20.12.10

NATAL SANGRENTO 2 (Silent Night, Deadly Night 2, 1987), de Lee Harry

O desfecho do primeiro filme deixava as coisas em aberto para uma óbvia continuação onde o “mal” do assassino fantasiado de Papai Noel teria passado para seu irmão mais novo. Dito e feito, a trama de NATAL SANGRENTO 2 segue o irmão, agora adulto e vivendo atrás das grades. Por meio de sua narração, conversando com um psiquiatra, saberemos, através de flashbacks o que o levou para o xadrez, além de um resumo do primeiro filme. E quando eu digo resumo, entra aqui uma picaretagem das boas! Incluíram sequências inteiras, diálogos inteiros, resumiram o filme inteiro nos primeiros 40 minutos deste aqui.

Recomendo duas opções pra quem quiser encarar a série. Ou você pula o primeiro filme e vai logo para o segundo e toma um conhecimento CLARO do que foi a primeira parte, ou assista ao primeiro e veja o segundo com o controle na mão para pular praticamente 40 minutos de picaretagem.

Mas por favor, não esqueçam de parar e assistir a TODOS os momentos em que o protagonista aparece em cena. Eric Freeman, o ator que interpreta o irmão, apresenta uma das piores atuações que eu já vi. Eu adoro atuações ruins. Geralmente isso é um motivo a mais para minha diversão quando vejo uma tralha dessas, mas esse cara ultrapassa todos os limites da vergonha alheia! A ausência de vocação em artes dramáticas fica evidente logo no início, mas a partir do momento que ele narra a sua história, um sujeito que surta como seu irmão e inicia uma onda de assassinatos agindo como um louco é uma coisa muito embaraçosa... depois ele ainda foge da cadeia e se veste de Papai Noel também, para não quebrar a tradição, e seu desempenho consegue ser pior ainda. Hour concours das atuações ruins, de longe! Só pra dar um gostinho, recomendo esse trecho para sentir a expressividade do sujeito... a força que ele possui em cena, no olhar e na risada. Um gênio, sem dúvida.


Ainda vou tentar assistir aos outros três filmes da série para postar aqui, mas não garanto nada. Já estamos no lucro por eu ter conseguido escrever sobre esses dois!

9.12.10

SOCIETY (1989), de Brian Yuzna

Apesar de não estar tendo muito tempo nas últimas semanas, é preciso comentar sobre este filme de estreia do Brian Yuzna, que foi uma das últimas coisas que eu vi e que me surpreendeu positivamente. Yuzna, naquela altura, era produtor e associou-se com o grande diretor Stuart Gordon na realização de algumas clássico que adoramos dos anos 80, como RE-ANIMATOR e FROM BEYOND, por exemplo. Como diretor, nunca foi considerado um dos grandes do gênero. Já li vários textos maldosos a respeito da carreira dele, muitos eu discordo totalmente, tendo como base o que eu já pude conferir do homem. O que, na verdade é bem pouco, infelizmente. Preciso rever alguns de seus trabalhos e tentar dar uma atenção a sua filmografia, mas uma coisa é certa: fazer uma peregrinação pelo seu trabalho é, no mínimo, diversão garantida. SOCIETY está aí de prova. É um suspensezinho muito bom de acompanhar, sem grandes pretensões, a não ser criar bons momentos de puro horror, como a belíssima e perturbadora sequência final... provavelmente uma das coisas mais bizarras que o Yuzna já concebeu! brrrr!!! 


Se não estou enganado, passava bastante na TV aberta com o título de SOCIEDADE DOS AMIGOS DO DIABO, e aposto que muita gente chegou a ver, só que hoje é pouco falado. Bem, eu nunca tinha visto e nem fazia idéia do estrago que o desfecho poderia causar, algo para se entrar numa lista de sequências esquisitas e repugnantes do horror contemporâneo... ao menos na minha lista entraria...

A história do rapaz da alta classe de Beverlly Hills atormentado com a suspeita de que sua família faz parte de uma sociedade secreta de hábitos incomuns possui ecos em O BEBÊ DE ROSEMARY, de Roman Polanski. O filme tem aquele visual retrô oitentista, mas possui também alguns bons momentos atmosféricos de mistério que vão aumentando à medida que o personagem descobre a verdade. Mas são as imagens finais que ficam gravadas na mente do espectador. Vai ser difícil esquecer o banquete canibal surrealista, com distorções de membros humanos, imagens inspiradas em pinturas de Salvador Dali e criadas pelo mestre japonês dos efeitos de maquiagem, Joji Tani, mais conhecido como Screaming Mad George. Yuzna consegue resultados perturbadores sem precisar apelar para a violência extrema, sangue, etc, apenas assistimos a carne em variadas transformações... como se o final de SOCIETY fosse uma extensão da idéia de VIDEODROME, de Cronenberg, sobre a sentença “long live the new flesh”... ou talvez eu esteja apenas “viajando” demais.