Eis aqui um belo exemplar comprovando o que muita gente fala, mas poucos acreditam. Sergio Leone merece ser reconhecido como um gênio do spaghetti western, mas não só ele! Existe uma lista de bons nomes que mereciam estar no topo junto com o diretor de ERA UMA VEZ NO OESTE, mas geralmente são esquecidos pela crítica e pelos cinéfilos mais jovens (aliás, os cinéfilos mais jovens se interessam por cinema popular italiano?).
Sergio Corbucci é um desses renegados e VAMOS A MATAR COMPAÑEROS é uma das mais fundamentais obras do gênero! O filme é também um perfeito representante do Zapata Western, uma ramificação dentro do Spaghetti Western, tratando de assuntos mais políticos que exploram a revolução mexicana. Outro bom exemplo deste sub-sub-gênero é QUANDO EXPLODE A VINGANÇA, do Leone.
VAMOS A MATAR COMPAÑEROS apresenta o traficante de armas sueco Yolaf Peterson (Franco Nero!) que chega ao vilarejo de San Bernardino com um vagão de trem lotado de armas e munições para vender aos revolucionários comandados pelo general Mongo (Francisco Bódalo). O problema é que o dinheiro para o pagamento das armas está trancafiado dentro de um cofre de ultima geração impossível de ser aberto sem a combinação correta. Todas as pessoas que sabiam já estão comendo capim pela raiz, a não ser o professor Xantos (Fernando Rey), um outro líder revolucionário, diferente de Mongo, idealista, sempre pregando a paz e que está preso em um forte em território americano. Seus seguidores não utilizam armas e buscam fazer a revolução através de medidas pacíficas, algo que não tem dado muito certo até então.
O sueco propõe "resgatá-lo" em troca de uma boa quantia de dinheiro e conta com a companhia de Vasco (Tomas Milian!), soldado de Mongo, um tanto estúpido, mas bastante afoito e rápido no gatilho. Partindo dessa premissa, Corbucci conduz a incrível jornada destes dois personagens cheia de aventuras, contratempos, tiroteios enfrentando o exército americano, os federais mexicanos e até mesmo um grupo de mercenários liderado pelo insano John (Jack Palance!!!), e que possui contas do passado a serem acertadas com o sueco.
Já dá pra perceber que um dos pontos fortes do filme é o elenco composto de feras do cinema europeu, mas quem merece um destaque a parte é o americano Jack Palance (que teve bastante presença no cinema popular do velho continente) com uma atuação magnífica. O que sobra é um dos vilões mais marcantes do western italiano. O sujeito veste uma capa preta, tem o cabelo bagunçado, é viciado em maconha, possui um falcão altamente treinado e uma mão de madeira (a de carne seu próprio falcão devorou para salvá-lo de uma crucificação causada pela traição do suíço). Coisa de louco!
Milian e Nero também não fazem feio. Os dois possuem uma química estranha que acabou dando certo com um Franco Nero cínico e debochado e Milian fazendo o ignorante meio tresloucado, com um visual que lembra Che Guevara, muito utilizado como alívio cômico em certos momentos. Aliás, o humor aqui é muito peculiar, ridicularizando situações violentas com um tom de humor negro, que é a mesma base do que seria o humor dos filmes de Quentin Tarantino muitos anos depois.
Voltando um pouco à trama, depois de resgatar o professor Xantos, Vasco e o sueco começam a questionar o sentido daquilo tudo que estavam fazendo, em especial Yolaf, que sabe as verdadeiras intenções do coronel Mongo: colocar as mãos no dinheiro do cofre e que se dane o México! Claro que a reflexão dos protagonistas não impede que ao final Franco Nero empunhe uma metralhadora ao estilo visceral de Django e saia atirando num exercito de bandidos, enquanto Tomas Milian faz sua parte, um verdadeiro estrago na carcaça dos meliantes, com um facão. Para aqueles que pensam que filme político é sinônimo de filme chato, provavelmente ainda não conhece o Zapata Western (ou até mesmo o cinema político italiano de uma forma geral, que possui obras brilhantes).
VAMOS A MATAR COMPAÑEROS consegue ser inteligente e ainda apresenta uma boa dose de ação dirigida com muita elegância e maestria pelo Corbucci e pontuada pela excelente trilha sonora de Ennio Morricone, uma das mais marcantes do compositor e estou com ela há dias grudada na cabeça. Muito bem, por enquanto é isso, vamos assistir, companheiros! (não resisti...)
Sergio Corbucci é um desses renegados e VAMOS A MATAR COMPAÑEROS é uma das mais fundamentais obras do gênero! O filme é também um perfeito representante do Zapata Western, uma ramificação dentro do Spaghetti Western, tratando de assuntos mais políticos que exploram a revolução mexicana. Outro bom exemplo deste sub-sub-gênero é QUANDO EXPLODE A VINGANÇA, do Leone.
VAMOS A MATAR COMPAÑEROS apresenta o traficante de armas sueco Yolaf Peterson (Franco Nero!) que chega ao vilarejo de San Bernardino com um vagão de trem lotado de armas e munições para vender aos revolucionários comandados pelo general Mongo (Francisco Bódalo). O problema é que o dinheiro para o pagamento das armas está trancafiado dentro de um cofre de ultima geração impossível de ser aberto sem a combinação correta. Todas as pessoas que sabiam já estão comendo capim pela raiz, a não ser o professor Xantos (Fernando Rey), um outro líder revolucionário, diferente de Mongo, idealista, sempre pregando a paz e que está preso em um forte em território americano. Seus seguidores não utilizam armas e buscam fazer a revolução através de medidas pacíficas, algo que não tem dado muito certo até então.
O sueco propõe "resgatá-lo" em troca de uma boa quantia de dinheiro e conta com a companhia de Vasco (Tomas Milian!), soldado de Mongo, um tanto estúpido, mas bastante afoito e rápido no gatilho. Partindo dessa premissa, Corbucci conduz a incrível jornada destes dois personagens cheia de aventuras, contratempos, tiroteios enfrentando o exército americano, os federais mexicanos e até mesmo um grupo de mercenários liderado pelo insano John (Jack Palance!!!), e que possui contas do passado a serem acertadas com o sueco.
Já dá pra perceber que um dos pontos fortes do filme é o elenco composto de feras do cinema europeu, mas quem merece um destaque a parte é o americano Jack Palance (que teve bastante presença no cinema popular do velho continente) com uma atuação magnífica. O que sobra é um dos vilões mais marcantes do western italiano. O sujeito veste uma capa preta, tem o cabelo bagunçado, é viciado em maconha, possui um falcão altamente treinado e uma mão de madeira (a de carne seu próprio falcão devorou para salvá-lo de uma crucificação causada pela traição do suíço). Coisa de louco!
Milian e Nero também não fazem feio. Os dois possuem uma química estranha que acabou dando certo com um Franco Nero cínico e debochado e Milian fazendo o ignorante meio tresloucado, com um visual que lembra Che Guevara, muito utilizado como alívio cômico em certos momentos. Aliás, o humor aqui é muito peculiar, ridicularizando situações violentas com um tom de humor negro, que é a mesma base do que seria o humor dos filmes de Quentin Tarantino muitos anos depois.
Voltando um pouco à trama, depois de resgatar o professor Xantos, Vasco e o sueco começam a questionar o sentido daquilo tudo que estavam fazendo, em especial Yolaf, que sabe as verdadeiras intenções do coronel Mongo: colocar as mãos no dinheiro do cofre e que se dane o México! Claro que a reflexão dos protagonistas não impede que ao final Franco Nero empunhe uma metralhadora ao estilo visceral de Django e saia atirando num exercito de bandidos, enquanto Tomas Milian faz sua parte, um verdadeiro estrago na carcaça dos meliantes, com um facão. Para aqueles que pensam que filme político é sinônimo de filme chato, provavelmente ainda não conhece o Zapata Western (ou até mesmo o cinema político italiano de uma forma geral, que possui obras brilhantes).
VAMOS A MATAR COMPAÑEROS consegue ser inteligente e ainda apresenta uma boa dose de ação dirigida com muita elegância e maestria pelo Corbucci e pontuada pela excelente trilha sonora de Ennio Morricone, uma das mais marcantes do compositor e estou com ela há dias grudada na cabeça. Muito bem, por enquanto é isso, vamos assistir, companheiros! (não resisti...)
Obra-prima absoluta! Me lembrei agora da cena de tortura do Milian, ao mesmo tempo em que não vemos nada de explicito/violento, consegue ser uma das mais agonizantes (e ao mesmo tempo engraçadas!) que eu me lembre. Genial!!!
ResponderExcluirOlá, sempre leio o seu blog, e tenho que dizer que você tem muito bom gosto, além de grande conhecimento sobre cinema.Nota 10 mesmo!
ResponderExcluirEstou sempre correndo atrás dos filmes recomendados por você, vou ver esse pois sou fã de western italiano.
Continue postando cada vez mais, abraços.
Opa, valeu pelas palavras, Paranoid Android (!)... são comentários assim que me motivam a sempre manter o blog atualizado.
ResponderExcluirE aguarde mais recomendações especiais por aí!
Grande abraço!
O spaghetti que mais quero ver no momento. Mas dei uma pausa no gênero.
ResponderExcluirNossa, na segunda foto eu jurava que era o Tarcísio Meira haha!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFoda esse filme, mas obra-prima não é.
ResponderExcluirGrande faroeste, mas os meus preferidos do Corbucci são Il Grande Silenzio e Gli Specialisti.
ResponderExcluirEntendo as preferências do Vlademir, mas como adepto bons filmes políticos e sobretudo filmes pejados de acção, aprecio bastante este "Companheiros". Reconheço no entanto que na franja dos filmes de acção explosiva o estilo de Valerii me agrade um pouco mais do que Corbucci...
ResponderExcluirHey, Perrone e que tal uma abordagem a outros zapata westerns nos próximos tempos?
Ainda não vi Gli Specialisti, Vlad, mas entre O Vingador Silencioso (que eu adoro) e este aqui, eu fico com este aqui.
ResponderExcluirE com certeza, Pedro, Zapata Western sempre vai ter espaço aqui no blog!
>os cinéfilos mais jovens se interessam por cinema popular italiano?
ResponderExcluirSe eles se interessarem por cinema italiano já será uma surpresa.
Cinema popular italiano, é algo meio vago, cabem tantas coisas nessa expressão. Eu por exemplo sou leigo com westerns, tenho uns pecados cinematograficos fudidos nessa área, tipo nunca ter visto nenhum Django e Bala para o General. E confesso que já poderia ter visto a seculos, mas outras coisas me atrairam mais nesse tempo. Uma delas é justamente uma area que fazia parte do cinema popular italiano, os filmes de horror.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirfilmes de horror = bruxa, zombies, fantasmas, slasher, e vou incluir o giallo também, embora ache que o subgenero se estenda alem disso.
ResponderExcluirE tem o erotismo também, e as comédias...os policias! hahaha
Melhor cinema de todos.
Esse filme postei um tempo lá no FAROESTE EM GERAL acho que ano passado, esse filme é muito bom, também gostei de OS VIOLENTOS VÃO PARA O INFERNO também com o NERO que tem o duelo MUSANTE vs PALANCE, uma BALA PARA O GENERAL eu também gostei, entre os filmes do CORBUCCI o melhor e o meu preferido é DJANGO, acho este filme a sua obra-prima além de ser muito popular, o PERONE tá vindo com um Spaghetti western, continue assim.
ResponderExcluirAcho esse filme melhor que Quando Explode a Vingança do Leone!!!! No qual tem certas semelhanças, e melhor até que Gli Specialist, que pareçe um ensaio para esse! HEHEHE! Pronto, falei!
ResponderExcluirLegal Artur, depois eu vou procurar o seu texto no blog. Também adoro Django, mas faz muito tempo que eu vi. Depois vou fazer uma revisão e tentar manter o blog sempre alimentado com Spaghetti Western. =)
ResponderExcluirBlob tá querendo gerar polêmica... hehe
ResponderExcluirEntre Companeros e Quando Explode a Vingança eu fico com o segundo. Mas está mais que provado que o Corbucci merece tanto respeito quanto o Leone!
Quanto ao Gli Specialisti, ainda não vi... =(
Um outro western italiano que é dos meus preferidos é My Name is Nobody.
ResponderExcluirJá esse aí eu nao acho isso tudo. É bom, mas não chega ao nível de Compañeros.
ResponderExcluirMy Name is Nobody é legal, mas O Dia da Ira é o melhor de Valerii. Corbucci > Valerii. E Damiano Damiani também é foda!
ResponderExcluirNo campo dos zapata westwerns Damiano Damiani ganha a todos, mesmo ao Leone!
ResponderExcluirConcordo com o Pedro Pereira: Uma bala para o General é o melhor Zapata Western de todos. Em segundo, eu coloco o Tepepa.
ResponderExcluirO meu Top 5 deste sub-género feito à pressa:
ResponderExcluir1. A Bullet for the General (Damiani)
2. Tepepa (Petroni)
3. Vamos a matar, compañeros (Corbucci)
4. Giù la testa (Leone)
5. Il Mercenario (Corbucci)
Existem outros menos complexos, mas também bons de ver como "Treno per Durango (Caiano)" que é protagonizado pelo Anthony Steffen num estilo bem diferente do seu habitual. Não posso também de deixar de referir o input de Giuliano Carnimeo para este particular, quer "Testa t'ammazzo, croce... sei morto... Mi chiamano Alleluja" ou "Uomo avvisato mezzo ammazzato... Parola di Spirito Santo" fazem parte dos meus spaghettis de eleição.
Legal, vou correr atrás dos títulos que eu ainda não assisti!
ResponderExcluirMr. Perrone, ainda sobre esse filme: certa vez, no dia 27/05 para ser exato, eu postei no meu blog o trailer, com a letra da música para cantar junto!!! Se quiser conferir:
ResponderExcluirhttp://blogdoblob.zip.net/arch2009-05-24_2009-05-30.html
Putz, valeu! hehe
ResponderExcluirSensacional!
Tenho um enorme prazer em dizer que Corbucci (enchendo a boca) é um PUTA DIRETOR !
ResponderExcluirEsse filme já assisti umas 4 vezes de tanto que gostei. Quanto aos diretores eu destaco o Sergio Solima que fez filmes magníficos.
ResponderExcluirvc tem esse filme dublado?
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