Argento!

6.7.11

CYCLONE (1987)


... aka DURO NA QUEDA

Da fase oitentista de Fred Olen Ray, CYCLONE, ao lado de RESPOSTA ARMADA, é um dos filmes mais divertidos do diretor! O título se refere a uma moto ultra avançada, cheia de parafernalhas bélicas e de design futurista (pra época) e que possui uma fonte de energia secreta. Até o capacete solta lasers! Jeffrey Combs, de RE-ANIMATOR, interpreta Rick Davenport, um sujeitinho estranho, meio nerd, que é justamente o cientista que desenvolveu cyclone

Por algumas razões que eu não consegui descobri, a namorada de Rick é Teri Marshall, interpretada por Heather Thomas, uma loura devastadora, linda e exuberante. E parece gostar mesmo dele! Enfim, ela acaba se transformando na nossa protagonista quando Rick é assassinado e precisa fugir de tudo e de todos que desejam colocar as mãos na fonte de energia da moto, inlcusive há toda uma conspiração que vai até o topo da cadeia alimentar capitalista sedenta pelo troço! Ah, e não reclamem, não chega a ser um spoiler tão gritante a morte de Rick, porque acontece logo no início do filme e não atrapalha o prazer de quem assiste. Aliás, prefiro bem mais acompanhar uma loura deliciosa fugindo de moto, do que o cuecão do Combs, por mais que eu seja fã dele!



Além do Combs, CYCLONE reúne um elenco bacana, com alguns nomes de peso, como Robert Quarry, Troy Donahue e Martin Landau! Mas é Heather Thomas quem carrega o filme com muito carisma, mas é óbvio que com esse time de atores em cena a coisa fica melhor ainda.

Em RESPOSTA ARMADA já dava pra perceber que o Olen Ray tinha talento para a ação, dirigindo cenas de tiroteios sem frescuras e etc. CYCLONE apenas confirma que o sujeito sabe o que faz. O final, por exemplo, tem umas perseguições em alta velocidade com ótimo trabalho de dublês, muita explosão, tiros e raios lasers pra todo lado! Há também um boa dose de sangue e uma pancadaria entre garotas! Vale a pena uma conferida na obra, especialmente pra quem curte Fred Olen Ray, boa ação, elencos interessante e, claro, uma loura estonteante como protagonista!

5.7.11

PELOS CAMINHOS DO INFERNO (1971)

... aka Wake in Fright
... aka Outback


Só de olhar pra essa arte aí em cima eu já começo a sentir um calor desgraçado, uma das tantas sensações que este filme provoca. Na verdade, WAKE IN FRIGHT foi uma das experiências mais intensas que eu tive este ano em termos de cinema. E olha que já tinha visto antes! Mas é um caso curioso, porque até há algum tempo este filme australiano rolava por aí numa versão de péssima qualidade, acho que tirada de um VHS ou ripada da TV, mas que não fazia juz à grandeza desta obra prima de força descomunal, algo que eu só pude realmente sentir quando conferi a versão restaurada lançada em 2009.

Este pesadelo filmado é uma coisa desesperadora, tem direção de Ted Kotcheff, responsável pelo primeiro RAMBO, e é estrelado por Gary Bond como John Grant, professor de uma escola no meio do outback, o deserto australiano, e que consegue suas almejadas férias na qual pretende ir a Sidney, curtir uma praia e reencontrar sua garota… só que a viagem é uma merda. Primeiro pega um trem até uma cidade chamada Bundanyabba, onde precisa esperar uma noite inteira para pegar um avião no outro dia até o seu destino final. No entardecer, o nosso amigão resolve sair para tomar uma bebidinha… e é o suficiente para uma descida ao inferno tão angustiante que não desaponta o título dado ao filme aqui no Brasil!

Primeiro, o sujeito vai à um bar gigantesco, abarrotado de pessoas entornando cerveja e logo de cara percebe-se que John se sente totalmente deslocado. Não é apenas o público que acha aquelas pessoas e o sotaque estranho (assisti ao filme sem legenda e o inglês australiano é bem complicado de seguir), mas o próprio protagonista se sente um estrangeiro em Bundanyabba, com seus rituais insólitos e uma bebedeira frenética sem fim. Ele conversa com algumas pessoas, com o xerife, e todo mundo bebe canecas de cervejas em uma virada e lhe pagam cerveja atrás de cerveja, fazendo-o beber da mesma forma que eles e putz, nunca vi na minha vida tanta cerveja sendo bebida desse jeito… em dez minutos eu já estava tonto de ver tanta cerveja entornada goelas a baixo. Ao fim da sessão eu precisava de um banho e dormir, sabendo que ia acordar com uma puta ressaca!

E os habitantes pancados adoram Bundanyabba, acham o lugar um paraíso… Paraíso ou inferno, o negócio é que John fica literalmente preso no local - como os personagens de O ANJO EXTERMINADOR, de Buñuel, só que de maneira mais realista - à partir da primeira bebedeira... Perde todo o dinheiro em um jogo de moedas, bebe, conhece pessoas cada vez mais estranhas, mas que ficam lhe dando cerveja a todo instante – e quando recusa, se sentem ofendidos, como se tivesse jogado merda na bandeira australiana – então ele bebe mais ainda, os dias vão passando e ele tentando arranjar dinheiro pra sair dali, joga, se envolve com a filha de um sujeito que lhe ajuda, bebe, sai pra caçar cangurus, bebe de novo, luta com os amigos bêbados, sempre com a mesma roupa, cada vez mais sujo, suado e tudo indica que tenha perdido a virgindade da “parte traseira” com o personagem do Donald Pleasence! Aí que o cara surta de vez…

Mas as cenas mais impressionantes são as da caça aos cangurus, hiperrealistas e cruas. Na verdade, a sequência é uma autêntica prova de tolerância para o espectador, com os animais sendo abatidos cruelmente na tela, sem cortes, sem poupar o público de qualquer imagem mais impressionante. No final do filme há uma nota da produção informando que todas as cenas foram filmadas na época de caça, de forma legalizada, por profissionais. Mas isso pouco importa, a maneira como tudo é mostrado e editado deixa uma sensação extremamente depressiva.

Como disse, é um pesadelo filmado, WAKE IN FRIGHT é uma obra prima que deveria ter a mesma importância que WALKABOUT, de Nicholas Roeg, para o cinema australiano, que começava a ganhar uma forma. E nada melhor que subverter. A coisa aqui é barra pesada, mas maravilhosamente bem filmada. O filme mexeu com meus nervos com muito mais eficiência que maioria dos filmes de terror que existem por aí… Rola uma história de que por muito tempo o negativo original havia se perdido e encontrado lá pelo ano de 2004, por isso sua restauração é tão recente. Mas sua redescoberta é obrigatória! a versão vagabunda, que eu assisti há alguns anos encontra-se disponível até no youtube. Recomendo, no entanto, a versão restaurada para uma experiência quase única, que tanto pode tangir o sublime quanto o perturbador.

3.7.11

MATE TODOS ELES E VOLTE SÓ (1968)

... aka Ammazzali tutti e torna solo
... aka Kill Them All and Come Back Alone


Filme que fecha um primeiro ciclo de Spaghetti Westerns do diretor Enzo G. Castellari, que se arriscaria em outros gêneros nos dois trabalhos seguintes antes de voltar ao faroeste. Mas não sei, pode ser impressão minha, me pareceu que o diretor já estava meio de saco cheio de trabalhar com os elementos do gênero, ou de contar uma história bem inserida neste universo do “bang bang”, e escreveu, em parceria com Tito Capri e Joaquim Romero Marchent (diretor de um dos westerns italianos mais violentos que se tem notícia: CONDENADOS A VIVIR), uma historinha sem muita substância sobre um grupo de mercenários, liderados pelo ótimo Chuck Connors, contratados para roubar um milhão de dólares que se encontra dentro de um forte do exército da união, em plena guerra civil americana. Sem optar por explorar os personagens, conflitos psicológicos, aprofundar de forma dramática no tema da traição que acontece bastante na trama, MATE TODOS ELES E VOLTE SÓ acaba tendo um plot bem básico, que beira ao simplório…




Em compensação, o que temos aqui em termos de ação é algo extraordinário! O filme pode muito bem ser resumido como uma sucessão de sequências frenéticas e exageradas de tiroteios, explosões, pancadarias, tudo muito bem orquestrado pelo diretor que se especializou neste tipo de coisa. Não é a toa que consideramos Castellari entre os grandes mestres do cinema de ação ao lado de John Woo, Sam Peckinpah, John Flynn, etc… E se não temos aqui personagens profundos, ao menos cada um deles tem sua especialidade voltada para ação (o atirador de facas, um grandalhão fortão, um acrobata e até um especialista em explosivos que carrega uma bazuca!!!). No elenco, temos várias figuras reconhecíveis no faroeste italiano, mas sem grandes destaques em desempenhos, com exceção de Connors e do já frequente colaborador de Castellari, Frank Wolff.

Talvez com um pouco mais de atenção a certos detalhes no roteiro, trama e personagens, teríamos uma obra prima. Mas do jeito que está MATE TODOS ELES E VOLTE SÓ já se torna obrigatório como um dos Spaghetti Westerns mais movimentados e recheados de ação que eu já vi!

1.7.11

I SAW THE DEVIL (2010)

Demorei tanto pra escrever sobre este filme, que acabei assistindo de novo para relembrar alguns detalhes. Mas, valeu a pena, já que se trata do meu filme favorito de 2011 até o momento! É também o último trabalho de Ji-Woon Kim, diretor do magistral A BITTERSWEET LIFE, um dos meus prediletos deste século, e seu astro, Byung-hun Lee, repete a parceria com o diretor aqui, uma combinação que vem dando certo. O próximo filme de Kim, parece que será produzido sob a batuta de um estúdio americano. Se derem total liberdade ao sujeito, o que é difícil, pode até sair algumas belezinhas para o nosso lado ocidental… mas antes que isso aconteça, vamos com o coreano I SAW THE DEVIL!

O filme é um puta soco no estômago de quem acha que no cinema de ação, a vingança é o melhor remédio. Bom, talvez seja, já que garante a diversão do espectador ávido por banhos de sangue, mas quem tem o mínimo de sensibilidade, encontra em I SAW THE DEVIL uma realidade um pouco diferente dos típicos filmes mergulhados sob o mote da vingança.

Na verdade, é mais um filme de horror com ação, mas isso não importa tanto pra mim. E é óbvio que para mostrar o efeito da "mensagem" que o filme tem sobre quem o assiste, já rende doses cavalares de sequências extremamente viscerais, independente de gênero, mas com vários toques especiais, cortesia do olhar poético, brutal e pessimista do diretor sobre o tema e, claro, no aspecto técnico e visual, é uma autêntica aula de cinema.

Tudo é lindamente filmado, de uma precisão impressionante na forma como utiliza de vários recursos para deixar tudo mais impactante, especialmente nas cenas de ação e porradaria mano a mano que pontuam o filme, sem precisar chacoalhar a câmera ou editar frenéticamente a cena. É tudo na base da decupagem e boa encenação, pura e simples.

Basicamente, sem entregar demais, já que isso pode estragar a diversão, a trama segue dois sujeitos, interpretados por Byung-hun Lee e Min-sik Choi (mais conhecido por ser o protagonista do sensacional OLDBOY), num violentíssimo jogo de gato e rato que deixa profundas marcas, físicas e psicológicas, em cada um, sedentos por vingança. E as suas transformações que ocorrem no decorrer dessa jornada ao inferno elevam o filme a um grau de subversão que incomoda, e me deixou destruído. Qual o limite onde o suposto herói pode ir antes de se transformar no monstro que ele persegue? É mais ou menos por esse caminho que o filme te leva e acaba com você!

I SAW THE DEVIL é longo, poderia ser um pouquinho enxuto e o roteiro, em alguns momentos, força a barra para facilitar certos entraves da trama, mas nada que possa atrapalhar a experiência que é esta belezinha monumental. Espécie rara nos nossos dias, talvez umas duas ou três vezes por temporada temos algo deste nível… é muito pouco para o tanto de filme que produzem a cada ano.