28.10.13

ESPECIAL HALLOWEEN 2013 #05: SHOCK-O-RAMA (2005)


Mais uma antologia de horror para finalizar o Especial de Halloween de 2013, que foi bem fraquinho pela minha falta de tempo, mas melhor do que nada. SHOCK-O-RAMA foi realizado por Brett Piper, diretor que tem o costume de trabalhar com orçamentos minúsculos, utilizando efeitos especiais práticos, como stop-motion, e muita mulher pelada desfilando na tela. Então, só pode resultar em coisa boa! Vamos por partes.


A trama principal gira em torno de Rebeca Raven (a vestal Misty Mundae), uma musa de produções baratas de horror cansada de participar de filmes meia boca que só querem explorar seus peitos de fora. Deixando seu produtor na mão, Raven decide dar um tempo e vai para uma casa de campo passar um fim de semana de descanso solitário. Acaba que a moça precisa encarar fortes emoções quando se depara com um zumbi de verdade. Abraçando suas raízes de heroína do horror, Raven mostra o seu potencial até mesmo longe das câmeras. Este episódio é o mais longo e é todo intercalado com outros dois segmentos, mostrando os produtores que, sentindo a ausência de sua estrela, começam a procurar uma substituta e assistem aos dois "vídeos" que compõem SHOCK-O-RAMA.


O primeiro se chama MECHARACHNIA! Um alienígena fugitivo interestelar acaba sofrendo um acidente e cai na terra. Num estaleiro de sucata, para ser mais exato. O dono do local, junto com sua ex-mulher, percebe a ameaça e começa a trocar tiros com o "visitante", que é uma criaturinha verde feito de stop-motion. Basicamente o segmento se resume a esta divertida batalha travada entre os dois, com destaque para o momento quando o alienígena constrói um robô-carro destruidor (acima) que também se movimenta com animação em stop-motion. Não dá nem pra sentir falta de efeitos de CGI de tão legal!


O único defeito do episódio é a ausência de peitos. Ah, e não sou eu quem está reclamando. Os próprios produtores comentam a falta, já que estão em busca da próxima scream queen da produtora. Isso nos leva ao outro segmento, LONELY ARE THE BRAIN. A trama se passa numa casa para moças com problemas psicológicos, onde são realizados experimentos mentais, especialmente em relação ao sonho. E é aqui que a sangueira e a putaria começam. Lesbianismo, uma cientista sexy interpretada pela deliciosa Julian Wells, sonhos macabros e um cérebro gigante comandando o local.


Como filme de horror SHOCK-O-RAMA não presta pra nada. Na verdade, fica claro que a intenção não é assustar, mas sim homenagear o gênero em suas mais variadas vertentes, especialmente o de baixíssimo orçamento, e os profissionais que trabalham duro para nos agraciar com essas tralhas. Não é o primeiro filme do tipo, outros já fizeram e até com resultados mais interessantes, como SEXBOMB (89). No entanto, como esse tipo de tralha nunca é demais, SHOCK-O-RAMA possui atrativos suficientes para não deixar os admiradores na mão. Bom Halloween a todos!

No fim de semana devo postar algumas palavras sobre ESCAPE PLAN, filmaço de ação com Stallone e Arnie. Até lá!

21.10.13

ESPECIAL HALLOWEEN 2013 #4: THE BURNING MOON (1997)


Sempre fui fanático por antologias de horror, filmes compostos por várias pequenas histórias de medo e mistério, como CREEPSHOW (83), de George A. Romero, ou os clássicos da Amicus, como ASILO SINISTRO (72), de Roy Ward Baker. Para incrementar o mês especial de Halloween aqui no blog, resolvi conferir THE BURNING MOON, produção alemã de orçamento minúsculo dirigido pelo mago dos efeitos especiais do cinema extremo Olaf Ittenbach e que tem no currículo alguns exemplares adorados pelos fãs de splatter movies recheado de muito gore. E, não por acaso, este aqui é uma antologia.

São apenas três historinhas em THE BURNING MOON. A primeira é a que serve de base para as outras duas e mostra o dia de um jovem pagando de rebelde, com calças rasgadas no joelho e cabelo bagunçado, vivido pelo próprio diretor. Começando com uma entrevista de emprego na qual não faz a mínima questão de passar, depois, o sujeito se mete numa violenta briga de gangues e, logo, chega em casa tocando o terror pra cima de seus pais, que já não sabem o que fazer. Por fim, o mancebo resolve injetar na veia alguma substância saudável e vai ao quarto da irmã mais nova contar algumas histórias de ninar para fazê-la dormir...


Assim, surgem os dois episódios seguintes. Mas não se preocupem. Não teremos pôneis ou fadas por aqui. A primeira história contada pelo rapaz (ou a segunda do filme, seguindo a ordem) é JULIA'S LOVE, sobre um psicopata apaixonado que até chegar à sua amada vai deixando um rastro de corpos estraçalhados pelo caminho. E quando a encontra, decide passar a faca na família da moça também. A trama se desenrola de maneira boba, mas a quantidade de nojeira, sanguinolência e mutilações - no mais puro gore old school - farão o deleite do espectador. Inclusive com alguns planos bem criativos, como uma barriga sendo perfurada visto de dentro do corpo; um olho enfiado garganta abaixo sob o ponto de vista da goela, e por aí vai. Ao final, um policial chega ao local metendo bala, chateado porque uma cabeça decepada foi jogada em seu carro pelo assassino... Hahaha!

O último segmento de THE BURNING MOON é bem melhor. Chama-se THE PURITY e a premissa é sobre um padre num pequeno vilarejo que costuma realizar a missa ao dia, mas durante as noites resolve estuprar e assassinar aleatoriamente. A culpa cai pra cima de um jovem agricultor que não tem nada a ver com os assassinatos, mas os moradores da região decidem contratar um jagunço para matá-lo. O negócio é que após ser brutalmente assassinado, o sujeito volta do mundo dos mortos para se vingar, levando seus desafetos ao inferno.


É aí que temos a famosa sequência que justifica a reputação e a existência de THE BURNING MOON. São quase dez minutos no inferno de Olaf Ittenbach, um espetáculo visual de brutalidade desenfreada com violência explicitamente detalhada, exagerada e sem qualquer remorso com o espectador. E tudo realizado com os efeitos especiais de fundo de quintal, mas com uma perturbadora eficiência que me deixou hipnotizado. Um final perfeito para esta tranqueira divetidíssima do cinema extremo alemão, que não tenta empurrar lições de moral, nem trata de temas edificantes e filosóficos. Mas também não tem vergonha de se assumir como produto de um sujeito apaixonado por cinema e que descobriu que poderia transformar sangue falso e efeitos hardcore de maquiagem em subversão visual cinematográfica.

R.I.P. ED LAUTER (1938 - 2013)



15.10.13

ESPECIAL HALLOWEEN 2013 #03: LA LLAMADA DEL VAMPIRO (1972)


Não poderia faltar um Eurohorror obscuro neste especial de Halloween. LA LLAMADA DEL VAMPIRO, dirigido por José María Elorrieta, é uma produção espanhola do período áureo do exploitation daquele país e que combina com muita desenvoltura algumas doses de sexo com o universo dos chupadores de sangue. O filme até pode não ser uma maravilha, uma obra prima do horror (e não é mesmo), mas sexo e vampiros são dois elementos perfeitamente compatíveis quando misturados.


Após uma introdução na qual uma loura vampira tenta atacar um velhote num castelo e tem o peito cravado por uma estaca, somos apresentados a uma jovem doutora e sua bela assistente que chegam a um vilarejo espanhol para substituir o médico local, que acabara de bater as botas. Logo, são instaladas num antigo castelo local para ficarem à disposição especial do Barão que vive por lá, um ancião muito doente, que por coincidência trata-se do mesmo velho e do mesmo castelo do início do filme.

O problema é que uma onda de mortes tem acontecido na região. Os corpos estão sempre secos, sem sangue, e com dois furinhos no pescoço. No diário do falecido médico surge a palavra vampirismo, uma besteira para a cética médica, que tem seus conceitos baseados na ciência e acaba confrontando com as superstições do vilarejo, sem imaginar que a verdade pode não ser aquilo que acredita.


E diferente de outros exemplares do gênero, até que LA LLAMADA DEL VAMPIRO tenta explorar de alguma maneira o mistério das crenças e do ceticismo de alguns personagens. E por isso a trama acaba tendo momentos parados, só de conversa fiada, e isso prejudica o ritmo... Mas não impede de ter também os ingredientes que o tornam um típico exploitation, como a violência, que abusa do sangue fake avermelhado, e umas sequências de, digamos, putaria: espanholas em trajes mínimos, peitos gratuitos, sexo lésbico, essas coisas...

Claro, se você nunca tiver assistido a um Eurotrash na vida, não conhece Jess Franco, Jean Rollin, Joe D'Amato, José Ramon Larraz, não há sangue e mulher pelada que te ajude. A minha recomendação é distância de LA LLAMADA DEL VAMPIRO! Agora, para quem já está familiarizado, vai desfrutar tranquilamente do que o filme tem a oferecer. O visual, por exemplo, não possui a mesma sofisticação de um Mario Bava ou as produções da Hammer, mas há uma certa atmosfera e soluções estéticas interessantes; há pelo menos um detalhe tosquíssimo para servir de humor involuntário: o tal vampiro do título, vivido por Nicholas Ney, que é extremamente ridículo! E nunca é demais lembrar que temos algumas espanholas bem à vontade...


Confesso que não conhecia o realizador José María Elorrieta até por os olhos em LA LLAMADA DEL VAMPIRO. Descobri no imdb que o sujeito já era um veterano na época que dirigiu este aqui e já possuía um currículo de mais de três décadas, incluindo vários exemplares de horror. Talvez algum dia eu explore um pouco mais a filmografia do homem. Este aqui, garanto, foi uma boa surpresa dentro do gênero.

12.10.13

8.10.13

ESPECIAL HALLOWEEN 2013 #02: THE FOREST (1982)


Estava com este slasher aqui num HD externo, nem lembro porque baixei ou se tive alguma referência do que se tratava, nem sabia se prestava... Bem, acabei vendo para o especial de Halloween e, se querem mesmo saber, não presta não. É um troço muito esquisito esse THE FOREST, dirigido por um tal de Don Jones, que tem apenas seis trabalhos como diretor, a maioria de horror. O filme falha miseravelmente como um slasher movie, mas acrescenta um elemento sobrenatural na trama, umas crianças fantasmas, que não sei se piora ainda mais a situação... Só sei que de tão ridículo, acabei me divertindo com essa tralha! Me lembrou um pouco o Lucio Fulci com suas viagens criativas em A CASA DO CEMITÉRIO e THE BEYOND, com a diferença de que este último uma obra prima do horror e este aqui é um desastre!


THE FOREST começa com uma longa sequência de abertura na qual um casal é brutalmente assassinado numa floresta durante uma caminhada. A criação da atmosfera de suspense é pífia aqui e já logo de cara notei na merda que tinha me metido... mas, prossegui com bom humor, até porque o filme se revelou uma ótima comédia involuntária.

Corta para a cidade grande onde dois amigos reclamam de suas esposas e decidem acampar juntos. Nada homossexual, são apenas amigos dando um tempo de suas mulheres indo para o meio do mato armar a barraca... Er... eu iria para uma boate de strip tease, mas cada um faz o que quer da vida, não? Só que o plano da dupla dá errado. Bem, parte do plano, já que a ideia de acampar no mato permanece. Só que as respectivas senhoras também querem ir junto, portanto, agora é uma viagem de casais. Decidem que vão em dois carros, eles em um e elas no outro. Elas chegam na frente, eles se atrasam e começa o slasher mais fajuto que eu já vi na vida...


Os elementos tradicionais do gênero começam a dar as caras, com os planos em primeira pessoa espreitando as duas possíveis vítimas, algumas tentativas de sustos, sabemos que algo ruim vai acontecer... Mas eis que surge um casal de crianças fantasmas, que aparece e desaparece do nada, alertando que o pai delas está a caça de carne fresca. Depois, aparece uma mulher de vermelho, também fantasma, afugentando as crianças... Claro, as moças já estão vendo a avó pela greta nessa altura, mas fazer o que? E finalmente o assassino entra em cena. Seu visual é uma beleza! Um senhor que parece um tiozão do bar da esquina. Deve ser o perfil de assassino de slasher mais cretino que existe! Enfim, uma das garotas consegue escapar, mas a outra, acaba virando churrasco.


E aí vem o toque de mestre de THE FOREST! Os dois esposos, perdidos, encontram a caverna onde o assassino está assando a carne. Como o sujeito parece inofensivo com aquele perfil pacato, eles o acompanham na ceia, obviamente sem saber de onde veio aquela saborosa picanha... Ugh!

Esta sequência ainda apresenta a história do assassino, que pegou a mulher dando para o encanador e ficou maluco... e os fantasmas são explicados. Sim, este não é daqueles slashers que os personagens "vêem coisas" e no fim descobrem que eram apenas ilusão. São fantasmas mesmo! Mas tudo mostrado de maneira muito rasteira, o roteiro é bastante estúpido... mas pelo menos há uma cena num flashback onde temos o assassino com um tridente vs o amante com um... pedaço de bicicleta!!! Que porra é essa?!?! Só essa cena já valeu ter conhecido THE FOREST!


Já no final, quando o terror toma conta daquela floresta, temos algumas cenas com um bocado de sangue, há aqui um ou outro momento mais tenso, bom uso das locações, embora Don Jones não tenha a mínima capacidade de criar um clima de suspense decente durante a maior parte do filme... Outro problema são os atores. O horror! O horror! As crianças, em especial, me dava vontade de gargalhar toda vez que apareciam em cena. E a trilha sonora é um caso a parte. Juro de todas as formas possíveis que se trata da pior que meus ouvidos já ouviram num filme do gênero!!! Portanto, depois de todas essas fortes emoções que não recomendo a ninguém, vamos torcer para que o próximo filme do especial Halloween seja um pouco melhor que THE FOREST.

1.10.13

ESPECIAL HALLOWEEN 2013 #01: LEATHERFACE: THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE III (1990)


Outubro chegou e com ele o especial Halloween de filmes de horror escolhidos a dedo para assombrar os posts do blog durante o mês.  E para começar, um filme do coração, LEATHERFACE - THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE III, um pequeno e belo exemplar do horror noventista que muitos odeiam, mas que tenho um carinho especial. Sei que não é um filme perfeito, mas esta segunda continuação de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA tem diversão de sobra para os amantes de uma boa tralha.

Os problemas que o diretor Jeff Burr e sua equipe tiveram durante a concepção e produção são notórios: orçamento apertado, curto prazo para filmagens e especialmente as interferências da MPAA, que meteram tanto a tesoura nas cenas de violência que até a versão unrated pega leve neste quesito. É impossível e uma falta de respeito com os técnicos de efeitos especiais assistir a este filme na versão normal, cujo sangue é quase zero. Isso sem contar que foi uma tentativa um tanto frustrada de trazer de volta uma franquia num período que quase ninguém se interessava. O segundo filme da série, realizado pelo diretor do original, Tobe Hooper, já possui uma boa quantidade de detratores (e é outro que eu adoro).


Mas, no fim das contas, o que vemos na tela em LEATHERFACE nada mais é que um despretensioso horror movie cheio de momentos desfrutáveis e que funcionam muito bem pra mim. O roteiro faz bom uso de algumas ideias do clássico original de 1974 misturado com os exageros do horror dos anos 80 e 90 numa trama que tenta ser a mais simples possível. Um casal de jovens percorre as estradas californianas de carro e acaba se deparando com Leatherface, sua serra elétrica e seus familiares famintos por carne humana. As situações que surgem a partir daí dão conta de garantir o grau de diversão que o espectador precisa.


Obviamente, LEATHERFACE não pode competir com o primeiro da série, que é um autêntico clássico, um dos grandes filmes de horror de todos os tempos. E nem possui essa intenção. A recriação da cena do jantar ao redor da mesa deste aqui, por exemplo, perde de lavada para a inquietante e frenética do filme de 74. Mas vejamos, temos a protagonista com as mão pregadas à marteladas numa cadeira, Vigo Mortensen como um dos canibais, chamado Tex, um sujeito pendurado de cabeça para baixo pronto para ser abatido, Leatherface com sua motosserra cromada escrito "The saw is family"... Caramba, isso aqui é muito bom! E de quebra, a presença de Ken Foree como herói bad ass que surge nesta mesma cena metralhando todo mundo e logo depois encara Leatherface no mano a mano dentro de um mangue cheio de pedaços de corpos.

Apesar de ter um personagem legal, Ken Foree protagoniza uma das poucas coisas que eu realmente não gosto em LEATHERFACE. O sujeito reaparece no desfecho sem qualquer razão após ter claramente morrido no confronto com o personagem título! Quero dizer, o filme não mostra Foree batendo as botas, mas a forma como acontece dá a entender que, mesmo que tivesse sobrevivido, não poderia ressurgir do nada, inteiro, andando, sem ferimentos graves... Vai entender o porquê disso.

Exceto por este pequeno detalhe, acho que já deu pra perceber que não considero esta belezinha uma continuação tão inútil como muitos pintam por aí. É até bem bonito o plano final, com a mocinha e Foree pegando a estrada numa caminhonete velha rumo ao horizonte. Vale a pena uma conferida em LEATHERFACE, mas assista sem preconceitos.


E a todos um bom mês de Halloween!