20. O ESCAFANDRO E A BORBOLETA, de Julian Schnabel: Porque nem só de filmes de gênero vive o ser humano... E este aqui emociona com força, e sem precisar anular os clichês da ocasião, embora seja talhado com bastante cuidado. Estéticamente perfeito. E prender a atenção do espectador narrando através de um olho de um sujeito inválido não é pra qualquer um...
19. PARANOID PARK, de Gus Van Sant: Outro que foge à ideologia do blog, sorry, não pude evitar. Mas é realmente muito bom. Van Sant dá sequencia a seu cinema autoral, iniciado em GERRY, agora para entrar na cabeça de um adolescente e acompanhar narrativamente seus conflitos psicológicos diante de um fato que sucede. O ritmo, os sons são marcações que mapeiam o estado psicológico do garoto, que é um retrato do jovem americano alienado.
18. FUNNY GAMES USA, de Michael Haneke: Este aqui achei um tanto desnecessário quando assisti. Mas tentando entender um pouco a decisão do diretor, soube que Haneke queria que o VIOLENCIA GRATUITA, de 1997, fosse um filme pra atingir o publico americano. Então nada mais justo essa refilmagem quadro a quadro da mesma obra para que os americanos finalmente possam ser estuprados assistindo sem legendas. O elenco está excelente e o filme continua com o mesmo poder devastador do original. Então...
17. GO GO TALES, de Abel Ferrara: Digamos que seja A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS versão Ferrara. No lugar de Gazzara, um Willem Dafoe inspiradíssimo e muitas, mas muitas mulheres semi-nuas, inclusive uma cena onde Asia Argento faz uma dança no poste das strippers e ainda dá um beijo de língua num cachorro em pleno palco, tudo isso filmado com aquela câmera desvencilhada do diretor de VÍCIO FRENÉTICO. Preciso contar mais alguma coisa pra saber porque é um dos melhores do ano?
16. THE DARK KNIGHT, de Christopher Nolan: Não sei se a morte do ator Heath Ledger, que interpretou o famigerado Coringa neste aqui, influenciou o estrondoso sucesso comercial do filme (cujas opiniões ficaram bem divididas). A atuação de Ledger é realmente de encher os olhos, sombrio e visceral. Mas o filme ainda consegue ser muito mais. Alguns compararam a grandiosidade narrativa de Nolan com a de Michael Mann ou Martin Scorsese. Acho que não é pra tanto, mas é definitivamente um dos melhores filmes baseados em quadrinhos de todos os tempos. O que não é pouco...
15. FALSA LOURA, de Carlos Reichenbach: Cinema nacional, sim! E o Carlão continua sua jornada pela vida das operárias em busca de seus anseios, assim como GAROTAS DO ABC, nesta pequena obra de arte. Os elementos do melodrama não são tão bem utilizados desde Douglas Sirk e Vincente Minnelli (ok, exagero), e colocar Mauricio Mattar como galã é o auge do kitsch cinematográfico. E o que é Rosanne Mulholland? Ai, ai (suspiros). Além de linda e biscoituda, é extremamente talentosa. Dá de dez a zero a muita pseudo-atriz da novela das oito (que começa sempre às nove).
14. ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, de José Mojica Marins: Pois é, mais cinema nacional, e este ano tivemos o grande retorno do Zé do Caixão. E só de ter proporcionado a oportunidade de assistí-lo no cinema (com mais cinco gatos pingados, o que é uma pena) já o torna de grande valor pessoal. E ainda notar como foi extremamente bem filmado é melhor ainda. É horror de primeira qualidade em todos os sentidos e daria inveja a qualquer filme de terror produzido atualmente em Hollywood.
13. BOARDING GATE, de Olivier Assayas: Um motivo pra ser obrigatório: Asia Argento, que está lindíssima e carrega o filme inteiro nas costas (impossível pensar em outra atriz atual que se entregasse tanto ao filme). O que não quer dizer que o diretor não tenha seus méritos, pelo contrário, o francês Olivier Assayas provavelmente é um dos cineastas mais maduros do cinema atual e seu estilo de direção e movimentação de câmeras ultrapassam os limites da criatividade. E ainda temos Michael Madsen (outro momento kitsch).
12. DIÁRIO DOS MORTOS, de George A. Romero: Ao invés de buscar o realismo de um CLOVERFIELD ou [REC], o filme de Romero se aproxima ainda mais da ficção, da atmosfera superficial do zombie movie, mesmo com a linguagem pseudo-documental, e isso funciona perfeitamente para enfatizar a sua análise do homem com uma câmera e a obsessão pelo registro. Aos 68 anos, o diretor ainda possui uma liberdade criativa invejável, tudo num clima de Road Movie apocalíptico.
11. O NEVOEIRO, de Frank Darabont: Um verdadeiro soco no estômago do terror americano que, todos nós estamos carecas de saber, anda mal das pernas há muito tempo, com raríssimas exceções. Darabont, que adaptou Stephen King mais uma vez neste aqui, pode até não ser um Carpenter, mas soube aproveitar muito bem a essência do terror clássico, em especial o oitentista e de quebra nos brindou com um dos finais mais corajosos do cinema hollywoodiano.
10. RAMBO 4, de Sylvester Stallone: Ok, podem estranhar um filme como este entre os dez primeiros, mas há de se dizer: cinema tão sincero quanto este ainda está para existir (talvez ROCKY 6, do mesmo Stallone). Tão simples e sem pretensões, a não ser a de trabalhar humanidade em seres tão instintivamente primitivos, além de ser uma verdadeira aula de direção em termos de ação e violência escatológica visual. Filmaço!
9. REDACTED, de Brian De Palma: De Palma resolve pegar o argumento central de outro filme seu, PECADOS DE GUERRA, para criar esta coisa assustadora, utilizando de vídeos encontrados na internet e a linguagem pseudo-documental que serve para expor com mais veracidade os horrores de uma guerra inútil e estúpida, além de analisar o papel das novas mídias em meio às situações abordadas. O resultado é de dar muito mais medo que muitos filmes de terror por aí.
8. A ESPIÃ, de Paul Verhoeven: Este aqui deveria ter entrado na minha lista do ano passado, mas como ainda me limitava aos filmes lançados no Brasil, acabei cometendo a besteira de deixá-lo de fora. Mas tudo bem, o filme chegou no Brasil e pude revê-lo. E que filme! Parece a sintese de uma carreira, estão lá os mesmos temas tratados em todos os filmes do holandês. E Carice van Houten obtém uma das melhores interpretações do cinema moderno!
7. SENHORES DO CRIME, de David Cronenberg: É o supra sumo da arte de Cronenberg, que às vezes extrapola (para o bem) a sua definição de cinema físico, palpável, com direito a todos os temas do corpo, mutações e metamorfoses. Aqui eleva-se a excelência esse cinema. Por isso Crona é um dos meus favoritos de sempre! E o que são aqueles atores (em especial Viggo Mortessen, que repete a parceria com o diretor no melhor desempenho de sua carreira), a seqüência de naked fight na sauna? Genial.
6.SPARROW, de Johnnie To: Uma pequena obra prima que passa a sensação de que o diretor e seu elenco estão se divertindo horrores com a brincadeira de filmar. E o publico sente isso na tela através da leveza dos planos, das referencias cinematográficas, da manipulação temporal, da utilização magnífica do som, do espaço, principalmente quando os personagens interagem com a cidade ou no primor da coreografia na seqüência do “balé dos guarda chuvas”, uma das cenas mais sensacionais do ano.
5. GRAN TORINO, de Clint Eastwood: Aos quarenta e cinco do segundo tempo, eu consegui assistir e encaixar esse filmaço do velho Clintão na relação dos melhores do ano. Deve ser lançado no Brasil no próximo ano e eu ainda pretendo escrever algumas maiores considerações sobre ele, mas por enquanto, basta saber que o diretor ainda está em plena forma criativa e sua atuação vai surpreender muita gente...
4. DEIXA ELA ENTRAR, de Tomas Alfredson: Belo filme sueco sobre como ser adolescente e descobrir o amor nesta fase da via e que, por um acaso, temos uma vampira de 12 anos (pelo menos em forma física) na trama. O diretor Tomas Alfredson faz um magnífico confronto entre as coerências do mundo real com os elementos do fantástico. Tudo parece plausível nesse universo irreal. A câmera sempre distante, serena, apenas enquadrando, compondo, trabalhando o foque e o desfoque, reflexos, sem muitos cortes nem os artifícios que manipulam o espectador.
3. ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO, de Sidney Lumet: Por trás de uma história de roubo, há um sólido drama familiar de situações extremas trabalhado com uma firmeza que só um veterano como Sidney Lumet poderia realizar. A forma como o cineasta brinca com os pontos de vistas, mexendo na ordem cronológica da narrativa reforça ainda mais o estado de espírito de cada personagem envolvido, e mesmo as indas e vindas no tempo não tiram o classicismo genial das situações dramáticas desempenhadas com maestria pelos atores (principalmente, Phillip S. Hoffman).
2. ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, de Ethan e Joel Coen: Depois de dois fiascos lamentáveis, os irmãos Coen demonstram que ainda estão no páreo entre os grandes diretores americanos. Este aqui é um monumento, contém todos os elementos que fizeram o cinema dos irmãos e muito mais. Personagens brilhantemente construídos, uma secura totalmente inesperada, direção puramente cinematográfica com domínio total do tempo e espaços, do valor de cada corte... E nem precisava, mas vamos lá: Javier Barden como o assassino psicopata já está se tornando um clássico!
1. SANGUE NEGRO, de Paul Thomas Anderson: Quando os créditos começaram a subir, eu estava completamente moído. Não restavam dúvidas, ainda naquele mês de março, de que eu havia acabado de ver o melhor de 2008. O filme é um terror épico, um estudo do homem em contato e obcecado com o poder num de seus momentos mais lúcidos na história do cinema. Nisso tudo, ganha o domínio total de seu diretor propiciando vigoroso impacto dramático a um tipo de cinema clássico, tradicional, eficiente e servido de excelente fotografia, trilha sonora e o monstruoso desempenho do melhor ator que temos na atualidade. SANGUE NEGRO já nasceu clássico!
Bom, só tenho uma certeza, os 10 primeiros (e olhe lá!), de resto acho que se poderiam ir trocando entre eles conforme os dias e motivações...
Desejo a todos um ótimo 2009!
Em Janeiro retornaremos com mais do mesmo...
Em Janeiro retornaremos com mais do mesmo...