27.4.11

HOBO WITH A SHOTGUN (2011)

Antes que eu me esqueça e acabe não escrevendo NADA sobre o filme, assisti a HOBO WITH A SHOTGUN já faz um tempinho e gostei bastante! Como já se sabe, tudo começou com aquela história de trailers falsos no projeto GRINDHOUSE, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, e um desses trailers acabou despertando a atenção de muita gente e acabou virando longa metragem.

E não estou falando de MACHETE, mas sim daquele cuja história, bem simples, mostrava um mendigo, uma escopeta, tiros e sangue à vontade, perfeitamente encaixado no espírito da brincadeira. E o canadense Jason Eisner, que realizou este fake trailer, conquistou também o direito de adaptá-lo para uma versão de duração maior e não desperdiçou a oportunidade. HOBO WITH A SHOTGUN oferece em todos os sentidos aquilo que a sua fonte de origem prometia. Diferente de MACHETE, que apesar de não ser ruim, decepcionou profundamente. Até hoje eu não acredito que Rodriguez e sua trupe desperdiçou um material tão genial, com um puta time de atores que tinha em mãos…

Em HOBO não temos um elenco estelar, apenas Rutger Hauer carregando o filme com sua presença sempre marcante. Com ele não há decepção! Nunca vi um filme sequer com o velho Rutger em que ele estivesse ali só pra pegar o cheque para pagar as contas. Nas mais altas produções, como BLADE RUNNER, a filmecos de baixo orçamento dirigido pelo Pyun, Rutger Hauer consegue manter a dignidade e demonstrar talento como poucos.

A história de HOBO continua de uma simplicidade exemplar, mesmo depois de adaptado (aprende Rodriguez!), com Hauer encarnando o mendigo que chega a uma cidade onde a corrupção e violência nas ruas imperam de uma maneira pertubadora, absurdamente exagerada e estilizada, e depois do desenrolar de vários acontecimentos nosso protagonista se vê obrigado a tomar certas atitudes, pega todo o seu dinheirinho e investe numa escopeta para fazer justiça por conta própria estourando a carcaça dos meliantes com calibre 12, como forma de contribuir para que o crime seja varrido das ruas.

O espectador é então trasportado para uma espécie de cinema transgressor e politicamente incorreto que se não atinge perfeitamente seu objetivo nesse sentido, ao menos chega bem perto de um resultado muito eficiente que lembra os exploitations setentistas mesclados aos filmes da Troma, em uma constante de situações de pura violência gráfica, explícita e visceral e um humor que incomoda os moralistas de plantão.

Algumas sequências realmente vieram pra ficar na memória este ano, demonstrando a criatividade e inteligência de seus realizadores, especialmente Jason Eisner que possui um baita potencial e mão firme pra conduzir toda essa sandice! A cena em que um dos personagens tem uma certa “visão” antes de morrer é sensacional, assim como a sequência dos dois cyborgs em ação no hospital (eram ciborgues ou pessoas vestidas de armadura? Já faz um tempo mesmo que vi e realmente não me lembro… mas tanto faz!). E claro, as moças de topless se divertindo e rindo a valer enquanto espancam um sujeito pendurado de cabeça pra baixo... já vale o filme inteiro!

E dentro deste espetáculo grotesco e de humor negro, encontramos um Rutger Hauer extremamente expressivo, cujo carisma atinge o público do início ao fim. Não tem como não gostar...

Desde que iniciou essa onda revival do cinema exploitation, são poucos os exemplares que realmente conseguem sair do lugar comum. Os próprios filmes do projeto GRINDHOUSE acabaram falhando nesse sentido (embora eu adore tanto PLANETA TERROR quanto DEATH PROOF). Calhou de alguns filminhos de pouco orçamento, despretensiosos, como BLACK DINAMYTE e este aqui a missão de representar esse cinema de outrora. HOBO WITH A SHOTGUN já é um dos mais divertidos de 2011.

26.4.11

6° Cinefantasy abre inscrições para filmes de horror, ficção científica e fantasia

Estão abertas as inscrições para a sexta edição do Festival Internacional Cinefantasy, evento que acontecerá entre 30 de agosto e 11 de setembro em vários espaços culturais da cidade de São Paulo.

Diferente do que o Brasil está acostumado a assistir em termos de festival, o Cinefantasy incentiva, divulga e debate a diversidade temática no cinema nacional há cinco anos. Hoje é um evento de grande porte, cuja programação é totalmente voltada ao cinema fantástico.

O material gráfico do Festival apresenta, neste ano, uma divertida, e ao mesmo tempo sombria, ilustração criada especialmente pelo animador e designer Victor-Hugo Borges. O caráter lúdico e fabuloso dessa criação delineia perfeitamente o conceito do Cinefantasy.

O que é o cinema fantástico? É um termo usado para unir todos os gêneros que têm um pé no real e outro no irreal. Ou seja, horror, ficção científica e fantasia são subgêneros que integram o fantástico.

O Festival nasceu em 2006 no litoral de São Paulo, migrou para a capital paulista há três anos e hoje ocupa três salas de cinema durante duas semanas. A edição de 2010 consolidou o Cinefantasy como o principal festival de gênero no país, tendo o reconhecimento do público, crítica e mídia.

Com programação dividida em mostras competitivas (curta-metragem, longa-metragem, Desafio Mestre dos Gritos), mostra paralela e atividades de formação, o Cinefantasy visa fomentar a produção do cinema fantástico e a formação de público.

As mostras competitivas selecionam o melhor do mundo em curtas e longas-metragens do gênero fantástico para competir pelo cobiçado prêmio “Corpo-Seco Dourado”. Em 2010, os longas que conquistaram a estatueta foram o belga “Christopher Roth”, o húngaro “1” e o anglo-romeno “Strigoi”; na competitiva de curtas, o gaúcho “Quiropterofobia”, o paulista “Coda”, o francês “La Revelacion” e o argentino “Deus Irae”.

A mostra paralela traz retrospectivas, homenagens, exibições temáticas e encontros com diretores e figuras de importância para o universo fantástico. O Festival também oferece oficinas, workshops e palestras gratuitamente.

Parcerias e intercâmbios com entidades e eventos estrangeiros são provas do prestígio internacional que o Cinefantasy conquistou. Em 2010, uma seleção dos vencedores do 4º Cinefantasy viajou pela América Latina, sendo exibida em festivais da Aliança Latino-Americana Fantafestivales, da qual o Cinefantasy é membro fundador. O Cinefantasy também faz parte da recém-criada Aliança Internacional de Filmes de Gênero.

Inscrições


As inscrições para o 6° Cinefantasy poderão ser feitas no período de 15 de abril a 26 de junho, pelo site do Festival. Para conhecer o regulamento e se inscrever, acesse o endereço www.cinefantasy.com.br.

O participante terá três opções de competitiva: Curta, Longa e Desafio Mestre dos Gritos.

Serão 15 prêmios para a categoria Curta-Metragem e 12 para Longa-Metragem. Entre os prêmios estão: Melhor filme de Horror, Melhor Vilão, Melhor Vítima e Melhor Criatura. O prêmio Mestre dos Gritos será entregue ao filme que arrancar mais gritos e sustos da plateia em, no máximo, 5 minutos.

Serviço:
6º CINEFANTASY
Inscrições: até 26 de junho
www.cinefantasy.com.br
contato@cinefantasy.com.br

21.4.11

Futuros projetos do Drago


Uma pequena análise do que Dolph Lundgren planeja aprontar nos próximos anos.

IN THE NAME OF THE KING 2: Isso mesmo, é a continuação daquela tralha medieval divertida dirigida pelo Uwe Boll e que continha um elenco que até hoje não entendemos como o Boll conseguia reunir. Mas essa sequência não parece ter muita relação com o anterior, e a história vai envolver viagens no tempo, com um agente especial dos dias de hoje (Dolph Lundgren) indo parar na idade média, realizando uma profecia e participando de batalhas épicas. A previsão é que veremos essa belezinha ainda em 2011.

SMALL APARTMENTS: Outro que teremos ainda neste ano é esta comédia policial independente de elenco estranho. Matt Lucas interpreta um sujeito que vivencia uma jornada no mundo do crime, tentando esconder o corpo de seu chefe, a quem matou acidentalmente, e se encontra em situações inusitadas com personagens bizarros. E aí, no elenco, temos James Caan, Johnny Knoxville, Peter Stormare e… Dolph Lundgren, que eu não faço a menor idéia do que vai aprontar, mas só de estar aí no meio, o filme deve valer pelo menos uma conferida.

ONE IN THE CHAMBER: Ainda em fase de pré produção, não se sabe muita coisa sobre o filme. Ou escondem bem o segredo, ou ninguém se interessa pela produção e não vão atrás de informação. O fato é que a fita tem Cuba Gooding Jr. no elenco, que como todos nós sabemos só tem feito filmes discretos de ação policial lançados no mercado de DVD nos últimos anos. Com o Dolph Lundgren também marcando presença, pode ser que tenhamos um habitual “Gooding Jr. movie” recente, mas com algo a mais. Saindo mais informação (ou se alguém tiver algo a acrescentar nos comentários), eu publico aqui.

UNIVERSAL SOLDIER: A NEW DIMENSION: Rá! Este é um dos mais agardados! Especialmente pelo sucesso que foi o filme anterior, um dos filmes de ação DTV dos mais divertidos que tivemos até agora, e o diretor, John Hyams, volta à comandar este aqui. Nada ainda sobre a trama do filme, mas Jean Claude Van Damme, Dolph Lundgren e, a última aquisição, Michael Jai White é pra deixar qualquer fã de ação de baixo orçamento em constante expectativa! O lançamento está previsto para 2012.

THE PACKAGE: Dolph Lundgren vai se reunir com Steve Austin para um filme de ação. É outro exemplar de informações escassas, mas uma pequena sinopse saiu por esses dias: A courier for a local crime lord must deliver a mysterious package while being chased by a horde of unusual gangsters. “Unusual gangsters”, uau! Com um pouco de criatividade, pode sair muita coisa boa daqui. Vou ignorar o fato do diretor ser o mesmo de CUBO ZERO, quero ver mesmo o Drago e Austin caindo na porrada!

SKIN TREAD: Até agora não tinha citado nenhum filme que seria dirigido pelo próprio Dolph Lundgren. Mas teremos SKIN TREAD, que será dirigido, escrito e estrelado pelo sujeito. Depois de realizar ICARUS, Dolph tem a minha total confiança nesse trabalho atrás das câmeras. Não faço idéia ainda do que se trata o filme, mas é outro para estarmos acompanhando de perto por aqui.

OS MERCENÁRIOS 2: Pra finalizar, esperamos poder assistir ao Drago na continuação do "épico" de ação de Stallone. O personagem de Dolph é um dos meus favoritos no primeiro filme e seria um prazer tê-lo de volta. E já que finalmente o Stallone decidiu que realmente não vai dirigir, me veio à mente agora que o próprio Dolph Lundgren seria um nome capacitado!!! Por que não?! Eu já tenho uma lista de nomes que poderiam muito bem sentar na cadeira de diretor pra comandar a bagaça, e o velho Dolph acabou de ser incluído. Depois publico essa lista com os devidos comentários.

20.4.11

BRIDGE OF DRAGONS (1999)

Este aqui é meio bizarro. Achava que BRIDGE OF DRAGONS fosse um filme de guerra comum, desses com soldados americanos contra soldados japoneses (ou coreanos, ou sei lá) e o elenco é encabeçado por Dolph Lundgren e Cary-Hiroyuki Tagawa, que em meio de uma guerra poderiam cair na porrada como fizeram em MASSACRE NO BAIRRO JAPONÊS…

É claro que os dois se enfrentam aqui, só que o filme é totalmente diferente do que eu imaginava. A direção é do nosso estimado Isaac Florentine, sempre nos surpreendendo e tentando usar da criatividade ao ambientar seus filmes de ação e artes marciais em cenários e épocas atípicas, como desertos, velho oeste americano, futuro pós-apocalíptico, com exceção de HIGH VOLTAGE, seu trabalho anterior, que é bem comum nesse ponto e acabou sendo também o que menos gostei até agora.

Embora não apareça nenhuma ponte ou dragões durante o filme, BRIDGE OF DRAGONS é meio que um conto de fadas… de ação! Transcorre num futuro indefinido, temos armas modernas nas mãos dos soldados, helicópteros, tanques e veículos, ao mesmo tempo, os rebeldes da história andam à cavalo, usam roupas medievais, a trama envolve uma princesa que vai se casar contra a sua vontade com um general malvado (ambos asiáticos, o general é o Tagawa), cujo uniforme lembra algo meio nazista, seus veículos possuem o número 666, e por aí vai...

Dolph Lundgren, sempre carismático, é o lider de um esquadrão de elite que trabalha para o general, altamente treinado para ser o grande badass do pedaço! Acontece que durante o tal casamento, a princesa abandona o altar e foge para o meio do mato. O general, puto da vida, envia seu melhor soldado atrás dela. Só que depois de uns acontecimentos, algo inevitável – e clichezão – não deixaria de acontecer: Dolph e a princezinha se apaixonam. E aí que o bicho pega!

BRIDGE OF DRAGONS está longe de ser uma obra prima dos filmes de ação, mas a pretensão também não parece ser essa. O filme diverte facilmente qualquer fã de b movies do gênero, até porque Florentine já estava mais seguro nas sequências de ação, as quais já começam a criar uma certa nostalgia, remetendo àquelas tranqueiras de baixo orçamento dos anos 80, pós RAMBO, com explosões de merda que fazem os dublês darem saltos mortais dignos de medalha de ouro e em câmera lenta e tiroteios onde o herói em campo aberto não leva um tiro sequer, mesmo rodeado por um exército de metralhadora! Os filmes atuais do diretor trazem essa sensação, mas é partir deste aqui que percebemos isso de fato.

As cenas de pacadaria são excelentes. O velho Dolph tem uns movimentos bacanas e a direção do Florentine contribui bastante. Só o aguardado confronto final entre Lundgren e Tagawa é que desaponta um pouco, esperava algo grandioso por toda expectativa que o filme cria e o histórico dos dois atores, por já terem se enfrentado antes em outra produção. Mas dá pro gasto e se não estraga o resultado final da fita, tá bom demais...

BRIDGE OF DRAGONS recebeu o título de PASSAGEM PARA O INFERNO no Brasil.

19.4.11

PERVERT! (2005)

Foi mais por negligência minha mesmo, mas finalmente eu parei para assistir a essa sandice anárquica e sem vergonha dirigida por Jonathan Yudis, o cara responsável por Ren & Stimpy, um dos meus desenhos favoritos de todos os tempos!

PERVERT! Conta a história de um rapaz que vai passar uns tempos no rancho de seu pai (Darrell Sandeen, que é a cara do Charlton Heston) durante as férias na faculdade, para tentar uma reaproximação com o velho que há muito tempo não via. A propriedade fica no meio de um deserto do oeste americano, isolado de tudo, e assim que chega ao local, percebe que seu pai está bem até demais, casado com uma gatinha robusta bem mais nova, interpretada pela pornstar Mary Carey.

A moça, sentindo cheiro de carne nova no pedaço, fica toda ouriçada. Ainda mais que o mancebo é desses com carinha de mané inocente, meio nerd, característica que toda atriz pornô adora! Não demora muito, os dois estão se atracando em cada canto da casa e ao ar livre na propriedade, sem que o velho tenha noção de que isso esteja acontecendo debaixo do seu nariz.

Até aí, o filme segue a linha da comédia sexy, com excelentes doses de nudez. Mas quando o velho finalmente descobre que seu filho está traçando sua mulher, o filme acrescenta outros elementos, um mais bizarro que o outro, para deixar a coisa ainda provocativa, iconoclasta, perturbadora, politicamente incorreta e pervertida, claro, como assassinatos misteriosos, uma escultura de carne humana, magia negra e maldições, muito gore e um pênis assassino! Yeah! PERVERT! é o tipo de filme que com 5 minutos você sabe se vai gostar ou não do que vai ver nos próximos 80 ou 90 minutos. A combinação disso tudo é perfeita pra mim, então eu adorei definitivamente!


Para aumentar ainda mais o deslumbre, o filme é uma carta de amor ao cinema de Russ Meyer, um dos diretores mais radicais do cinema americano, um pioneiro ao explorar volumosas mamárias das atrizes em seus filmes, além de dar ao universo feminino um valor libertário magnífico. As mulheres são sempre personagens fortes e decididas e os homens, geralmente machistas bestas ou inocentes presas dessas feras sexuais! Jonathan Yudis captou com perfeição o espírito de Meyer, que teria aplaudido de pé o resultado (morreu um ano antes do lançamento deste aqui)!

Há de se destacar o desempenho de Mary Carey. É provável que não conseguisse sobreviver no mundo do cinema como uma "atriz comum", mas percebe-se claramente que ela se diverte com sua personagem, está bem à vontade, muito à vontade mesmo, nua durante quase todas suas cenas, fazendo um bem danado ao filme. Em determinado momento, ela precisa sair de cena, e é substituídas por outras moças de seios volumosos e naturais (atrizes do cinema adulto também), mas a saudade de Carey é a que permanece…

Mas isso não chega a ser um problema, PERVERT! é frenético, bem dirigido, divertido, muitas mulheres rechonchudas peladas desfilando na tela (nada dessas magrelas que parecem meninos de 15 anos e que parece ser o padrão de beleza atual), litros de sangue e violência explícita, temos a participação do próprio diretor como um mecânico nazista, redneck e homossexual que é impagável… enfim, um verdadeiro desfile de situações porra-louca que se você estiver no clima é impossível não gostar, principalmente se você for fã do mestre Russ Meyer.

18.4.11

AMERICAN CYBORG: STEEL WARRIOR (1993)

Este aqui serve como um adendo à peregrinação da filmografia do Isaac Florentine que eu tenho feito aqui no blog, já que se trata do único filme em que ele ficou responsável pelas coreografias nas cenas de luta, mas não comandou a bagaça como diretor. De qualquer forma, AMERICAN CYBORG: STEEL WARRIOR teria um post reservado aqui no DEMENTIA 13 a qualquer momento, pois é um dos meus filmes B pós-apocalípticos favoritos dos anos 90. Aliás, é uma produção até tardia dentro do subgênero, que teve sua maior concentração de filmes nos anos 80 (embora haja muita coisa nos 90), mas o espírito oitentista se faz bem presente nesta obra, que é uma das últimas produções da famigerada dupla Golan/Globus.

A direção é por conta de Boaz Davidson, que realizou muita coisa nas décadas de 80 e 90, mas hoje é mais conhecido como produtor de filmes como OS MERCENÁRIOS, do Stallone. Até que o trabalho de direção em AMERICAN CYBORG é bem legal, com uns movimentos de câmera interessantes e alguns planos criativos pro tipo de filme que temos aqui. Davidson utiliza muito bem da atmosfera, luzes, sombras, cenários (fábricas abandonadas e túneis escuros) e personagens bizarros do universo pós-apocalíptico, como canibais radioativos, um ciborgue indestrutível de bigode que luta kung fu e, claro, Joe Lara, como o protagonista solitário que se transforma num herói em meio a esse ambiente desolador.

Reparem só a trama! Por uma coincidência do destino, Lara acaba ajudando a única mulher grávida do planeta (Nicole Hansen, na verdade, o feto se encontra dentro de um jarro na mochila dela!!!) a atravessar cenários devastados cheios de perigos até que ela chegue ao litoral, onde um navio europeu, com cientistas, espera para levá-la junto com o "jarro" com a esperança de tentar tranformar o mundo em um lugar melhor. Se veio à mente FILHOS DA ESPERANÇA… bom, eu não os culpo, mas garanto que esse aqui, pelo menos, tem um ciborgue muito louco pra atrapalhar a vida do casal!!!


E o filme tem um ritmo frenético, com ação praticamente constante, alta contagem de corpos, Joe Lara e o cyborg quebrando o pau no mano a mano diversas vezes durante a jornada e etc. Quem interpreta o robô bigodudo é um sujeito chamado John Saint Ryan, que possui grande habilidade, chutes altos, e com a coreografia do Florentine rende sequências de alta qualidade. A cena em que Joe Lara sozinho enfrenta um exército de canibais radioativos também é um primor!

Eu não faço idéia do orçamento de produção, mas AMERICAN CYBORG tem um estilo visual bem melhor do que alguns exemplares do gênero feito na época. O uso das locações e os detalhes de construção de cenários são fantásticos e temos ótimos efeitos especiais que funcionam uma maravilha. Tudo à moda antiga, com criatividade, sem precisar apelar para CGI (até porque naquela época não tínhamos o que vemos hoje).

O filme chegou a ser lançado aqui no Brasil nos bons tempos do VHS com o título AMERICAN CYBORG - O EXTERMINADOR DE AÇO. É uma belezinha mesmo e nem preciso dizer que é obrigatório, não é?

17.4.11

HIGH VOLTAGE (1997)

Voltando com a nossa peregrinação pela carreira do Isaac Florentine, hoje vamos com um bem fraquinho, infelizmente. HIGH VOLTAGE não chega a ser um total desperdício porque possui alguns atributos divertidos, mas aqueles que exigem o mínimo de qualidade, vão se decepcionar com essa tentativa do diretor de fazer um filme de ação inspirado no estilo “Heroic Bloodshed” de John Woo, Ringo Lam, entre outros...

O legal é acompanhar o processo de amadurecimento de um diretor quando pegamos sua carreira e analisamos filme a filme. O Isaac Florentine de hoje é completo dentro do cinema B de ação, mas calhou de errar feio em porcarias como esta aqui.

A trama gira em torno de uma quadrilha de jovens ladrões de banco que decide fazer um último golpe. O problema começa quando se descobre que o banco assaltado é utilizado para fazer lavagem de dinheiro da máfia coreana e agora suas vidas obviamente correm perigo. E um jogo muito mal elaborado de gato e rato se inicia, com desdobramentos e situações que beiram ao ridículo, muita atuação ruim e tiroteios extremamente mal filmados.

Se fosse realizado nos anos 80, com algum diretor casca grossa da estirpe de um Mark L. Lester, Joseph Zito ou Craig R. Baxley e estrelado por um Chuck Norris, com certeza teríamos mais um autêntico clássico dentre tantos que saíram daquele período de ouro. Mas tentando ser otimista e direcionando o texto (e o filme) para quem curte uma boa tralha e gosta de rir daqueles exemplares que involuntariamente se tornam engraçados pelos motivos errados, então pode ser que HIGH VOLTAGE encontre seu público...

A começar pelo elenco. Antonio Sabato Jr. talvez seja uma das piores apostas como astro de ação. Ele só faz pose achando que herdou algum talento do pai; Amy Smart pagando mico em início de carreira (embora continue pagando até hoje); George Cheung e James Lew, vilões como sempre; a filha do Bruce Lee, Shannon Lee, também dá as caras numa atuação lamentável como par romantico de Sabato Jr. Vale a pena destacar mesmo a participação do Sr. Antonio Sabato, que aparece numa ponta bem divertida.

As tentativas de recriar tiroteios exagerados, com personagens voando pela tela em câmera lenta com duas pistolas na mão estilo John Woo são constrangedoras e fazem Michael Bay e Tony Scott paracerem gênios do cinema de ação! A sorte é que Florentine já era um mestre em conduzir pancadaria e as poucas que temos aqui são bacanas e salvam a fita da desgraça total!

Tá certo que o filme não se leva a sério em momento algum, a impressão que dá é que se trata mesmo de um experimento, uma tentativa de fazer um verdadeiro exemplar do cinema de ação com aqueles tiroteios exagerados feitos em Hong Kong, só que sem a mínima capacidade pra isso. É difícil eu escrever textos negativos por aqui, até porque sou tolerante pra burro e adoro uma bagaceira mal feita. HIGH VOLTAGE consegue me divertir até certo ponto, mas não recomendo a qualquer um.

13.4.11

ESSENTIAL KILLING (2010)

Finalmente vi ESSENTIAL KILLING e nossa! Filme lindo, ao mesmo tempo violento e visceral. Dos lançametnos que eu assisti em 2011, só perde para I SAW THE DEVIL, filme coreano do mesmo diretor da obra prima A BITTERSWEET LIFE, e que já estou devendo texto por aqui…

ESSENTIAL KILLING, a grosso modo, é um belo exemplar de “filme de fugitivo”, estilo RAMBO e CAÇADO, só que mais realista (embora eu prefira estes dois que eu citei). O protagonista não é nenhum especialista em sobrevivência na floresta ou ex-boina verde altamente treinado para qualquer tipo de situação. O filme trata o personagem como um sujeito comum para este tipo de situação extrema, agindo por extinto para sobreviver e não ser preso, e conta com uma puta atuação do Vincet Galo, que passa o filme inteiro por maus bocados, sendo torurado, sentindo frio, cansaço, pisando em armadilhas para animais, fazendo uma dieta à base de formigas vivas e até casca de árvore, que delícia! E tudo isso sem dizer uma palavra o filme inteiro. É tudo no olhar e na expressão... uma coisa absurdamente fantástica.

Há um certo teor político no ar, porque o personagem é um “terrorista” árabe, capturado por tropas americanas, mas isso não tem a menor importância pra mim. Todo mundo conhece os problemas e questões que envolvem o Oriente Médio e a invasão americana em alguns países da região. Mas ESSENTIAL KILLING não faz a mínima questão de entrar em detalhes, e utiliza alguns elementos desses fatos atuais da nossa história apenas como contexto. O que o filme conta mesmo é a luta pela sobrevivencia de um ser humano diante de seus perseguidores e da natureza à sua volta.

Uma das coisas que mais me impressiona é a frieza do veterano diretor polonês Jerzy Skolimowski. O sujeito é um mestre e sabe das coisas. Faz um filme de ação, físico pra cacete, totalmente anticlimático. Fica uma atmosfera pesada e perturbadora, uma mistura de realismo com pesadelo que parece não acabar nunca, e olha que o filme não chega a 80 minutos… é incrível como existem poucos diretores com inteligência e talento pra levar um filme desse, que é tão simples e ao mesmo tempo tão poderoso...

Este texto já não deve está fazendo muito sentido, estou escrevendo meio no calor do momento. Mas é um filme que realmente mexe comigo, mesmo com toda a expectativa acumulada, com várias pessoas elogiando. É o tipo de obra que você precisa ver com os próprios olhos pra sentir toda a sua força.

THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK PART II - posters


12.4.11

HATCHET II (2010)

Não achei HATCHET II tão divertido quanto o primeiro, mas tem vários bons momentos e vale uma conferida pra quem gostou dessa homenagem ao slasher oitentista feita pelo diretor Adam Green. Tenho gostado do trabalho desse cara. Não é nada impressionante, mas até agora não vi um filme ruim. Além desses dois filmes da série HATCHET (o primeiro chegou ao Brasil com o título TERROR NO PÂNTANO), eu vi FROZEN, cujas impressões eu coloquei aqui.

HATCHET II inicia no exato momento em que o filme anterior acaba, só muda a atriz principal, agora com Danielle Harris (atriz mirim nos anos 80, participou da série HALLOWEEN) interpretando a única sobrevivente do massacre no pântano cometido pelo Victor Crowley, uma espécie de entidade brutamontes e deformada que volta do mundo dos mortos para se vingar dos causadores de sua morte. Se quiserem saber mais sobre o personagem assistam ao primeiro!


Temos um problema neste aqui com o ritmo. Depois de um começo promissor, a coisa demora pra voltar a entrar no trilho, é preciso esperar um bocado pra começar a boa e velha matança de personagens descartáveis. E no quesito “mortes violentas e criativas”, o primeiro também vence fácil. Claro que ver um sujeito ter sua cabeça decepada com as próprias tripas lhe apertando o pescoço é sempre legal… mas de uma forma geral, as mortes acontecem rápidas demais, com poucas exceções, embora sempre com muito gore e exagero. E o filme é bem curtinho, não chega a 90 minutos e a enrolação logo depois do início faz com que o final, as mortes e até a construção de uma atmosfera de suspense sejam feitas às pressas. Não chega a incomodar, mas poderia ser melhor.

O primeiro também tinha a vantagem de mostrar várias mulheres nuas. Aqui, temos duas ceninhas, no máximo.


O bom é que Tony Todd não faz apenas uma apariçãozinha rápida como no filme anterior. Aqui ele é um dos principais personagens e está ótimo, como sempre! Dá pra se divertir com seus discursos e canastrice enquanto esperamos o banho de sangue. No elenco, temos também a presença de Tom Holland, que nos anos 80 dirigiu dois clássicos do horror naquele período, A HORA DO ESPANTO e BRINQUEDO ASSASSINO, e o grandalhão R.A. Mihailoff, que já encarnou o Leatherface em O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 3, do Jeff Burr.

Como já disse, se colocado em comparação com o primeiro, o nível cai um pouco, mas motivos para conferir HATCHET II é o que não falta, nem que seja como um passatempo sem compromisso num domingão à tarde sem nada pra fazer. Apenas uma observação, como na minha resenha de HATCHET vários amigos demonstraram a sua indignação perante à obra, a esses eu recomendo distância deste aqui!

E HATCHET III vem aí!

STALLONE confirma WALTER HILL no comando de HEADSHOT!

Uma das melhores notícias relacionada a cinema de ação badass, sem dúvida alguma! Já faz alguns dias que Sylvester Stallone se encontrou com o mestre Walter Hill para convidá-lo a dirigir HEADSHOT, filme de ação policial estrelado pelo eterno ROCKY/RAMBO; mas hoje, tudo indica que é oficial: Walter Hill realmente vai retornar à cadeira de diretor para comandar a produção. Desde O IMBATÍVEL (2002) Hill não filmava para cinema.

Segundo as palavras do próprio Stallone: It’s official. We’ve got Walter Hill on board so would love for you to let the world know. We’ve been on the same track since THE DRIVER, then 48 Hrs didn’t happen so here we are almost 35 years later, I’m finally driving with Walter Hill.

À principio, o filme seria dirigido por Wayne Kramer (NO RASTRO DA BALA), mas por diferenças criativas com Stallone o sujeito pulou do barco. Com Kramer na direção, a coisa já era animadora, na minha opinião. Mas agora com Walter Hill no comando, já se torna um dos filmes mais esperados dos próximos anos.

No entanto, apesar da excelente notícia, o mais importante pra mim é ficar na espectativa de duas coisas: a) Já que decidiu voltar atrás e vai dirigir OS MERCENÁRIOS 2, espero que o Stallone aprenda algumas dicas de como filmar sequências de ação (especialmente cenas de luta, algo que não deve ter em HEADSHOT, mas que o Hill sabe filmar muito bem; e acho o Stallone um puta talendo pra cenas de ação, tendo em vista RAMBO 4 e as cenas de tiroteio de OS MERCENÁRIOS; meu problema são as cenas de luta), ou b) Que o Stallone dê uma bajulada e convença o próprio Walter Hill de realizar OS MERCENÁRIOS 2! Por que não, oras? Aí sim poderiamos aguardar com segurança a obra prima que o primeiro não foi (mas não preciso dizer de novo que eu sou fã de OS MERCENÁRIOS, né?!).

11.4.11

SAVATE (1995)

Mais um do Isaac Florentine pra não perder o costume e, espero, que vocês já não estejam de saco cheio desse cara. Depois deste texto, pretendo dar uma pausa pra vocês descansarem antes de prosseguir com a filmografia dele. Mas o legal é que SAVATE, pelo menos em realação aos anteriores, é bem mais otimista com o futuro do diretor, já que seu filme de estréia, DESERT KICKBOXER, não é lá grandes coisas e antes só havia feito um curta que quase ninguém viu, FAREWELL TERMINATOR, realizado ainda em seu país natal, Israel.

Em SAVATE temos um dos elementos mais importantes de Isaac Florentine sendo trabalhado de maneira bem eficiente: a PANCADARIA! Uma das vantagens desta vez é a presença do ator francês Olivier Gruner, que está longe de ser um bom ator, mas possui grandes habilidades em artes marciais, com chutes incríveis e rápidos. Juntando a vontade do diretor em realizar muitas sequências de luta, com um ator que sabe lutar, o resultado não seria menos do que uma boa diversão.

E mais uma vez Florentine utiliza cenários diferenciados para narrar seu filme de porrada. Se FAREWELL transcorria num mundo pós apocalíptico e DESERT KICKBOXER, como o título já diz, se passa quase totalmente num deserto, a história de SAVATE é contextualizada no oeste americano do seculo XIX, ou seja, é um autêntico híbrido de western com artes marciais.

Na verdade, o filme é inspirado em história verídica, sobre o primeiro lutador de kickboxer do mundo! Claro que isso não tem a menor importância, porque dificilmente vou comprar a idéia de que o primeiro lutador de kickboxer realmente viveu o que o protagonista de SAVATE vive.

O cara é um oficial francês (Gruner) que veio parar nos Estados Unidos em busca do assassino de seu melhor amigo. Acaba conhecendo um casal de irmãos que tem problemas com um figurão da cidade, R. Lee Ermey (o sargento Hartman de NASCIDO PARA MATAR), que quer comprar as terras de todos os fazendeiros a qualquer custo, fazendo ameaças com seus capangas… a mesma história de sempre. E o nosso herói, por fim, acaba entrando num torneio de luta, ao estilo dos filmes do Van Damme (com habilidades de cada lutador de acordo com a origem de seus países) onde enfrenta o seu inimigo, vivido pelo grande Marc Singer! No elenco ainda temos James Brollin, como um oficial corrupto, e a belezinha Ashley Laurence (de HELLRAISER), como possível par romântico do protagonista.

SAVATE foi lançado direto no mercado de vídeo, quando o gênero “kickboxer movie” já estava em decadência. Mas com um elenco desses e uma história movimentada onde cenas de ação e pancadaria surgem organicamente a cada cinco minutos, só poderia resultar em pura diversão! Tem suas falhas, obviamente, é cheio dos mais diversos clichês, atuações fracas e exageradas, roteiro forçado e meia boca, mas tudo isso dá ao filme aquele charme a mais, um sabor de tralha que os amantes de cinema classe B sabem admirar…