Na época em que KEOMA foi realizado, o spaghetti western já tinha esfriado. O ciclo já não rendia algo interessante há tempos, mas mesmo assim, a dupla Enzo G. Castellari e Franco Nero, que já haviam trabalhado juntos antes em uns três filmes, estavam convictos e centrados em realizar um projeto de faroeste, mas não qualquer faroeste, eles sentiam que KEOMA seria algo maior, e foram em frente na tentativa de arranjar financiadores.
Depois do sinal verde para a produção, o roteiro final só chegou nas mãos de Castellari três dias antes de começarem as filmagens. Ele próprio e Franco Nero não gostaram do que leram. Castellari diz em uma entrevista que jogou tudo fora e sem tempo pra reescrever começou a elaborar as cenas no dia a dia das filmagens, deixando as suas principais inspirações sublinharem a narrativa. De Ingmar Bergman à Sam Peckinpah, as influências foram absorvidas naturalmente e o resultado não poderia ser diferente: KEOMA foi um sucesso e se tornou um símbolo do Spaghetti Westen.
Todo mundo já deve conhecer a história, que é tratada em tons de tragédia clássica. Pra começar, Keoma (Franco Nero) é um mestiço, filho de uma índia com um fazendeiro branco. Após retornar da guerra civil, ele encontra a região onde vivia sendo comandada por Caldwell (Donald O'Brien). Como sabemos que isto aqui é um faroeste, não preciso nem dizer que tipo de sujeito é esse Caldwell, não é mesmo? Mas as coisas pioram quando Keoma descobre que seus três meio-irmãos (que sempre lhe trataram muito mal) estão do lado do facínora, para a desgraça do pai de todos eles, vivido por William Berger.
No elenco, ainda temos Woody Strode, Olga Karlatos, e uma série de figuras sempre presente nas produções populares do cinema italiano. Mas o grande nome do filme não poderia ser outro: Franco Nero, com uma atuação sólida e expressiva, provavelmetne a minha favorita de sua longa carreira.
Um dos grandes méritos de KEOMA é conseguir agradar tranquilamente os fãs do Western bruto, mais movimentado, e também aqueles que procuram algo com mais substância, e o que não falta por aqui são elementos filosoficamente dramáticos. E como de costume, a direção de Castellari constitui de algo absurdamente magistral. É de fazer chorar qualquer amante do cinema, desde os enquadramentos expressivos, as sacadas de montagem e, claro, as sequências de ação e tiroteios fazendo uso da câmera lenta ao melhor estilo Peckinpah.
Meu Castellari favorito. Eu gosto da trilha sonora do filme justamente por ela ser completamente o inverso do que poderíamos esperar num Spaghetti Western. Mas concordo que o tema poderia muito bem ser composto não só por Morricone, mas um Nicolai e um Ortolani também seriam excelentes escolhas.
ResponderExcluirUm dos meus westerns favoritos. Grande! Obra-prima do caraleo!
ResponderExcluirE a trilha é um grande achado... são dos mesmos compositores de Mannaja (conhecido por aqui como Vingança Cega). Ela combina muito bem com o filme: possui aquela delicadeza que o lado dramático (a voz feminina) do filme revela, mas tb possui aquela brutalidade (a parte da voz masculina, grossa) que aparece na maior parte do tempo.
Ah, e já assistiu Navajo Joe, de Corbucci? Fiz um texto pra ele.
Abs!
Obra-prima!
ResponderExcluirÉ o tipo de cinema que não se faz mais hoje em dia.
Exatamente.
ResponderExcluirE eu vou mais além, para mim a trilha-sonora é o ponto fraco do filme. Foi exatamente isso que me incomodou. Mas a câmera lenta compensa tudo.
Marcelo, não chegou a me incomodar... como disse, até gosto da trilha. Mas poderia ser melhor. :)
ResponderExcluirVictor, ainda não vi Navajo Joe. Vou da uma lida na sua resenha.
A trilha podia ser melhor mesmo, mas é impressionante como seu tom de lamúrio exagerado combina com o filme. Aliás, compreendo completamente sua adoração por Keoma, a cada vez que penso nele o filme melhora mais e mais. Esses dias vou revê-lo. E, há de se deixar sublinhado: que cena maravilhosa é aquela com o travelling, enquanto Nero e Berger conversam???? Coisa de gênio.
ResponderExcluirPorra, Ronald. Guido & Maurizio são quase tão grandes quanto Morricone, trilha das mais lindas, de um desespero... É um dos meus filmes preferidos.
ResponderExcluirQue vc acha trilha sonora do filme Django de 1966. A melhor pra min.
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